Ensino Religioso e a interface com o currículo da educação básica.

Iza Aparecida Saliés

Sendo o Ensino Religioso uma disciplina do currículo da educação básica que merece um trato especial, pela sua complexidade de concepções e conteúdos vai requere da escola um rigoroso cuidado com as discussões pedagógicas sobre esse componente escolar.

Como é uma disciplina de fundamental importância para a formação humanística das crinaças, adolescentes e jovens, sua função é propiciar o fortalecimento de cada ser humano como pessoa capaz de perceber a vida, o pensamento, a razão, o que sente, decide, ou seja, ser uma pessoa que age com capacidade de desenvolver seu projeto existencial.

A amplitude das discussões sobre o ensino do ensino religioso na escola está em momento de transformação, pois a adesão de novos paradigmas sociais que contextualizados com os aspectos sociológicos, filosóficos e antropológicos, apoiados em modernas teorias teológicas, ou seja, as atuais concepções de religião estão de certa forma influindo nos meandros escolares, tais como: o que ensinar e como ensinar religião na escola.

A escola deve promover parcerias com os mais diferentes credos como forma de fortalecimento das relações de respeito com todas, sem distinção. Essa interface vai estabelecer laços de lealdade e compromisso com a teologia e não com denominações religiosas, assim, a escola será imparcial, atendendo dessa forma todos dos credos.

Tratando de um componente curricular do ensino fundamental faz-se necessário que os alunos dessa etapa de ensino, ou seja, crianças e adolescentes e jovens em fase de formação precisam de referências, exemplos que possam fortalecer o entendimento de si, do mundo, da sociedade, da religiosidade, da família e as diferentes formas de religião em diferentes culturas.

No contexto pedagógico da disciplina de ensino religioso os temas a serem abordados precisam ser gradativamente introduzidos com a devida complexidade que lhe é peculiar, pois, os conceitos e concepções religiosas fazem parte também das mais diferentes tradições que transitam no universo amplo de diversidade cultural.

O respeito à diversidade deve ser a tônica desse componente curricular. E senso assim, as abordagens teóricas prescindem de respeito aos diferentes conceitos historicamente constituídos pela sociedade (a fé, a esperança, a caridade, o amor) que no campo da educação precisam ser trabalhados sempre numa perspectiva puramente pedagógica.

Além do aspecto dos conteúdos essa disciplina também tem a função buscar articulação com as gerações de adolescentes e jovens que estão sedentos por um presente ativo e produtivo e crer num futuro que possibilite compreender as razões de ser, aprender e saber estar no mundo.

Assim sendo, os conteúdos, metodologias e concepções das disciplinas escolares, em especial o ensino religioso deve ter coerência teológica, ser dinâmica e deve transitar em todas as áreas do conhecimento formal. É preciso dispor de uma didática especial considerando as múltiplas concepções religiosas e considerando a fragilidade que encontramos de estabelecer conteúdos para trabalhar na sala de aula.

O professor deverá utilizar do dispositivo democrático participativo estabelecendo uma relação de troca com o aluno, além de expor os diferentes conceitos integrantes das múltiplas concepções de religião, proporcionando ao aluno conhecimentos que possam conduzir a uma reflexão permanente capaz de ajudar na construção da cidadania, desenvolvendo a capacidade de cultivar atitudes salutares para sua vida em comunidade, no lar, no trabalho, como também, ser competente para gerenciar seu projeto de vida.

E para finalizar quero registrar que o professor de ensino religioso precisa, antes de qualquer coisa, ser uma pessoa capaz de inspirar serenidade, temperança, equilíbrio, complacência, além de dominar os conteúdos disciplinares.

Referências


VIESSER, Lizete C. Um Paradigma didático para o Ensino Religioso. Rio de Janeiro, Vozes, 1994.
Parâmetros Curriculares Nacionais ? Ensino Religioso. Fórum Nacional Permanente do Ensino Religioso. 1996.
CATÃO, Francisco. O Fenômeno Religioso, São Paulo, Editora Letras & Letras, 1995.
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ALVES, Rubem. Dogmatismo e tolerância. Ed. Paulinas.
BOFF, Leonardo. Igreja, carisma e poder. Ed. Vozes
©Prof. Vanderlei de BarrosRosas- Professor de Filosofia e Teologia. Pós-graduado em educação religiosa peloInstituto Batista de Educação religiosa.
BERKENBROCK, Volney J. A atitude franciscana no diálogo inter-religioso. (in: MOREIRA, Alberto da Silva (org.) Herança Franciscana. Petrópolis, Vozes, 1996.)
Antonio Manoel da Silva,Professor da Rede Estadual há 34 anos e Diretor Adjunto da EEEM Luiz Ubiraci-Vila Nova do Piauí-PI.