Este artigo é resultado da pesquisa desenvolvida para conclusão do curso de Licenciatura em História, apresentado a professora Rilma Suely de Souza Melo, da Universidade Estadual Vale do Acaraú. O presente trabalho enfoca as diversas linguagens utilizadas em sala de aula, facilitando a relação ensino-aprendizagem na disciplina de história, objetivando desenvolver nos alunos características fundamentais tais como: senso ? crítico, percepção e curiosidade nos conteúdos abordados, contribuindo assim, para uma maior aproximação entre teoria e prática. Tendo em vista a sociedade atual que se apresenta influenciada pela mídia, as crianças e adolescentes desde cedo tem contato com a televisão e internet, então, logo veio à inquietação de aprofundar o estudo sobre o uso das diversas linguagens do ensino de história em sala de aula, dando ênfase ao filme, charges e a música, que o professor poderá desenvolver facilmente em sala de aula para dinamizar a prática pedagógica do cotidiano. A metodologia aplicada neste trabalho foi o estudo de pesquisa bibliográfica de modo a relatar de forma sucinta a Teoria da História e as Linguagens, através das concepções: Positivistas, Marxista, História Nova e Cultural e o Uso das diversas Linguagens em sala de aula.

1. TEORIA DA HISTÓRIA E AS LINGUAGENS

1.1. A concepção positivista
A teoria positivista nasce no século XIX, com o francês AUGUSTO COMTE, iniciador desta corrente que exprime a exaltação da ciência moderna, parte do pressuposto de que a humanidade passa por diversos estágios até alcançar o terceiro estado positivo, que se caracteriza pela maturidade do espírito humano. A palavra Positivismo possui distintos significados, englobando tanto perspectivas filosóficas e científicas do século XIX quanto outras do século XX. Desde o seu início, o sentido da palavra mudou radicalmente, incorporando diferentes sentidos, muitos deles opostos ou contraditórios entre si. Nesse sentido, há correntes de outras disciplinas que se consideram "positivistas". Para Comte, o Positivismo é uma doutrina filosófica, sociológica e política. Surgiu como desenvolvimento sociológico do Iluminismo, das crises social e moral do fim da Idade Média e do nascimento da sociedade industrial - processos que tiveram como grande marco a Revolução Francesa (1789-1799). Em linhas gerais, ele propõe à existência humana valores completamente humanos, afastando radicalmente a teologia e a metafísica. Assim, o Positivismo associa uma interpretação das ciências e uma classificação do conhecimento a uma ética humana radical, desenvolvida na segunda fase da carreira de Comte. O estado positivo é caracterizado pela renúncia ao conhecimento absoluto, das causas últimas, passando então a dirigir as forças intelectuais para a compreensão das leis e das relações que se podem constatar entre os fenômenos por meio da observação e dos instrumentos teóricos. No ensino de história, sua influência acontece com a narração e a busca da verdade somente nos documentos oficiais. O historiador, um elemento neutro nesse processo, tem apenas que descrever os episódios, as datas, as guerras, os fatos, os heróis.
E assim, a história, tratada à distância, assepticamente, quase nada ou nada mesmo explica, embora exerça marcada influência na compreensão do histórico em todos quantos têm acesso à escola, o que é extremamente conveniente à manutenção da ordem. As aulas de histórias passam a ser enfadonhas, pois o professor apenas transmite informações do passado e o aluno recebe este conhecimento sem produzir nenhuma análise ou crítica, apenas memoriza e decora essa história linear e cronológica que, muitas vezes, serve como instrumento de dominação da história oficial. O uso dos recursos didáticos em sala de aula facilita a aprendizagem dos alunos. Seguindo esta linha de pensamento, enfatizamos a abordagem de JOLY (2007, p. 23):

"a imagem (ou metáfora) pode ser também um processo de expressão extremamente rico, inesperado, criativo e mesmo cognitivo, uma vez que a comparação de dois termos (explícita e implícita) estimule a imaginação e a descoberta de insuspeitos pontos comuns entre eles".

Pois o papel do professor de história é aprender e ensinar história em muitos espaços e através de muitos meios adquiridos na contemporaneidade.

1.2. A concepção marxista
Apesar do predomínio da concepção positivista, até meados do século XX, várias manifestações se colocaram contra ela, desde os fins do século XIX. Fora do mundo dos Historiadores profissionais, KARL MARX e FRIEDRICH ENGELS, propuseram, com o materialismo histórico, a primeira teoria global das sociedades humanas. Para exemplificar, lembramos que a abordagem idealista da história, assimilada pelo senso comum, explica seu movimento pela ação dos "grandes homens", das grandes idéias ou, às vezes, até pela intervenção divina. Para MARX, diferentemente: no lugar das idéias, então os fatos materiais; no lugar dos heróis, a luta de classe. Nesse processo, surgem contradições no seio da sociedade, que no tempo de MARX, e ainda hoje, resultam dos interesses antagônicos do capitalista e do proletário. As concepções marxistas, a partir do materialismo histórico de MARX e ENGELS, entendem que a história se faz com os fatores materiais, econômicos e técnicos que correspondem às condições em que os homens se reúnem para produzir sua existência no trabalho. Identifica o conflito da luta de classes: dominante e dominado, opressor e oprimido, burguesia e proletariado. A busca da justiça social é fundamental nessa abordagem. A história para MARX e ENGELS aparece como ciência inclusiva e se configura como a ciência dos homens; para eles o histórico é intrinsecamente sociológico, pois deve explicar o lado social do humano e, reciprocamente, o lado humano do social, o de que desloca e inverte a tradição positivista. O conteúdo a ser trabalhado na disciplina de História, segundo essa concepção, deverá estar impregnado de conscientização, através do estudo e identificação das relações de poder ocorridas no passado e presente, levando o educador e educando assumirem e perceberem sua situação social, sobretudo, entender que um processo de mudança social exige a mudança da estrutura social, para que assim se possam atender as novas e crescentes exigências do homem numa sociedade emergente.

... Presente em novas realidades econômicas e sociais, especialmente os avanços tecnológicos na comunicação e informação, novos sistemas produtivos e novos paradigmas do conhecimento, impõem-se novas exigências sobre a qualidade da educação e, por conseqüência, sobre a formação dos educadores. (LIBÂNEO, 1998: 32)

Neste sentido, Marx contribuiu para a educação do homem moderno, em sua teoria educacional, o marxismo, mistura a teoria e a prática. O professor e aluno conscientizam-se do poder de mudança e transformação social que possuem através do conhecimento histórico e percebem que eles são um agente transformador da sociedade.

1.3. História Nova e Cultural
A Nova História e Cultural tem trazido novos ares ao trabalho do professor de história e do historiador pelo fato de buscar analisar a massa anônima, seu modo de viver, agir, pensar, sentir, seu cotidiano, problematizando o social, apesar de algumas vezes deixar de lado a preocupação com a influência econômica e política nas relações sociais. Essa maneira de estudar e pesquisar a história impulsionou o mercado que logo se empenhou em lançar: revistas, livros, programas de televisão, DVDs. Enfim uma infinidade de produtos que dão exclusividade aos assuntos abordados pela Nova História e Cultural, trazendo a disciplina História para o gosto do público, este já estava farto de uma história positivista, factual que exaltava os grandes feitos e os grandes personagens sem uma relação com o presente ou com o cotidiano. Presenciamos também no meio acadêmico o crescimento da utilização da Nova História e Cultural nas pesquisas e projetos, buscando um distanciamento com a história oficial. O estudo dos grandes feitos, grandes acontecimentos e dos grandes personagens que mudaram o curso da história são essenciais para se compreender a sociedade, mas não são os únicos meios. A Nova História e Cultural vem nos mostrar que a História pode ser mais divertida e mais próxima, através do estudo das pessoas comuns, seus hábitos, costumes, crenças, mentalidades. Outra questão que torna a Nova História e Cultural uma ótima ferramenta é o fato de utilizar ciências como a antropologia, a geografia, a sociologia, a arqueologia e muitas outras para estudar a história. A base filosófica da nova história é a idéia de que a realidade é social ou culturalmente constituída. Dessa maneira os historiadores da Nova História e Cultural analisam as classes sociais e seus conflitos, não discriminando o pensamento marxista. A Micro-História, que surge nesse novo estilo de se analisar e conceber a história faz o papel de enxergar aquilo que a historiografia deixou pra trás, exercendo uma análise mais criteriosa e inserindo essa análise num contexto mais amplo. É um instrumento nas mãos dos historiadores da Nova História e Cultural. Todas essas características contribuem muito para o desenvolvimento das aulas e das pesquisas em história, justamente pela quantidade de fontes que estão surgindo e também porque, de certa forma, acaba tornando as aulas mais atraentes e divertidas mostrando as coisas comuns que faziam parte do cotidiano daqueles que a história oficial omitiu. Quando um professor for dar aula sobre o chamado período medieval, por exemplo, além de abordar os aspectos e conceitos tradicionais, pode também utilizar dos diversos recursos didáticos. Esse novo recurso junto com a criatividade do educador abre um leque de oportunidades para que o aluno desperte seu senso crítico e curiosidade para desconstruir e construir uma nova percepção. Fato que é confirmado por Fonseca citando Silva (1985, p. 51), quando diz:

"o trabalho com linguagens exige do historiador pensá-las como elementos constitutivos de uma realidade sócio-política que depende de um mercado, garantem determinadas modalidades de relações e participam na constituição de uma dada memória".

Enfim, a Nova História e Cultural sem dúvida nenhuma é uma ótima maneira de se analisar a história através dos diversos tipos de linguagens para ter um retorno mais satisfatório do nosso trabalho em sala de aula.

2. USO DAS DIVERSAS LINGUAGENS NA SALA DE AULA
Atualmente, um dos desafios para o professor de História, sobretudo quando pensamos na questão da prática pedagógica, é tornar o ensino prazeroso, de modo a permitir que o alunado participe mais do processo educativo. Em muitos casos, observa-se pouco interesse no aprendizado na disciplina, e este problema também atua como condicionante para a ausência da motivação para aprender. Neste raciocínio, torna-se importante pensar na introdução de novas linguagens no ensino de história, de modo que elas possam ressurgir o ensino significativo para o educando, caracterizando as novas possibilidades de aprendizagem. Tais linguagens, em conjunto com saberes históricos podem contribuir na vida cotidiana do aprender, permitindo que os saberes construídos em sala de aula articulando a vivência do educando e aos conteúdos históricos, com isso surgem melhores oportunidades de compreensão dos conteúdos pedagógicos. No entanto, desde a existência do mundo a imagem é utilizada, o homem deixou vestígios sob forma de desenho feitos na rocha e que vão desde os tempos mais remotos do paleolítico até a época moderna. Essas figuras representam os primeiros meios de comunicação humana. Platão, um filosofo da Antiguidade já observava as imagens e definiu como: as sombras, aos reflexos, a superfície dos corpos opacos, polidos e brilhantes, ou seja, ele valoriza a imagem natural das coisas. O significado da palavra imagem em latim, imago, na etimologia da palavra designa a máscara mortuária levada nos funerais na antiguidade romana, presente na origem da escrita, das religiões, da arte e do culto dos mortos. Platão e Aristóteles defendem a imagem como sendo: para uns engana, para outros educa e desvia da verdade ou pelo contrário conduz ao conhecimento. Porém observou que a imagem não ilustra nem reproduz a realidade, ela a reconstrói a partir de uma linguagem própria que é produzida num dado contexto histórico, isto quer dizer que a utilização da imagem pelo historiador pressupõe uma serie indagações que vão muito além do reconhecimento dos documentos visuais. Uma função primordial da imagem é a função pedagógica com isso exalta a liberdade intelectual de cada indivíduo sendo um complemento a mais na leitura e no contexto histórico e cultural.
Nas últimas décadas, a utilização dos filmes e documentários nas aulas de história tornou-se uma prática propagada entre os professores, de tal forma que o aparelho de DVD e em alguns casos a internet de banda larga acabaram de se tornar equipamentos indispensáveis no ensino de história. Entendemos o filme e o documentário como uma fonte preciosa, que ultrapassa o limite do entretenimento e caminha para a compreensão dos comportamentos, das visões de mundo, dos valores, das identidades e das ideologias de uma sociedade ou de um momento histórico. O filme e o documentário cinematográfico é um produto cultural de uma determinada sociedade, expressa a visão de mundo de um determinado grupo de pessoas e, como tal, é um documento que precisa ser compreendido como resultado de intenções deliberadas, em todos os sentidos de sua produção e forma de circulação. Isto significa que o filme e o documentário podem tornar-se um conjunto de elementos intrínsecos a própria expressões cinematográficas além de nos permitir compreender como determinada sociedade ver o assunto que se propõe a representar.
As charges e cartuns são apresentados no cotidiano de sala de aula apenas como novidade ou fuga da rotina escolar. O educando deve ter sensibilidade no uso dessas linguagens não institucionais, para que não sejam tomadas apenas como figuras atrativas, ou ilustrações impressas e coloridas para que não se perca de vista a especificidade de um texto visual, além de parecerem mais atraentes do que a linguagem verbal escrita está inserida no limite da ilustração, entre o enfeite que suaviza a pagina e a tentativa de reforçar o que ainda há para ler ou, ainda, enriquecer o que foi lido. Quando buscamos relacionar conteúdo e materialidade via imagem é percebível que forma e conteúdo não são indissociáveis, mas complementares, sua interação contínua na construção da significação de uma iconografia, assim devemos levar em consideração que as charges devem ser analisadas também num contexto geral, ou seja, elas não estão soltas uma vez tomadas como textos visuais, devem ser interpretados enquanto aspecto complementar do texto escrito, inserido no próprio contexto. Daí percebe-se que as imagens se ligam, de forma a concatenar idéias e produzir um discurso ou uma narrativa visual.
A música promove um espaço facilitador da relação ensino-aprendizagem, ajudando a desenvolver nos alunos características fundamentais, tais como capacidade de concentração, alívio da ansiedade, desaceleração do pensamento, relaxamento, enfim, produzindo uma aprendizagem eficiente. A música tem sido utilizada nas aulas de diferentes maneiras e razões, pois contribui aos ouvintes a interpretação da mesma música de formas diferentes, porém ela leva as pessoas a agir espontaneamente, não apenas na pista de dança, mas também em sala de aula.
Portanto, a utilização das diversas linguagens na sala de aula

(...) é importante porque traz para a escola aquilo que ela se nega a ser e que poderia transformá-la em algo vívido e fundamental: participante ativa da cultura e não repetidora e divulgadora de conhecimentos massificados, muitas vezes já deteriorados, defasados (...) (ALMEIDA, 2001: 48).


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ensinar história em uma sociedade impactada pela ciência e tecnologia é ir muito além de fatos e questionários. Pois na Educação podemos e devemos usar todo o tipo de recurso tecnológico. Se apropriar das diversas linguagens para ilustrar um determinado conteúdo pode enriquecer o aprendizado e facilitar a compreensão do estudo. Vale salientar que, ao apropriar-se dos recursos didáticos, o professor necessita ter bem definido qual o objetivo da aula, para que os mesmos não seja apenas uma substituição da sua aula.
Estes recursos pedagógicos tão importantes requerem planejamento, pois a utilização dos mesmos no ensino de história deve ser precedida pelo trabalho questionador do professor. Portanto, uma aula bem planejada e ministrada com seriedade atinge resultados magníficos.
Por fim, este trabalho abordou as diversas linguagens que podem ser utilizadas em sala de aula, pois a educação atual necessita de mecanismos para atualizar e provocar nos alunos fascínio pela aprendizagem e conhecimento. Dentro desta perspectiva, o ensino de história precisa permanentemente se modernizar para que os professores possam ter sucesso em suas iniciativas próprias.





REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS:

ALMEIDA, Milton J. Imagens e sons: a nova cultura oral. São Paulo/SP. Cortez, 2001.

JOLY, Martine. Introdução à analise da imagem. Lisboa/Portugal. Edições 70. 2007.

LIBÂNEO, José Carlos. Pedagogia e pedagogos, para quê? São Paulo/SP. Cortez, 1998.

NAPOLITANO, Marcos. Como usar o cinema na sala de aula. São Paulo/SP. 4 Ed. Editora Contexto. 2006.

NETO, Martinho Guedes dos Santos. História Ensinada: Linguagens e abordagens para a sala de aula. João Pessoa/PB. Ed. Ideia. 2008.