ENSINO DE LITERATURA NO ENSINO MÉDIO1

Diana Silva França2

RESUMO: O seguinte trabalho aborda uma discussão em torno do ensino de literatura no Ensino Médio, explanando de forma breve desde o seu surgimento no Brasil e que mesmo diante de reformas e mudanças continua voltado para as práticas tradicionalistas, onde se trabalha apenas as escolas literárias e seus principais autores e obras sem que se busque uma maior valorização da disciplina tornando-a carente de noções teóricas e de práticas de leitura literárias e assim contribuindo para que o aluno veja a literatura como um desafio de difícil compreensão em que mediante essa situação compromete a formação crítica de leitor do aluno. Portanto, objetivamos expor o atual ensino de literatura a partir de observação em âmbito escolar, escolhendo o 3º ano do ensino médio da Escola de E.F.M. Sinhá Sabóia, e diante dessa pesquisa de campo esperamos propor novas sugestões metodológicas que visem diminuir a distância entre teoria e prática da disciplina buscando contribuir para um ensino mais satisfatório e prazeroso para docentes e discentes.

PALAVRAS-CHAVE: Ensino, Literatura, Ensino Médio, Reavaliação.

 

1. INTRODUÇÃO

Analisando a prática escolar em sala de aula o que constatamos é que o ensino de literatura é visto como um desafio para o professor e para os alunos a visão é de uma disciplina desinteressante e desestimuladora devido às técnicas de abordagens que não são diversificadas contribuindo para que a literatura seja vista como objeto de estudo de difícil compreensão.

Buscamos nos PCNEM, documentos que são utilizados como referencial para os professores, e a partir de análises dos mesmos verifica-se que no estudo da linguagem os conteúdos de literatura são vistos de forma superficial onde não possibilita a especificidade que a disciplina deveria obter, o que ocasiona mais um obstáculo para o professor, pois se o mesmo quiser ampliar os conhecimentos de literatura para seus alunos deve buscar além do que o currículo disciplinar impõe para que se alcance maior profundidade levando à seus discentes um repertório mais amplo de leituras e o conhecimento da organização estética da obra literária.

Segundo as Orientações Curriculares para o Ensino Médio (2008, p. 75) o professor não pode submeter seu programa seu programa ao programa do vestibular: ele deve oferecer ao aluno condições satisfatórias de aprendizagem para que possa sair-se bem em provas que exijam conhecimento compatível ao que foi ensinado.

Mas diante da realidade em sala de aula o que percebe-se é a falta de tempo disponível para a literatura e um educador mediante à um índice baixo de orientações a seguir onde geralmente ele encontra nos livros didáticos a forma mais acessível e prática de se trabalhar com os alunos seguindo ao modelo tradicionalista submetendo aos mesmos uma visão escassa do amplo mundo da literatura.

Dessa forma, o ensino de literatura não tem sido satisfatório para a formação de leitores competentes causando consequentemente um baixo índice de hábitos de leitura entre os jovens, apontando mediante essa situação a necessidade de reavaliação dessa prática escolar para que haja um novo conceito do papel do ensino de literatura na disciplina Língua Portuguesa.

 2. A INTRODUÇÃO DA LITERATURA NA ESCOLA E OS PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS – ENSINO MÉDIO

            Os estudos literários foram introduzidos no Brasil pelos jesuítas, onde tinham uma grande importância no currículo escolar durante o período colonial e parte do século XIX e até que fossem expulsos, em 1759, o ensino brasileiro priorizava durante esse período focar o modelo humanista, que tinha como disciplinas o latim, grego, artes, letras, gramática, retórica e poética, seguindo os modelos europeus de educação e assim afastando-se da realidade que deveria ser implantada para os povos brasileiros.

            A Constituição de 1823, já com a Independência do Brasil determinava a “criação de escolas de primeiras letras em todas as cidades, vilas e lugarejos; a criação de escolas para meninas, nas cidades e vilas mais populosas; a garantia de instrução primária gratuita a todos os cidadãos”. E diante dessa situação, segundo Cereja ( 2005, p. 90) a lei não era cumprida e a educação esteve durante quinze anos, nas mãos do considerado “econômico e eficiente” método Lancaster, que consistia em atribuir aos alunos “mais inteligentes” a tarefa de ensinar seus conhecimentos aos colegas.

            Em 1837, funda-se o Colégio Pedro II, o qual tem o nome do imperador Dom Pedro II e que serve como modelo para todas as escolas brasileiras públicas e particulares, onde se tem a iniciativa da organização do ensino geral no Brasil.

            Em meados do século XIX, o ensino secundário compunha-se de sete séries desenvolvidas em sete anos. As quatro primeiras correspondem a segunda fase do ensino fundamental ( 5° a 8° séries) e as três últimas ao que hoje denominamos ensino médio (CEREJA, p. 92, 2005).

            Percebemos assim que a trajetória escolar após o ensino primário inicia sua organização e como foi dito anteriormente as escolas seguem o programa escolar do Colégio Pedro II, em que esses programas vão sofrendo reformas para melhores ajustes, e diante de algumas dessas mudanças nos conteúdos de Literatura ou “História Litteraria” vejamos um fragmento do programa de 1881 que nos mostra uma das mudanças que foram feitas:

       No curso de Litteratura geral (historia litteraria) o professor, depois de ligeiras noções sobre a origem e vulgarisação da escriptura, percorrerá todas as phases históricas das línguas antigas e modernas, succintamente das desconhecidas aos alumnos, mais detidamente das estudadas no Collegio e com o maximo desenvolvimento possível da portugueza; e fará o resumo da historia litteraria das diversas nações, dando notícia de escriptores e personagens que tenham exercido alguma influencia no mundo das lettras, occupando-se da analyse e apreciação das principais obras individuaes, collectivas, nacionaes, anonymas, etc., das academias, theatros, jornaes e revistas, etc. dos fatos que de certo modo interessem á curiosidade dos litteratos. ( SOUZA,1998, apud CEREJA, 2005, p.99)

            O que constatamos nesse programa de 1881 é que o aluno não participava do processo de construção do conhecimento, em que a metodologia do ensino não promovia essa interação do aluno, mas apenas uma breve e sucinta apreciação crítica do professor o deixando dominar todo o conteúdo literário.

            E assim vai acontecendo outras reformas, onde segundo Cereja são consideradas importantes:

     A reforma de ensino promovida pela lei 5.692/71, inspirada numa concepção nacionalista e tecnicista de ensino, favoreceu a permanência da historiografia literária na escola, geralmente trabalhada com ênfase na memorização de períodos, autores, obras, datas, e nesse contexto surgiu o manual didático, na forma como o conhecemos hoje – com textos, estudos dirigidos e exercícios preparados diretamente para o aluno - , ignorando eventual contribuição do professor, supostamente despreparado para ministrar as aulas por meio de iniciativas próprias. [...]o conjunto de documentos publicados a partir da lei 9.394/96, que inclui os pareceres, as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio, os Parâmetros Curriculares Nacionais – Ensino Médio e os Parâmetros Curriculares Nacionais + Ensino Médio, onde  aponta para um caminho diferente, de busca do conhecimento significativo para o aluno, de intercâmbio de conhecimentos entre as várias disciplinas, de participação social e compromisso com a cidadania, de integração do estudante ao mundo globalizado e tecnológico, entre outras metas. (2005, p.125-126)

Segundo os PCN+ (2002, p.08) o ensino médio não tem mais aquela visão de preparar apenas para o ensino superior ou estritamente profissional, pois sua concepção atual é preparar o aluno para a vida, qualificar para a cidadania e capacitar para o aprendizado permanente, seja no eventual prosseguimento dos estudos, seja no mundo do trabalho.

            Diante dessa nova proposta para o ensino médio percebe-se a preocupação dos PCNEM em desenvolver nos alunos habilidades e competências que contribuam para a vida, possibilitando a capacidade do aluno de comunicar, argumentar, compreender e enfrentar os problemas, participar do convívio social, fazer escolhas, enfim, promover uma formação em que o aluno adquira conhecimentos necessários na construção de sua própria autonomia.

            Ao longo da trajetória escolar ver-se necessário que os alunos saibam as noções básicas sobre o funcionamento da língua materna e conforme os PCN+ (2002, p. 55), cabe ao ensino médio oferecer aos estudantes oportunidades de uma compreensão mais aguçada dos mecanismos que regulam a nossa língua, tendo como ponto de apoio alguns dos produtos mais caros às culturas letradas: textos escritos, especialmente os literários.

            Visto essas prioridades dos PCN+, constatamos que ainda faltam a esses documentos maior desenvolvimento das propostas ou maior clareza sobre conteúdos e metodologia a serem adotados, já que ao analisarmos, encontramos a Literatura inserida na disciplina de Língua Portuguesa, onde percebe-se que na realidade de sala de aula os conteúdos de Literatura são vistas com carências de noções teóricas e poucas práticas de leituras literárias, onde o ensino da disciplina se limita com informações sobre épocas, estilos, características de escolas literárias, autores, mesmo tendo como orientação dos PCN+ de que não se devem abordar tais métodos de forma tradicionalista:

Para além da memorização mecânica de regras gramaticais ou das características de determinado movimento literário, o aluno deve ter meios para ampliar e articular conhecimentos e competências que possam ser mobilizadas nas inúmeras situações de uso da língua com que se depara, na família, entre amigos, na escola, no mundo do trabalho. (PCN+, 2002. p. 55)

            Diante dessa situação faz-se necessário reavaliar as concepções de literatura para que os alunos não se sintam desmotivados e desinteressados pelo ensino da disciplina causando consequentemente um fator negativo nas relações entre leitor e texto literário em sala de aula.

3.  A FORMAÇÃO DO LEITOR CRÍTICO NA ESCOLA

            Segundo Ivanda Martins (2006, p. 84) ao longo da trajetória escolar, da educação infantil ao ensino médio, a leitura literária deveria ser mais valorizada como meio de o aluno desenvolver a criatividade e a imaginação na interação com textos que inauguram mundos possíveis [...].

            Ivanda Martins aponta o quanto é de suma importância a abordagem da leitura literária na escola, pois ela visa contribuir com a facilitação do leitor em interagir com o texto literário.

            No entanto, analisando as práticas escolares direcionadas à literatura o que se percebe no dia-a-dia escolar são apenas roteiros de interpretação, fichas de leitura, atividades feitas a partir do livro didático e leitura do mesmo instituída pelo professor, o que não contribui para uma prazerosa receptividade para o aluno, contribuindo para que o mesmo desenvolva uma compreensão mitificada e homogênea da Literatura.

            É preciso que a escola amplie mais suas atividades, visando à leitura da literatura como atividade lúdica de construção e reconstrução de sentidos (MARTINS, 2006, p. 85).

            Entendemos que a escola precisa ampliar sua concepção de literatura deixando de privilegiar o ensino que se submete apenas a leitura do livro didático dentro do contexto que se insere aos interesses escolares aos alunos de ensino médio, que é o vestibular, e busque novas técnicas de abordagem ao texto literário de formas diversificadas a fim de que novas experiências  influenciem diretamente o contato do leitor com o texto, e a partir dessa concepção o professor ver-se no papel fundamental de ajudar os alunos na construção e reconstrução de suas interpretações textuais visando à interação do aluno com textos, buscando ou tornando o estudo da Literatura significativo.

            A escola situa-se numa tarefa bastante difícil no que se refere à formação do leitor crítico, pois segundo as Orientações Curriculares Nacionais:

                                                    Formar para o gosto literário, conhecer a tradição literária local e oferecer instrumentos para uma penetração mais aguda nas obras – tradicionalmente objetivos da escola em relação à literatura – decerto supõem percorrer o arco que vai do leitor vítima ao leitor crítico (2006, p. 68).

                               O que percebe-se é que a escola enfrenta esse desafio de levar o jovem à leitura de obras que sejam capazes de influenciar criticamente na formação de conhecimento do próprio aluno e do mundo, já que a leitura literária nem sempre flui de modo espontâneo.

                   4. A ATUAÇÃO DA LITERATURA EM SALA DE AULA

            No contexto atual o ensino de literatura é visto como um desafio para o professor, pois considera-se que a leitura literária vem competindo com outros meios de comunicação, como a internet, por exemplo, os quais tornam-se mais atrativos para os alunos e criam possibilidades de o indivíduo ficcionalizar, imaginar: funções antes mais ativadas ela leitura literária (MARTINS, p. 83, 2006).

Entendemos que a inserção da leitura literária na escola é um problema a ser enfrentado em sala de aula pelo professor, já que cabe a ele buscar alternativas para tornar o ensino da disciplina de forma mais agradável e acessível para o aluno procurando tornar o momento de sala de aula interessante, onde se obtenha uma motivação do educando em interagir com os conteúdos da Literatura. O que percebe-se na realidade escolar é que os professores de Literatura do ensino médio sentem-se preocupados acerca da metodologia da disciplina já que os PCN não contribuem na orientação das práticas didáticas de Literatura no ensino médio. Vejamos a visão de Cereja, referindo-se aos PCNEM:

A insatisfação dos professores em relação aos PCNEM tornou-se quase uma unanimidade. Primeiramente, por conta da insuficiência teórica e prática do documento; em segundo lugar, porque faz críticas ao ensino de gramática e de literatura sem deixar claro como substituir antigas práticas  escolares por outras, em consonância  com as novas propostas de ensino; em terceiro lugar, porque, na opinião de muitos professores, a literatura conteúdo considerado a “novidade” no âmbito da disciplina no ensino médio – ganhou um papel de pouco destaque no documento, isto é, o papel de ser apenas mais uma entre as linguagem que se incluem na área de “Linguagens, Códigos e suas Tecnologias”: língua estrangeira, educação física, educação artística e informática. (CEREJA, 2005, p. 114).

            Diante dessa situação os professores sentem a necessidade de repensar a prática pedagógica do ensino de Literatura, visto que os referenciais em que devem ser usados como suporte teórico-metodológico discutem apenas contribuições teóricas, mas não apresentam sugestões metodológicas que poderiam contribuir no processo de teoria e prática em sala de aula.

            Analisando as aulas de Literatura o que se observa é que os professores pressionados em seguir o tempo imposto por programas panorâmicos adotam a abordagem expositiva da história da Literatura, trabalhando as características, autores e obras a partir da leitura do livro didático e consequentemente influenciando à aulas desinteressantes que não corresponde ao gosto de grande parte dos alunos.

                               Acerca dessas reflexões verifica-se que a escola não tem tempo para colocar o aluno para discutir Literatura, pois o foco do ensino médio é o vestibular e que as leituras de obras que os alunos fazem em atividades extraclasses são quase sempre de obras solicitadas pelos exames, o que gera uma insatisfação na aprendizagem que deveria ser absorvida pelos discentes.

                               Segundo Martins (2006, p. 100) enquanto as formas de encarar o texto literário não forem repensadas, os professores irão se deparar com a negação da leitura por parte dos alunos, cada vez mais desinteressados e desmotivados diante da leitura.

                               Isso nos faz refletir sobre a reavaliação das metodologias do ensino de literatura, onde se deve buscar sugestões que ampliem o conceito da disciplina visando uma melhor receptividade do processo ensino-aprendizagem em que contribua para a motivação dos alunos a obter a leitura por prazer condicionando a eles a formação de leitores críticos.

5. METODOLOGIA

            Para realização deste artigo foi usado embasamento teórico de Martins e Cereja, além de análise dos PCN+ e Orientações Curriculares para o Ensino Médio, que são referenciais para o uso do professor em sala de aula.

            Desenvolvemos a pesquisa de campo na Escola de Ensino Fundamental e Médio Sinhá Sabóia, situada no município de Sobral, onde para a coleta de dados, além das observações, fizemos uso de questionário com o professor de Língua Portuguesa do 3º ano do ensino médio, e com respectivamente, 10 alunos da turma selecionada.

6. ANÁLISES E DISCUSSÕES

A partir da pesquisa feita percebemos que o professor trabalha de forma mecanizada, o que não ocasiona uma interação professor-aluno causando um ensino insatisfatório para ambos, e diante do que se foi observado durante a pesquisa na escola mencionada o ensino de Literatura se assemelha com o tradicionalista, em que se trabalha apenas o essencial buscando trabalhar somente o necessário de acordo com os conteúdos abordados sem um aprofundamento da disciplina tornando-a monótona.

Para Martins (2006, p. 83) o professor já deve ter se questionado de como trabalhar a Literatura em sala de aula, visando à motivação dos alunos para análise e interpretação de obras literárias. A autora vem ressaltar a dificuldade que o professor tem de abordar a disciplina em sala de aula já que o grande desafio de inserir a leitura literária na escola ainda é fornecer subsídios teóricos e metodológicos que auxiliem na prática pedagógica dos professores.

O professor pesquisado nos mostra essa dificuldade que ele sente nos referenciais que deveria ajudar de forma satisfatória os professores, mas deixam a desejar, já que a partir de análises dos PCNS verifica-se que no estudo da linguagem os conteúdos de Literatura são vistos de forma superficial onde não possibilita a especificidade que a disciplina deveria ter, o que ocasiona mais um obstáculo para o professor, pois se o mesmo quiser ampliar os conhecimentos de Literatura para seus alunos deve buscar além do que o currículo disciplinar impõe para que se alcance maior profundidade levando à seus discentes um repertório mais amplo de leituras e o conhecimento da organização estética da obra literária, não deixando que a disciplina se torne desinteressante para os alunos o que ocasiona um elevado número de discentes que não sintam o prazer pela leitura, como no caso da turma pesquisada que nos mostram adolescentes que não gostam das aulas de Literatura e de ler, onde interfere na sua formação crítica de leitor.

Nos três últimos anos de escolaridade o que explica a presença da Literatura é o vestibular onde os alunos estudam apenas por interesse no exame que proporciona o ingresso no nível superior, sem buscar compreender o fenômeno literário a fim de ampliar seus conhecimentos.

Segundo as Orientações Curriculares para o Ensino Médio (2008.p. 75) o professor não pode submeter seu programa ao programa do vestibular: ele deve oferecer ao aluno condições satisfatórias de aprendizagem para que possa sair-se bem em provas que exijam conhecimento compatível ao que foi ensinado.

            O que se analisa em sala de aula é que sem ter orientações a seguir o educador geralmente encontra nos livros didáticos a forma mais acessível  de se trabalhar com os alunos, não que o professor deixe de utilizar essa ferramenta didática, mas que ele não se prenda apenas ao livro,  buscando diversificar suas aulas através de outros recursos para atrair o aluno ao estudo prazeroso de Literatura.

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

            Diante do exposto, o que se pode perceber, é que é de suma importância uma reavaliação das concepções de literatura que norteiam a prática pedagógica da disciplina, pois enquanto a metodologia do ensino da mesma não for repensada os professores irão se deparar cada vez mais com alunos desinteressados e desmotivados em sala de aula diante da literatura.

Os PCNEM obtêm contribuições teóricas, mas segundo Martins (2006, p. 98) não discutem, em termos metodológicos, como os educadores poderiam articular a teoria à prática em sala de aula. Portanto, faz-se necessário refletir sobre o ensino de literatura, em que é importante: evitar trabalhar a literatura apenas pelo livro didático, que na maioria das vezes apresentam textos fragmentados e descontextualizados; buscar diferentes formas para os alunos apresentar a sua leitura, trabalhando com dramatizações, produção de murais, rodas de diálogos entre professor e alunos em que se discuta as dúvidas, exponha o que gostou e o que não gostou buscando dessa forma a participação discente; incentivar a leitura de textos diversos considerando as escolhas pessoais dos alunos, proporcionando a leitura como ato de prazer e não apenas uma leitura forçada para as práticas escolares; considerar a diversidade de textos pertencentes a gêneros e épocas diferentes; valorizar a leitura dos alunos.

Enfim, o professor deve ir em busca de ampliar suas diferentes formas de trabalhar com os alunos em sala de aula se adaptando com as exigências do mundo moderno, em que as novas gerações que adentram nas escolas se interessam por um ensino que aborde formas diversificadas, onde percebemos que as escolas que ainda propõem esse ensino tradicionalista merecem como já foi mencionado, ser reavaliadas com a finalidade de estabelecer uma formação satisfatória para os alunos possibilitando-os encontrar razões concretas para o estudo da literatura percebendo a sua importância histórica, social, política e cultural.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CEREJA, William Roberto. Ensino de Literatura: uma proposta dialógica para o trabalho com literatura. São Paulo: Atual, 2005.

MARTINS, Ivanda. A literatura no ensino médio: quais os desafios do professor? In Português no ensino médio e formação do professor, Clécio Bunzen e Márcia Mendonça (org). São Paulo: Parábola, 2006.

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Orientações Curriculares para o ensino médio: Linguagens, códigos e suas tecnologias. Brasília: Secretária da Educação Básica / MEC, 2006.

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio: Área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias. Brasília: Secretaria de Educação Média e Tecnológica / MEC, 2002.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

ANEXOS

  • QUESTIONÁRIO: PROFESSOR

 

  1. 1.      Que metodologia você utiliza na disciplina de Literatura?

“Trabalhamos com o uso do paradidático semanalmente, organizo seminários pra ver se eles assimilaram realmente os conteúdos, levo os alunos para a biblioteca mensalmente para que eles tenham acesso aos livros de nossa biblioteca e sempre passo atividades de fichamento para que eles levem obras literárias para casa e a partir desses fichamentos vejo se eles realmente leram o livro e quando tenho um tempinho trago textos literários, poemas.”

  1. 2.      De que forma os PCNS contribuem para a atuação da Literatura em sala de aula?

“São importantes, mas não ajudam o necessário para a aplicação dos conteúdos.”

  1. 3.      O método adotado por você causa motivação dos alunos?

“Tenho dificuldades em fazê-los ler, sempre que passo atividades de leitura eles não gostam muito, os seminários que já trabalhei com eles foram insatisfatórios, pois não queriam se apresentar, diziam que não tinham entendido o conteúdo , o que faz com que eu tenha dificuldade na disciplina por não conseguir uma interação desejável com meus alunos.”

  1. 4.      Em sua opinião, como a Literatura contribui para a formação crítica de leitor do aluno?

“Contribui de forma com que o aluno a partir de suas leituras adquira um maior conhecimento e tenha facilidades em interpretar, em escrever corretamente.”

  1. 5.      Quais as dificuldades encontradas no ensino de Literatura?

“Como já mencionei, tenho dificuldades na leitura com meus alunos e conseguir uma participação deles nas aulas de Língua Portuguesa e Literatura.”

 

 

 

 

 

  • QUESTIONÁRIO: ALUNO

 

  1. 1.      Você gosta da aula de Literatura? Por quê?

Aluno 01: As vezes. Acho difícil.

Aluno 02: Não. Não gosto de ler.

Aluno 03: Não. A aula é chata, e não gosto dos poemas e quando o professor fica lendo os textos que são difíceis.

Aluno 04: Não. As vezes não entendo.

Aluno 05: Sim. Acho muito interessante as escolas literárias que vem falar da história, sem falar no quanto a gente aprende da nossa cultura e gosto muito de ler, especialmente os romances.

Aluno 06: Sim. São importantes.

Aluno 07. Não. Pois não gosto de ler.

Aluno 08: Sim. Gosto de quando vamos para a biblioteca e sabemos o quanto é importante para nos sairmos bem no vestibular.

Aluno 09: Sim. Gosto de ler e gosto de aprender as escolas literárias e suas obras.

Aluno 10: Não. Acho difícil.

  1. 2.      A aula de Literatura lhe incentiva o prazer pela leitura?

Aluno 01:Não

Aluno 02:Não

Aluno 03:Não

Aluno 04:Não

Aluno 05:Sim

Aluno 06:Sim

Aluno 07:Não

Aluno 08:Sim

Aluno 09:Sim

Aluno 10:Não

  1. 3.      O professor proporciona de forma compreensiva o conteúdo de Literatura?

Aluno 01:Não

Aluno 02:Não

Aluno 03:Não

Aluno 04: Não

Aluno 05:Sim

Aluno 06:Sim

Aluno 07:Não

Aluno 08:Sim

Aluno 09:Sim

Aluno 10:Não

ENSINO DE LITERATURA NO ENSINO MÉDIO1

Diana Silva França2

RESUMO: O seguinte trabalho aborda uma discussão em torno do ensino de literatura no Ensino Médio, explanando de forma breve desde o seu surgimento no Brasil e que mesmo diante de reformas e mudanças continua voltado para as práticas tradicionalistas, onde se trabalha apenas as escolas literárias e seus principais autores e obras sem que se busque uma maior valorização da disciplina tornando-a carente de noções teóricas e de práticas de leitura literárias e assim contribuindo para que o aluno veja a literatura como um desafio de difícil compreensão em que mediante essa situação compromete a formação crítica de leitor do aluno. Portanto, objetivamos expor o atual ensino de literatura a partir de observação em âmbito escolar, escolhendo o 3º ano do ensino médio da Escola de E.F.M. Sinhá Sabóia, e diante dessa pesquisa de campo esperamos propor novas sugestões metodológicas que visem diminuir a distância entre teoria e prática da disciplina buscando contribuir para um ensino mais satisfatório e prazeroso para docentes e discentes.

PALAVRAS-CHAVE: Ensino, Literatura, Ensino Médio, Reavaliação.

 

1. INTRODUÇÃO

Analisando a prática escolar em sala de aula o que constatamos é que o ensino de literatura é visto como um desafio para o professor e para os alunos a visão é de uma disciplina desinteressante e desestimuladora devido às técnicas de abordagens que não são diversificadas contribuindo para que a literatura seja vista como objeto de estudo de difícil compreensão.

Buscamos nos PCNEM, documentos que são utilizados como referencial para os professores, e a partir de análises dos mesmos verifica-se que no estudo da linguagem os conteúdos de literatura são vistos de forma superficial onde não possibilita a especificidade que a disciplina deveria obter, o que ocasiona mais um obstáculo para o professor, pois se o mesmo quiser ampliar os conhecimentos de literatura para seus alunos deve buscar além do que o currículo disciplinar impõe para que se alcance maior profundidade levando à seus discentes um repertório mais amplo de leituras e o conhecimento da organização estética da obra literária.

Segundo as Orientações Curriculares para o Ensino Médio (2008, p. 75) o professor não pode submeter seu programa seu programa ao programa do vestibular: ele deve oferecer ao aluno condições satisfatórias de aprendizagem para que possa sair-se bem em provas que exijam conhecimento compatível ao que foi ensinado.

Mas diante da realidade em sala de aula o que percebe-se é a falta de tempo disponível para a literatura e um educador mediante à um índice baixo de orientações a seguir onde geralmente ele encontra nos livros didáticos a forma mais acessível e prática de se trabalhar com os alunos seguindo ao modelo tradicionalista submetendo aos mesmos uma visão escassa do amplo mundo da literatura.

Dessa forma, o ensino de literatura não tem sido satisfatório para a formação de leitores competentes causando consequentemente um baixo índice de hábitos de leitura entre os jovens, apontando mediante essa situação a necessidade de reavaliação dessa prática escolar para que haja um novo conceito do papel do ensino de literatura na disciplina Língua Portuguesa.

 2. A INTRODUÇÃO DA LITERATURA NA ESCOLA E OS PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS – ENSINO MÉDIO

            Os estudos literários foram introduzidos no Brasil pelos jesuítas, onde tinham uma grande importância no currículo escolar durante o período colonial e parte do século XIX e até que fossem expulsos, em 1759, o ensino brasileiro priorizava durante esse período focar o modelo humanista, que tinha como disciplinas o latim, grego, artes, letras, gramática, retórica e poética, seguindo os modelos europeus de educação e assim afastando-se da realidade que deveria ser implantada para os povos brasileiros.

            A Constituição de 1823, já com a Independência do Brasil determinava a “criação de escolas de primeiras letras em todas as cidades, vilas e lugarejos; a criação de escolas para meninas, nas cidades e vilas mais populosas; a garantia de instrução primária gratuita a todos os cidadãos”. E diante dessa situação, segundo Cereja ( 2005, p. 90) a lei não era cumprida e a educação esteve durante quinze anos, nas mãos do considerado “econômico e eficiente” método Lancaster, que consistia em atribuir aos alunos “mais inteligentes” a tarefa de ensinar seus conhecimentos aos colegas.

            Em 1837, funda-se o Colégio Pedro II, o qual tem o nome do imperador Dom Pedro II e que serve como modelo para todas as escolas brasileiras públicas e particulares, onde se tem a iniciativa da organização do ensino geral no Brasil.

            Em meados do século XIX, o ensino secundário compunha-se de sete séries desenvolvidas em sete anos. As quatro primeiras correspondem a segunda fase do ensino fundamental ( 5° a 8° séries) e as três últimas ao que hoje denominamos ensino médio (CEREJA, p. 92, 2005).

            Percebemos assim que a trajetória escolar após o ensino primário inicia sua organização e como foi dito anteriormente as escolas seguem o programa escolar do Colégio Pedro II, em que esses programas vão sofrendo reformas para melhores ajustes, e diante de algumas dessas mudanças nos conteúdos de Literatura ou “História Litteraria” vejamos um fragmento do programa de 1881 que nos mostra uma das mudanças que foram feitas:

       No curso de Litteratura geral (historia litteraria) o professor, depois de ligeiras noções sobre a origem e vulgarisação da escriptura, percorrerá todas as phases históricas das línguas antigas e modernas, succintamente das desconhecidas aos alumnos, mais detidamente das estudadas no Collegio e com o maximo desenvolvimento possível da portugueza; e fará o resumo da historia litteraria das diversas nações, dando notícia de escriptores e personagens que tenham exercido alguma influencia no mundo das lettras, occupando-se da analyse e apreciação das principais obras individuaes, collectivas, nacionaes, anonymas, etc., das academias, theatros, jornaes e revistas, etc. dos fatos que de certo modo interessem á curiosidade dos litteratos. ( SOUZA,1998, apud CEREJA, 2005, p.99)

            O que constatamos nesse programa de 1881 é que o aluno não participava do processo de construção do conhecimento, em que a metodologia do ensino não promovia essa interação do aluno, mas apenas uma breve e sucinta apreciação crítica do professor o deixando dominar todo o conteúdo literário.

            E assim vai acontecendo outras reformas, onde segundo Cereja são consideradas importantes:

     A reforma de ensino promovida pela lei 5.692/71, inspirada numa concepção nacionalista e tecnicista de ensino, favoreceu a permanência da historiografia literária na escola, geralmente trabalhada com ênfase na memorização de períodos, autores, obras, datas, e nesse contexto surgiu o manual didático, na forma como o conhecemos hoje – com textos, estudos dirigidos e exercícios preparados diretamente para o aluno - , ignorando eventual contribuição do professor, supostamente despreparado para ministrar as aulas por meio de iniciativas próprias. [...]o conjunto de documentos publicados a partir da lei 9.394/96, que inclui os pareceres, as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio, os Parâmetros Curriculares Nacionais – Ensino Médio e os Parâmetros Curriculares Nacionais + Ensino Médio, onde  aponta para um caminho diferente, de busca do conhecimento significativo para o aluno, de intercâmbio de conhecimentos entre as várias disciplinas, de participação social e compromisso com a cidadania, de integração do estudante ao mundo globalizado e tecnológico, entre outras metas. (2005, p.125-126)

Segundo os PCN+ (2002, p.08) o ensino médio não tem mais aquela visão de preparar apenas para o ensino superior ou estritamente profissional, pois sua concepção atual é preparar o aluno para a vida, qualificar para a cidadania e capacitar para o aprendizado permanente, seja no eventual prosseguimento dos estudos, seja no mundo do trabalho.

            Diante dessa nova proposta para o ensino médio percebe-se a preocupação dos PCNEM em desenvolver nos alunos habilidades e competências que contribuam para a vida, possibilitando a capacidade do aluno de comunicar, argumentar, compreender e enfrentar os problemas, participar do convívio social, fazer escolhas, enfim, promover uma formação em que o aluno adquira conhecimentos necessários na construção de sua própria autonomia.

            Ao longo da trajetória escolar ver-se necessário que os alunos saibam as noções básicas sobre o funcionamento da língua materna e conforme os PCN+ (2002, p. 55), cabe ao ensino médio oferecer aos estudantes oportunidades de uma compreensão mais aguçada dos mecanismos que regulam a nossa língua, tendo como ponto de apoio alguns dos produtos mais caros às culturas letradas: textos escritos, especialmente os literários.

            Visto essas prioridades dos PCN+, constatamos que ainda faltam a esses documentos maior desenvolvimento das propostas ou maior clareza sobre conteúdos e metodologia a serem adotados, já que ao analisarmos, encontramos a Literatura inserida na disciplina de Língua Portuguesa, onde percebe-se que na realidade de sala de aula os conteúdos de Literatura são vistas com carências de noções teóricas e poucas práticas de leituras literárias, onde o ensino da disciplina se limita com informações sobre épocas, estilos, características de escolas literárias, autores, mesmo tendo como orientação dos PCN+ de que não se devem abordar tais métodos de forma tradicionalista:

Para além da memorização mecânica de regras gramaticais ou das características de determinado movimento literário, o aluno deve ter meios para ampliar e articular conhecimentos e competências que possam ser mobilizadas nas inúmeras situações de uso da língua com que se depara, na família, entre amigos, na escola, no mundo do trabalho. (PCN+, 2002. p. 55)

            Diante dessa situação faz-se necessário reavaliar as concepções de literatura para que os alunos não se sintam desmotivados e desinteressados pelo ensino da disciplina causando consequentemente um fator negativo nas relações entre leitor e texto literário em sala de aula.

3.  A FORMAÇÃO DO LEITOR CRÍTICO NA ESCOLA

            Segundo Ivanda Martins (2006, p. 84) ao longo da trajetória escolar, da educação infantil ao ensino médio, a leitura literária deveria ser mais valorizada como meio de o aluno desenvolver a criatividade e a imaginação na interação com textos que inauguram mundos possíveis [...].

            Ivanda Martins aponta o quanto é de suma importância a abordagem da leitura literária na escola, pois ela visa contribuir com a facilitação do leitor em interagir com o texto literário.

            No entanto, analisando as práticas escolares direcionadas à literatura o que se percebe no dia-a-dia escolar são apenas roteiros de interpretação, fichas de leitura, atividades feitas a partir do livro didático e leitura do mesmo instituída pelo professor, o que não contribui para uma prazerosa receptividade para o aluno, contribuindo para que o mesmo desenvolva uma compreensão mitificada e homogênea da Literatura.

            É preciso que a escola amplie mais suas atividades, visando à leitura da literatura como atividade lúdica de construção e reconstrução de sentidos (MARTINS, 2006, p. 85).

            Entendemos que a escola precisa ampliar sua concepção de literatura deixando de privilegiar o ensino que se submete apenas a leitura do livro didático dentro do contexto que se insere aos interesses escolares aos alunos de ensino médio, que é o vestibular, e busque novas técnicas de abordagem ao texto literário de formas diversificadas a fim de que novas experiências influenciem diretamente o contato do leitor com o texto, e a partir dessa concepção o professor ver-se no papel fundamental de ajudar os alunos na construção e reconstrução de suas interpretações textuais visando à interação do aluno com textos, buscando ou tornando o estudo da Literatura significativo.

            A escola situa-se numa tarefa bastante difícil no que se refere à formação do leitor crítico, pois segundo as Orientações Curriculares Nacionais:

                                                    Formar para o gosto literário, conhecer a tradição literária local e oferecer instrumentos para uma penetração mais aguda nas obras – tradicionalmente objetivos da escola em relação à literatura – decerto supõem percorrer o arco que vai do leitor vítima ao leitor crítico (2006, p. 68).

                               O que percebe-se é que a escola enfrenta esse desafio de levar o jovem à leitura de obras que sejam capazes de influenciar criticamente na formação de conhecimento do próprio aluno e do mundo, já que a leitura literária nem sempre flui de modo espontâneo.

                   4. A ATUAÇÃO DA LITERATURA EM SALA DE AULA

            No contexto atual o ensino de literatura é visto como um desafio para o professor, pois considera-se que a leitura literária vem competindo com outros meios de comunicação, como a internet, por exemplo, os quais tornam-se mais atrativos para os alunos e criam possibilidades de o indivíduo ficcionalizar, imaginar: funções antes mais ativadas ela leitura literária (MARTINS, p. 83, 2006).

Entendemos que a inserção da leitura literária na escola é um problema a ser enfrentado em sala de aula pelo professor, já que cabe a ele buscar alternativas para tornar o ensino da disciplina de forma mais agradável e acessível para o aluno procurando tornar o momento de sala de aula interessante, onde se obtenha uma motivação do educando em interagir com os conteúdos da Literatura. O que percebe-se na realidade escolar é que os professores de Literatura do ensino médio sentem-se preocupados acerca da metodologia da disciplina já que os PCN não contribuem na orientação das práticas didáticas de Literatura no ensino médio. Vejamos a visão de Cereja, referindo-se aos PCNEM:

A insatisfação dos professores em relação aos PCNEM tornou-se quase uma unanimidade. Primeiramente, por conta da insuficiência teórica e prática do documento; em segundo lugar, porque faz críticas ao ensino de gramática e de literatura sem deixar claro como substituir antigas práticas  escolares por outras, em consonância  com as novas propostas de ensino; em terceiro lugar, porque, na opinião de muitos professores, a literatura conteúdo considerado a “novidade” no âmbito da disciplina no ensino médio – ganhou um papel de pouco destaque no documento, isto é, o papel de ser apenas mais uma entre as linguagem que se incluem na área de “Linguagens, Códigos e suas Tecnologias”: língua estrangeira, educação física, educação artística e informática. (CEREJA, 2005, p. 114).

            Diante dessa situação os professores sentem a necessidade de repensar a prática pedagógica do ensino de Literatura, visto que os referenciais em que devem ser usados como suporte teórico-metodológico discutem apenas contribuições teóricas, mas não apresentam sugestões metodológicas que poderiam contribuir no processo de teoria e prática em sala de aula.

            Analisando as aulas de Literatura o que se observa é que os professores pressionados em seguir o tempo imposto por programas panorâmicos adotam a abordagem expositiva da história da Literatura, trabalhando as características, autores e obras a partir da leitura do livro didático e consequentemente influenciando à aulas desinteressantes que não corresponde ao gosto de grande parte dos alunos.

                               Acerca dessas reflexões verifica-se que a escola não tem tempo para colocar o aluno para discutir Literatura, pois o foco do ensino médio é o vestibular e que as leituras de obras que os alunos fazem em atividades extraclasses são quase sempre de obras solicitadas pelos exames, o que gera uma insatisfação na aprendizagem que deveria ser absorvida pelos discentes.

                               Segundo Martins (2006, p. 100) enquanto as formas de encarar o texto literário não forem repensadas, os professores irão se deparar com a negação da leitura por parte dos alunos, cada vez mais desinteressados e desmotivados diante da leitura.

                               Isso nos faz refletir sobre a reavaliação das metodologias do ensino de literatura, onde se deve buscar sugestões que ampliem o conceito da disciplina visando uma melhor receptividade do processo ensino-aprendizagem em que contribua para a motivação dos alunos a obter a leitura por prazer condicionando a eles a formação de leitores críticos.

5. METODOLOGIA

            Para realização deste artigo foi usado embasamento teórico de Martins e Cereja, além de análise dos PCN+ e Orientações Curriculares para o Ensino Médio, que são referenciais para o uso do professor em sala de aula.

            Desenvolvemos a pesquisa de campo na Escola de Ensino Fundamental e Médio Sinhá Sabóia, situada no município de Sobral, onde para a coleta de dados, além das observações, fizemos uso de questionário com o professor de Língua Portuguesa do 3º ano do ensino médio, e com respectivamente, 10 alunos da turma selecionada.

6. ANÁLISES E DISCUSSÕES

A partir da pesquisa feita percebemos que o professor trabalha de forma mecanizada, o que não ocasiona uma interação professor-aluno causando um ensino insatisfatório para ambos, e diante do que se foi observado durante a pesquisa na escola mencionada o ensino de Literatura se assemelha com o tradicionalista, em que se trabalha apenas o essencial buscando trabalhar somente o necessário de acordo com os conteúdos abordados sem um aprofundamento da disciplina tornando-a monótona.

Para Martins (2006, p. 83) o professor já deve ter se questionado de como trabalhar a Literatura em sala de aula, visando à motivação dos alunos para análise e interpretação de obras literárias. A autora vem ressaltar a dificuldade que o professor tem de abordar a disciplina em sala de aula já que o grande desafio de inserir a leitura literária na escola ainda é fornecer subsídios teóricos e metodológicos que auxiliem na prática pedagógica dos professores.

O professor pesquisado nos mostra essa dificuldade que ele sente nos referenciais que deveria ajudar de forma satisfatória os professores, mas deixam a desejar, já que a partir de análises dos PCNS verifica-se que no estudo da linguagem os conteúdos de Literatura são vistos de forma superficial onde não possibilita a especificidade que a disciplina deveria ter, o que ocasiona mais um obstáculo para o professor, pois se o mesmo quiser ampliar os conhecimentos de Literatura para seus alunos deve buscar além do que o currículo disciplinar impõe para que se alcance maior profundidade levando à seus discentes um repertório mais amplo de leituras e o conhecimento da organização estética da obra literária, não deixando que a disciplina se torne desinteressante para os alunos o que ocasiona um elevado número de discentes que não sintam o prazer pela leitura, como no caso da turma pesquisada que nos mostram adolescentes que não gostam das aulas de Literatura e de ler, onde interfere na sua formação crítica de leitor.

Nos três últimos anos de escolaridade o que explica a presença da Literatura é o vestibular onde os alunos estudam apenas por interesse no exame que proporciona o ingresso no nível superior, sem buscar compreender o fenômeno literário a fim de ampliar seus conhecimentos.

Segundo as Orientações Curriculares para o Ensino Médio (2008.p. 75) o professor não pode submeter seu programa ao programa do vestibular: ele deve oferecer ao aluno condições satisfatórias de aprendizagem para que possa sair-se bem em provas que exijam conhecimento compatível ao que foi ensinado.

            O que se analisa em sala de aula é que sem ter orientações a seguir o educador geralmente encontra nos livros didáticos a forma mais acessível  de se trabalhar com os alunos, não que o professor deixe de utilizar essa ferramenta didática, mas que ele não se prenda apenas ao livro,  buscando diversificar suas aulas através de outros recursos para atrair o aluno ao estudo prazeroso de Literatura.

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

            Diante do exposto, o que se pode perceber, é que é de suma importância uma reavaliação das concepções de literatura que norteiam a prática pedagógica da disciplina, pois enquanto a metodologia do ensino da mesma não for repensada os professores irão se deparar cada vez mais com alunos desinteressados e desmotivados em sala de aula diante da literatura.

Os PCNEM obtêm contribuições teóricas, mas segundo Martins (2006, p. 98) não discutem, em termos metodológicos, como os educadores poderiam articular a teoria à prática em sala de aula. Portanto, faz-se necessário refletir sobre o ensino de literatura, em que é importante: evitar trabalhar a literatura apenas pelo livro didático, que na maioria das vezes apresentam textos fragmentados e descontextualizados; buscar diferentes formas para os alunos apresentar a sua leitura, trabalhando com dramatizações, produção de murais, rodas de diálogos entre professor e alunos em que se discuta as dúvidas, exponha o que gostou e o que não gostou buscando dessa forma a participação discente; incentivar a leitura de textos diversos considerando as escolhas pessoais dos alunos, proporcionando a leitura como ato de prazer e não apenas uma leitura forçada para as práticas escolares; considerar a diversidade de textos pertencentes a gêneros e épocas diferentes; valorizar a leitura dos alunos.

Enfim, o professor deve ir em busca de ampliar suas diferentes formas de trabalhar com os alunos em sala de aula se adaptando com as exigências do mundo moderno, em que as novas gerações que adentram nas escolas se interessam por um ensino que aborde formas diversificadas, onde percebemos que as escolas que ainda propõem esse ensino tradicionalista merecem como já foi mencionado, ser reavaliadas com a finalidade de estabelecer uma formação satisfatória para os alunos possibilitando-os encontrar razões concretas para o estudo da literatura percebendo a sua importância histórica, social, política e cultural.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CEREJA, William Roberto. Ensino de Literatura: uma proposta dialógica para o trabalho com literatura. São Paulo: Atual, 2005.

MARTINS, Ivanda. A literatura no ensino médio: quais os desafios do professor? In Português no ensino médio e formação do professor, Clécio Bunzen e Márcia Mendonça (org). São Paulo: Parábola, 2006.

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Orientações Curriculares para o ensino médio: Linguagens, códigos e suas tecnologias. Brasília: Secretária da Educação Básica / MEC, 2006.

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio: Área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias. Brasília: Secretaria de Educação Média e Tecnológica / MEC, 2002.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

ANEXOS

  • QUESTIONÁRIO: PROFESSOR

 

  1. 1.      Que metodologia você utiliza na disciplina de Literatura?

“Trabalhamos com o uso do paradidático semanalmente, organizo seminários pra ver se eles assimilaram realmente os conteúdos, levo os alunos para a biblioteca mensalmente para que eles tenham acesso aos livros de nossa biblioteca e sempre passo atividades de fichamento para que eles levem obras literárias para casa e a partir desses fichamentos vejo se eles realmente leram o livro e quando tenho um tempinho trago textos literários, poemas.”

  1. 2.      De que forma os PCNS contribuem para a atuação da Literatura em sala de aula?

“São importantes, mas não ajudam o necessário para a aplicação dos conteúdos.”

  1. 3.      O método adotado por você causa motivação dos alunos?

“Tenho dificuldades em fazê-los ler, sempre que passo atividades de leitura eles não gostam muito, os seminários que já trabalhei com eles foram insatisfatórios, pois não queriam se apresentar, diziam que não tinham entendido o conteúdo , o que faz com que eu tenha dificuldade na disciplina por não conseguir uma interação desejável com meus alunos.”

  1. 4.      Em sua opinião, como a Literatura contribui para a formação crítica de leitor do aluno?

“Contribui de forma com que o aluno a partir de suas leituras adquira um maior conhecimento e tenha facilidades em interpretar, em escrever corretamente.”

  1. 5.      Quais as dificuldades encontradas no ensino de Literatura?

“Como já mencionei, tenho dificuldades na leitura com meus alunos e conseguir uma participação deles nas aulas de Língua Portuguesa e Literatura.”

 

 

 

 

 

  • QUESTIONÁRIO: ALUNO

 

  1. 1.      Você gosta da aula de Literatura? Por quê?

Aluno 01: As vezes. Acho difícil.

Aluno 02: Não. Não gosto de ler.

Aluno 03: Não. A aula é chata, e não gosto dos poemas e quando o professor fica lendo os textos que são difíceis.

Aluno 04: Não. As vezes não entendo.

Aluno 05: Sim. Acho muito interessante as escolas literárias que vem falar da história, sem falar no quanto a gente aprende da nossa cultura e gosto muito de ler, especialmente os romances.

Aluno 06: Sim. São importantes.

Aluno 07. Não. Pois não gosto de ler.

Aluno 08: Sim. Gosto de quando vamos para a biblioteca e sabemos o quanto é importante para nos sairmos bem no vestibular.

Aluno 09: Sim. Gosto de ler e gosto de aprender as escolas literárias e suas obras.

Aluno 10: Não. Acho difícil.

  1. 2.      A aula de Literatura lhe incentiva o prazer pela leitura?

Aluno 01:Não

Aluno 02:Não

Aluno 03:Não

Aluno 04:Não

Aluno 05:Sim

Aluno 06:Sim

Aluno 07:Não

Aluno 08:Sim

Aluno 09:Sim

Aluno 10:Não

  1. 3.      O professor proporciona de forma compreensiva o conteúdo de Literatura?

Aluno 01:Não

Aluno 02:Não

Aluno 03:Não

Aluno 04: Não

Aluno 05:Sim

Aluno 06:Sim

Aluno 07:Não

Aluno 08:Sim

Aluno 09:Sim

Aluno 10:Não