ANA RITA ROCHA

 

 

 

ENSAIO SOBRE OS PENSAMENTOS POLÍTICOS DE: VICTOR NUNES LEAL e CAIO PRADO JR.

 

 

 

 

 

PENSAMENTO POLÍTICO DE VICTOR NUNES LEAL

ENXADA E VOTO

Victor Nunes Leal nasceu em 1914, em Alvorada município de Carangola (MG), foi jurista, ministro do STF, professor de ciências políticas e sociais e administrativas, Fundador da Academia Nacional de cultura, de Brasília, e primeiro presidente do Instituto de Ciências Sociais, da Universidade do Brasil (1959).[1]

Victor Leal aborda sobre a estrutura e o processo do coronelismo como um fenômeno caracterizado por um complexo sistema político muito simbólico nas grandes fazendas durante o período da república velha. O Coronel era um fazendeiro que contratava jagunços para proteger a guarda nacional, em troca recebia um título de nobreza da coroa, ele se utilizava deste título em causa própria para manter o seu controle político sobre a classe miserável. No inicio da república os coronéis se aproveitavam da instabilidade econômica dos camponeses para conseguir fundos para o candidato que em troca de votos prometesse investir em sua fazenda, os moradores de fazenda, vaqueiros e outros subordinados ao patrão tinham que ceder as concessões porque do contrario seriam expulsos das fazendas, era o chamado “voto de cabresto” ainda hoje popularmente conhecido e praticado em cidades do interior do País,  principalmente entre os povos rurais.

Victor Leal difere dos demais pensadores pela sua peculiaridade de criar um objeto de estudo, no caso o coronelismo. Nesse período a economia do País estava centrada basicamente na estrutura agrária, e uma grande população miserável que subsistia predominantemente do latifúndio, nesse contexto havia uma forte sujeição por parte dos trabalhadores que dependiam das terras dos patrões para seu sustento. Em períodos eleitorais o “voto de cabresto”, como ficou conhecido nessa época a compra de sufrágio por parte dos fazendeiros da população rural que cediam seu voto em troca de assistência, garantia a estabilidade política dos coronéis diante dos chefes do Estado, que por sua vez negociavam a aquisição de votos em troca de concessões de direitos e outros “favores” para uso privado. Assim o coronel mantinha seu papel “respeitável” entre a população desprovida.

O coronelismo se “extinguiu” com o avançar da estrutura democrática, as pessoas passaram a migrar dos campos rurais para os espaços urbanos saindo da zona de dependência do patrão, entretanto, o coronelismo ainda se encontra indiretamente camuflado em nosso sistema político numa relação de clientelismo, onde o poder privado tira proveito do que é público, por meio da “camaradagem”. O Brasil construiu sua base política, econômica e cultural na sociedade sob o autoritarismo do poder aquisitivo sobre o povo desprovido de sua própria dignidade, que se via obrigado a incorporar as políticas desiguais de expansão que se estabelece até os dias de hoje.

PENSAMENTO POLÍTICO DE CAIO PRADO JR.

A REVOLUÇÃO BRASILEIRA

Caio Prado Jr. Paulista nasceu em 1907, formou-se em direito, foi geógrafo e político democrata, posteriormente aderiu ao PCB (Partido Comunista Brasileiro, militante das lutas de classe), de família aristocrata tornou-se socialista militante das causas operárias. Escritor de várias obras ligadas as teorias marxistas ele se propõe a estudar o Brasil dentro de sua realidade crítica do seu passado e presente. Caio Prado representa o pensamento Marxista brasileiro, recriminado por alguns autores pelo seu economicismo e circulacionismo em sua análise de povoamento, e materialismo da estrutura social dentro da formação do Brasil.

  Caio Prado inicia discutindo sobre o título de sua obra: revolução brasileira, que segundo ele seria um processo de transformação estrutural dentro de um pequeno período histórico, ou mais explicitamente como o autor cita é um “momento de aceleração histórica”. Revolução para ele não estaria ligado a forma violenta de lidar com os problemas sociais, mas no caráter transformador estrutural

Ao analisar sobre os movimentos revolucionários do Brasil Caio Prado diz que esses movimentos diferentes dos de Cuba, foram realizados equivocadamente da verdadeira finalidade revolucionária de classes, isso levava governos irresponsáveis ao poder, induzia com isso o Brasil a ruínas, o País transitava do feudalismo para o capitalismo, longe das propostas que o socialismo defende. Para Caio Prado a nação não tem uma burguesia nacionalista ou mesmo democrática, mas ela tende a ser imperialista, uma vez que a riqueza do País era exportada para outros países e o Brasil não tinha um passado feudalista, nesse viés o PCB concordava que deveria haver um setor progressista de frente nacional.

Na visão de Caio Prado o Brasil surgiu num sistema de capitalismo implantado pelos europeus voltado para o mercado externo, sua exploração comercial era feita por colonos feudais e não por um camponês, o trabalho escravo serviu de função para a acumulação capitalista, mesmo após a abolição o Brasil continua sua economia do período colonial, seria necessário torna-lo nacional através da independência do mercado interno por meio de reformas econômicas anti-imperialistas. Caio Prado, portanto defende que o sentido da revolução deveria amparar o trabalhador rural numa legislatura que subsidiasse aos trabalhadores materialmente e socialmente. O autor fala de melhorias na educação, emprego, saúde, entre outros progressos que seriam possíveis através da ação popular, favorecendo uma revolução de natureza democrática, promovendo participação da classe trabalhadora com o Estado, porém não pressupõe uma reforma agrária, o que viria a ser alvo de contestações para alguns críticos.

 Pelo o estudo dos dois autores é possível conceber a formação política do Brasil, como um sistema de poder que está constantemente concentrada nas mãos da elite, sempre de maneira antidemocrática. o Estado age em função dos interesses de uma minoria, enquanto a massa desfavorecida é submetida e dominada por um regime desparitário e conservador. O Brasil ainda continua com a marca colonial de fornecedor de produtos primários para o comercio de exportação, o progresso do País estaria diretamente ligado ao nacionalismo, que por pouco existir, mais vulnerável torna-se o Estado.



[1]Acessadoem:http://www.victornunesleal.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=3:victor-nunes-leal&catid=1:home Dia: 09/09/15