Ensaio sobre os elementos para a construção de um planejamento estratégico na perspectiva da ciência da administração

Segundo Berton e Fernandes existem dez escolas sobre visão estratégica na ciência da administração:

1) escola do desenho: a formação da estratégia como um processo de concepção;

2) escola do planejamento: a formação da estratégia como um processo formal;

3) escola do posicionamento: a formação da estratégia como um processo analítico;

4)  escola do empreendedorismo: formação da estratégia como um processo visionário;

5) escola cognitiva: formação da estratégia como um processo mental;

6) escola do aprendizado: formação da estratégia como um processo emergente;

7) escola do Poder: formação da estratégia como um processo de negociação;

8) escola da cultura: formação da estratégia como um processo coletivo;

9) a escola ambiental: a formação da estratégia como um processo reativo;

10) escola da configuração: a formação da estratégia como um processo de transformação.

            De acordo com as teorias de Berton e Fernandes, a formulação de um processo estratégico passa pelo estabelecimento da visão e da missão, pelo estabelecimento dos objetivos e das estratégias gerais, pela fixação das estratégias funcionais e por uma integração estratégica.

            Para elaborar um Plano Estratégico para uma instituição é necessário primeiramente conhecer sua organização interna, seu funcionamento e seus princípios. A organização interna e o funcionamento do sistema NINTER foram apresentados no capítulo de número um, porém, necessita-se explicitar os princípios do Núcleo para facilitar a compreensão das escolhas adotadas no Plano Estratégico.

            É importante destacar o que a ciência da administração considera como missão, como visão, como objetivos, estratégias gerais e como estratégias funcionais, assim, a partir de amplo estudo sobre criação e elaboração de Planejamento Estratégico na ciência da administração elaborou-se o quadro explicativo abaixo:

Quadro 1- Elementos de um Plano Estratégico na ciência da administração

 

Elementos do Plano Estratégico

Perguntas a serem respondidas pela instituição na qual se está criando o Plano Estratégico

      Peculiaridades

Definição pela ciência da administração

 

Missão

Para que a instituição existe?

Corresponde à pergunta mais básica do planejamento.

Promove um sentido mais amplo para as atividades da instituição e desperta para a importância do cotidiano. Possui caráter inspirador e motivacional.

 

Visão

Aonde a instituição quer chegar?

É a explicitação do que se idealiza para a instituição.

É o desejo de aonde se quer chegar, compreendendo temas como valores, desejos, vontades, sonhos e ambição.

Objetivos

Quais são as metas (projeções de situações futuras desejadas) da instituição?

O conjunto dos objetivos constituem uma forma de tornar a missão real.

São os diversos resultados que a instituição se propõe a alcançar, com um prazo definido para que aconteçam.

Podem ser gerais e específicos.

São os resultados qualitativos e quantitativos que a organização precisa alcançar em prazo determinado, no contexto de seu ambiente e de sua atividade para cumprir sua missão.

Os objetivos detalham a missão especificando-a. Os objetivos gerais são mais próximos da missão e os específicos são versões mais restritas e normalmente quantificadas dos objetivos gerais.

Estratégias Gerais

Quais os meios para se atingir os objetivos?

Envolve análise, planejamento e seleção para que se aumente a possibilidade de alcançar os objetivos.

É a determinação do curso da ação apropriada para se alcançar os objetivos da instituição.

Estratégias funcionais

Como equilibrar e coordenar as peculiaridades interna da instituição, como por exemplo, finanças, recursos humanos, operações internas e marketing (divulgação da instituição para o público alvo)?

Atribui maior funcionalidade na área de atuação da instituição para promover a manutenção da mesma sem passar por crises e/ou dificuldades financeiras.

São aquelas que se relacionam com as seguintes áreas da instituição: compras e materiais, produção e operações, finanças, pesquisa e desenvolvimento, recursos humanos, sistemas de informações e marketing (divulgação).

Fonte: elaborado pela autora com dados extraídos da obra: Fernandes, Bruno Henrique Rocha; BERTON, Luiz Hamilton. Administração Estratégica. São Paulo: saraiva, 2014.

            A administração estratégica é reconhecida como administração de cúpula ou alta administração.  Segundo Cury, a administração estratégica pressupõe um planejamento também estratégico que envolva decisões sobre fins (valorativas), bem como pela definição das políticas e das diretrizes de um sistema que deve ser aberto. [1] Em outras palavras, é um mapeamento do que se deve fazer.

            A administração estratégica é considerada aberta por ser orientada no sentido de acompanhar o reflexo das mudanças, prevendo sua ocorrência e adotando, tempestivamente, as medidas preventivas necessárias por meio de um processo dinâmico e integrado de planejamento estratégico. [2]

            O processo de planejamento é um poderoso instrumento de gestão. Na perspectiva de Matesco, Carmo e Araújo, o Plano Estratégico ajuda a instituição a pensar estrategicamente, definir seus objetivos de curto e longo prazos, definir planos de ação para alcance desses objetivos para torna-los palpáveis. [3]A missão do Plano também ajuda a compreender o que a instituição faz e para que ela existe, ou seja, facilita e amplia a visão do público externo sobre a finalidade da instituição.

            Ainda na mesma linha de raciocínio, Matesco, Carmo e Araújo ressaltam a importância da retratação da cultura praticada pela instituição, pois o Plano Estratégico nada mais é que um documento no qual o planejamento é registrado. [4]

            Lacombe alerta para que a administração contemporânea seja baseada em equipes multidisciplinares, pois a realidade é multidisciplinar e os problemas contemporâneos são complexos dentro de qualquer instituição. [5]

Referências Bibliográficas 

ARAÚJO, César G.; CARMO, Maria Scarlet; MATESCO, Karen. Ações Estratégicas. Desafios e caminhos para gestão contemporânea. São Paulo: Atas, 2012. 

CURY, Antonio. Organização e métodos. Uma visão holística. São Paulo: Atlas, 2006.

Fernandes, Bruno Henrique Rocha; BERTON, Luiz Hamilton. Administração Estratégica. São Paulo: saraiva, 2014.

LACOMBE, Francisco José Masset. Administração fácil. São Paulo: saraiva, 2012. 

[1] CURY, Antonio. Organização e métodos. Uma visão holística. São Paulo: Atlas,2006, p. 175.

[2] CURY, Antonio. Organização e métodos. Uma visão holística. São Paulo: Atlas,2006, p. 175.

[3] ARAÚJO, César G.; CARMO, Maria Scarlet; MATESCO, Karen. Ações Estratégicas. Desafios e caminhos para gestão contemporânea. São Paulo: Atas, 2012, p.160.

[4] ARAÚJO, César G.; CARMO, Maria Scarlet; MATESCO, Karen. Ações Estratégicas. Desafios e caminhos para gestão contemporânea. São Paulo: Atas, 2012, p.161.

[5] LACOMBE, Francisco José Masset. Administração fácil. São Paulo: saraiva, 2012, p.240.