Para entender melhor a greve dos profissionais da educação de 2015, pense na seguinte situação: O sindicato dos trabalhadores vai para negociar sobre uma proposta do governo que mexe na aposentadoria dos servidores públicos. A primeira pergunta a se fazer é a seguinte: porque o governo está precisando tanto desse dinheiro? Porque mexer em um dinheiro que por Lei não é dele? E porque não se corta “gastos” de outros setores como os cargos comissionados que muitas vezes servem para favorecimentos da campanha eleitoral, que é um câncer na sociedade hoje em dia, em âmbito municipal, estadual e federal?

Não seremos hipócritas de pensar que os manifestantes não iriam ocupar a assembleia legislativa novamente, aja vista ser a ÚNICA forma de impedir que o Governo confisque mensalmente 125 milhões que seriam das aposentadorias dos funcionários públicos, uma vez que se percebe que até o poder judiciário estava a favor da aprovação.

Ora essa, uma Lei sem Justiça não tem valor algum.

Entende-se, portanto que, o Governo, percebendo a manobra do Sindicato e dos manifestantes em querer ocupar a Assembleia novamente, colocaram mais de 1500 policiais militares fortemente armados com bombas de efeito moral, gás lacrimogênio, cassetetes, cães, para conter as manifestações pacífica dos professores e o resultado foi centenas de profissionais da educação, policiais e outros servidos públicos feridos. E irresponsavelmente a culpa foi jogada em cima da própria Polícia Militar que sabemos muito bem que, dia após dia, trabalha arduamente para manter a ordem da sociedade, sendo desta fora, vítima do próprio governo.

Pois bem, vamos para o outro ponto a ser considerado. Na assembleia legislativa do Paraná haviam 31 deputados fieis ao governo do Estado, que chamam de base aliada, assim como acontece nas câmaras de vereadores, no senado e câmara federal. Esses, na maioria das vezes, votam em troca de favores e de interesses políticos ou ideológicos, seja PT, PSDB, PMDB ou PQP. O fato é que não estão pensando no interesse da população, mas sim em se manter no poder pelo tempo que puderem. Como? Por exemplo, estes 31 deputados que aprovaram a mudança da previdência dos servidores públicos do Paraná, são os mesmos que vão aparecer nos municípios fechando acordos, emendas, recape asfálticos e oferecendo muitos outros recursos financeiros, objetivando construir “nome” e um capital político para os próximos anos, afim de serem eleitos novamente e seguir a dita carreira política.

Paralelo a isso, o Governo irá gastar milhões com meios de comunicações para tentar explicar a população o motivo destas “medidas de ajustes”. Medidas estas, creio que devia começar já no alto escalão do governo, quando aprovam reajustes na ordem de 20 a 30% em seus próprios salários, bem como nos auxílios e benefícios para juízes e conselheiros do tribunal de contas. Falando nisso, você sabia que o Tribunal de Contas é uma das instâncias que legalmente pode reprovar a aprovação deste projeto de Lei que fere a Previdência dos servidores? Coincidência não é?

Bom, voltando aos gastos com as mídias, o governos sabe quais são os programas e jornais de maior audiência e de circulação, então investe pesado nisso, com o dinheiro público. A população então, começa a ser manipulada por estas mídias e se coloca contra os professores, por exemplo. A intenção então do governo é fazer com que os profissionais que estão em greve sintam-se envergonhados, desmoralizados, e errados.

A greve é um direito nosso, e o único jeito do governo sair ganhando neste jogo de poder é fazendo com que a categoria toda de profissionais comecem a voltar para a seus trabalhos, desarticulando o movimento legítimo e social que é a greve, a luta pelos direitos dos trabalhadores.

Agora pergunto. Isso tudo pra você é democracia? Infelizmente a nossa democracia termina nas urnas. Essa nossa democracia é para escolher os ditadores, apenas isso.

Essa questão que muitos tem de ficar defendendo ou atacando partindo políticos vem somente a corroborar com tudo que foi dito até aqui, porque percebe-se que dentro destes partidos está enraizado a briga pelo poder, pelos interesses pessoais e de um pequeno grupo, mas não da maioria, do povo. Ouve-se por aí que a burocracia favorece a corrupção, e que somos corruptos em potencial. Em um mundo capitalista, o que manda é o dinheiro, e se aparecer um carguinho público por aí!!! Lá vamos nós.

Agora vamos direto ao ponto.

Foi hilário ver o Fachin, que levou um “chazão” de cadeira de 12 horas na Sabatina do dia 12 de maio no Senado, quando a principal pergunta que todos queriam e deveriam fazer é “Você vai ajuizar contra ou a favor o PT? Economizariam tempo e dinheiro.

Uma prova que toda e qualquer Lei não tem valor nenhum se não há Justiça. Podem roubar, desviar e fazer acontecer a vontade.

Resumindo tudo, a democracia que estamos vivendo é formada pelos três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário.  Bom, se alguém tem esses 3 poderes em mãos, não é mais uma democracia, é uma ditadura. E nosso sistema democrático hoje, favorece isso, e não há mídia que possa “controlar a população”, pois afinal de contas, os mesmos são eleitos e se mantém no poder ano após ano.

Dias atrás houve as esplendorosas manifestações aos domingos, contra a corrupção, impeachment, intervenção militar e outras coisas mais. Teve a greve dos caminhoneiros também que foi fortemente reprimida. Milhões de pessoas deixaram de assistir TV e foram para as ruas fazerem manifestações – aos domingos. Segunda feira de manhã, bora trabalhar, porque afinal, temos os impostos e boletos para pagar. Outro domingo, foi a mesma coisa, porém perdeu força. E porque não fizeram mais uma vez se no dia 12 era para ser maior? Justamente porque esse tipo de manifestação não surte efeito. A diferença do período militar e agora é que na época não se poderia fazer isso, mas agora pode. E os altos governantes não estão se lixando se o povo vai ou não as ruas, pois afinal foram eleitos de uma forma “democrática” e “legal” perante o judiciário, e podem governar por 4 anos, pois em 2018 o povo já terá esquecido, assim como parece ter esquecido que o Alvaro Dias pôs os cavalos em cima dos professores e o Fernando Collor de Melo confiscou a poupança da população. Pergunto: onde estão esses políticos agora?

E depois de tudo isso. Você ainda quer que os professores voltem para as salas de aulas?