Obesidade na adolescência: Assistência de enfermagem na prevenção e combate

Adolescent Obesity: Nursing care in preventing and combating

Enfermagem na prevenção da obesidade na adolescência

1Érica Fagundes do Amaral, Gabriela de Almeida Machado, Gardênia de Souza Oliveira, Pedro Airton Gualberto de Brito Pinto, 2Xisto Sena Passos, 3Juliana Kenia Martins da Silva. 1Alunos do curso de Graduação de Enfermagem do Campus Goiânia Flamboyant, 2Professor Doutor em Medicina Tropical do Curso de Enfermagem do Campus Goiânia Flamboyant, 3Professora adjunta Mestre em Ciências do Ambiente e Pós-graduada em Saúde Pública do Curso de Enfermagem do Campus Goiânia Flamboyant.

Endereço de correspondência: Xisto Sena Passos, Rua t-37 nº 3486, Ap. 10,1 Setor Bueno, CEP: 74230-022 Goiânia-GO, E-mail: [email protected], Cel.:62 85146138

Área específica do artigo: Saúde Pública

Declaração de inexistência de conflitos de interesse: Declaramos que não existem conflitos de interesse na publicação deste artigo.

Resumo

Esta pesquisa teve por objetivo analisar as práticas de prevenção e combate da obesidade na adolescência com enfoque na assistência de enfermagem. Foi realizado um estudo por revisão bibliográfica sistematizada da literatura sobre a obesidade na infância e adolescência de aspecto quantitativo e qualitativo. O Brasil enfrenta, nos últimos tempos, um aumento expressivo de sobrepeso e obesidade, assim como vários países do mundo. Nas faixas etárias mais precoces o número de obesos cresce assustadoramente, principalmente devido a fatores relacionados ao estilo de vida atual que favorece a um aumento de refeições realizadas fora do domicílio. O enfermeiro como figura importante na equipe multiprofissional é incumbido de assumir ações voltadas à educação nutricional, e junto com a família contribuir com práticas que busquem prevenir a obesidade. Considera-se que ainda há muito a ser feito para combater ou mesmo minimizar os efeitos que a obesidade na adolescência pode causar, porém sabe-se que a enfermagem pode contribuir de forma significante para esse progresso.

Descritores: Obesidade, Adolescência, Enfermagem.

Abstract

This research aims to examine the practices to prevent, and combat adolescent obesity with a focus on nursing care. A study conducted by systematic review of the literature on obesity in childhood, and adolescence in both quantitative and qualitative aspects. Recently, Brazil has been facing a significant increase of overweight and obesity, as well as other countries around the world. In the earliest ages, the number of obese patients has been growing tremendously, mainly due to factors related to the current lifestyle that favors an increase of meals away from home. The nurse, as a major figure in the multidisciplinary team, is responsible for taking actions focused on nutrition education, along with the families, and contributes to practices that seek to prevent obesity. It is considered that there is still much to be done to combat, or even minimize the effects that adolescent obesity may cause. However, but we know that nursing can contribute significantly to this progress.

Descriptors: Obesity, Adolescence, Nursing.

Introdução

A obesidade é uma doença crônica definida como excesso de armazenamento de gordura no organismo, tais alterações já podem ser observadas frequentemente na faixa etária mais jovem, tornando-se um grave problema de saúde pública. Sabe-se que existe grande probabilidade de adolescentes com sobrepeso tornarem-se adultos obesos (1). A obesidade é um distúrbio relacionado a um risco elevado de morbimortalidade devido a diversidade de complicações que pode produzir, associado à deteriorização da qualidade de vida(2). Tal situação é resultado das mudanças no estilo de vida determinadas pela globalização, que transformou o perfil de saúde da população, incluindo a adoção de hábitos alimentares pouco saudáveis e a redução da prática de atividades físicas diárias (3).

Definida pela Organização Mundial de Saúde (OMS), a adolescência corresponde à faixa etária cronológica dos 10 aos 19 anos. É caracterizada por intensas modificações físicas, psicológicas e comportamentais de transição entre a infância e a vida adulta. É uma fase da vida em que o indivíduo apresenta aceleração de crescimento de estatura e no ganho de peso, o que justifica o aumento de necessidades nutricionais nessa fase  (4).

Em 30 anos tem-se observado, em diversos países, um crescimento nos índices de prevalência de sobrepeso e obesidade. No mundo, há 2,1 bilhões de pessoas obesas ou com sobrepeso, o que representa quase 30% da população mundial e aproximadamente 32,8% da população brasileira. O Brasil fica acima da média global de obesidade, mas abaixo de países como Estados Unidos, Reino Unido, México e Bolívia, segundo estudos realizados pela Vigitel (Vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico) (5).

A obesidade gera uma visão negativa na adolescência por não se enquadrar nos padrões de beleza da moda, podendo desencadear distúrbios de imagem corporal, expressados por meio de humor depressivo, ansiedade, desânimo, e muitas vezes para compensar a baixa autoestima, o adolescente recorre ao prazer trazido pelo alimento, contribuindo para o agravamento do distúrbio (6), que pode resultar em aumento da pressão arterial, diabetes, dislipidemias e especialmente o desenvolvimento de doenças cardiovasculares.

Percebe-se que o controle da obesidade é difícil e exige mudança no estilo de vida, hábitos alimentares e que depende da conscientização dos adolescentes envolvidos, dos familiares, amigos e profissionais da saúde. Nesse sentido, acredita-se que a assistência de enfermagem pode contribuir bastante para a prevenção da obesidade na adolescência, por meio de um processo de educação, onde irá transmitir conhecimentos relacionados à conquista de saúde, visando a mudança de comportamento e estilo de vida, enfatizando, assim, a promoção à saúde individual, familiar e comunitária (7).

Tendo em vista a importância dessa temática, este estudo teve como objetivo analisar as práticas de prevenção e combate da obesidade na adolescência com enfoque na assistência da enfermagem.

Revisão da Literatura

O estudo teve como proposta metodológica uma pesquisa com abordagem qualitativa e quantitativa. Trata-se de uma revisão bibliográfica sistematizada da literatura. As coletas foram realizadas na base de dados da Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), Scientífic Eletronic Library Online (SciELO) e pelo site Google acadêmico. Esta busca procedeu-se no período de junho a agosto de 2014, a partir dos descritores: obesidade, adolescência e enfermagem.

Como critérios de inclusão foram utilizados artigos publicados em português, dentro do período delimitado (2009-2014), artigos na íntegra que retratem a temática referente à assistência de enfermagem à obesidade na adolescência e artigos publicados e indexados nos referidos bancos de dados. Os critérios de exclusão foram artigos não compatíveis ao tema, teses, capítulos de teses, anais de congressos ou conferências e relatórios técnicos e científicos. A partir da leitura prévia dos títulos e resumos, foram selecionados quinze artigos que atingiram os requisitos.

A Tabela 1 demonstra de forma sistematizada os artigos selecionados:

Tabela 1. Relação dos artigos selecionados (2009-2014)

TÍTULO DO ARTIGO

ANO

AUTORES

IDÉIA PRINCIPAL

Obesidade infantil ontem e hoje: importância da avaliação antropométrica pelo enfermeiro

2011

Elaine Maria Leite Rangel; Alessandra Mazzo; Fernanda Berchelli Girão; Leila Maria Marchi-Alves; Cíntia MegumiYagui;Cíntia Simões Rodrigues

O papel do enfermeiro diante o diagnóstico nutricional implementado a avaliação antropométrica.

Percepção da auto-imagem e satisfação corporal em adolescentes: perspectiva do cuidado integral na enfermagem

2009

Raimunda Medeiros Germano e Cecília Nogueira Valença

Atuação da enfermagem diante a percepção da auto-imagem corporal na adolescência.

Obesidade juvenil com enfoque na promoção da saúde.

2011

Izaildo Tavares Luna; Rosa Aparecida Nogueira Moreira; Kelanne Lima da Silva; JoselanyÁfio Caetano; Patrícia Neyva da Costa Pinheiro; Cristiana Brasil de Almeida Rebouças

As contribuições de enfermagem diante da promoção a saúde dos adolescentes com enfoque nos hábitos saudavéis.

Sobrepeso em adolescentes de escolas públicas: desempenho de três critérios diagnósticos

2009

Marta Maria Coelho Damasceno; Marcos Vencios de Oliveira Lopes; Dalva Damasceno Oliveira; Natália Ponte Nogueira;Iana de Almeida Siqueira; Suyanne Freire de Macedo

O papel do enfermeiro em estudos de prevalência e diagnósticos de obesidade e critérios antropométricos para levantar ações de intervenção da obesidade.

Avaliação do estado nutricional e da saúde de crianças e adolescentes na prática assistencial do enfermeiro

2013

Maria Helena do Nascimento Souza; Gabrielle Silva da Silveira; Átila Ferreira Soares Pinto; Vitória Regina Domingues Sodre; Liane GackGhelman

A importância da enfermagem na atuação educativa, identificando os riscos à saúde.

Intervenções de enfermagem junto à família na prevenção da obesidade infantil

2011

 Fabiana Ferreira Koopmans; Rosilene Miranda Silva; Eva de Fátima Rodrigues Paulino; Regina Célia de Barros Sá

A interação familiar junto à enfermagem no processo de intervenção e de vida saudável.

Percepção do adolescente obeso sobre as repercussões da obesidade em sua saúde

2010

Solange Queiroga Serrano; Maria Gorete Lucena de Vasconcelos; Gisélia Alves Pontesda Silva; Mônica Maria Osório de Cerqueira; Cleide Maria Pontes

A contribuição da enfermagem na percepção dos adolescentes obesos e suas complicações.

Obesidade central em jovens.

2012

Talita da Silva Ferreira; Caroline Chafauzer; Fernando Moreira de Araújo Júnior; Gabriela BeltrameSilva

O papel da enfermagem em identificar os fatores associados e traçar metas no combate e prevenção da obesidade.

Saúde na escola: educação, saúde e inclusão em adolescentes brasileiros.

2013

Carlos KusanoBucalen Ferrari; Lohany Dourado Nery; MarlaTaianeKopp; Daniela Franco dos Santos;Noeli Silva Pereira; Graziele Souza Lira Ferrari; Fernando Aires Barcelos; Jéssica Silva Gonçalves;Rildo Rodrigues Costa Junior

A importância da enfermagem em conjunto a escola na prevenção da obesidade e qualidade de vida.

Ações de enfermagem de educação em saúde direcionadas à prevenção da obesidade entre adolescentes – Revisão integrativa.

2010

Raphaela Santos do Nascimento; Ana Márcia Tenório Cavalcanti

A importância das ações do enfermeiro na prevenção e combate a obesidade juvenil.

Assistência de enfermagem na puericultura: Acantose nigricans como marcador de risco metabólico

2013

Caroline Evelin Nascimento Kluczynik Vieira; Larissa Soares Mariz; Carla Campos Muniz Medeiros; Bertha Cruz Enders; Alexsandro Silva Coura

A importância da enfermagem em avaliar diante do seu desenvolvimento qual alteração metabólica leva o adolescente obeso a certas complicações.

Diagnósticos de enfermagem em adoslescentes com excesso de peso

2013

Raphaela Santos do Nascimento Rodrigues; Ana Márcia Tenório de Souza Cavalcanti; Telma Marques da Silva

Ações de enfermagem intercedoras no combate a obesidade através de diagnósticos de enfermagem, incentivando hábitos saudáveis.

Obesidade na adolescência: uma reflexão necessária.

2011

Carina Teixeira da Silva; Damiana Guedes da Silva; Sharon Maclaine Fernandes da Silva; Rosani Aparecida Alves Ribeiro de Souza

O papel da enfermagem em buscar estratégias resolutivas no combate a obesidade e suas consequências.

O enfermeiro nas ações da saúde do individuo, família e comunidade: obesidade exógena infanto-juvenil e seus hábitos alimentares.

2013

Leonardo Magela Lopes Matoso;LibinaEdrianada Costa Oliveira;Cleber Mahlmann Viana Bezerra

A importância da enfermagem relacionada aos hábitos saudáveis em um todo em busca da identificação das causas.

Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN)

2012

Ministério da Saúde

O papel do enfermeiro em contribuir para as ações da PNAN garantindo a segurança alimentar dos adolescentes.

Hoje sabe-se que a obesidade pode ser destacada como uma doença multifatorial, em que acontece uma interação entre aspectos genéticos, ambientais, influências socioeconômicas e alterações endócrinas e metabólicas. É uma condição complexa de imensa sobrecarga para o sistema de saúde, que interfere em recursos econômicos e traz graves consequências clínicas, sociais e psicológicas (8). Os estudos realizados procederam duas categorias de resultados, são elas:

Principais causas e consequências da obesidade na adolescência

O Brasil enfrentou nos últimos tempos um aumento expressivo de sobrepeso e obesidade, assim como em vários países do mundo. Em função de sua relevância e velocidade de evolução, o excesso de peso é considerado um grande problema de saúde pública que afeta todas as faixas etárias (8,9).

Sabe-se que existem fatores genéticos relacionados ao problema da obesidade, os quais possuem ação permissiva para a atuação dos fatores ambientais, sendo esses decisivos para a manutenção do peso saudável (1).

Nas faixas etárias mais precoces o número de obesos cresce assustadoramente, principalmente devido a fatores relacionados ao estilo de vida atual que favorece a um aumento de refeições realizadas fora do domicílio: dados de 2009 demonstram que 16% das calorias foram oriundas da alimentação feita fora de casa, composta na maioria das vezes, por alimentos industrializados e ultra-processados como refrigerantes, cerveja, sanduíches, salgados e salgadinhos industrializados (9).

Entre as principais causas ambientais da obesidade estão: escolhas alimentares pobres, má alimentação, o hábito de omitir refeições, especialmente o café da manhã (desjejum) e uma vida sedentária. A esse respeito, destaca-se que ao se tratar de adolescentes, além de fatores ambientais que contribuem com o aumento de peso nessa clientela, estão outros fatores como o excesso de ingestão energética e, sobretudo, o número de horas em frente à televisão, videogames, falta de atividade física e o intenso uso de computadores (10).

A diminuição do tempo de sono também tem se tornado uma condição endêmica na sociedade moderna e encontrando relevante associação epidemiológica com a obesidade. Estudos apontam que indivíduos que dormem menos que seis horas por noite tem uma maior probabilidade de se tornar obeso, e que o encurtamento do sono provoca um desequilíbrio endócrino, aumentando o apetite e a fome (5). Em pouco mais de duas décadas, constatou-se aumento gradual nas prevalências, onde em torno de 20% dos adolescentes apresentaram excesso de peso, e praticamente 6% dos adolescentes do sexo masculino e 4% do sexo feminino foram considerados obesos (9).

Como consequência, a obesidade na adolescência pode originar aumento na pressão arterial, o que nos jovens pode tornar-se muito complicado de controlar e detectar a tempo, diabetes bem como dislipidemias, inúmeros problemas psicossociais, resultantes de uma fraca autoestima durante toda a adolescência, momento em que geralmente se fazem as amizades para a vida; e ainda uma grande dificuldade em afastar a persistência da obesidade na idade adulta, um enorme desconforto respiratório, que vai afetar até a subir as escadas de prédios ou mesmo a deslocar-se para a escola, apneia do sono, alterações da postura e até ortopédicas, com problemas de ossos devido ao excesso de peso para o esqueleto formado, colesterol e triglicerídeos elevados e gerar maior índice de morbimortalidade na idade adulta, principalmente pelo desenvolvimento de doenças cardiovasculares (3).

Assim, a Organização Mundial de Saúde (OMS) determina que medidas permanentes para o controle da obesidade devem incluir a abordagem preventiva e de promoção da saúde na adolescência a fim de evitar a sua permanência ou agravamento na idade adulta (3).

Intervenções de enfermagem no tratamento preventivo da obesidade na adolescência

Na busca por soluções para o problema da obesidade que acomete milhões de jovens e adolescentes, o Governo Federal criou, por meio da Política Nacional de Alimentação e nutrição (PNAN), mecanismos que favorecem o combate a essa problemática (10). Tais estratégias buscam reduzir a quantidade de crianças expostas aos principais fatores de risco que desencadeiam a obesidade juvenil. A partir de avaliações e orientações das equipes de enfermagem, juntamente às crianças e seus familiares tem-se o objetivo de controlar, prevenir e promover uma vida saudável em todos os seus estágios (11).

Dentre as ações de promoção a saúde destaca-se a vertente da Promoção da Alimentação Adequada e Saudável (PAAS) que compõe uma das diretrizes da PNAN. A PASS visa a melhora da qualidade de vida da população a partir da redução da prevalência do sobrepeso, obesidade e doenças crônicas relacionadas á alimentação e nutrição (7).

Como figura importante na equipe multiprofissional, o enfermeiro é incumbido de assumir ações voltadas à educação nutricional, e junto com a família contribuir com práticas que busquem prevenir a obesidade através de folders educativos, vídeos, relatos, de forma a conscientizá-los acerca das causas e das graves consequências do peso em excesso. Cabe a ele orientar quanto à necessidade da fixação de horários para alimentar-se, cardápios com a oferta de boa alimentação e direcionar ações que visam promover saúde e melhorar a qualidade de vida (11).

O enfermeiro deve também atuar nas escolas, lugar onde os adolescentes passam a maior parte do dia, através do Programa Saúde na Escola (PSE), criado através de uma parceria entre o Ministério da Educação e o Ministério da Saúde com o objetivo de contribuir para a formação integral dos estudantes por meio de ações de promoção da saúde, prevenção de agravos e de atenção à saúde. O estudo ”Projeto Nacional de Saúde do Escolar” (PeNSE), realizado em 2008, constatou que apenas 43,1% dos adolescentes eram considerados fisicamente ativos, principalmente os garotos (56,2%) em relação às garotas (31,3%). Apenas metade dos adolescentes participava regularmente de aulas de educação física e cerca de 80% assistiam televisão mais de duas horas por dia (12).

Dessa forma, cabe ao profissional de enfermagem, enfatizar a importância do estabelecimento em propor estratégias a fim de que possa sempre orientar acerca dos riscos que a doença promove. Esse acompanhamento de desenvolvimento é fator de apoio para os resultados positivos, evitando assim que o mesmo adquira ou agrave a doença (10).

Nesse contexto, percebe-se que as atividades de enfermagem não devem ser baseadas apenas no cuidado biologicista, e sim deve dar a devida importância à comunicação verbal com o paciente e a família, às orientações quanto à dieta correta, à prática de exercícios físicos, e à importância do apoio da família durante o processo de tratamento diário. (10,11).

Esses aspectos demonstram que existe um vasto campo de atuação para a enfermagem frente ao cuidado junto ao adolescente no qual vivencia a obesidade, envolvendo sua prevenção, tratamento e a promoção de seres mais saudáveis através da educação contínua de saúde.

Discussão

Na sociedade atual, há uma supervalorização da imagem corporal, que considera a magreza como padrão de beleza. Deste modo, o adolescente, que se encontra em processo de maturação emocional, que já lida com suas transformações físicas, sofre em não poder corresponder a esses modelos. Valença e Germano(4) e Serrano et al., (6) ressaltam que o excesso de preocupação com a autoimagem e a insatisfação com a aparência, principalmente com o peso, tem predisposto muitos adolescentes à depressão.

Segundo Ferreira et al., (5)e Paulino et al., (13) além de problemas psicológicos, a obesidade é um dos fatores de risco mais importantes para o desenvolvimento de outras doenças não transmissíveis, principalmente para o Diabetes Mellitus e as doenças cardiovasculares. Rodrigues, Cavalcanti, Silva (3), Ferrari et al., (12) e Nascimento e Cavalcanti (14) afirmam que as consequências da obesidade sobre a saúde são diversas e variam desde um risco aumentado de morte prematura, a várias doenças não fatais, porém debilitantes, o que reduz a qualidade de vida.

Para Luna et al., (2), adolescentes obesos necessitam de intervenções imediatas. Nessa perspectiva Souza et al., (7) e Rodrigues, Cavalcanti e Silva (3)destacam a importância de um profissional de saúde, em especial o enfermeiro, desenvolver ações para a promoção da saúde e prevenção de fatores agravantes.

Em concordância com o Ministério da Saúde (9), Silva et al., (10)e Nascimento e Cavalcanti (15)apontam que cabe, portanto, ao profissional de enfermagem, enfatizar a importância de orientações voltadas à educação nutricional e consequentemente à prevenção, podendo minimizar o crescimento demasiado da população obesa sendo essencial que se tome como ponto de partida a mudança no estilo de vida.

Alves et al.,(7) Matoso et al., (11)compatibilizam que o acompanhamento do desenvolvimento infantil até a adolescência é indispensável na assistência de enfermagem, a fim de que a detecção e tratamento da obesidade sejam executados da forma mais precoce e eficaz possível. Segundo Damasceno et al (1) o índice de massa corporal (IMC; peso / estatura²) e a medida da dobra cutânea do tríceps (DCT), são bastante utilizados em estudos clínicos e epidemiológicos. Assim Vieira et al. (15) ressaltam que a partir da implementação desse modelo de atenção, a enfermagem incorpora a promoção da saúde como elemento integrante de sua área de ação, essencial no cuidado ao adolescente, porém ainda, pouco baseada em evidências científicas, fundamentando-se em classificações por meio de aferições exclusivamente antropométricas.

Conclusão

Após análise e interpretação das informações obtidas pode-se constatar que a obesidade na adolescência cresce a cada dia no Brasil e no mundo, secundária a alguns fatores facilitadores como a modernização. O nível socioeconômico está diretamente relacionado a essa modernização o que favorece a ingestão de alimentos de fácil acesso, que muitas vezes, são de maiores valores calóricos e ricos em gorduras.

Deve ser considerada uma doença crônica e de difícil manejo, portanto é de grande relevância a atuação do profissional de enfermagem na educação do individuo juntamente com os familiares, por meio de processos de enfermagem, oferecendo-lhes palestras educativas esclarecedoras sobre as consequências da doença.

Em vista dos objetivos propostos, observa-se que basicamente em todos os estudos encontrados indicam que a melhor forma de combater a obesidade consiste na prática de exercícios físicos regulares, alimentação balanceada, bem como adotar hábitos alimentares saudáveis. Constata-se ainda que a aproximação da enfermagem e dos demais profissionais de saúde com as escolas pode tornar-se um importante aliado para o desenvolvimento de ações educativas de saúde e de prática de atividades físicas.

Sendo assim considera-se que ainda há muito a ser feito para combater ou mesmo minimizar os efeitos que a obesidade na adolescência pode causar, porém sabe-se que a enfermagem pode contribuir de forma significante para esse progresso, cujos benefícios resultarão numa melhor qualidade de vida.

Referências

1.        Damasceno MMC, Lopes MVDO, Oliveira DD, Nogueira NP, Siqueira I de A, Macêdo SF de. Sobrepeso em adolescentes de escolas públicas : desempenho de três critérios diagnósticos. Acta Paul Enferm. 2009;22(2):198–204.

2.        Luna IT, Moreira RAN, Silva KL da, Caetano JÁ, Pinheiro PN da C, Rebouças CB de A. Obesidade juvenil com enfoque na promoção da saúde: revisão integrativa. Rev Gaúcha Enferm. 2011;32(2):394–401.

3.        Rodrigues RS do N, Cavalcanti AMTDS, Silva TM da. Diagósticos de enfermagem em adolescente com excesso de peso. Rev Rene. 2013;14(1):187–98.

4.        Valença CN, Germano RM. Percepeção da auto-imagem e satisfação corporal em adolescentes: perspectiva do cuidado integral na enfermagem. Rev Rene Fortaleza. 2009;10(4):173–80.

5.        Ferreira T da S, Chafauzer C, Júnior FM de A, Silva GB. Obesidade Central em Jovens. Sci Heal. 2012;3(2):61–73.

6.        Serrano SQ, Vasconcelos MGL de, Silva G alves P da, Cerqueira MMO de, Pontes CM. Percepção do adolescente obeso sobre as repercussões da obesidade. Rev Esc Enferm USP. 2010;44(1):25–31.

7.        Souza MH do N, Silveira GS da, Pinto ÁFS, Sodré VRD, Ghelman LG. Avaliação do estado nutricional e da saúde de crianças e adolescentes na prática assistencial do enfermeiro. 2013;18(1):29–35.

8.        Leila MM-A, Yagui CM, Cíntia SR, Mazzo A, Elaine MLR, Rodrigues CS, et al. Obesidade infantil ontem e hoje: importância da avaliação antropométrica pelo enfermeiro. Esc Anna Nery. 2011;15(2):238–44.

9.        Brasil M da S. Política Nacional de Alimentação e Nutrição. 2011. p. 7–88.

10.     Silva CT da, Silva DG da, Silva SMF da, Souza RAAR de. Obesidade na adolescência: uma reflexão necessária. Rev Científica da Fac Educ e Meio Ambient. 2011;2(2):97–114.

11.     Matoso LML, Oliveira LE da C, Bezerra CMV. O enfermeiro nas ações da saúde do indivíduo, família e comunidade: Obesidade exógena infanto-juvenil e seus hábitos alimentares. Rev Científica da Esc da Saúde. 2014;1:67–80.

12.     Ferrari CKB, Nery LD, Kopp MT, Santos DF dos, Pereira NS, Ferrari GSL, et al. Saúde na escola: educação, saúde e inclusão em adolescentes brasileiros. Rev sobre la Infanc y la Adolesc. 2013;(4):78–90.

13.     Paulino E de FR, Silva RM, Koopmans FF, Sá RC de B. Intervenções de enfermagem junto à família na prevenção da obesidade infantil. Corpus Sci. 2011;7(1):14–20.

14.     Nascimento RS do, Cavalcanti AMT. Ações de enfermagem de educação em saúde direcionadas à prevenção da obesidade entre adolescentes-revisão integrativa. XVIII Conic e II Coniti. 2006;5–8.

15.     Vieira CENK, Mariz LS, Medeiros CCM, Enders BC, Coura AS. Assistência de enfermagem na puericultura: Acantose nigricans como marcador de risco metabólico. Rev Lat Am Enfermagem [Internet]. 2013 [cited 2014 Aug 2];21(6):1220–7. Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24402337

 

 

 

 

 

 

 

Obesidade na adolescência: Assistência de enfermagem na prevenção e combate

Adolescent Obesity: Nursing care in preventing and combating

Enfermagem na prevenção da obesidade na adolescência

1Érica Fagundes do Amaral, Gabriela de Almeida Machado, Gardênia de Souza Oliveira, Pedro Airton Gualberto de Brito Pinto, 2Xisto Sena Passos, 3Juliana Kenia Martins da Silva. 1Alunos do curso de Graduação de Enfermagem do Campus Goiânia Flamboyant, 2Professor Doutor em Medicina Tropical do Curso de Enfermagem do Campus Goiânia Flamboyant, 3Professora adjunta Mestre em Ciências do Ambiente e Pós-graduada em Saúde Pública do Curso de Enfermagem do Campus Goiânia Flamboyant.

Endereço de correspondência: Xisto Sena Passos, Rua t-37 nº 3486, Ap. 10,1 Setor Bueno, CEP: 74230-022 Goiânia-GO, E-mail: [email protected], Cel.:62 85146138

Área específica do artigo: Saúde Pública

Declaração de inexistência de conflitos de interesse: Declaramos que não existem conflitos de interesse na publicação deste artigo.

Resumo

Esta pesquisa teve por objetivo analisar as práticas de prevenção e combate da obesidade na adolescência com enfoque na assistência de enfermagem. Foi realizado um estudo por revisão bibliográfica sistematizada da literatura sobre a obesidade na infância e adolescência de aspecto quantitativo e qualitativo. O Brasil enfrenta, nos últimos tempos, um aumento expressivo de sobrepeso e obesidade, assim como vários países do mundo. Nas faixas etárias mais precoces o número de obesos cresce assustadoramente, principalmente devido a fatores relacionados ao estilo de vida atual que favorece a um aumento de refeições realizadas fora do domicílio. O enfermeiro como figura importante na equipe multiprofissional é incumbido de assumir ações voltadas à educação nutricional, e junto com a família contribuir com práticas que busquem prevenir a obesidade. Considera-se que ainda há muito a ser feito para combater ou mesmo minimizar os efeitos que a obesidade na adolescência pode causar, porém sabe-se que a enfermagem pode contribuir de forma significante para esse progresso.

Descritores: Obesidade, Adolescência, Enfermagem.

Abstract

This research aims to examine the practices to prevent, and combat adolescent obesity with a focus on nursing care. A study conducted by systematic review of the literature on obesity in childhood, and adolescence in both quantitative and qualitative aspects. Recently, Brazil has been facing a significant increase of overweight and obesity, as well as other countries around the world. In the earliest ages, the number of obese patients has been growing tremendously, mainly due to factors related to the current lifestyle that favors an increase of meals away from home. The nurse, as a major figure in the multidisciplinary team, is responsible for taking actions focused on nutrition education, along with the families, and contributes to practices that seek to prevent obesity. It is considered that there is still much to be done to combat, or even minimize the effects that adolescent obesity may cause. However, but we know that nursing can contribute significantly to this progress.

Descriptors: Obesity, Adolescence, Nursing.

Introdução

A obesidade é uma doença crônica definida como excesso de armazenamento de gordura no organismo, tais alterações já podem ser observadas frequentemente na faixa etária mais jovem, tornando-se um grave problema de saúde pública. Sabe-se que existe grande probabilidade de adolescentes com sobrepeso tornarem-se adultos obesos (1). A obesidade é um distúrbio relacionado a um risco elevado de morbimortalidade devido a diversidade de complicações que pode produzir, associado à deteriorização da qualidade de vida(2). Tal situação é resultado das mudanças no estilo de vida determinadas pela globalização, que transformou o perfil de saúde da população, incluindo a adoção de hábitos alimentares pouco saudáveis e a redução da prática de atividades físicas diárias (3).

Definida pela Organização Mundial de Saúde (OMS), a adolescência corresponde à faixa etária cronológica dos 10 aos 19 anos. É caracterizada por intensas modificações físicas, psicológicas e comportamentais de transição entre a infância e a vida adulta. É uma fase da vida em que o indivíduo apresenta aceleração de crescimento de estatura e no ganho de peso, o que justifica o aumento de necessidades nutricionais nessa fase  (4).

Em 30 anos tem-se observado, em diversos países, um crescimento nos índices de prevalência de sobrepeso e obesidade. No mundo, há 2,1 bilhões de pessoas obesas ou com sobrepeso, o que representa quase 30% da população mundial e aproximadamente 32,8% da população brasileira. O Brasil fica acima da média global de obesidade, mas abaixo de países como Estados Unidos, Reino Unido, México e Bolívia, segundo estudos realizados pela Vigitel (Vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico) (5).

A obesidade gera uma visão negativa na adolescência por não se enquadrar nos padrões de beleza da moda, podendo desencadear distúrbios de imagem corporal, expressados por meio de humor depressivo, ansiedade, desânimo, e muitas vezes para compensar a baixa autoestima, o adolescente recorre ao prazer trazido pelo alimento, contribuindo para o agravamento do distúrbio (6), que pode resultar em aumento da pressão arterial, diabetes, dislipidemias e especialmente o desenvolvimento de doenças cardiovasculares.

Percebe-se que o controle da obesidade é difícil e exige mudança no estilo de vida, hábitos alimentares e que depende da conscientização dos adolescentes envolvidos, dos familiares, amigos e profissionais da saúde. Nesse sentido, acredita-se que a assistência de enfermagem pode contribuir bastante para a prevenção da obesidade na adolescência, por meio de um processo de educação, onde irá transmitir conhecimentos relacionados à conquista de saúde, visando a mudança de comportamento e estilo de vida, enfatizando, assim, a promoção à saúde individual, familiar e comunitária (7).

Tendo em vista a importância dessa temática, este estudo teve como objetivo analisar as práticas de prevenção e combate da obesidade na adolescência com enfoque na assistência da enfermagem.

Revisão da Literatura

O estudo teve como proposta metodológica uma pesquisa com abordagem qualitativa e quantitativa. Trata-se de uma revisão bibliográfica sistematizada da literatura. As coletas foram realizadas na base de dados da Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), Scientífic Eletronic Library Online (SciELO) e pelo site Google acadêmico. Esta busca procedeu-se no período de junho a agosto de 2014, a partir dos descritores: obesidade, adolescência e enfermagem.

Como critérios de inclusão foram utilizados artigos publicados em português, dentro do período delimitado (2009-2014), artigos na íntegra que retratem a temática referente à assistência de enfermagem à obesidade na adolescência e artigos publicados e indexados nos referidos bancos de dados. Os critérios de exclusão foram artigos não compatíveis ao tema, teses, capítulos de teses, anais de congressos ou conferências e relatórios técnicos e científicos. A partir da leitura prévia dos títulos e resumos, foram selecionados quinze artigos que atingiram os requisitos.

A Tabela 1 demonstra de forma sistematizada os artigos selecionados:

Tabela 1. Relação dos artigos selecionados (2009-2014)

TÍTULO DO ARTIGO

ANO

AUTORES

IDÉIA PRINCIPAL

Obesidade infantil ontem e hoje: importância da avaliação antropométrica pelo enfermeiro

2011

Elaine Maria Leite Rangel; Alessandra Mazzo; Fernanda Berchelli Girão; Leila Maria Marchi-Alves; Cíntia MegumiYagui;Cíntia Simões Rodrigues

O papel do enfermeiro diante o diagnóstico nutricional implementado a avaliação antropométrica.

Percepção da auto-imagem e satisfação corporal em adolescentes: perspectiva do cuidado integral na enfermagem

2009

Raimunda Medeiros Germano e Cecília Nogueira Valença

Atuação da enfermagem diante a percepção da auto-imagem corporal na adolescência.

Obesidade juvenil com enfoque na promoção da saúde.

2011

Izaildo Tavares Luna; Rosa Aparecida Nogueira Moreira; Kelanne Lima da Silva; JoselanyÁfio Caetano; Patrícia Neyva da Costa Pinheiro; Cristiana Brasil de Almeida Rebouças

As contribuições de enfermagem diante da promoção a saúde dos adolescentes com enfoque nos hábitos saudavéis.

Sobrepeso em adolescentes de escolas públicas: desempenho de três critérios diagnósticos

2009

Marta Maria Coelho Damasceno; Marcos Vencios de Oliveira Lopes; Dalva Damasceno Oliveira; Natália Ponte Nogueira;Iana de Almeida Siqueira; Suyanne Freire de Macedo

O papel do enfermeiro em estudos de prevalência e diagnósticos de obesidade e critérios antropométricos para levantar ações de intervenção da obesidade.

Avaliação do estado nutricional e da saúde de crianças e adolescentes na prática assistencial do enfermeiro

2013

Maria Helena do Nascimento Souza; Gabrielle Silva da Silveira; Átila Ferreira Soares Pinto; Vitória Regina Domingues Sodre; Liane GackGhelman

A importância da enfermagem na atuação educativa, identificando os riscos à saúde.

Intervenções de enfermagem junto à família na prevenção da obesidade infantil

2011

 Fabiana Ferreira Koopmans; Rosilene Miranda Silva; Eva de Fátima Rodrigues Paulino; Regina Célia de Barros Sá

A interação familiar junto à enfermagem no processo de intervenção e de vida saudável.

Percepção do adolescente obeso sobre as repercussões da obesidade em sua saúde

2010

Solange Queiroga Serrano; Maria Gorete Lucena de Vasconcelos; Gisélia Alves Pontesda Silva; Mônica Maria Osório de Cerqueira; Cleide Maria Pontes

A contribuição da enfermagem na percepção dos adolescentes obesos e suas complicações.

Obesidade central em jovens.

2012

Talita da Silva Ferreira; Caroline Chafauzer; Fernando Moreira de Araújo Júnior; Gabriela BeltrameSilva

O papel da enfermagem em identificar os fatores associados e traçar metas no combate e prevenção da obesidade.

Saúde na escola: educação, saúde e inclusão em adolescentes brasileiros.

2013

Carlos KusanoBucalen Ferrari; Lohany Dourado Nery; MarlaTaianeKopp; Daniela Franco dos Santos;Noeli Silva Pereira; Graziele Souza Lira Ferrari; Fernando Aires Barcelos; Jéssica Silva Gonçalves;Rildo Rodrigues Costa Junior

A importância da enfermagem em conjunto a escola na prevenção da obesidade e qualidade de vida.

Ações de enfermagem de educação em saúde direcionadas à prevenção da obesidade entre adolescentes – Revisão integrativa.

2010

Raphaela Santos do Nascimento; Ana Márcia Tenório Cavalcanti

A importância das ações do enfermeiro na prevenção e combate a obesidade juvenil.

Assistência de enfermagem na puericultura: Acantose nigricans como marcador de risco metabólico

2013

Caroline Evelin Nascimento Kluczynik Vieira; Larissa Soares Mariz; Carla Campos Muniz Medeiros; Bertha Cruz Enders; Alexsandro Silva Coura

A importância da enfermagem em avaliar diante do seu desenvolvimento qual alteração metabólica leva o adolescente obeso a certas complicações.

Diagnósticos de enfermagem em adoslescentes com excesso de peso

2013

Raphaela Santos do Nascimento Rodrigues; Ana Márcia Tenório de Souza Cavalcanti; Telma Marques da Silva

Ações de enfermagem intercedoras no combate a obesidade através de diagnósticos de enfermagem, incentivando hábitos saudáveis.

Obesidade na adolescência: uma reflexão necessária.

2011

Carina Teixeira da Silva; Damiana Guedes da Silva; Sharon Maclaine Fernandes da Silva; Rosani Aparecida Alves Ribeiro de Souza

O papel da enfermagem em buscar estratégias resolutivas no combate a obesidade e suas consequências.

O enfermeiro nas ações da saúde do individuo, família e comunidade: obesidade exógena infanto-juvenil e seus hábitos alimentares.

2013

Leonardo Magela Lopes Matoso;LibinaEdrianada Costa Oliveira;Cleber Mahlmann Viana Bezerra

A importância da enfermagem relacionada aos hábitos saudáveis em um todo em busca da identificação das causas.

Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN)

2012

Ministério da Saúde

O papel do enfermeiro em contribuir para as ações da PNAN garantindo a segurança alimentar dos adolescentes.

Hoje sabe-se que a obesidade pode ser destacada como uma doença multifatorial, em que acontece uma interação entre aspectos genéticos, ambientais, influências socioeconômicas e alterações endócrinas e metabólicas. É uma condição complexa de imensa sobrecarga para o sistema de saúde, que interfere em recursos econômicos e traz graves consequências clínicas, sociais e psicológicas (8). Os estudos realizados procederam duas categorias de resultados, são elas:

Principais causas e consequências da obesidade na adolescência

O Brasil enfrentou nos últimos tempos um aumento expressivo de sobrepeso e obesidade, assim como em vários países do mundo. Em função de sua relevância e velocidade de evolução, o excesso de peso é considerado um grande problema de saúde pública que afeta todas as faixas etárias (8,9).

Sabe-se que existem fatores genéticos relacionados ao problema da obesidade, os quais possuem ação permissiva para a atuação dos fatores ambientais, sendo esses decisivos para a manutenção do peso saudável (1).

Nas faixas etárias mais precoces o número de obesos cresce assustadoramente, principalmente devido a fatores relacionados ao estilo de vida atual que favorece a um aumento de refeições realizadas fora do domicílio: dados de 2009 demonstram que 16% das calorias foram oriundas da alimentação feita fora de casa, composta na maioria das vezes, por alimentos industrializados e ultra-processados como refrigerantes, cerveja, sanduíches, salgados e salgadinhos industrializados (9).

Entre as principais causas ambientais da obesidade estão: escolhas alimentares pobres, má alimentação, o hábito de omitir refeições, especialmente o café da manhã (desjejum) e uma vida sedentária. A esse respeito, destaca-se que ao se tratar de adolescentes, além de fatores ambientais que contribuem com o aumento de peso nessa clientela, estão outros fatores como o excesso de ingestão energética e, sobretudo, o número de horas em frente à televisão, videogames, falta de atividade física e o intenso uso de computadores (10).

A diminuição do tempo de sono também tem se tornado uma condição endêmica na sociedade moderna e encontrando relevante associação epidemiológica com a obesidade. Estudos apontam que indivíduos que dormem menos que seis horas por noite tem uma maior probabilidade de se tornar obeso, e que o encurtamento do sono provoca um desequilíbrio endócrino, aumentando o apetite e a fome (5). Em pouco mais de duas décadas, constatou-se aumento gradual nas prevalências, onde em torno de 20% dos adolescentes apresentaram excesso de peso, e praticamente 6% dos adolescentes do sexo masculino e 4% do sexo feminino foram considerados obesos (9).

Como consequência, a obesidade na adolescência pode originar aumento na pressão arterial, o que nos jovens pode tornar-se muito complicado de controlar e detectar a tempo, diabetes bem como dislipidemias, inúmeros problemas psicossociais, resultantes de uma fraca autoestima durante toda a adolescência, momento em que geralmente se fazem as amizades para a vida; e ainda uma grande dificuldade em afastar a persistência da obesidade na idade adulta, um enorme desconforto respiratório, que vai afetar até a subir as escadas de prédios ou mesmo a deslocar-se para a escola, apneia do sono, alterações da postura e até ortopédicas, com problemas de ossos devido ao excesso de peso para o esqueleto formado, colesterol e triglicerídeos elevados e gerar maior índice de morbimortalidade na idade adulta, principalmente pelo desenvolvimento de doenças cardiovasculares (3).

Assim, a Organização Mundial de Saúde (OMS) determina que medidas permanentes para o controle da obesidade devem incluir a abordagem preventiva e de promoção da saúde na adolescência a fim de evitar a sua permanência ou agravamento na idade adulta (3).

Intervenções de enfermagem no tratamento preventivo da obesidade na adolescência

Na busca por soluções para o problema da obesidade que acomete milhões de jovens e adolescentes, o Governo Federal criou, por meio da Política Nacional de Alimentação e nutrição (PNAN), mecanismos que favorecem o combate a essa problemática (10). Tais estratégias buscam reduzir a quantidade de crianças expostas aos principais fatores de risco que desencadeiam a obesidade juvenil. A partir de avaliações e orientações das equipes de enfermagem, juntamente às crianças e seus familiares tem-se o objetivo de controlar, prevenir e promover uma vida saudável em todos os seus estágios (11).

Dentre as ações de promoção a saúde destaca-se a vertente da Promoção da Alimentação Adequada e Saudável (PAAS) que compõe uma das diretrizes da PNAN. A PASS visa a melhora da qualidade de vida da população a partir da redução da prevalência do sobrepeso, obesidade e doenças crônicas relacionadas á alimentação e nutrição (7).

Como figura importante na equipe multiprofissional, o enfermeiro é incumbido de assumir ações voltadas à educação nutricional, e junto com a família contribuir com práticas que busquem prevenir a obesidade através de folders educativos, vídeos, relatos, de forma a conscientizá-los acerca das causas e das graves consequências do peso em excesso. Cabe a ele orientar quanto à necessidade da fixação de horários para alimentar-se, cardápios com a oferta de boa alimentação e direcionar ações que visam promover saúde e melhorar a qualidade de vida (11).

O enfermeiro deve também atuar nas escolas, lugar onde os adolescentes passam a maior parte do dia, através do Programa Saúde na Escola (PSE), criado através de uma parceria entre o Ministério da Educação e o Ministério da Saúde com o objetivo de contribuir para a formação integral dos estudantes por meio de ações de promoção da saúde, prevenção de agravos e de atenção à saúde. O estudo ”Projeto Nacional de Saúde do Escolar” (PeNSE), realizado em 2008, constatou que apenas 43,1% dos adolescentes eram considerados fisicamente ativos, principalmente os garotos (56,2%) em relação às garotas (31,3%). Apenas metade dos adolescentes participava regularmente de aulas de educação física e cerca de 80% assistiam televisão mais de duas horas por dia (12).

Dessa forma, cabe ao profissional de enfermagem, enfatizar a importância do estabelecimento em propor estratégias a fim de que possa sempre orientar acerca dos riscos que a doença promove. Esse acompanhamento de desenvolvimento é fator de apoio para os resultados positivos, evitando assim que o mesmo adquira ou agrave a doença (10).

Nesse contexto, percebe-se que as atividades de enfermagem não devem ser baseadas apenas no cuidado biologicista, e sim deve dar a devida importância à comunicação verbal com o paciente e a família, às orientações quanto à dieta correta, à prática de exercícios físicos, e à importância do apoio da família durante o processo de tratamento diário. (10,11).

Esses aspectos demonstram que existe um vasto campo de atuação para a enfermagem frente ao cuidado junto ao adolescente no qual vivencia a obesidade, envolvendo sua prevenção, tratamento e a promoção de seres mais saudáveis através da educação contínua de saúde.

Discussão

Na sociedade atual, há uma supervalorização da imagem corporal, que considera a magreza como padrão de beleza. Deste modo, o adolescente, que se encontra em processo de maturação emocional, que já lida com suas transformações físicas, sofre em não poder corresponder a esses modelos. Valença e Germano(4) e Serrano et al., (6) ressaltam que o excesso de preocupação com a autoimagem e a insatisfação com a aparência, principalmente com o peso, tem predisposto muitos adolescentes à depressão.

Segundo Ferreira et al., (5)e Paulino et al., (13) além de problemas psicológicos, a obesidade é um dos fatores de risco mais importantes para o desenvolvimento de outras doenças não transmissíveis, principalmente para o Diabetes Mellitus e as doenças cardiovasculares. Rodrigues, Cavalcanti, Silva (3), Ferrari et al., (12) e Nascimento e Cavalcanti (14) afirmam que as consequências da obesidade sobre a saúde são diversas e variam desde um risco aumentado de morte prematura, a várias doenças não fatais, porém debilitantes, o que reduz a qualidade de vida.

Para Luna et al., (2), adolescentes obesos necessitam de intervenções imediatas. Nessa perspectiva Souza et al., (7) e Rodrigues, Cavalcanti e Silva (3)destacam a importância de um profissional de saúde, em especial o enfermeiro, desenvolver ações para a promoção da saúde e prevenção de fatores agravantes.

Em concordância com o Ministério da Saúde (9), Silva et al., (10)e Nascimento e Cavalcanti (15)apontam que cabe, portanto, ao profissional de enfermagem, enfatizar a importância de orientações voltadas à educação nutricional e consequentemente à prevenção, podendo minimizar o crescimento demasiado da população obesa sendo essencial que se tome como ponto de partida a mudança no estilo de vida.

Alves et al.,(7) Matoso et al., (11)compatibilizam que o acompanhamento do desenvolvimento infantil até a adolescência é indispensável na assistência de enfermagem, a fim de que a detecção e tratamento da obesidade sejam executados da forma mais precoce e eficaz possível. Segundo Damasceno et al (1) o índice de massa corporal (IMC; peso / estatura²) e a medida da dobra cutânea do tríceps (DCT), são bastante utilizados em estudos clínicos e epidemiológicos. Assim Vieira et al. (15) ressaltam que a partir da implementação desse modelo de atenção, a enfermagem incorpora a promoção da saúde como elemento integrante de sua área de ação, essencial no cuidado ao adolescente, porém ainda, pouco baseada em evidências científicas, fundamentando-se em classificações por meio de aferições exclusivamente antropométricas.

Conclusão

Após análise e interpretação das informações obtidas pode-se constatar que a obesidade na adolescência cresce a cada dia no Brasil e no mundo, secundária a alguns fatores facilitadores como a modernização. O nível socioeconômico está diretamente relacionado a essa modernização o que favorece a ingestão de alimentos de fácil acesso, que muitas vezes, são de maiores valores calóricos e ricos em gorduras.

Deve ser considerada uma doença crônica e de difícil manejo, portanto é de grande relevância a atuação do profissional de enfermagem na educação do individuo juntamente com os familiares, por meio de processos de enfermagem, oferecendo-lhes palestras educativas esclarecedoras sobre as consequências da doença.

Em vista dos objetivos propostos, observa-se que basicamente em todos os estudos encontrados indicam que a melhor forma de combater a obesidade consiste na prática de exercícios físicos regulares, alimentação balanceada, bem como adotar hábitos alimentares saudáveis. Constata-se ainda que a aproximação da enfermagem e dos demais profissionais de saúde com as escolas pode tornar-se um importante aliado para o desenvolvimento de ações educativas de saúde e de prática de atividades físicas.

Sendo assim considera-se que ainda há muito a ser feito para combater ou mesmo minimizar os efeitos que a obesidade na adolescência pode causar, porém sabe-se que a enfermagem pode contribuir de forma significante para esse progresso, cujos benefícios resultarão numa melhor qualidade de vida.

Referências

1.        Damasceno MMC, Lopes MVDO, Oliveira DD, Nogueira NP, Siqueira I de A, Macêdo SF de. Sobrepeso em adolescentes de escolas públicas : desempenho de três critérios diagnósticos. Acta Paul Enferm. 2009;22(2):198–204.

2.        Luna IT, Moreira RAN, Silva KL da, Caetano JÁ, Pinheiro PN da C, Rebouças CB de A. Obesidade juvenil com enfoque na promoção da saúde: revisão integrativa. Rev Gaúcha Enferm. 2011;32(2):394–401.

3.        Rodrigues RS do N, Cavalcanti AMTDS, Silva TM da. Diagósticos de enfermagem em adolescente com excesso de peso. Rev Rene. 2013;14(1):187–98.

4.        Valença CN, Germano RM. Percepeção da auto-imagem e satisfação corporal em adolescentes: perspectiva do cuidado integral na enfermagem. Rev Rene Fortaleza. 2009;10(4):173–80.

5.        Ferreira T da S, Chafauzer C, Júnior FM de A, Silva GB. Obesidade Central em Jovens. Sci Heal. 2012;3(2):61–73.

6.        Serrano SQ, Vasconcelos MGL de, Silva G alves P da, Cerqueira MMO de, Pontes CM. Percepção do adolescente obeso sobre as repercussões da obesidade. Rev Esc Enferm USP. 2010;44(1):25–31.

7.        Souza MH do N, Silveira GS da, Pinto ÁFS, Sodré VRD, Ghelman LG. Avaliação do estado nutricional e da saúde de crianças e adolescentes na prática assistencial do enfermeiro. 2013;18(1):29–35.

8.        Leila MM-A, Yagui CM, Cíntia SR, Mazzo A, Elaine MLR, Rodrigues CS, et al. Obesidade infantil ontem e hoje: importância da avaliação antropométrica pelo enfermeiro. Esc Anna Nery. 2011;15(2):238–44.

9.        Brasil M da S. Política Nacional de Alimentação e Nutrição. 2011. p. 7–88.

10.     Silva CT da, Silva DG da, Silva SMF da, Souza RAAR de. Obesidade na adolescência: uma reflexão necessária. Rev Científica da Fac Educ e Meio Ambient. 2011;2(2):97–114.

11.     Matoso LML, Oliveira LE da C, Bezerra CMV. O enfermeiro nas ações da saúde do indivíduo, família e comunidade: Obesidade exógena infanto-juvenil e seus hábitos alimentares. Rev Científica da Esc da Saúde. 2014;1:67–80.

12.     Ferrari CKB, Nery LD, Kopp MT, Santos DF dos, Pereira NS, Ferrari GSL, et al. Saúde na escola: educação, saúde e inclusão em adolescentes brasileiros. Rev sobre la Infanc y la Adolesc. 2013;(4):78–90.

13.     Paulino E de FR, Silva RM, Koopmans FF, Sá RC de B. Intervenções de enfermagem junto à família na prevenção da obesidade infantil. Corpus Sci. 2011;7(1):14–20.

14.     Nascimento RS do, Cavalcanti AMT. Ações de enfermagem de educação em saúde direcionadas à prevenção da obesidade entre adolescentes-revisão integrativa. XVIII Conic e II Coniti. 2006;5–8.

15.     Vieira CENK, Mariz LS, Medeiros CCM, Enders BC, Coura AS. Assistência de enfermagem na puericultura: Acantose nigricans como marcador de risco metabólico. Rev Lat Am Enfermagem [Internet]. 2013 [cited 2014 Aug 2];21(6):1220–7. Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24402337