Endometriose: o que é?

A endometriose é caracterizada pela presença de tecido endometrial fora do útero. O endométrio é o tecido que reveste a cavidade uterina e que descama mensalmente durante a menstruação. Ocorre que, em alguns casos, parte desse tecido descamado segue para as trompas e se deposita dentro da barriga e da pelve, onde ocorrem aderências, e estas passam então a funcionar semelhantemente ao endométrio uterino. Dessa forma, nos meses subsequentes, a menstruação ocorrerá também nesses novos locais.

Endometriose: doença da mulher moderna

Há cerca de duas gerações, era comum às mulheres começarem a ter filhos por volta dos 20, 22 anos de idade ou até mesmo antes, e seguir com outras gestações ao longo da vida, esses períodos de gestação e amamentação acabavam constituindo um fator de proteção natural contra a doença. Isso ocorre com menor frequência na atualidade.

As mulheres atuais estão mais ligadas ao mercado de trabalho, estudos de graduação, pós-graduação, enfim, procuram primeiro se estabelecerem profissionalmente para só então casarem e terem filhos. Isso acaba postergando a primeira gravidez, e o longo período menstruando mensalmente, sem interrupções decorrentes de gravidez, acaba favorecendo o desenvolvimento da doença. Daí dizer-se que a endometriose é uma doença da mulher moderna.

Em torno de 10% das mulheres em período reprodutivo ou têm, ou tiveram, ou terão endometriose. Baseado nesse dado e fazendo um comparativo com a população brasileira, equivale a dizer que cerca de 6 milhões de mulheres brasileiras são portadoras da doença, e boa parte delas sequer sabe disso.

Sintomas

Cólica menstrual

A manifestação da endometriose se dá por diversas formas, sendo que o sintoma clássico é a cólica menstrual, devido à menstruação ocorrer também em locais inapropriados. Todas as vezes que ocorrer a menstruação, a parte do endométrio localizado fora do útero também irá menstruar, fazendo com que a mulher sinta muita dor.

Apesar da cólica menstrual ser um possível indicador de endometriose, nem toda mulher que sente cólicas é portadora da doença. A cólica normal é aquela que ocorre durante a menstruação, e é facilmente atenuada com o uso de medicamentos, como antiespasmódicos, anti-inflamatórios, analgésicos, dessa forma a rotina da mulher não sofre maiores prejuízos.

A cólica típica decorrente da endometriose caracteriza-se por ser progressiva. Ela aumenta sua intensidade gradualmente e se mostra refratária ao tratamento medicamentoso. Assim sendo, no princípio a medicação atenua a dor, porém dentro de cerca de 3 meses, já acaba não surtindo mais efeito. Nesse ponto, em geral, a dose é aumentada ou ocorre a substituição por outra medicação, porém, o quadro continua se agravando.

Para prevenir que a doença atinja estágios avançados, as mulheres com cólicas menstruais devem estar atentas à escalada dos sintomas. Se perceberem que, mesmo com uso de medicamento, ocorra evolução nas crises, ou que essas intercorrências comecem a restringir suas atividades diárias, como ir à escola, trabalhar etc., elas devem conversar o quanto antes com seus ginecologistas, para que seja realizada uma investigação que confirme ou que descarte a possibilidade de endometriose.

Dispareunia

Outro sintoma típico e indicativo de endometriose é a dor durante a relação sexual. Semelhantemente a uma cólica menstrual intensa, a dor na relação sexual também não deve ser considerada normal. Trata-se de uma dor na parte mais interna da vagina, que ocorre durante a relação e, não, no início desta. Obviamente pode haver outros fatores que estejam desencadeando essa dor, porém, se houver a coexistência de cólica intensa e dor na relação sexual, tem-se um forte indício de se trata de um quadro de endometriose.

Infertilidade

A infertilidade é também um sintoma da doença, ainda que não seja comum de se perceber, uma vez que, muita das vezes, a faixa etária da doença não coincide com aquela em que a mulher deseja engravidar. Em muitos casos, a doença inicia em um estágio da vida e somente anos depois, quando a mulher decide engravidar, é que ela é diagnosticada.

Leia o artigo a seguir para saber se quem tem endometriose pode engravidar.

Causas

As causas da endometriose ainda não são totalmente conhecidas. Por se tratar de uma doença que necessita do ciclo menstrual para acontecer, ela não atinge mulheres antes da primeira menstruação, tampouco após a menopausa.

Para ocorrer, a endometriose necessita da chamada menstruação retrógrada, ou seja, quando no período menstrual parte do tecido endometrial reflui para as trompas e se deposita internamente. Sabe-se que só esse fator não é suficiente para o desenvolvimento da doença, sendo necessário algum outro fator combinante.

O problema é que esse algo mais ainda não foi definido. Especula-se que possa estar relacionado à genética, ao sistema imunológico e/ou ao próprio útero. Sabe-se, todavia, que as células que revestem a cavidade uterina da mulher com endometriose são diferentes das células endometriais daquelas que não portam a doença. Portanto, se por um lado há ciência de que as células procedentes da menstruação retrógrada é que constituem o ambiente no qual a endometriose age, por outro, as demais causas ainda estão sendo estudadas.

Diagnóstico

Atualmente, tem-se uma maior capacidade de diagnóstico da doença em função de seu maior conhecimento e da difusão de técnicas de videolaparoscopia.

Créditos: http://www.endometriosetemcura.com/