Diante do sorriso dourado do muro branco

Senhoras assoviam um vocabulário manco.

Vejo um gemido na vogal ébria de uma voz

A chamar os tímpanos azuis mergulhados num silêncio atroz.

É curioso as frases que cantam em coro

Assistidas pela lágrima doce do meu choro.

Uma borboleta lilás vem enxugar o meu rosto tinto

Com suas asas de papel crepom gotejando absinto.

Minha garganta se oferece ao escorrer da gota verde

Saciando a fome pelo suicídio prazeroso da sede.

No ambiente o suor das árvores alimenta as folhas

Que dão sombra à harmonia cadenciada das abelhas.

Nas conversas ouço um sotaque feito de açúcar cor de mel

Adocicando as palavras que vão enfeitando o ar quente do céu.

No pulo dos pelos o miado se confunde com o verbo

Provocando beijos dos adjetivos solares que o deixam cego.

Espero o despertar do meu silêncio com um sorriso no olhar

Lançando a bela e pálida Lua Cheia nas espumas do mar.