A terminologia moderna, de denominar as empresas como organizações e de chamar aos funcionários de colaboradores, não elimina o fato das instituições continuarem, em princípio, sendo as mesmas, aplicando certas mudanças, para atingirem determinados patamares e mudarem alguns paradigmas.

As empresas são entidades que visam de uma forma ou outra: o lucro, sendo esta a maneira de subsistirem e progredirem. Por sua vez os funcionários são trabalhadores que exercem funções específicas e estão (são) orientados ao cumprimento de objetivos e metas.

Ao tempo que elas (as empresas) se esmeram em introduzir modificações que se adéquam a atualidade, de observarem novos requisitos e adotarem uma postura mais "humana" para com o capital humano (os funcionários), velhos conceitos imperam nas cabeças daqueles, para os quais sair da zona de conforto, é quase que uma negação.

Para estes indivíduos, as empresas são entidades para manter a gente presa, como bem indica uma parte do nome (em-presa), nos moldes e facilidades que elas desejam, desconsiderando que as grades e limites que estabelecem são tão fortes e duradouros, quanto a vontade e a necessidade originadas nos trabalhadores, de continuarem se submetendo a estes padrões, assim que elevarem o seu grau de empregabilidade.

As empresas tomavam-se e erradamente tomam-se o direito de discernir, decantar e tentar definir os destinos e rumos dos seus empregados. Às vezes referem-se a estes como peças de um quebra-cabeça ou outro jogo de mesa, que podem ser dispostas da maneira que melhor lhes parecer, esquecendo da liberdade que possuem os seus geridos, de optarem por outros caminhos.

Da mesma forma que a empresa pode determinar até onde eu posso lhe ser útil ou me forçar a assumir posições e labores que não me atendem, eu como trabalhador, tenho a possibilidade de escolher e definir que a empresa, também não me atende mais e que está limitando as minhas capacidades e potencialidades.

Nos dias de hoje e para sermos justos, já faz algum tempo, o panorama da relação entre empregado e empregador vem sofrendo alterações, onde querendo ou não, quando há uma descompensação na relação ganha x ganha, uma das duas partes fará por reivindicar a sua vontade, que de fato é seu direito.

Caso contrário, adotará medidas à procura do seu bem-estar, bem distante do lugar e métodos tradicionais. Este privilégio não é só das empresas. Os empregados ganharam autonomia, poder de decisão, habilidades na barganha e sempre que estejam em reais condições de lutar e de exigir, por suposto, irão à luta.

Foi-se o tempo em que os pais faziam carreira num determinado emprego, onde entravam e saiam (só por óbito ou aposentadoria), na maioria dos casos fazendo durante eternos longos anos a mesma coisa e cuja maior realização era empregar ao filho e que seguisse os seus mesmos passos, sentir o sadio orgulho de ensinar, como sempre fizeram desde que nascemos, exatamente, o que eles conheciam.

Este pensamento hoje é quase que inconcebível. A estabilidade no emprego não se subordina à estagnação, ao fato de não ter aproveitado a vida para aprender novas coisas, experimentar outros ambientes e poder ser dono do teu destino.

Até fazendo a mesma e única coisa, se especializando e virando uma sumidade num determinado aspecto, sempre haverá a possibilidade de exercer a profissão, em lugares diferentes, que te ofereçam melhores condições e que te proporcionem uma maior valorização da tua força de trabalho, que tanto num lugar como em outro, o que você repetidamente faz é vendê-la e isto será sempre positivo.

O pessoal das antigas merece todo o nosso respeito, toda a nossa consideração, simplesmente porque os tempos eram outros e os valores e os costumes evoluíram. Nós, nos tempos deles, seríamos como eles ou provavelmente um pouco diferentes. Eles, nos nossos tempos, seriam como nós ou por que não, talvez melhores.

O que não dirão os futuros habitantes do planeta, sobre o nosso proceder? Como seremos julgados por eles? A evolução transcorre em intervalos tão curtos que os procedimentos, processos e práticas ficam arcaicos e em desuso em pouco tempo, mas por outro lado, a evolução das mentalidades médias da sociedade, não acompanha esta velocidade.

Empresário, dono, empregador ou como quiser chamar, tenha em conta que, nem sempre, nem geralmente, é o funcionário quem perde quando decide abandonar uma empresa ou quando é demitido. Muitas vezes é a empresa que perde.

O funcionário junto com suas impressões, alegrias, mágoas e desilusões, inevitavelmente, continuará com a bagagem adquirida, por sinal mais enriquecida. A empresa por sua vez, perderá todo um investimento. Fosse bom também, se a empresa toma-se as devidas experiências e aperfeiçoa-se os métodos de se relacionar com os futuros e os colaboradores continuantes.

Mesmo que não existam praticamente pessoas insubstituíveis, que há um exército de mão de obra, ainda que por vezes seja difícil captar o que se precisa e que fazendo várias tentativas consiga-se outro funcionário capacitado, que resolva e até que seja melhor que o anterior, faça por preservar e respeitar os seus empregados.

O acervo técnico não está nas empresas, ele faz parte do capital humano que elas possuem. Se todos os conhecedores de uma atividade, ou ao menos, os da vanguarda, decidirem abandonar, não adiantaria muito ter todos os procedimentos bem descritos e escritos, porque há uma parcela importante de conhecimentos, que está e fica com quem passou pela experiência prática e que por momentos, certos nuances e particularidades tornam-se impossíveis de descrever. Detalhes costumam fugir.

Os contratantes deveriam não simplesmente, solicitar as credenciais da empresa, para avaliar a aptidão e a capacidade da mesma, de assumir um serviço. Como muitos fazem, deveriam também solicitar o histórico dos personagens que serão envolvidos no empreendimento. Eis ai que radica a verdadeira inteligência e idoneidade da organização contratada.

Por último sugiro para observar certas situações, na hora de fazerem suas escolhas, de decidirem seus posicionamentos para com a empresa, já que acreditando ou não, isto também fará parte das suas vidas, fundamentalmente os resultados, que poderão ter uma influência notória.

O que é bom para um, não tem que ser necessariamente bom para o outro e vice-versa. Se eu não gostei, se achei que aquele não era o meu lugar, não quer dizer que não seja o espaço ideal para outros se desenvolverem e se sentirem plenos, satisfeitos.

O clima, o ambiente de trabalho, as perspectivas reais, o respeito, o grau de satisfação geral, a cultura e os valores da empresa, não estariam demais observar, antes de tomar a decisão de se aderir ou se afastar.

Benefícios, status, projeção, programas, planos, etc., costumam ser bem-vindos, quem não gosta deles? Mas, pense e repense nas trocas que estará fazendo, o que está negligenciando, se valem a pena certos sacrifícios, até quando e com qual intensidade deverá se entregar e aplicar as forças, se realmente alguma coisa merece mais atenção do que você, a sua integridade, se não é possível obter melhores e maiores retornos trilhando outros caminhos e outras paragens.

Para cada etapa da vida existem necessidades específicas, cada momento exige de apreciar situações e elementos diferentes. Decididamente, cada caso é um caso.

Cuide-se!