1. INTRODUÇÃO

A Empresa Júnior é uma forma de unir empreendedorismo e a prática, algo que não é contemplado no ensino, atravésda idéia dessa organização, os alunos se desenvolvem unindo as aulas teóricas com projetos reais de trabalho (BRITTO, 2008).

O conceito surgiu no mundo em 1967 na França, e no Brasil em 1987, e a cada dia se expande, colocando estudantes em contato com o mercado profissional, dando-lhes oportunidades de gerir novos empreendimentos (MATOS, 1997).

A Empresa Júnior é uma modelo de andragogia e é uma fonte de conhecimento para os estudantes universitários, além de proporcionar auto-desenvolvimento e uma melhor assimilação do aluno, gerando oportunidades no seu futuro profissional.

2. EMPRESA JÚNIOR: CONCEITO

É uma organização sem fins lucrativos, gerida por estudantes de graduação, ou seja, uma organização ligada a uma Instituição de Ensino Superior. Na Empresa Júnior, os alunos aplicam na prática os conhecimentos adquiridos em sala de aula (MATOS, 1997).

Segundo Matos (1997, p.27) "os estudantes prestam serviços e desenvolvem projetos para empresas, entidades e para a sociedade em geral nas suas áreas de atuação, com o auxílio e supervisão de professores".

As Empresas Juniores colocam os estudantes universitários em ligação com o mercado profissional. Elas contemplam o empreendedorismo e a prática, cumprindo essa função, aliando aulas teóricas da sala de aula com projetos reais de trabalho (BRITTO, 2008).

Define-se o Movimento Júnior como verdadeiro celeiro de novos talentos (BRITTO, 2008). Os estudantes aprendem fazendo, colocam em prática a teoria adquirida em sala de aula e não precisam ter medo de errar.

Muitas instituições de Ensino Superior, além de proporcionar uma experiência para os alunos, encontraram na Empresa Júnior uma oportunidade de melhorar sua imagem no setor, através de aproximação com a sociedade produtiva, difundindo a marca e o nome da instituição e também por incentivar o empreededorismo (LOPES, 2005).

4. EMPRESA JÚNIOR: CONTEXTO HISTÓRICO

A Empresa Júnior surgiu na França, em 1967, na ESSEC (L'Ecole Supérieure dês Sciences Economiques et Commerciales de París), tendo como principal função contribuir com a prática profissional do estudante universitário (MATOS, 1997).

Britto (2008, p.19-20), diz que "a idéia de empresa júnior foi trazida ao Brasil em 1987 pela Câmara de Comércio França-Brasil, que publicou anúncios na mídia convocando jovens interessados em implantar o conceito da faculdadade no país".

Britto (2008, p.20) diz que "as três primeiras Empresas Juniores brasileiras a serem criadas foram a Empresa Júnior da Fundação Getúlio Vargas – FGV; a Júnior da Fundação Armando Álvares Penteado – FAAP; e a Júnior Poli Estudos, na Escola Politécnica da universidade de São Paulo – USP".

A formação das Empresas Juniores iniciou em 1988. Com isso, o ano de 2008 é uma data histórica para o Movimento Júnior no Brasil. As Empresas Juniores completam 20 anos de empreitada, muitos universitários tiveram a oportunidade de sair na frente quando o assunto é empreender (BRITTO, 2008).

Segundo levantamento da Brasil Júnior (entidade representativa que congrega as principais Empresas Juniores brasileiras), citado por Lopes (2005, p.39), "mais da metade das associações brasileiras é formada por alunos da área de Humanas, na qual destacam-se os cursos de Administração, Ciências Contábeis e Ciências Econômicas". As empresas juniores concentram-se na área de Humanas, representando 57%. Em segundo lugar, estão as empresas da área de exatas com 26%, a seguir encontra-se a área de Biológicas com 9% e 8% são as Empresas Juniores formadas por cursos multidisciplinares (LOPES, 2005).

Segundo Britto (2008, p.19), "O Brasil se destaca quando o assunto é empresa júnior. Apesar de não haver uma estatística exata, o país é considerado líder do ranking de instituições dessa natureza".

5. EMPRESA JÚNIOR E ANDRAGOGIA: O APRENDER ATRAVÉS DO OUVIR, VER E FAZER

O significado de Andragogia, é o ensino para adultos (GOECKS, 2008), que tem como princípios e caminhos, buscar promover o aprendizado através da experiência. Com isso, a vivência estimula e transforma o conteúdo, tornando mais fácil a assimilação (GOECKS, 2008).

Larrosa e Kohan, citados por Goecks (Site Andragogia – Educação de adultos – Uma abordagem andragógica, 2008), acentuam a importância da experiência do aprendizado, "A experiência, e não a verdade, é o que dá sentido à educação. Educamos para transformar o que sabemos, não para transmitir o que é sabido".

Sabe-se que a melhor forma de aprender é ouvindo, vendo e fazendo (GOECKS, 2008). Segundo Goecks, (2008), "existem pesquisas que afirmam que estudantes adultos aprendem apenas 10% do que ouvem, após 72 horas. Entretanto são capazes de lembrar 85% do que ouvem, vêm e fazem, após as mesmas 72 horas".

Os trechos a seguir foram citados por GOECKS (2008), em seu artigo Educação de Adultos – Uma abordagem Andragógica:

"Não basta apenas, portanto, o envolvimento do ser humano na esfera do "pensar", através de estímulos lógicos e racionais. É necessário o envolvimento na esfera do "sentir", proporcionando estímulos interiores e emocionais. Desta forma, o sentir estimula o "querer", transformando em vontade e ação".

"A Andragogia é a ciência e a arte que, sendo parte a Antropologia e estando imersa na Educação Permanente, se desenvolve através de uma prática fundamentada nos princípios da Participação e da Horizontalidade, cujo processo, orientado com características sinérgicas pelo Facilitador do aprendizado, permite incrementar o pensamento, a autogestão, a qualidade de vida e a criatividade do participante adulto, com o propósito de proporcionar uma oportunidade para que se atinja a auto-realização" (ADOLFO, citado por GOECKS, 2008).

Para NAVARRO (2006, p.9), "a mente humana expande-se, cria possibilidades, estabelece conexões entre os fatos. Enquanto isso, os métodos de ensino continuam baseados na transmissão de conhecimento do professor para o aluno; somos pouquíssimos estimulados a usar a curiosidade, aprender por conta própria, desenvolver nossa percepção pessoal sobre a realidade e contribuir para a construção do conhecimento".

Entende-se que a utilização da Andragogia nos cursos universitários é uma prática muito favorável para o aluno. Com isso, o estudante poderá vivenciar o que está sendo ensinado em sala de aula. O resultado dessa aplicação é a percepção, experiência e, principalmente, o desenvolvimento e a criatividade do estudante.

William Vieira de Albuquerque, citado por Lopes (2005, p.38) diz que "O aluno busca muito mais uma carreira que o diploma. A Empresa Júnior, por fazer com que o estudante vivencie situações de sua área na prática e permitir que seus erros sejam corrigidos sem grandes consequências, é um fator que certamente repercurte na escolha da instituição de ensino."

Acredita-se que a finalidade da Empresa Júnior é um modelo de andragogia, além de ser um diferencial a ser aprendido por várias instituições de ensino, sendo possível implementar práticas capazes de facilitar o aprendizado e estimular o desenvolvimento dos estudantes. Desenvolvimento este que servirá para toda vida, pois podem tirar tudo de uma pessoa, mas o seu conhecimento permanecerá.

Referências

BRITTO, Marco. Celeiros de Talentos. Empreendedor, p.18-25, fevereiro de 2008, ano 14, nº 160.

GOECKS, Rodrigo. Educação de adultos: Uma abordagem andragógica. Disponível em:

<www.andragogia.com.br>. Acesso em: 26/11/2008.

LOPES, Fabiana. A Gestão da Marca. Ensino Superior, p.36-39, dezembro de 2005, ano 8, nº 87.

MATOS, Franco de. A Empresa Júnior: no Brasil e no mundo. São Paulo: Ed Martin Claret, 1997.

NAVARRO, Leila. O que a universidade não ensina e o mercado de trabalho exige. São Paulo: Ed Saraiva, 2006 (Sua carreira, seu sucesso; v.1).