Empreitada do Desamor

Antônio Padilha de Carvalho

A verdade sempre acaba com o mistério. A adolescente que estava desaparecida,apareceu morta, só ossada, mais apareceu! Menina-criança de 16 anos, gente de bairro, assassinada por asfixia por dois brutamontes a mando de um empresário que comercializava materiais de construção.

Depois que fizeram o “serviço”, levaram a “obra” até a empresa do amante-mandante, a fim de demonstrarem o devido cumprimento da ordem. Tarefa cumprida! Ele, covarde confesso, recusou a ver o corpo inerte da sua jovem namorada, determinando cova rasa ao invés de tumba com tijolo requeimado de sua loja de materiais de construções.

Por um ano ininterrupto beijou, acariciou, curtiu, amou e depois com a conivência da esposa traída, resolveram exterminar o estorvo que exigia dinheiro, benesses. Uma vez que a jovem amante estaria fazendo chantagem contra o empresário da construção, este resolveu, juntamente com amigos de longa data a projetar o sumiço da moça.

Armaram uma cilada para ela. Caiu igual um patinho! Desconstruíram uma vida. Sufocaram a juventude.

Um dos assassinos, brutamonte, manda-pau, foi localizado na vizinha e receptiva cidade de Santo Antônio de Leverger, pescando no rio Cuiabá.

Viu amante adolescente! Ninguém assistiu ao formidável enterro de seus restos mortais em cova rasa, a não ser os bandidos comprados por menos de cinco salários mínimos cada.

Somente a Ingratidão, o desamor, a falta de respeito, a desumanidade, esta pantera, foi sua companheira inseparável! Acostume-se à lama que te espera!

A defesa do matadores irão arrebentar com sua vida quando em vida, vez que eles posicionarão em favor da família, da esposa traída, da defesa do patrimônio de um empresa que estava sendo construída e dilapidada.

O Homem-empresário, que, nesta terra miserável, mora, entre feras, sente inevitável necessidade de também ser fera. Sexo, traição, amor e morte. Empresário chantageado perde o norte.

Toma um fósforo. Acende pelo menos uma única vela e festeja! O beijo falso, amigo, apaixonado e gostoso é a véspera do escarro.

Aquela mão desgraçada que te afagava é a mesma que agora te apedreja. O empresário da construção acabou com você! Se a alguém causa inda pena a tua chaga, apedreja logo, não deixa pra depois, essa mão vil que te afaga,escarra nessa boca que te beija! Cuidado com esses empresários da dor!

Antônio Padilha de Carvalho é professor, escritor, Geógrafo, pós graduado em filosofia e educação.Presidente do IMPDrog – Instituto Mato-grossense de Prevenção às Drogas.