Desde que o homem criou as sociedades e as tornou civilizadas, a idéia de escravizar outras, também, acompanhou este processo. A partir daí, a escravidão sempre existiu e, em torno do século XVII chegou ao Brasil. Com o avanço das tropas de Napoleão Bonaparte na Europa em direção a Portugal, a coroa imperial portuguesa se viu obrigada a fugir para o Brasil trazendo em suas dezenas de caravelas, escoltadas pela frota armada inglesa, quase toda a monarquia portuguesa daquela época. Porém, a maioria dos serviçais da realeza não teve a mesma sorte e com isso houve a necessidade de se providenciar um grande número de trabalhadores serviçais (africanos), os quais não seriam os primeiros escravos em terras brasileiras, pois os missionários jesuítas, com o pretexto de catequizar a população natural do lugar, já haviam feito isso muito antes, onde milhares de índios foram feitos escravos.
Com o passar dos anos, a relação escravo e senhor já havia sofrido várias crises, onde ocorreram motins, rebeliões, revoltas, mortes, massacres e até extermínio daqueles que não queriam mais ser subjugados como verdadeiros animais de carga.
Estes acontecimentos criaram, naturalmente, cenários e vultos que ficariam gravados na história do Brasil, como os chamados quilombos donde surgiu a figura de Zumbi dos Palmares. Escravo líder da resistência negra contra a escravidão e seus abusos, nascido em 1655 no estado de Alagoas. Na época em que Zumbi era líder, o Quilombo dos Palmares alcançou uma população de aproximadamente trinta mil habitantes. Nos quilombos, os negros viviam livres, de acordo com sua cultura, produzindo tudo o que precisavam para viver. Zumbi foi traído e morto degolado pelos bandeirantes aos 40 anos de idade em 20 de novembro 1695, data em que se comemora, hoje, o dia da consciência negra no Brasil.
A abolição da escravidão no Brasil teve o seu início com a contratação de mão de obra estrangeira pelos sulistas no ano de 1870, e como conseqüência se teve o início o movimento abolicionista, que era formado por cidadãos de todos os níveis da sociedade. Este processo se deu em várias etapas.
O primeiro passo foi a proibição do tráfico de negros no ano de 1850. Após quase vinte anos, no ano de 1871 foi declarada a Lei do Ventre-Livre que tornava, a partir daquela data, os filhos de escravos em cidadãos livres. Em 1885, foi aprovada a lei Saraiva-Cotegipe ou dos Sexagenários que beneficiava os negros de mais de 65 anos. E, em 13 de maio de 1888, através da Lei Áurea, anunciava-se a liberdade total, finalmente alcançada pelos negros no Brasil. Esta lei, assinada pela Princesa Isabel, abolia de vez a escravidão no Brasil.
Com o advento do motor a vapor no século XIX, teve início a primeira Revolução Industrial na Europa, começava um novo ciclo de relações interdependentes por todo o planeta. Patrão e operário, empregador e empregado ou capital e mão-de-obra, ou ainda, quem pode e a escravidão disfarçada.
Dentre tantas mudanças que o desenvolvimento industrial trouxe à humanidade, uma deve-se destacar, pois foi a partir da constituição de grandes indústrias e conglomerados que a idéia da servidão sobreviveu e sobreveio às maiorias, enquanto que a riqueza dividiu-se a uma minoria seleta. Manter os não beneficiados na linha bem mais a baixo é uma questão de ordem e sobrevivência das classes dominantes.
Com o aumento desenfreado do setor produtivo nos países industrializados houve a necessidade, cada vez maior, de contratação de mão-de-obra que suprisse a demanda. Com isso, houve escassez de operários e os mesmos tiveram que trabalhar por períodos diários mais longos, ou seja, passaram a trabalhar em ritmo escravo.
Vimos até então, que a idéia e o sentido da palavra escravidão ainda perdurariam por um longo período, chegando aos dias atuais, seja na indústria, no comércio, no campo ou nas residências. Este fato reflete diretamente na vida e no trabalho daqueles que prestam seus serviços de forma manual e, ainda, rudimentar, onde na maioria das vezes não se exige e nem se oferece condições para formar indivíduos capazes de se profissionalizar buscando com isso melhores condições de trabalho e de salários.
Portanto, podemos apontar várias atividades, que se encaixam na realidade acima exposta, tais como, motoristas particulares, governantas, jardineiros e as próprias empregadas domésticas.