Leide Albergoni*

A situação econômica do Brasil é das piores: as empresas estão diminuindo a produção e demitindo trabalhadores; os preços dos produtos estão subindo e o governo aumentando impostos. Nesse contexto, o resultado só pode ser  menos dinheiro no bolso. A alternativa é melhorar o controle dos gastos pessoais e familiares.

O primeiro passo é conhecer os gastos mensais. Para isso, o jeito é anotar cada despesa realizada diariamente: a compra no supermercado, o café a caminho do trabalho, as canetas extras, o lanche da família, estacionamento no shopping, entre outros. Cada gasto é importante de ser contabilizado, mesmo que seja de pequeno valor, e a anotação deve tornar-se um hábito permanente.

Com um mês de anotações já é possível organizar as informações para compreender o perfil dos gastos mensais. Para isso, deve-se categorizar os gastos, separando-os por tipo de despesas (alimentação, energia, supermercado, educação, saúde, lazer, entre outros). A categorização deve fazer sentido para o perfil de gastos, ou seja, é personalizada.

Após a organização, começa a análise do que está sendo gasto para determinar o que cortar, com a identificação de excessos, substituições e definição de prioridades. Identificar os excessos consiste em analisar despesas que mais pesam no orçamento e que podem ser reduzidas ou substituídas por opções mais baratas, como refeições fora de casa, por exemplo.

Definir as prioridades é estabelecer o que não pode ser cortado ou diminuído, como a energia que abastece a geladeira, os alimentos saudáveis que precisam ser consumidos e os financiamentos ou dívidas de empréstimos. Substituir é escolher opções mais baratas com a mesma qualidade, como comprar frutas da estação que são mais baratas em vez de frutas fora de época. O corte não pode ser feito aleatoriamente: é importante definir um percentual da renda que se pode alocar em cada categoria de despesa e então estabelecer os cortes.

Com os limites de gastos estabelecidos, é necessário criar uma planilha mensal com a previsão orçamentária e acompanhar as despesas, para que não ultrapassem os limites definidos. Nos primeiros meses pode ser necessário realizar ajustes nos limites e nas categorias, mas, a partir de determinado momento, a divisão do orçamento se mantém estável. O controle deve continuar com as anotações de despesas diárias e avaliação periódica do que está sendo gasto no mês. Dedique um tempo a calcular o quanto foi gasto, pelo menos uma vez por semana, para ajustar o orçamento restante no mês.

Além das despesas, é necessário ter uma meta de “poupança” mensal, que servirá para emergências, além de funcionar como investimento para formar patrimônio. O ideal é que pelo menos 10% da renda seja poupada todo mês. Mas como fazer sobrar para poupar? A estratégia é encarar a poupança como uma despesa fixa, em vez de uma sobra: na planilha orçamentária deve-se colocar o valor de poupança como uma das despesas e fazer a transferência para uma conta separada assim que o salário entra. Assim, o que sobrar é o orçamento para os gastos mensais. Ou seja, só se pode gastar o que sobrou da poupança, não o contrário.

Colocar as contas em dia e poupar é como emagrecer: há técnicas, mas o mais importante é a disciplina em aplicá-las.

* Leide Albergoni é economista, professora da Universidade Positivo e autora do livro Introdução à Economia – Aplicações no Cotidiano.