Resumo: O presente artigo tem como finalidade discutir a prática da ética no ambiente escolar e como este assunto pode influenciar na prática pedagógica dos profissionais da educação. Aborda assuntos como o multiculturalismo e o exotismo entre as relações sociais, numa perspectiva filosófica e histórica, englobando a “Declaração Universal dos Direitos Humanos de1948”, além de dar ênfase a ética, onde, somente à mesma, expressa resultados de uma ideia comum de justiça, a qual pode nos ajudar a enfrentar os desafios do presente. Ressalta que a educação é a única forma de produção, reprodução e transformação das potencialidades humanas. Faz uma análise das dimensões intelectuais e afetivas para a construção da consciência moral. Este artigo também objetiva discutir a educação ou escola para os povos do campo como resultado das relações sociais, políticas e culturais que manifestam as lacunas da dívida histórica com a educação dos trabalhadores e trabalhadoras em nossa sociedade.

Apresenta uma pesquisa bibliográfica sobre o tema e as conclusões.

Palavras chave: Ética. Educação. Educação no campo. Multiculturalismo. Moral. 

INTRODUÇÃO

A educação é um dos aspectos básicos na construção de uma conduta ética, onde somente pela mediação da educação é possível desarticular os entusiasmos do controle na natureza para o controle da razão. Com isso a escola é o principal caminho para se discutir questões morais uma vez que o ambiente escolar está repleto de possibilidades que evidenciam a ética como necessária e capaz de permitir um relacionamento amistoso entre os atores educacionais

Este é um trabalho de análise bibliográfica que busca responder o questionamento sobre qual a função da ética no cotidiano escolar e como ela influencia a prática pedagógica, além de discutir sobre o processo de formação da educação do campo. Para responder a estas indagações, uma ampla pesquisa bibliográfica foi desenvolvida. O entendimento de alguns termos foi fundamental para o desenvolvimento da atividade, assim como para a apresentação e debate sobre o tema.

            Discursar sobre ética também nos remete a falar sobre o multiculturalismo, com isso vale lembrar que, recentemente os tempos são de multiculturalismo e globalização, importante não confundir multiculturalismo contemporâneo, (procede do elogio à diferença) com o relativismo cultural (o relativismo se referiu ao paradigma da tolerância). No Seminário Internacional Ética e Cultura - outubro 2001 a autora Amelia Valcárcel ressalta vários movimentos e falas em prol dessa diversidade, ou melhor, “multiculturalismo”, do ponto de vista filosófico e histórico, dos modernos e pós-modernos, além de demonstrar que a situação de contato cultural produziu efeitos bem descritos por antropólogos desta disciplina, no século XIX, como exemplo é citado “os condenados ao exotismo”, qualidade do que é exótico, ou seja, “estrangeiro”, ou ainda, “extravagante”, onde, para estes serve de consolo a “Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948”, assim, o multiculturalismo compreende não só os direitos individuais, mas, “os direitos humanos como princípios básicos”.

Ao pensar o multiculturalismo, a educação passa a ser vista como aquisição das potencialidades do gênero humano, como sendo a única forma de produzir, reproduzir e transformar o próprio homem, sendo este dotado de práxis que transforma o meio em que vive, tendo como resultado a forma reflexiva e crítica do ensino. O ato de educar passa a ser visto como uma relação que implica respeito e solidariedade entre o educador e o educando.

No contexto da construção da consciência moral, as dimensões intelectuais e afetivas se fazem presentes, onde a primeira impossibilita a moral na falta da liberdade e a segunda dimensão firma sentimentos que presidem o despertar do senso moral. 

Em relação à educação no campo, utilizamos a literatura de Roseli Salete Caldart “Sobre Educação Do Campo” que vem debater sobre a Educação do campo hoje e busca ser fiel aos seus objetivos de origem, de acordo com a autora, nos exige um olhar de contexto, do ponto de vista, com uma preocupação metodológica, sobre como interpretá-la, ajustada a uma preocupação política, avaliando o percurso e compreendendo as tendências de futuro para poder atuar sobre elas.

ENTENDENDO A ÉTICA E A MORAL

Uma definição da palavra ética é apresentada por Pereira (2009, p. 15), onde escreve que são “as referencias de bem e de mal sistematizadas em normas de conduta e de padrão aplicáveis no contexto social, que definem o estatuto moral que integram”. Ponto de vista similar é encontrado nas considerações de Souza:

Ética está diretamente relacionada ao fenômeno da existência social dos seres humanos em sua dupla constituição: o existir para si – consigo (ética pessoal) e o existir com os outros – conosco (ética social). Intrínsecos a ambas constituições da existência do ser subjazem as categorias do sujeito e da interatividade humana (SOUZA, p. 1).

A palavra ética está presente nos discursos, nos projetos e nas propostas de ações, já a moral não recebe a mesma atenção, sendo que ambas estão ligadas e não podemos falar de uma sem considerar a outra.

Cabanas (1996 apud Menin 2002) aponta a questão central da ética como desafio de responder sobre o que se obriga a ser bom, onde esta obrigação depende da concepção filosófica ou ideológica pela qual se orienta. A ética implica na liberdade, na autonomia e na responsabilidade.

Com a necessidade de reestruturação do ensino, Mello (2000, p. 98) cita a democratização do acesso e a melhoria da qualidade da educação básica, onde a ética se encontra como norteador do processo educacional, presente tanto nas relações educativas quanto no modo de produção vigente. [...]