Elementos para avaliação de projetos de investimentos rurais
Publicado em 29 de março de 2012 por Jadson Coelho de Abreu
Elementos para avaliação de projetos de investimentos rurais
Este trabalho da elaboração de orçamento e fluxo de caixa para subsidiar a avaliação econômica de projetos florestais. Emprega objetivamente os três principais critérios de analise de projetos.
1-ASPECTOS TÉCNICOS E ECONÔMICOS DO PROJETO
Entende-se um projeto como uma atividade de investimento em que os recursos são empregados para produzir benefícios durante um dado período de tempo, visando maximizar o valor liquido dos benefícios gerados. Para isso é necessário fazer orçamento de fluxos que envolvem aspectos técnicos e econômicos.
Aspecto técnico
Neste ponto a tomada de decisão deve levar em consideração as condições adequada para a implementação e sucesso do empreendimento. Os aspectos que não podem faltar são:
a) Localização do projeto: a área onde vai ser implantado o projeto, dimensões, localização, via de acesso, distancia de ao principal mercado;
b) Potencialidade: descrever clima, relevo, precipitação, vegetação, tipo de solo da região;
c) Demografia do município e região: levantar os dados da população rural e urbana bem como o nível de instrução;
d) Infraestrutura de apoio de produção: indicar a disponibilidade de assistência técnica, organização social, estrutura de produção, instituição de pesquisa, bancos, tecnologia, mão-de-obra, tecnologia e mercado;
De posse dessas informações, pode-se ter idéia da magnitude das limitações técnicas a serem enfrentadas durante o longo da vida útil do projeto.
Aspecto econômico
Este ponto leva em consideração se há a possibilidade de sucesso do projeto analisando a demanda e oferta para avaliar se o empreendimento é viável economicamente. Os principais aspectos a serem analisados são:
a) aspectos econômicos: reunir dados sobre as principais variáveis definidoras do mercado;
b) aspecto de mercado: classificar o tipo de concorrência do mercado do produto;
c) comercialização: determinar e descrever os principais canais e formas de comercialização da produção e insumos;
A analise criteriosa desses pontos ajuda ao empreendedor a entender com maior clareza os limites das questões econômicas: o que e quando produzir? Para que, produzir?
2-ENGENHARIA DO PROJETO
a) Terra: identificar o uso atual da terra, cobertura vegetal, relevo e fertilidade natural;
b) Mão-de-obra: determinar a disponibilidade da mão-de-obra e nível de instrução e qualificação;
c) Tecnologia: determinar os coeficientes técnicos de produção, produtividade, custos e preços das atividades florestais;
Esses dados devem ser obtidos mediante a aplicação de questionário especifico na propriedade, pois e de fundamental importância elaborar orçamento de forma de refletir sobre a realidade da exploração florestal.
3-AVALIAÇÃO DO PROJETO
Neste ponto, o objetivo é estruturar o fluxo de caixa e comparar o fluxo de custo (investimentos e custo operacional de produção) com o fluxo de benefícios ou de receitas (valor da produção do projeto), desenvolvido numa propriedade ou empresa rural. Estabelecido o fluxo de caixa, parte-se para a avaliação do investimento realizado no projeto, aqui, toma-se a decisão de realizar ou não o investimento.
Admite-se, adicionalmente, que os empreendimentos são novos. Parte-se, portanto do ano zero, com a importação do projeto e se evolui até o final do ciclo do projeto.
O orçamento unitário a organização de uma atividade produtiva por unidade de área.
Na formação dos orçamentos unitária são necessário informações detalhada sobre a tecnologia de produção e proposto e sobre os preços dos produtos.
Os preços utilizados são em nível de fazenda, ou seja, os preços dos produtos são aqueles recebidos pelos produtores na sua propriedade e os preços dos insumos.
3.1-Fluxo de Caixa
O fluxo de caixa reflete as entradas e as saídas dos recursos (insumos) e produtos ao longo do período de tempo do ciclo de vida do projeto ou a proposta de investimento. Sua constituição só se torna viável se os orçamentos de cada atividade forem corretamente dimensionados. O fluxo de caixa deve ser elaborado para permitir a apuração do beneficio liquido ou receita liquida do projeto.
No caso dos empreendimentos agropecuários e florestas, o fluxo de entradas contempla os seguintes itens principais:
a) Venda de produtos agrícolas (grãos, frutas, fibras, hortaliças, etc.);
b) Venda de produtos da pecuária (animais, leite, queijo, carne, etc.);
c) Venda de subprodutos agropecuários (esterco, couro, etc.);
d) Venda de produtos florestais (madeira, lenha, carvão, etc.);
e) Valor residual dos bens de capital que permanece em operação ao final do projeto.
O fluxo de saída é constituído pelos seguintes itens:
a) Despesas de investimento (implantação de obras de alvenaria, pastagens, cerca de arame, estábulo, aquisição de maquinas, terreno, etc.);
b) Despesas operacionais ou de custeio (insumos, mão de obra, energia, combustível, etc.).
Assim, para a análise do projeto, deve-se elaborar o fluxo de caixa, composto das entradas, saídas e o BNL ou receita liquida. O beneficio nominal liquido (BNL) é o fluxo que deve ser objetivo de analise, e compreende o resultado da diferença entre entrada (receitas) e as saídas (custos).
Antes de iniciar a analise de um projeto, é importante verificar a categoria de enquadramento do projeto, com base no fluxo de beneficio. Com efeito, os projetos podem ser enquadrados em seis grupos segundo Silva et al (2008), que são:
- Projetos convencionais: quando ao longo do seu fluxo de caixa, ocorre apenas uma mudança de sinal, ou seja, a partir de um período de tempo, a receita liquida passa a ser positiva. Exemplo: implantação de um reflorestamento e corte final aos sete anos.
- Projetos não convencionais: quando ao longo do seu fluxo de caixa, ocorre mais de uma mudança de sinal. Exemplo: implantação de uma floresta e colheita aos sete anos, seguida de reformas e colheitas sucessivas a cada sete anos, mudando o sinal da receita liquida.
- Projetos compatíveis: quando a implementação de um não impede a implementação dos demais. Exemplo apicultura e eucaliptocultura.
- Projetos incompatíveis ou mutuamente exclusivos: quando a execução de um deles impossibilita a implementação dos demais. O uso do eucalipto para contenção de erosão é incompatível, por exemplo, com o seu uso para energia.
- Projetos dependentes: se a execução de um, afeta a rentabilidade do outro. Exemplo: eucalipto e uma cultura agrícola numa mesma área.
- Projetos independentes: se a rentabilidade de um não depende da implementação de outro. Exemplo eucalipto e uma cultura agrícola em áreas diferentes.
3.2- Critérios de avaliação
Na avaliação de projetos, o fluxo de caixa deve ser atualizado para que os valores monetários sejam comparados em um mesmo ponto do tempo. O problema da atualização surge exatamente da necessidade de se comparar valores monetários em períodos diferentes de tempo. Como o investimento representa uma troca entre as despesas realizadas no presente e as receitas geradas em períodos futuros, a comparação deste intercâmbio, necessariamente, requer que se proceda com a atualização dos valores monetários.
Para contornar isto, emprega-se o principio do desconto, pois, o investimento realizado em dada atividade produtiva tem um custo de oportunidade que não está contabilizado no fluxo de caixa. O custo de oportunidade equivale à perda que o capital (dinheiro) investido no projeto sofre por não poder ser aplicado (ou investido) em outra atividade alternativa, oferecida pela economia.
3.2.1-Valor presente liquido (VPL)
O valor presente liquido permite que sejam comparados os custos atualizados com as receitas atualizadas de um projeto. Em outras palavras, é a soma dos benefícios líquidos atualizados de um projeto. Segundo Rodrigues (2001) este critério calcula o valor líquido (receitas menos custos) atual de um fluxo de caixa futuro, e ainda Quanto maior o VLP, mais atrativo é o projeto. A atualização do fluxo de caixa é feita por uma taxa de juros que reflete o custo de oportunidade de longo prazo da atividade.
A interpretação do VPL, quando a taxa de juros reflete o custo de oportunidade do capital investido no projeto, é a de que representa o valor atual dos benefícios gerados por um investimento. O critério de decisão com base neste critério é o seguinte:
a) VPL>0. Diz-se que o projeto é viável economicamente. Assim, ao final do projeto depois de cobrir todas as despesas ainda resta um saldo positivo. Ou seja, as receitas foram superiores as despesas;
b) VPL=0. Diz-se que o projeto apenas empata. Não apresenta interesse econômico, uma vez que as receitas foram suficientes apenas para cobrir os custos, nada restando para cobrir riscos, investir em tecnologias, etc;
c) VPL<0. Diz-se que o projeto é inviável economicamente á taxa de juros i, uma vez que os custos foram superiores as receitas;
3.2.2- Taxa interna de retorno (TIR)
É definida como a taxa de juros composta que iguala o valor presente das receitas ao valor presente dos custos, ou seja, é a taxa à qual VLP = 0.
Dos critérios de avaliação de empreendimentos, a eficiência marginal do capital ou taxa interna de retorno (TIR), embora polêmica, apresenta respaldo teórico formal dentro da literatura econômica, tendo dois renomados economistas Fisher (1930) e Keynes (1936) ambos citados por Santana (2005).
De acordo com esse critério, um empreendimento do tipo investimento convencional ou não convencional será considerado economicamente viável se a TIR for superior a uma dada taxa de juros i, tomando como comparação e que reflita o custo de oportunidade do capital, como esse critério é de longo prazo, é importante que se tome a taxa de juros de longo prazo, no Brasil essa taxa é a TJLP, que nos últimos 10 anos se manteve em torno de 12%aa, em media.
Alem disso, para que o critério acima possa ser empregado na avaliação econômica de um projeto, é necessário que:
a) A comparação com a taxa i possa ser feita, ou seja, exista uma taxa de juros que anule a função de VPL do projeto;
b) Não exista ambigüidade, ou seja, não deve ter mais de uma taxa de juros anulando a função de VPL;
c) Não haja inconsistência com o resultado da avaliação econômica do projeto, ou seja, existindo uma única TIR que anula o VPL, deve-se ter uma TIR>TJLP.
A taxa interna de retorno pode ser calculada comparando-se o fluxo de receitas, atualizado a cada ano, com os custos totais do projeto.
3.2.3-Relação Beneficio-Custo (Rb/c)
A relação beneficia-custo é a relação dada entre a soma do fluxo de receita e a soma do fluxo de custo, atualizada a uma taxa de juros i.:
a) Rb/c > 1. O projeto apresenta viabilidade econômica
b) Rb/c = 1. Não é um projeto interessante
c) Rb/c < 1. Indica que o projeto não é viável
Para avaliação para implantação de um projeto deve-se da mesma forma que para VPL, fazer a atualização das receitas e dos custos a taxa de juros de longo prazo.
Os três critérios levam a uma mesma situação: Rb/c> 1, VPL>O e uma TIR > TJLP com uma VLP = 0 leva uma Rb/c = 1 e TIR = TJLP.
Mesmo nesta circunstancia é conveniente que se verifique se o projeto vai sofre com a situação adversa como mão-de-obra, excesso de oferta, etc. Isso pode tornar o projeto inviável.
Para evitar esses inconvenientes é necessário se fazer uma analise de sensibilidade.
4-REFERÊNCIAS
RODRIGUES, L. C. E. Tópicos de economia florestal. Documentos florestais Piracicaba: USP.1991
SANTANA, A. C. elementos de economia, agronegócio e desenvolvimento local. Belém: UFRA, 2005.
SELING, I. Economia florestal Gerenciamento Administração management. Santa Maria: UFSM, 2001
SILVA, M. L; JACOVINE, L. A. G; VALVERDE; S. R. Economia florestal. 2.ed.Viçosa: UFV, 2008.