por Renato R. Leite

 

            Em um cenário tão competitivo e delicado que é uma campanha em âmbito municipal, o sucesso dependerá, em grande parte, do grau de criatividade, organização, motivação e principalmente na capacidade do candidato saber identificar o “clamor do povo” e proporcionar respostas adequadas a este clamor, por meio de ações planejadas de comunicação clara, persuasiva e que atinja o coração e a mente do eleitorado.

            Para que esse sucesso seja possível é necessário planejamento estratégico. Estratégia é um termo que vem do grego arcaico “strategia” e significa “a arte do general”, termo que remonta a obra secular do General chinês Sun Tzu, A Arte da Guerra, obra escrita em uma época em que o estado só possuía chances de prosperar através das batalhas: adquirindo territórios, pilhando riquezas, subjugando povos, etc. Felizmente as citações de Sun Tzu deixaram de atuar apenas na esfera militar, passando a atuar principalmente na política e no mundo empresarial.

            Quando o assunto é planejamento estratégico a base é informação, e assim tal qual um general em uma guerra, será necessário conhecer profundamente o terreno, as qualidades e defeitos do exército adversário e as nossas. Por isso é extremamente importante estar de posse de informações precisas de fontes fidedignas. Ao passo que o planejamento estratégico em marketing eleitoral segue os mesmos caminhos do planejamento empresarial: pesquisas de mercado, segmentação, definição do público, posicionamento, análise de situação – SWOT (forças, fraquezas, oportunidades, ameaças), mix de marketing, implantação e controle.

            O planejamento de uma campanha deve abarcar os níveis: estratégico, tático e operacional. Assim, em um primeiro momento buscamos informações junto a órgãos como MDS, IBGE, TRE, TSE, TCM entre outros, reunindo dados dos censos econômicos e demográficos, os resultados das eleições passadas, a evolução do eleitorado, as analises das contas públicas, notícias veiculadas pela imprensa, etc. Estas informações darão início a constituição de um banco de dados e/ou dossiê, que será de grande valia para entender o cenário em que se dará a “batalha nas urnas”. E não basta compilá-las, será necessário sistematizá-las e interpretá-las e, para isso, a disponibilização de capital humano capacitado, na parte estratégica da pirâmide, será decisiva.

            A partir da interpretação dos dados coletados inicia-se o trabalho de posicionamento da candidatura definindo-se os eixos principais da campanha, isto é, aquilo que será defendido como ponto programático principal e que deverá ser o diferencial, aquilo que distingue nosso candidato dos demais concorrentes, e para quem tem 'a máquina na mão' é o momento de relembrar e ressaltar os pontos fortes . Define-se ainda o slogan, o jingle e o eixo central das peças eletrônicas e dos materiais gráficos.

            Toda candidatura possível, passa por uma convenção, ideologia, reduto e, portanto, como ponto de partida, deverão ser respondidas algumas perguntas, como por exemplo: Quantos votos eu tenho? Onde estão? Quem são eles (perfil)? Quantos votos necessito? Quantos votos me faltam? Quais os segmentos semelhantes? Qual o potencial de votos destes?

            As ações de campanha deverão partir do núcleo de apoio visando sua consolidação e, num segundo momento em direção aos segmentos semelhantes. Concentre-se na estratégia pré definida, com um discurso claro, preciso e principalmente possível, pois quem atira para todo lado acaba por confundir o eleitorado além de não se distinguir dos demais concorrentes consequentemente perdendo possíveis votos.

            Ressalte os pontos positivos de seu candidato e minimize os negativos e, se possível transforme-os em qualidades. Reforce os atributos negativos de seu adversário e tenha sempre uma “arma” contra ele, julgue o momento oportuno de usá-la ou mesmo se deverá usá-la.

            Diante de tal realidade e se tratando de eleições municipais, o primeiro pensamento são os custos, porém, atualmente existem muitas possibilidades criativas de reduzir os gastos de uma campanha e comprovadamente mais eficazes, por exemplo, as informações citadas alhures podem ser obtidas por meio dos sítios dos referidos órgãos, a utilização de SMS, e-mails, redes sociais, na fase de execução do plano estratégico são ferramentas bastante eficientes, além, do “boca-a-boca”, que utilizado de forma correta, ainda é, umas das principais ferramentas do marketing, dentre outras possibilidades.

Também convém considerar que, campanha cara é aquela que se perde. Assim, aquele que dispor de melhor criatividade e organização, não só obterá informações precisas, como também, motivará os recursos humanos e terá um maior proveito dos recursos materiais e imateriais, consequentemente, trabalhará em um cenário mais favorável, e certamente sairá vitorioso.

O intuito do presente artigo é fomentar o debate e a discussão ativando a concepção dos possíveis representantes do povo, lembrando-os que antes mesmo de adentrarem no poder será necessário uma visão estratégica de suas ações, afinal, promessa gera compromisso...

Flores de Goiás, 02 de julho de 2012.