Do antigo continente africano, eternizado em suas pirâmides, riquezas e mistérios, o clã dos egípcios traz a fluidez das águas aliada à sabedoria do divino. A antiga civilização de 30 dinastias (que data de 5.300 a.C.  à 30 a.C.) perdurou rodeada de árido deserto às margens do rio mais extenso e mais famoso da história: o Nilo. Em suas margens, as cidades cultuavam divindades curiosas, antropozoomórficas*, que atendiam funções sobrenaturais poderosas no cotidiano de seus moradores.

Somos mais água do que qualquer outra substância em nosso corpo. O fluir, o brotar e florescer, o nutrir, o limpar e o levar com a correnteza está presente em nós. São nossos sentimentos! O que nos movimenta ou mantém parados. E é através desta energia que os guias egípcios (entidades de luz que acompanham o médium) realizam seu trabalho.

Dentro do ritual de mumificação, acreditava-se que o peso do coração – retirado do corpo e posto em jarro com óleo dentro da tumba – indicava o peso das más ações mundanas. Caso fosse leve, com menos água (menos sentimentos reprimidos e atitudes perversas), o Deus Osíris concederia a entrada ao Mundo dos Mortos, à vida eterna. As crenças religiosas, em especial a na vida após a morte baseada em nossos atos terrenos, influenciou toda uma era em busca da conexão com o divino. Este é o grande legado espiritual e histórico que os ciganos egípcios nos trazem: agirmos e nos movermos no caminho do bem para ascender a um plano superior – marco imensurável para as crenças primitivas.

Em suas giras (atendimentos) é essencial a presença de águas trazidas de diferentes fontes, representando as abundantes possibilidades que curam, alimentam e direcionam, assim como as margens de um rio. Frutas frescas, secas ou cristalizadas são também elementos indispensáveis que simbolizam o alimentar e sustentar trazido pelo solo e pelas mãos e intelecto dos homens. A música egípcia dá a tônica ao ambiente e nos remete ao calor do deserto e aos livres movimentos da dança tradicional. O olíbano, sândalo, mirra e ópio juntamente com a acácia, canela e o cedro são os aromas indicados para acolher esta egrégora. Tapetes, véus, aparelhos de chá, faqueiros, símbolos e figuras de deuses e as icônicas pirâmides, enigmas da engenharia e arquitetura até hoje, arrematam a ambientação do trabalho.

Pelo menos uma pirâmide, alegoria dos pedidos do mundo material (base) para o mundo espiritual (ponta/vértice), feita de cristal ou outro material - pedras, metais, orgonites - se faz necessária durante a gira, exatamente para que os consulentes (atendidos) possam ali depositar seus pedidos, tocando na peça – que estará rodeada pelos copos com água.

Os guias, incorporados em seus médiuns, realizam a consulência (atendimento) através da condição mediúnica que lhes foi incumbida. Dentre elas:

  1. Cura – imposição com as mãos durante o passe (transfusão de fluídos espirituais), com o intuito de trazer a restauração física, emocional e espiritual.
  2. Descarrego – “limpeza” dos fluídos espirituais, mentais e emocionais que atrapalham nossa jornada. Esta técnica, dentro da egrégora egipciana, se dá através da manipulação de diferentes temperaturas da água nos chackras (pontos de força em nosso corpo), possibilitando ao guia/médium distinguir as nuances energéticas positivas e negativas, liberando-as.
  3. Previsão – capacidade de, através das ações de agora, prever o futuro e apontar novos caminhos. Faz-se necessário o uso de oráculos, sendo mais comumente usado o poderoso Tarot Egípcio. Este tarot utiliza 78 fortes arcanos com símbolos mitológicos para desvendar um emaranhado de situações e perspectivas!
  4. Magia – manipulação de elementos materiais (terra, fogo, água e ar) para canalizar energias espirituais em torno de uma vibração/pedido.
  5. Cargo – condição para médiuns que tem a tarefa de gerir trabalhos espirituais, focando o atendimento na necessidade do consulente e o encaminhando.

É importante pontuar que outros clãs e entidades não egípcias se fazem presentes com frequência nestes trabalhos, dada as abundantes possibilidades e diretrizes, além do caloroso acolhimento desta linha de trabalho.

Da força da ligação dos dois mundos (material e espiritual), de quem prospera na vida em meio à aridez e dos mistérios da existência, o amado povo egipciano realiza o compromisso divino em auxiliar a nós, encarnados e filhos da ancestralidade de outrora. Salve a força dos ciganos egípcios! Optchá! 

* características humanas ou animais, ou ambas atribuídas a divindades.