1. 1.  INTRODUÇÃO

      As plantas medicinais utilizadas pelos homens como alimento, que buscavam na natureza recursos para melhorar suas condições de vida, foram incorporadas para confecção de suas roupas e ferramentas (LORENZI; MATOS, 2002).

      Na antiguidade médicos famosos como Hipócrates e Avicenna já faziam o uso das plantas medicinais. No Brasil, as plantas eram utilizadas por índios, em rituais de cura e por povos africanos que faziam sua associação em rituais religiosos. As plantas medicinais têm sido de grande importância na medicina, pois a cada dia cresce o número de profissionais da área da saúde e pacientes que procuram esses recursos para amenizar suas enfermidades (FERRO, 2006).

Existem referências na utilização de fitoterápico em forma de chá desde o século III a.C., seu uso era como medicamento por suas propriedades tônicas de suas folhas verdes. A bebida chá chegava ao Brasil aproximadamente, um século pelas mãos dos imigrantes chineses, propagando-se pelos estados do Paraná, Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, existem vários tipos de chás que atraem a preferência de pessoas no mundo, é uma das bebidas mais consumidas devido as suas propriedades, é considerado um alimento funcional devido aos seus componentes antioxidantes, flavonóides que atuam na prevenção de doenças, passou de gosto popular devido as suas características organolépticas (SAIGG; SILVA, 2009).

       Medicamento fitoterápico é um produto em que se emprega exclusivamente matérias primas ativas vegetais. É caracterizado pelo conhecimento da sua eficácia e dos riscos de seu uso, assim como sua reprodução e qualidade (BRASIL, 2010).

      De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) o uso da planta medicinal possui substâncias que promove uma ação terapêutica ou que seus metabólitos secundários sirvam como precursores para a química farmacêutica (PINHEIRO; MOREIRA; ROSSATO, 2010).

      No Brasil, muitos médicos adotaram a prescrição de fitoterápico, pelo fato de apresentarem uma ótima ação farmacológica, tornando o aceito como medicamento padronizado com todas as exigências de segurança e eficácia (LEITE; BRANCO, 2010).

      No mundo, muitos médicos adotaram a prescrição do Ginkgo biloba, pelo fato de apresentar uma ótima ação farmacológica, tornando esse fitoterápico aceito como medicamento extrato seco padronizado com todas as exigências de segurança e eficácia (LEITE; BRANCO, 2010).

Os fitoterápicos são utilizados atualmente por automedicação ou prescrição médica, sendo usados como opção terapêutica eficaz e de baixo custo. A importância dos programas de farmacovigilância vem sendo reconhecida nos últimos anos por vários países, onde várias plantas são submetidas a estudos e muitas delas são retiradas do mercado devido os seus efeitos tóxicos e riscos para uso humano. O aumento no número de reações adversas é possivelmente justificado pelo aumento do interesse populacional pelas terapias naturais observado nas últimas décadas. As plantas medicinais são uma preocupação emergente, e através da farmacovigilância será possível identificar os efeitos indesejáveis desconhecidos (SILVEIRA; BANDEIRA; ARRAIS, 2008).

  1. 2.  OBJETIVO

O presente trabalho teve como objetivo realizar um levantamento bibliográfico sobre os principais efeitos farmacológicos, efeitos adversos e potenciais interações medicamentosas de Ginkgo biloba L.

3. DESENVOLVIMENTO

3.1 Histórico e características botânicas do Ginkgo biloba.L

 

As árvores do Ginkgo são conhecidas popularmente como: árvores avenca, árvores do quarenta escudo, árvores do templo e ginko ginkgo. Multiplica-se por estaquia, preparando as estacas-ponteiro no fim do inverno e postas para enraizamento em estufas. Pode ser usada na arborização urbana no sul e regiões de altitude do sudeste do Brasil sendo de preferência as plantas masculinas em virtude do mau cheiro. Em épocas de frio o efeito das suas folhagens se tornam amarelada sendo muito valorizada nos jardins. É rústica, porém de crescimento lento e suas folhas são muito empregadas em fins terapêuticos (SEGURA; DELGADO; TORRES, 2000).

O Ginkgoencontra-se entre as espécies vegetais mais antigas da terra sendo chamado de “fóssil vivo” por ser o único representante da família Ginkgoaceae. A espécie foi encontrada em grandes florestas há mais de 150 milhões de anos atrás se tornando quase extinta.  Alguns representantes foram encontrados na China, e em parte da Ásia. Devido ao desmatamento, a planta quase se tornou extinta. Atualmente esta espécie encontra-se preservada pelo cultivo humano devido ao seu valor ornamental e comercial (FORLENZA, 2003).

     É uma planta dióica, necessitando de espécie medicinal dos dois sexos para que aconteça a reprodução. O crescimento e desenvolvimento da planta é muito lento, chegando a idade de reprodução em torno de 15 anos (BITENCOURT; MAYER; ZUFFELATO, 2008).

      O Ginkgo que é uma espécie da Coréia, China e Japão. É uma árvore que pode chegar até 40 metros de altura, podendo viver até 4 mil anos. Sua longevidade deve-se a sua grande capacidade suportar efeitos tóxicos e resistência a infecções. O nome Ginkgo vem da palavra chinesa sankyo o que significa damasco do campo, enquanto o termo biloba foi atribuído  aparência de suas folhas (bilobular), o que se assemelham a um pé de pato (LORENZI; MATOS, 2002).

            O Ginkgo tem sido utilizado na culinária e terapêutica oriental por milênios e citado na farmacopéia chinesa. As sementes das árvores do Ginkgo são especiarias gastronômicas que quando cozidas integram pratos tradicionais da culinária chinesa como o Chawan mushi e o Nabi ryori. Chás de partes do Ginkgo eram usadas pelos chineses para o tratamento de asma, bronquite, diarréia, sardas e manchas da pele (DREW; DAVIES, 2001).

O Ginkgo despertou o interesse de pesquisadores depois de resistir ao ataque aéreo da bomba atômica na cidade de Hiroshima e Japão, quando voltou a brotar sob as ruínas da cidade devastada. O Ginkgo que faz parte do milenar arsenal terapêutico chinês, adapta-se muito bem às características urbanas e em clima temperado, não sendo exigente com os solos e resistindo muito bem à poluição pesada, insetos, fungos, bactérias, praga, fatores ambientais e vírus (HILLEBRAND; OLIVEIRA, 2004).

 

 

 

 

 

3.2. Constituintes químicos

 

A folha é a matéria-prima mais utilizada para obtenção de compressas, chás, extratos espessos e secos, até produtos otimizados em formas farmacêuticas sólidas. O Ginkgo contém dois grupos de substâncias químicas farmacologicamente importantes: diterpenos conhecidos como gincolídeos e os flavonóides (BITENCOURT; MAYER; ZUFFELATO, 2008).

Os constituintes são obtidos através de diversos solventes e reagentes destinados a purificá-los através da eliminação de substâncias inativas indesejáveis, garantindo assim a qualidade de suas características farmacológicas endoteliais (BATISTUZZO; ITAYA; ETO, 2006).

O extrato padronizado de Ginkgo EGb761, deve conter no mínimo 24,0 % de flavonóides e 6% de terpenóides. As cápsulas deGinkgo disponíveis no mercado freqüentemente são preparadas na concentração de 40, 80 ou 120 mg. Apresenta uma grande variedade de compostos químicos incluindo alcalóides, lipídios, esteróis, benzenos, carotenóides, fenilpropanóis e carboidratos. Sendo as principais, os flavonóides, ésteres do ácido cumárico, glicosídicos, catequinas e protocanidinas.  A concentração de flavonóides é de aproximadamente 0,8%,e os ginkolideos são constituintes únicos e característicos do Ginkgo. (BARA; CIRILO; OLIVEIRA, 2004).

 

 

Figura 2. Estrutura química do ginkgolídeo presente no Ginkgo (SILVA; FILHO, 2009).

            Os flavonóides são encontrados em produtos vegetais como flores, sementes e casca de árvores, e tem sido alvo deinúmerosestudos clínicos principalmente na área de nutrição,tendo em conta quemuitas vezesdosesfarmacológicasde antioxidantesna dieta é recomendada em todo o mundoem combinações com vitaminas (VIEIRA et al., 2008).

 

 

Figura 3. Estrutura química dos principais tipos de flavonóide presente no ginkgo (MARÇO; POPPI; SCARMINIO, 2008).

            Os terpenóides são substâncias biossintéticas derivadas de unidades do isopreno, que constituem o maior grupo. Na terapêutica plantas contendo derivados terpênicos têm sido usadas para o tratamento de várias doenças do sistema nervoso central (PASSOS; ARBO; VON POSER, 2009).

 

3.3 Indicações terapêuticas

 

 Há mais de 400 estudos realizados com os extratos padronizados de folhas de ginkgo nos últimos 30 anos e somente os extratos padronizados comprovam os efeitos terapêuticos estudados (TUROLLA; NASCIMENTO, 2006).

Sugestões demonstram que o Ginkgo poderia ser utilizado no tratamento de distúrbios hormonais e impotência sexual causado pelo tratamento com antidepressivos, assumindo efeito relaxante sobre a musculatura lisa vascular do corpo cavernoso do pênis (WHO,1999).

 O extrato da folha do Ginkgo é usado em cosméticos, alimentos e a polpa do ginkgoé removida sendo uma iguaria comestível no Japão e na China. Sementes do Ginkgo contém substâncias que podem matar as bactérias e infecções por fungo em pacientes com micoses. Contém também uma toxina que pode provocar efeitos colaterais perda de consciência e convulsões (BATISTUZZO; ITAYA; ETO, 2006).

Existem muitos tipos de tratamento para o tinitus (zumbido) mas nem todos tem a mesma eficácia comparado ao uso do  Ginkgo que se tornou um tratamento bastante popular, por ser uma planta acessível e barata. Pesquisa feita pela comissão Alemã demonstrou que 35% dos pacientes que sofrem de zumbido tiveram sua cura completa em 70 dias através da administração de 240mg de Ginkgo, duas vezes ao dia. O efeito só foi verificado após duas semanas a administração (DREW; DAVIES, 2001).

Atua em mediadores químicos regulando a permeabilidade capilar ao inibir a histamina e a bradicinina. Outro efeito é a estimulação de síntese de prostaglandina e ação indireta sobre as catecolaminas, causando indução na vasodilatação arterial, diminuição da viscosidade do sangue (TESKE; TRENTINI, 2001).

O gincolídeo é um constituinte terpênico do extrato padronizado de Ginkgo, que age como um potente antagonista do receptor do fator de agregação plaquetária. Evitar a rejeição de transplantes de órgãos e contra choques asmáticos e intoxicações, age também como sedativa, tranqüilizante e anticonvulsivante (PASSOS; ARBO; VON POSER, 2009).

Estudos in vitro têm demonstrado que o Ginkgoé capaz de remover os radicais livres, podendo prolongar a meia-vida do fator de relaxamento de origem endotelial ocorrendo a diminuição do risco trombótico da microcirculação. Aumenta a captação da glicose e normaliza o consumo de oxigênio das células nervosas em indivíduos com insuficiência cerebral crônica (BENITEZ; OLIVEIRA; MOLINARI, 2002).

Recentemente, o Ginkgo tem sido estudado para tratamento de vitiligo por sua função imunomoduladora e anti-inflamatória capaz de induzir a repigmentação das áreas com vitiligo, que parece ser uma terapia simples, segura, bem tolerada e eficaz para deter a progressão da doença fazendo uma proteção contra a oxidação de macrófagos e células (PARSAD; PANDHI; JUNEJAT, 2003).

O potencial cosmético desta planta envolve a alteração da permeabilidade vascular, restauração da vascularização do bulbo capilar e diminuição da queda de cabelo. Apresenta ação anticelulítica e antiadiposidade, por regularizar a circulação periférica, combater os radicais livres do organismo por sua capacidade de atrair o radical hidroxila (OH) e o superóxido (O2), devido a porcentagem elevada de flavonóides. Também é recomendado para tratamento de varizes, úlcera varicosa e má circulação ( TRUEBA, 2003).

Cisplatina é uma potente droga antineoplásica, largamente utilizada para o tratamento do câncer, tanto em adultos quanto em crianças. Dentre seus efeitos colaterais, a ototoxicidade se apresenta como um dos mais importantes e leva à perda auditiva irreversível, bilateral, para as altas freqüências. Estudos têm tentado identificar drogas que, associadas à cisplatina possam atuar como otoprotetores. A ação do extrato de Ginkgo, que tem conhecida ação antioxidante, atua como possível otoprotetor utilizado como modelo experimental em cobaias albinas em tratamento com Ginkgo 100 mg ao dia via oral e 90 minutos após cisplatina 80 mg ao dia por 8 dias. Foi Concluído que o Ginkgo, por sua ação antioxidante atua como otoprotetor à ototoxicidade da cisplatina (HYPPOLITO; OLIVEIRA; HOLANDA, 2003).

A administração diária de cápsulas de Ginkgo 100 mg associado com extrato de Panax quinquefolium 400 mg , reduziu em 30% a hiperatividade e a  ansiedade em crianças que sofrem de déficit de atenção. Na segunda semana houve uma melhora geral em70% ao final de 6 semanas de tratamento (TRUEBA, 2003).

A associação de ginkgo e  troxerrutina em  estudo clínico com pacientes ambulatoriais, adultos de 18 a 70 anos, por uma semana, com crises agudas de hemorróidas, provocou uma significativa melhora nas hemorróidas de grau 1 e 2. A curto prazo, o Ginkgo associado a  troxerrutina foi considerado uma terapia eficaz, segura e agradável em crises agudas de hemorróidas (SUMBOONNANONDA; LERTSITHICHAI, 2004).

O extrato aquoso de Ginkgo é usado em produtos dermatológicos para prevenção do envelhecimento precoce, prevenção contra raios ultravioleta, e para regulação da secreção sebácea em peles desidratadas, podendo ser incorporado em géis, cremes e loções. É indicado também para distúrbios psico – comportamentais, vertigens, seqüelas de acidentes vasculares cerebrais, neurosensoriais de causa oftamológica e otorrinolaringologia antagonizando os efeitos de ativação do neutrófilo no processo de inflamação e atividade antidepressiva (BATISTUZZO; ITAYA; ETO, 2006).

O Ginkgo constitui um dos fitoterápicos mais comercializados no Brasil por ter um mecanismo de ação de: neuroproteção, vaso regulação, antioxidante e sequestrador de radicais livres, adstringente (folhas), antifúngica, anti-helmíntica, antiblenorrágica, bactericida, cardiotônica, condicionante, digestiva, rejuvenescedora, revigorante. É indicada para prevenção de angiopatias; casos de ansiedade, inibidor do crescimento de bactérias, bronquite, dores de cabeça e enxaquecas, arritmias, digestão, reduzir fadiga, artrite, cansaço e sensações de peso, ressaca alcoólica, rinite crônica, rouquidão, tratamento e prevenção de rugas, tonturas, tosse, tuberculose (BARA; CIRILO; OLIVEIRA, 2004).

O extrato da planta em pacientes asmáticos exerceu um efeito positivo sobre o tratamento da asma brônquica moderada persistente, melhorando de forma significativa a qualidade de vida dos pacientes, devido sua ação farmacológica. Acredita-se que sua ação na asma esteja ligada aos diterpenos ginkgolídeos, que são antagonistas potentes do PAF. Este fator estimula a conversão dos fosfolipídeos, nas células, em ácido araquidônico, o qual por sua vez, é metabolizado em prostaglandinas e leucotrienos, que são associados à formação de inflamação, que é o principal processo fisiopatológico envolvido na asma brônquica. Os ginkgolídeos têm um efeito protetor em várias formas, tais como na broncoconstrição induzida pelo PAF e na hiper-reatividade aérea (HILLEBRAND; OLIVEIRA, 2004).

Os flavonóides encontrados no Ginkgo ajudam a diminuir alguns problemas da retina como a degeneração macular, doença ocular que afeta os adultos e os mais velhos. Alguns estudos demonstraram que o Gingko ajuda a preservar a visão, por causa do seus efeitos antioxidantes presentes nos flavonóides. Individuos com glaucoma, tratados com  120 mg de ginkgo diariamente por 8 semanas apresentaram melhora da visão (TAVARES; AUGUSTO; MELO, 2005).

Segundo VIEIRA et al.,( 2008). Os flavonóides quando ingeridos interferem em alguns processos fisiológicos do organismo, estimulam a cicatrização, combatem os radicais livres, possuem atividade antimicrobiana, ação anti-inflamatória, antitrombótica, antitumoral, antialérgico, antiasmática, analgésica, vasodilatação, antioxidantes,inibidores da enzimatranscriptase reversa, tais como, a proteína quinaseC,tirosina quinaseC,ornitina,hexoquinase, aldosereductase, fosfolipase Cetopoisomerase.

Em estudo realizado com ratos verificou que a dose oral de 200 mg ao dia de Ginkgo protege a mucosa gástrica de patologias induzidas por álcool,  apresentando ação anti-inflamatória em colite ulcerativa e além disso reduz dores gastrointestinais (TRUEBA, 2003).

O Ginkgo tem sido um dos mais importantes agentes antioxidantes naturais capaz de eliminar erro na divisão de células evitando a formação de lesões e morte celular com propriedades para inibir a angiogênise por meio da regulação do gene VEGF, além disso é um potente agente antitumoral com bons resultados na prática clínica auxiliando tanto na prevenção quanto na terapia de vários tipos de câncer. O Ginkgo também contribui para apoptose de células tumorais. Pesquisas recentes demonstram que o Ginkgo é capaz de inibir a proliferação celular da linhagem do câncer de mama (CASTANHO; FUNKE; FRANÇA, 2007).

Suas propriedades farmacológicas são baseadas nos efeitos protetores neurocerebrais, pois melhora a permeabilidade da membrana celular que inibi o edema cerebral. Com o passar da idade, ocorre uma redução nos receptores muscarinérgicos nesse momento, se o Ginkgo for ingerido, ocorrerá redução dos receptores, melhorando a absorção de colina para o hipocampo, aumentando a performance da memória e da capacidade de aprendizagem, melhorando as propriedades do fluxo sanguíneo  (BALLONE, 2008).

Foi realizado um estudo aberto, controlado para medir os efeitos da coenzima Q10 combinado com o extrato de Ginkgo biloba em indivíduos voluntários com diagnóstico clínico de síndrome de fibromialgia. Os participantes receberam doses via oral de coenzima Q10 e Ginkgo biloba 200 mg por dia durante 84 dias. Houve uma progressiva melhora na  qualidade de vida de pacientes que sofriam com os sintomas de dores corporais resultantes da doença. No final do estudo foi observado uma  diferença significativa acompanhada por uma melhoria  de 64% de pacientes com fibromialgia e  9% Alegando sentir pior. Os efeitos adversos foram leves (ARRANZ; CANELA; RAFECAS, 2010).

É utilizado na prática clínica para tratamento dos distúrbios de memória, Síndrome de Alzheimer, distúrbios cardiovasculares, isquemia cerebral, aumento da atividade e libido sexual, doenças psiquiátricas e depressão,tem suas ações comprovadas  no tratamento da insuficiência cerebral caracterizada por sintomas tais como: dificuldades de concentração, confusão, indisposição, cansaço, redução da performance física,  tontura e cefaléia. É utilizado também para o tratamento de doenças da circulação sanguínea relacionadas com a idade, assim como asma e câncer (LEITE; BRANCO, 2010).

 

3.4 Efeitos colaterais

 

São descritos efeitos colaterais como distúrbios gastrointestinais, diarréia, flatulência e transtorno circulatório aumentando a queda da pressão arterial e sangramentos, além de cefaléia. É contra indicado em pacientes usuários de anticoagulantes e em pacientes que irão se submeter a processos cirúrgicos, dada a possibilidade de causar hemorragias (WHO, 1999).

 

3.5 Apresentações comerciais

 

Em geral, há formulações na forma de comprimidos revestidos de 40 mg: Cada comprimido revestido contém 40 mg de  extrato seco de Ginkgo biloba L a 24% de ginkgoflavoglucosídeos (equivalente a 19,2 mg de ginkgoflavoglucosídeos, especificamente quercetina, kempferol). Comprimido revestido contendo 80 mg de  extrato seco de Ginkgo biloba L a 24% de ginkgoflavoglucosídeos (equivalente a 19,2 mg de ginkgoflavoglucosídeos, especificamente quercetina, kempferol).Comprimidos revestidos de 120 mg: Cada comprimido revestido contém 120 mg de extrato seco de Ginkgo biloba L a 24% de ginkgoflavoglucosídeos (equivalente a 28,8 mg de ginkgoflavoglucosídeos, especificamente quercetina, kempferol) .Comprimidos revestidos de 180 mg: Cada comprimido revestido contém 180 mg de extrato seco de Ginkgo biloba L a 24% de ginkgoflavoglucosídeos (equivalente a 30,0 mg de ginkgoflavoglucosídeos) especificamente quercetina, kempferol (RAMOS, 2010).

 

3.6 Efeitos tóxicos

 

Outras formas de utilização do ginkgo biloba como as folhas frescas, ou os extratos em baixas concentrações, não produzem os efeitos desejados. O primeiro extrato desenvolvido foi o EGb 761 no qual o ginkgolídio  foi  estudado quanto aos aspectos químicos, farmacológicos e toxicológicos.  As sementes, caules e folhas contém 4'-O-metilpiroxidina, que causam sintomas de deficiência da vitamina B6, incluindo convulsões (TUROLLA; NASCIMENTO, 2006).

Existe um número cada vez maior de estudos científicos que comprovam a toxicidade de plantas antes usadas sem restrições e de forma indiscriminada. O Ginkgo foi responsável por dezenas de casos de hepatotoxicidade na Europa. No Brasil, na década de 80 o Ginkgo foi utilizado como planta para a cura de diversas doenças. Estudos realizados demonstraram o risco do uso interno da planta, sendo relatados efeitos tóxicos de alquilfenóis, efeitos alergênicos e propriedades imunotóxicas. A idéia de que plantas medicinais não apresentam potencial de toxicidade e que por serem “naturais” é freqüente, pode levar a sérias conseqüências como efeitos colaterais e intoxicações. É necessária a implementação de medidas de educação e informação efetivas que contribuam para o uso racional de plantas medicinais (OLIVEIRA; GONÇALVES, 2006).

 

3.7 Interações medicamentosas

 

OS fitoterápicos são amplamente utilizados, principalmente pelos portadores de doenças crônicas e em associações medicamentosas com diversos fármacos. As possíveis interações entre eles estão sendo estudadas, pois podem alterar os perfis de eficácia e segurança de muitos fármacos. Fitoterápicos elaborados com Ginkgo podem interferir na farmacocinética e farmacodinâmica de diversos fármacos podendo provocar conseqüências graves aos pacientes. Pode  interferir nos processos de absorção, distribuição, metabolismo e excreção do fármaco afetando os resultando dos efeitos esperados. A maioria dos fármacos tem seus efeitos terapêuticos explicados através da ligação a receptores específicos. A administração de fármacos e fitoterápicos pode alterar os níveis de resposta a esses receptores, provocando a ampliação ou redução do efeito farmacológico esperado devido ao sinergismo ou antagonismo (ALEXANDRE; BAGATINI; SIMÕES, 2007).

O Ginkgo interfere com a ação farmacológica de alguns fármacos, sendo essas interações representadas na tabela a seguir:

Tabela 1. Principais interações medicamentosas de Ginkgo biloba com medicamentos alopáticos (ALEXANDRE; BAGATINI; SIMÕES, 2008).

 

Classe farmacológica

Fármaco

Interações

Anticoagulantes orais

Warfarina

Risco de hemorragia

Anti-inflamatório não esteroidal

 

AAS

Risco de hemorragia

Anti-hipertensivo inibidor dos canais de cálcio

 

Nifedipina

Reação adversa do fármaco

Antiulceroso inibidor da bomba de prótons

Omeprazol

Diminuição plasmática do efeito terapêutico e eficácia do fármaco

Anticonvulsivantes

Valproato de sódio

Diminuição da eficácia do fármaco

Antidepressivo

Trazadona

Aumento dos efeitos sedativos provocar  coma e redução da disfunção sexual

 

Usuários que utilizam medicamentos como cimetidina, eritromicina, cisaprida e cilostazol não devem associar o Ginkgo por ter a mesma via metabólica citocromo P450 causando a potencialização dos seus efeitos e consequentemente reações adversas como taquicardia, palpitações, diarréias e cefaléia (SEGURA; DELGADO; TORRES, 2000).

O uso de medicamentos fitoterápicos à base de Ginkgo podem reduzir a eficácia dos anticonvulsivantes, podendo causar epilepsia. As crises foram controladas após a suspensão do tratamento com o medicamento fitoterápico. Associações à base deGinkgo podem aumentar a atividade do haloperidol e da olanzapina, devido ao efeito antioxidante. Estudos verificaram a redução dos níveis plasmáticos da enzima superóxido dismutase além da redução da catalase sugerindo que o ginkgo seqüestra os radicais livres produzidos, em casos de esquizofrenia (TESKE; TRENTINI, 2001).

Foi verificado também que o uso concomitante a base de Ginkgo e estrogênios podem provocar efeitos adversos devido ao aumento da atividade estrogênica, tais como mastalgia (dor no seio) e sangramento menstrual excessivo. Alguns relatos de casos sugerem que o Ginkgo possui atividade semelhante aos hormônios estrogênicos (TRUEBA, 2003).

O extrato de Ginkgo é bem absorvido e não é prejudicado com o uso concomitante de alimentos, é metabolizado no fígado e possui alta biodisponibilidade quando ingerido oralmente, tendo meia vida de 3 horas. Atualmente existe a recomendação da não utilização do extrato de Ginkgo durante a gestação e amamentação devido a escassez de estudos (SEGURA; DELGADO; TORRES, 2000).

Está descrito na literatura interação à base de Ginkgo e de trazodona (antidepressivo), essa interação ocorre pelo fato de que os flavonóides presentes no Ginkgo aumentam a atividade gabaérgica, devido ao efeito direto nos receptores benzodiazepínicos (ALEXANDRE; BAGATINI; SIMÕES, 2008).

O uso contínuo de Ginkgo associado ao anti-inflamatório AAS, aumenta a incidência de sangramento gastrointestinal pela inibição do tromboxano A2 da cascata de coagulação. Esses casos podem ser explicados pelo fato de que os ginkgolideos, são um inibidor do fator de agregação plaquetária. Outra interação é entre o Ginkgo e a nifedipina, que aumenta a freqüência de efeitos adversos de anti-hipertensivo, devido à inibição do sistema enzimático citocromo P450 pelos componentes do Ginkgo (BALLONE, 2008).

O Ginkgo associado ao omeprazol reduz sua biodisponibilidade e aumenta a concentração plasmática do seu metabólito ativo chamado 5-hidróxiomeprazol podendo induzir uma enzima chamada isoforma CYP2C19, e com isso reduzindo sua concentração plasmática (ALEXANDRE; BAGATINI; SIMÕES, 2008).

Estudos preliminares demonstram que o Ginkgo pode afetar os níveis de insulina e açúcar no sangue, o que requer cuidados adicionais ao usuário destes medicamentos. Em teoria, o Ginkgo pode intensificar a ação de drogas usadas para disfunção erétil como sildenafil. Existem inúmeros estudos sobre as interações envolvendo o Ginkgo, baseados em dados de laboratório e pesquisa em humanos, o uso de Ginkgo pode diminuir a pressão sanguínea, embora haja relato de elevação de pressão em indivíduo que estava tomando diurético à base de tiazida (NICOLETTI et al., 2010).

O Ginkgo potencializa a ação do clopidogrel e de anticoagulantes como a varfarina e heparina. Usuários de medicamentos contendo alho, vitamina E e outras drogas antiplaquetárias ou anticoagulantes devem ser advertidas sobre os riscos das possíveis interações com esta planta. O uso do Ginkgo também diminui a ação da fenitoína e em presença de antidepressivos inibidores da monoamino oxidase intensifica a ação farmacológica destas drogas e também dos efeitos colaterais como cefaléia, tremores e surtos maníacos. Quando usado com sertralina, poderá ocorrer o aumento nos batimentos cardíacos, hipertermia, sudorese e agitação (NICOLETTI et al., 2010).

 

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

As plantas medicinais como o Ginkgo biloba L, antes usadas sem restrições e de forma indiscriminada apresentam potencial de toxicidade, interações medicamentosas e efeitos adversos. Por isso é necessária medidas de informação efetivas que contribuam para o uso racional de plantas medicinais. O ginkgo sendo usado com cautela, orientação e indicação médica pode trazer vários benefícios a saúde, melhorando os distúrbios de memória, aumentando a circulação sanguínea entre outros. Por isso muitos médicos adotaram a prescrição do Ginkgo biloba pelo fato de apresentar uma ótima ação farmacológica, tornando esse fitoterápico aceito com todas as exigências de segurança e eficácia.