Introdução Germinação, por definição, é uma série de eventos que começa a partir da absorção de água pela semente seca e termina com a elongação dos prolongamentos do embrião (BEWLY e BLACK, 1994). Dentre os fatores que dificultam o uso das sementes de gramíneas forrageiras tropicais está à presença de dormência que, impedindo a germinação, interfere diretamente no estabelecimento uniforme da pastagem (ALMEIDA e SILVA, 2004). Dormência é o fenômeno pelo qual as sementes, apesar de viáveis e dispondo das condições ambientais necessárias, não germinam (CARVALHO e NAKAGAWA, 1983). Nas gramíneas forrageiras tropicais, a dormência se associa a causas fisiológicas presentes em sementes recém-colhidas, progressivamente suprimidas durante o armazenamento, ou a causa físicas, provavelmente relacionadas a restrições à entrada de oxigênio impostas pela cobertura das sementes (WHITEMAN e MENDRA, 1982). Métodos que visam a diminuição da dormência têm sido pesquisados, para uso laboratorial e industrial, empregando H2SO4 que, apesar de eficiente, pode gerar prejuízos aos trabalhadores operacionalmente envolvidos, à qualidade das sementes e ao meio ambiente. O ácido sulfúrico interfere negativamente na germinação das sementes colhidas há mais de 10 meses (OLIVEIRA; MASTROCOLA, 1983), mas contrário a esses resultados, essa prática reduziu a dormência, sem prejuízos à qualidade das sementes de Brachiaria brizantha armazenadas por 18 meses verificada por Martins e Lago (1996), verificada também por Castro et al. (1994), e em B. decumbens foi menos evidente (ATALLA; TOSELO, 1979; GONZÁLEZ et al. 1994). A eficiência de tratamentos térmicos e de imersão em ácido sulfúrico, no que se refere à redução da taxa de dormência, foi similarmente constatada em sementes de Brachiaria decumbens (CASTRO et al., 1996). Prejuízos fisiológicos latentes após o armazenamento, relacionados com a mortalidade das sementes escarificadas com ácido sulfúrico, foram observados em sementes de B. decumbens (GONZÁLEZ et al., 1994). Alguns procedimentos capazes de favorecer a redução da dormência e a elevação imediata do desempenho agronômico podem, com o passar do tempo, contribuir para a deterioração das sementes (ALMEIDA; SILVA, 2004). O uso de reguladores vegetais na agricultura tem mostrado grande potencial no aumento da produtividade, embora sua utilização ainda não seja uma pratica rotineira em culturas que não atingiram alto nível tecnológico. Os biorreguladores vegetais são substâncias sintetizadas que aplicadas exogenamente possuem ações similares aos grupos de hormônios vegetais conhecidos (citocininas, giberelinas, ácido indolil acético e etileno) (VIEIRA; CASTRO, 2002). O bioestimulante ou estimulante vegetal se origina pela mistura de dois ou mais biorreguladores ou de biorreguladores com outras substâncias (aminoácidos, nutrientes, vitaminas) (CASTRO; VIEIRA, 2001). Levando-se em consideração que o Stimulate® tem em sua composição, o ácido indolbutírico (auxina) 0,005%, cinetina (citocinina) 0,009% e ácido giberélico (giberelina) 0,005%, sendo estes, hormônios vegetais, que atuam como mediadores de processo fisiológicos. Acredita-se que este bioestimulante pode em função de sua composição, concentração e proporção das substâncias, incrementar o crescimento e desenvolvimento vegetal estimulando a divisão celular, podendo também aumentar a absorção de água e nutrientes pelas plantas (VIEIRA & CASTRO 2002). O Organic Fish® é um produto a base de pirolenhoso e extrato de peixes. Informações apresentadas no rótulo do produto, diz que este fertilizante promete um rápido e abundante desenvolvimento da raiz, confere maior resistência aos mais diversos tipos de estresse a que a planta pode ser submetida, ajuda no crescimento vegetal devido à atividade fito-hormonal, aumenta a produção de clorofila e estimula a ação de microorganismos benéficos do solo. Material e Métodos O material utilizado foi a semente da espécie Brachiaria decumbens cv. Basilisk, conhecida como Australiana. Para o controle, foram utilizadas 200 sementes que ficaram embebidas em água destilada por 5 horas e posteriormente dividas em quatro placas de petri. No teste com o Stimulate®, cinqüenta sementes ficaram imersas em solução 0,5%, outras cinqüenta em solução 1,0% e outras cinqüenta em solução 1,5% por 5 horas. O mesmo foi feito com o Organic Fish® nas mesmas concentrações. Após o período de imersão, cada lote de semente foi depositado em uma placa de petri e colocado para germinar em uma estufa com controle de luminosidade. Resultados e Discussão A tabela 1 mostra os dados de germinação de sementes de Brachiaria decumbens cv. Basilisk, submetidas ao tratamento com bioestimulantes, Stimulate e Organic Fish, por pré embebição. Os dados foram submetidos à análise estatística e não houve diferença significativa no número de sementes germinadas com nenhum dos tratamentos. Porém no tratamento com Stimulate na concentração 1% ocorreu um sensível aumento no número de sementes germinadas. Tabela 1. Germinação de sementes de Brachiaria decumbens cv. Basilisk embebidas em solução de Stimulate e Organic Fish. Tratamento Doses (%) (v:v) 0 0,5 1,0 1,5 Stimulate 67 64,5 76,5 66,5 Organic Fish 67 62,5 66 60 Média Geral 67 63,5 71,3 63,3 Conclusão No experimento com Brachiaria decubens cv. Basilisk não houve nenhuma mudança na germinação com os tratamentos com Stimulate e com Organic Fish. Referências ALMEIDA, C.R.; DA SILVA, W.R. Comportamento da dormência em sementes de Brachiaria dictyoneura cv. Llanero submetidas às ações do calor e do ácido sulfúrico Revista Brasileira de Sementes, Piracicaba, vol. 26, nº 1, p.44-49, 2004. ATALLA, L.M.P.; TOSELO, J. Observações sobre dormência em duas espécies de Brachiaria: B. decumbens e humidicola em condições de laboratório. Científica, Jaboticabal, v.7, n.3, p.353-355, 1979. BEWLEY, J.D., BLACK, M. Seeds: Physiology of Development and Germination. Nova York, Plenum Press, 1994. CARVALHO, N.M.; NAKAGAWA, J. Sementes: ciência, tecnologia e produção. 2.ed. Campinas: Fundação Cargill,1983. 429p. CASTRO, C.R.T.; CARVALHO, W.L.; REIS, F.P. Influência do tratamento com ácido sulfúrico na germinação de sementes de Brachiaria brizantha Stapt. Revista Ceres, Viçosa, v.41, n.236, p.451-458, 1994. CASTRO, C.R.T.; CARVALHO, W.L.; REIS, F.P.; BRAGA FILHO, J. M. Superação da dormência tegumentar em sementes de Brachiaria decumbens Stapf. Revista Ceres, Viçosa, v.43, n.245, p.67-75, 1996. CASTRO, P.R.C; VIEIRA, E.L. Aplicação de reguladores vegetais na agricultura tropical. Guaíba: Agropecuária, 2001. 132p. GONZÁLEZ, Y.; MENDOZA, F.; TORRES, R. Efecto Del almaceniamento y la escarificacion quimica y mecânica sobre las semillas de Brachiaria decumbens cv. Basilisk. Pastos y Forrajes, La Habana, v.17, n.35, p.35-43, 1994. MARTINS, L.; LAGO, A.A. Germinação e viabilidade de sementes de Brachiaria brizantha (Hochst. ex A. Rich.) Staupf durante o armazenamento. Revista Brasileira de Sementes, Brasília, v.18, n.2, p.262-266, 1996. OLIVEIRA, P.R.P.; MASTROCOLA, M.A. Brachiaria humidicola (Rendle) Schweick: observações acerca da viabilidade de suas sementes. Boletim de Indústria Animal, Nova Odessa, v.40, n.1, p.49-53, 1983. VIEIRA, E.L., CASTRO, P.R.C. Ação de stimulante no desenvolvimento inicial de plantas de algodoeiro (Gossypium hirsutum L.). Piracicaba: USP. Dept°. Ciências Biológicas, 2002. 3p WHITEMAN, P.C.; MENDRA, K. Effects of storage and seed treatments on germination of Brachiaria decumbens.Seed Science and Technology, Zürich, v.10, p.233-242,1982.