UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE - FURG

CURSO DE PEDAGOGIA

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

EDUCAR PARA AVALIAR OU AVALIAR PARA MELHOR ENSINAR: a importância da avaliação para uma educação de qualidade

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

GABRIELLE POUJEAUX

 

 

 

 

Rio Grande, Novembro de 2010.

 

 

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE - FURG

CURSO DE PEDAGOGIA

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

EDUCAR PARA AVALIAR OU AVALIAR PARA MELHOR ENSINAR: a importância da avaliação para uma educação de qualidade

 

 

 

Trabalho apresentado como requisito da disciplina de Didática II sob orientação da Professora Suzane Rocha Vieira.

 

 

 

GABRIELLE POUJEAUX

 

 

 

Rio Grande, Novembro de 2010.

 

 

SUMÁRIO

 

 

INTRODUÇAO........................................................................................................................ 04

 

CAPÍTULO I – A AVALIAÇÃO COMO FATOR FUNDAMENTAL PARA O DESENVOLVIMENTO HUMANO.......................................................................................                                          05

                                                                                                                                                      

CAPÍTULO II - A AVALIAÇÃO NA ESCOLA E A QUESTÃO DA AUTOESTIMA........10

                                                                                                                                                      

CAPÍTULO III - CONSIDERAÇOES FINAIS......................................................................... 12

 

OBRAS CONSULTADAS........................................................................................................ 15

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

INTRODUÇÃO

O estigma de avaliar o aluno é um problema extremamente difícil e complexo para qualquer professor, tendo em vista que não se pode considerar apenas um fator como determinante para esse processo. Desta forma, consideramos a avaliação um assunto que gera muitas contradições e discussões em torno de seu eixo. Muitas vezes ela é empregada de forma equivocada, servindo, em alguns casos, para garantir a autoridade do professor e controlar a disciplina dos alunos. O papel do educador é adaptar-se, deixando de ser um retrógrado e um selecionador, para se tornar um gestor e mediador do conhecimento.

O objetivo deste estudo busca discutir a avaliação no processo de aprendizagem a partir de duas questões principais: o que se avalia e como se avalia. Também é um assunto que pode ser estudado e abordado nos mais diferentes aspectos e que quase sempre gera dúvidas, polêmicas e divergências de opiniões. Não é a intenção deste trabalho, responder a todas estas dúvidas, mas sim, tentar contribuir para que a questão avaliativa desenvolvida nas escolas seja encarada de forma a tomar decisões que promovam alterações no processo de ensino, a fim de mostrar o crescimento dos educandos e não apenas a simples constatação daquilo que eles sabem ou não sabem.

A avaliação da aprendizagem no cotidiano escolar vem sendo muito discutida, estudada e debatida pelos profissionais da educação. Com este estudo buscamos o aprofundamento do tema no que diz respeito às distorções que sofre o processo avaliativo, procurando respostas aos questionamentos existentes e assim intercalar com o estudo dos grandes teóricos da educação que abordam a avaliação no processo de aprendizagem.

Na condição de educadoras em formação, vemos que, dentro da escola, a maior parte dos educadores não realiza um olhar individualizado enquanto avalia seu educando. São nesses momentos que acreditamos na importância de se realizar a avaliação como um processo constante que não deve ser realizado apenas por uma avaliação formal e unificada, mas sim em todos os momentos em que o educando manifesta sua autonomia. Essas são umas das principais idéias que esse trabalho quer discutir.

Este estudo será dividido em dois momentos: no primeiro momento, faremos uma revisão de cunho bibliográfico onde analisaremos as concepções de diversos autores sobre a avaliação escolar, serão consultadas as obras de Hoffmann, Mendez, Perrenoud, Vasconcellos, Zabala e outros; e, no segundo, faremos uma análise, onde discutiremos o processo de avaliação dentro da escola e sua influencia na autoestima dos educandos e nossas considerações finais.

 

 

CAPÍTULO I – A AVALIAÇÃO COMO FATOR FUNDAMENTAL PARA O DESENVOLVIMENTO HUMANO

 

A avaliação é, ainda hoje, um assunto polêmico para os professores. Muitas vezes empregada de forma equivocada é utilizada para garantir a autoridade do professor e controlar a disciplina dos alunos. Esses, por sua vez, se vêem frente a situações conflituosas que lhes causam ansiedade, medo e angústias decorrentes da preocupação em não atingir aos objetivos propostos e, em conseqüência disto, temer resultados discriminatórios.

A avaliação é, muitas vezes confundida com julgamento e os alunos são diariamente julgados pelos professores. Aqueles que vêm apresentando comportamentos inadequados, ou o fato de não terem aprendido alguns conteúdos ou conceitos considerados essenciais pelos professores no processo ensino-aprendizagem, de uma forma geral são responsabilizados por seus erros, como se pode observar na afirmação de Gimeno e Pérez Gómez, “dentro da concepção e usos mais difundidos, costuma-se entender a avaliação como uma atividade dos professores/as sobre os alunos/as. Na linguagem pedagógica mais corrente, falar de avaliação é pensar em algo que inevitavelmente recai sobre estes (1998, p. 297).

Como um fim em si mesma, a avaliação não desempenha um de seus objetivos mais significativos, ou seja, o de apoio e de aperfeiçoamento do processo ensino-aprendizagem. Para que tal objetivo se concretize se faz necessário conceber a avaliação como uma prática que faz parte do dia-a-dia e não só em momentos especiais e de clima formal.

Um dos grandes problemas no processo avaliativo está na forma como os professores procedem na sua trajetória educativa, limitando-se, geralmente, a transmitir o conteúdo e avaliar os alunos em provas ou trabalhos. Hoffmann em seus estudos destaca que:

[...] o “fenômeno avaliação” é, hoje, um fenômeno indefinido. Professores e alunos que usam o termo atribuem-lhe diferentes significados, relacionados, principalmente, aos elementos constituintes da prática avaliativa tradicional: prova, nota, conceito, boletim, recuperação, reprovação (1991, p. 14).

 

Luckesi (1997) faz uma distinção entre verificação e avaliação. O termo verificar provém do latim – “verum facere” e significa “fazer verdadeiro”. Contudo, o conceito de verificação surge da intenção de comprovar a verdade de algo, e com a obtenção do resultado chega-se a conclusão do que foi verificado, ou seja, se é ou não o que esperava. O termo avaliar também tem sua origem no latim e provém da composição – “à valere” que significa “dar valor à...”. O ato de avaliar adquire seu sentido no momento em que coletam-se, analisam-se e sintetizam-se os dados de um processo de educação, atribuindo, ao final um valor.

Estudos críticos sobre a prática da avaliação da aprendizagem são desenvolvidos por Luckesi (1997), que, a partir de abordagens sociológicas, políticas e pedagógicas, denuncia o autoritarismo como fator que torna a avaliação um instrumento antidemocrático, ao mesmo tempo em que acredita na avaliação como um instrumento capaz de garantir a qualidade da aprendizagem do aluno e democratização do ensino.

A compreensão da avaliação em suas dimensões globais e em suas relações com todo fazer pedagógico reprodutor das classes sociais é uma questão ressaltada por Vasconcellos (1990, 1993). Ele analisa e reflete sobre as questões enfrentadas pelos professores no seu dia-a-dia. Em sua opção por uma educação libertadora, o autor defende a necessidade de colocar a avaliação em questão para poder transformá-la. Denuncia o grau de perversão a que chegou a situação da avaliação no sistema escolar e propõe o seu desenvolvimento numa perspectiva transformadora.

Hoffmann (1991, 1993, 1998) revela reflexões sobre a avaliação com o intuito de contribuir para a construção de uma prática pedagógica que evidencie uma postura avaliativa mediadora. Para a autora:

[...] a transformação da prática avaliativa exige de todos (agências formadoras, órgãos oficiais de educação, escolas, professores e sociedade) da humildade que se reconheçam “alfabetizandos” na questão de uma prática avaliativa mediadora e promotora do desenvolvimento do educando. Humildade que gere uma integração efetiva de todos para enfrentar o mito de eliminação na escola brasileira (1998, p. 74).

 

A partir da revisão bibliográfica procuramos responder os questionamentos que nortearam este trabalho, tentando estabelecer uma clara relação com os dados obtidos no seu desenvolvimento.

Acreditamos que as respostas a tais questionamentos revelam as distorções do processo avaliativo permitindo, assim, o estudo para uma melhoria da qualidade da educação, remetendo principalmente para encaminhamentos de uma prática de avaliação do rendimento, que contribua com o processo de aprendizagem e formação dos alunos.

Nestes últimos anos, percebemos uma grande preocupação por parte dos estudiosos sobre a educação, quanto à avaliação da aprendizagem, que deixou de ser focalizada como problema único e exclusivamente da didática, na medida em que os autores começaram a estudá-la como questão psicológica e também social, principalmente por se caracterizar num momento no qual o poder se manifesta.

Há algum tempo a escola vem sendo vista como uma maneira de progredir, de se promover socialmente, como um lugar de igualdade de oportunidades. Atraídos por este pensamento os pais conduzem as crianças às escolas, na tentativa de que elas integrem aos grupos dominantes e que cheguem a algum lugar.

Na verdade, este tipo de visão sobre a escola está equivocado, pois as relações de poder e subordinação presentes na sociedade reproduzem-se na escola pela sua forma de organização e funcionamento. Toda a “[...] escola estabelece suas próprias hierarquias[...]” (Ludke e Mediano, 1992, p. 132).

Uma prova disto é o conhecimento transmitido na escola, que reproduz a cultura dominante e os valores privilegiados pela sociedade. O cotidiano mostra um exemplo de tal postura; estudantes, filhos de operários, ao ingressarem na escola têm de abdicar dos conhecimentos que já possuem, de negar sua cultura, seus próprios valores em função de uma cultura que se opõe a sua, tendo que freqüentar este outro mundo que não é o seu, e viver uma vida que não é a sua.

Conforme Sousa (1991) a função principal da avaliação tem sido a de discriminar e classificar os alunos, esta classificação consiste em selecionar os alunos que são capazes de prosseguir os estudos sob uma visão de perspectiva social e eliminar os alunos vindos de classes sociais menos favorecidas. Isso se dá com mais facilidade, já que o conhecimento transmitido na escola é o da cultura dominante e a avaliação visa verificar este conhecimento. Neste caso as especificidades dos alunos não são levadas em conta nem mesmo o seu saber. A avaliação acaba por exercer o controle do conhecimento e das hierarquias sociais.

Frente à organização da sociedade, não podemos deixar de nos perguntar: como é possível tão poucos dominarem a tantos? Esta pergunta demanda profundas análises, mas podemos encontrar também reflexos da avaliação escolar. A classe dominante, para manter seu poder, precisa fazer com que cada um se conforme com o lugar que ocupa na sociedade, pelo reconhecimento de sua desvalia, de sua incompetência. Essa associação ideológica, segundo Vasconcellos (1993), é terrível, pois interioriza-se no sujeito, sem que se dê conta e, dessa forma, acaba levando a que apóie e colabore com seu dominador. Evidentemente, se o sujeito não tem consciência de sua dignidade, de seu valor, de seus direitos, sente-se culpado, inferior, como pode ter ânimo para a luta?

A avaliação escolar contribui muito com o processo de dominação, pois desde a infância alguns educadores rotulam e ajudam a formar um autoconceito negativo (incapaz, problemático, entre tantos outros). Vasconcellos reforça esta idéia quando diz que

“o problema central da avaliação, portanto é o seu uso como instrumento de discriminação e seleção social, na medida em que se assume, no âmbito da escola, a tarefa de separar os “aptos” dos “inaptos”, os “capazes” dos “incapazes”. Além disso, cumpre a função de legitimar o sistema dominante” (1993, p.28).

 

Não podemos cair, entretanto, no erro de considerar que a escola é a responsável pela organização social; na verdade a escola apenas reforça e realimenta uma organização já existente, da qual ela não é a origem nem causa principal. Há uma base sócio-política, econômica e cultural na sociedade de classes. Esta é a raiz principal do problema. A classe dominante utiliza de todos os meios e instituições para se reproduzir e perpetuar, inclusive da escola. A escola ajuda neste processo de discriminação social.

O grande entrave da avaliação está no seu uso como instrumento de controle, de persuasão, ideologia e discriminação social. A avaliação que deveria ser um acompanhamento do processo educacional acabou tornando-se o objetivo deste processo, na prática dos alunos e da escola; é o famoso estudar para passar.

Vasconcellos nos mostra isto quando diz:

O caráter político da avaliação se traduz concretamente na possibilidade de reprovação do aluno. A avaliação não seria este “bicho de sete cabeças”, se não houvesse o respaldo legal para a reprovação do aluno por parte do professor. Objetivamente, no sistema educacional, a avaliação é hoje o instrumento de controle oficial, o “selo” do sistema, o respaldo legal para a reprovação/aprovação, para o certificado, para o diploma, para a matrícula, etc. (1993, p.29).

 

Para que a escola possa ser utilizada como instrumento de controle, de dominação e de discriminação social é necessário que o aluno consiga uma vaga na escola. A escolarização de todos os cidadãos é uma exigência da sociedade moderna, para usufruir dos bens criados por esta sociedade. A escolarização é necessária para que se tenha algum tipo de conhecimento, pois não é fácil ir às compras, pegar um ônibus ou achar um endereço somente seguindo placas com os nomes das ruas, se a pessoa não tiver um mínimo de domínio da leitura, se não compreender o que está escrito por todos os lugares e que servem para facilitar a vida das pessoas alfabetizadas. Pensando em atos mais complexos pode-se perguntar: como participar dos bens culturais, sentir o prazer de um romance, um poema, sem a capacidade de ler e entender o que está escrito? Como apropriar-se de informações sem um nível abstrato de conhecimento, que possuam exigências mais complexas que a simples posse instrumental de leitura? Pensando no lado econômico, não há como compreender e desempenhar razoavelmente uma atividade produtiva sem um mínimo de compreensão dos complexos processos de produção dentro dos quais vivemos.

Sem esse nível de entendimento não há nem mesmo como exigir os próprios direitos, desde que sem eles, nem mesmo estes direitos chegam a formular-se ao nível da consciência das pessoas. Não será certamente a escolarização sozinha que possibilitará aos cidadãos esses níveis de clareza e entendimento. Porém ele é um fator de grande importância para se chegar a esse patamar de compreensão e ação.

Deste modo, o mínimo que se poderia pensar da democratização do ensino seria garantir a todos a possibilidade de ingressar no processo de escolarização, tendo em vista a aquisição de um instrumental mínimo que fosse para auxiliá-lo na movimentação dentro dos bens que esta sociedade criou, como útil e necessário ao bem viver.

 

 

 

 

 

 

CAPÍTULO II - A AVALIAÇÃO NA ESCOLA E A QUESTÃO DA AUTO - ESTIMA.

        

O homem em suas relações sociais, na busca de realização e de construção pessoal, necessita de amor, elogio, respeito e consideração. Durante a vida escolar, sentimentos de êxito contribuirão para o aumento de perspectivas futuras em termos de adequação afetiva e profissional.

No entanto, é assustadora a maneira como os professores tratam os alunos, ou seja, desconsiderando totalmente o aspecto afetivo, considerando apenas o cognitivo, o que acaba só afetando o processo ensino-aprendizagem, mas também influenciando profundamente o desenvolvimento da auto-imagem e da auto-estima dos educandos. Essa desconsideração pelo afetivo é abordada por Mosquera quando afirma que: “Muitas vezes os estudos maçantes, as exigências sem real significado e desempenhos obrigados, trazem desgosto pela escolarização obrigatória não propiciando desenvolvimento intelectual e, muito menos, afetivo” (1977, p. 49).

O professor precisa considerar que seus alunos estão em processo de desenvolvimento e que através da avaliação de suas ações é que eles vão aprendendo a confiar nas suas habilidades ou não. É dessa avaliação que depende e vai determinar o maior ou menor grau de autoconfiança que ele vai adquirir sobre si, que vão impulsioná-lo a obter mais ou menos resultados positivos.

Os alunos precisam acreditar neles mesmos e no seu ambiente para que, cada vez mais, aprendam a lidar com novas situações, explorando ao máximo suas capacidades. Esse processo favorece o sentimento de auto-estima, já que possibilita o crescimento individual dos alunos de acordo com suas potencialidades. Para Boneti: “A auto-estima é o aspecto afetivo do autoconceito. Ela representa o valor que a pessoa atribui às qualidades de que julga possuidora” (1987, p. 57).

Os professores exercem grande influência na formação do autoconceito de seus alunos através do ambiente que criam para a aprendizagem em sua sala de aula, e também pelas suas ações e atitudes em relação aos seus comportamentos. Escolher a melhor forma de avaliar contribuirá para o desenvolvimento do pensamento crítico do aluno. Demo, a essa escolha se refere quando diz que:

“Estudar ainda é visto como imposição datada, da qual precisamos nos liberar, logo que possível. É percebido como uma obrigação e não como a razão de ser de uma vida mais autônoma. A informação ligeira domina nossas vidas. Não a discutimos ou contestamos. Mantemo-nos como objetos do mercado das comunicações engolindo o que se apresenta e muitas vezes preferindo a ênfase à relevância e significado das notícias. Bastaria olhar para as figuras emblemáticas da TV, em especial as mocinhas que fazem programas para crianças. Invariavelmente são pessoas com formação precaríssima, até porque isso não seria o critério principal de sua escolha. Não são figuras bem estudadas, lidas, formadas, e que representam o ideal de uma sociedade que preza aprender e conhecer.” (2006, p. 35)

 

Atualmente, o professor possui o subsídio de documentos oficiais como os PCN’s e RCNEI para nortear o seu trabalho, bem como a orientação do projeto político pedagógico da escola que determina aspectos sobre a avaliação na instituição, porém segundo o MEC (BRASIL, 1996), estes são guias de reflexões que propõem metas, objetivos, conteúdos e orientações didáticas. São flexíveis, com uma proposta não-obrigatória, que poderá subsidiar a construção da avaliação. Porém, Cerisara (1999) alerta sobre a contradição da não-obrigatoriedade, uma vez que os municípios só podem participar se optarem por implementá-lo, ou seja, a não-adesão ao documento não dá direito ao pacote de formação que prevê os parâmetros de ação.  Contudo, muitas escolas, por desconsiderarem estes documentos, acabam reproduzindo avaliações tradicionais baseadas unicamente em provas com dia e hora marcada e verificando a capacidade de memorização dos alunos. Essa postura acaba por não ter reflexão, consciência, nem intencionalidade.

O ser humano, mais que outros seres, têm a habilidade de fazer história, mas até certo ponto. A caminhada se reduz a presença de fatores externos nos quais aparecemos como objetos. Uma das forças externas mais poderosas é o mercado de trabalho que realiza uma avaliação de desempenho capaz de atravancar qualquer história. Desta forma nos acostumamos a ser avaliados constantemente e, se não servimos para o modelo desejado somos excluídos sem piedade e isso influi sobremaneira em nossa auto-estima.

 

 

 

 

3.2 CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

O que torna a avaliação um processo delicado é que, em nossa imaginação, ela está sempre relacionada com julgamento de valor: é bom, é mau, melhor, pior. Isto é natural, visto que estamos sempre dando valor a tudo. Porém, sabemos que o perigo está em usarmos a avaliação de desempenho e aprendizagem de um aluno para taxá-lo, discriminá-lo, desclassificá-lo ou para desistir dele.

Tomando como base a reflexão feita sobre avaliação ao longo desse trabalho, concluo que os professores, de modo geral, representam personagens importantes para a mudança ou transformação da distorção do processo avaliativo, já que eles participam dela e assim como os alunos supervalorizam notas e provas e os fazem em momentos estanques do processo ensino-aprendizagem. Acredito no papel do supervisor e confio que este profissional possa ser capaz de fazer com que o professor  reflita  profundamente sobre sua prática, porque só assim estará buscando uma mudança concreta, contínua e, principalmente, carregada de sentido.

A avaliação, que deveria ser um acompanhamento do processo educacional, na maioria das vezes, constitui-se em objetivo desse processo, perdendo seu significado e propósito. O ato de avaliar não se destina a um julgamento sobre alguma coisa, pessoa ou situação, pois não deve ser um ato seletivo.

O processo avaliativo tem muito ainda a ser estudado pelos professores, para que não seja mais visto como fonte de discriminação e classificação dos alunos em aprovados e reprovados. Ele deve servir para, que no caso de insatisfação na aprendizagem, haja uma orientação ou, no caso, de satisfação se encaminhe os educandos para passos posteriores.

O sistema educacional apóia-se na avaliação classificatória e tem a pretensão de verificar aprendizagem ou competências através de uma avaliação quantitativa. Esse tipo de avaliação parte do princípio de que todos os alunos aprendem da mesma forma, simultaneamente, evidenciando competências isoladas.

Todo processo pedagógico, no qual a avaliação está inserida, visa o crescimento dos alunos, oportunizando-lhes mudanças satisfatórias que integrem, na sua realidade de vida, a prática escolar. E ainda contribua para a formação de um autoconceito positivo, através desta prática, que aceita seus erros, não os vendo como causas perdidas e fracassadas, mas como encaminhamentos às novas situações que os levarão ao sucesso.

Para nós, a avaliação deveria ser um processo de aprendizagem contínuo e diário, e não apenas métodos isolados e ultrapassados como provas e testes que acabam por “torturar” os educandos. Tais métodos deixam os mesmos cada vez mais frustrados, desencorajados, desmotivados, entre tantos outros malefícios que podem acarretar este tipo de avaliação tradicional. Portanto, atribuir uma nota é, apenas, expressar os resultados e não avaliar.

A avaliação só irá contribuir para a melhoria da aprendizagem se for realizada com base num projeto pedagógico amplo, pois ela deve ser resultado de uma discussão, de forma honesta e transparente, entre todos os elementos envolvidos no processo.

Mesmo que avaliar implique, de alguma forma, em medir, a avaliação deve ser muito mais ampla que a medida ou a qualificação. Não é um processo em si, mas faz parte de um processo muito maior, que é o processo de ensino e aprendizagem.

A transformação da prática avaliativa leva a um questionamento sobre a própria razão da educação escolar, seus fundamentos, concepções, organização e normas.

É preciso que as escolas e seus profissionais compreendam a grande  importância à avaliação, nunca deixando de destacar que ela é contínua e formativa, nem de considerá-la como mais um elemento do processo de ensino e aprendizagem que, certamente, permitirá, a partir da análise de seus resultados, novas e melhores ações didáticas.

Todas essas idéias precisam concretizar-se para que, realmente, possam modificar as práticas de sala de aula a fim de tomarem uma direção inovadora que, verdadeiramente, tragam qualidade ao processo educativo.

O importante é que essa transformação ocorra internamente no professor, para que a escola possa realmente voltar-se para a perspectiva do desenvolvimento integral do aluno. A avaliação tem como objetivo mais importante, o diagnóstico, para que possam ser identificadas as causas dos fracassos ou dificuldades visando uma qualificação da aprendizagem.

O sentido da avaliação em educação, sem dúvida, deve ser o de conhecer o aluno, suas competências, sua forma de aprendizagem, seus interesses e técnicas de trabalho.

OBRAS CONSULTADAS

 

BONETI, Rita Vieira de Figueiredo. A importância do sentimento de competência sobre auto-imagem e auto-estima da criança. Contexto e Educação. Universidade de Ijuí. Ano 2. Nº 5 jan/mar, 1987.

BRASIL. MEC. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, no 9394/1996.

CERISARA, A. B. Educar e Cuidar: por onde anda a Educação Infantil? Perspectiva, Florianópolis, v.17. n. Especial, p-11/24, jul/dez 1999

DEMO, P. Leitores Para Sempre. Porto Alegre: Mediação, 2006.

GIMENO, J. & PÉREZ GÓMES, A.I. Compreender e transformar o ensino. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998

hoffmann, Jussara. Avaliação: mito e desafio – uma perspectiva construtivista. 2. ed. Porto Alegre: Educação e Realidade, 1991.

_________________. Avaliação mediadora: uma prática em construção da pré-escola à universidade. Porto Alegre: Educação e Realidade, 1993.

_________________. Pontos e contrapontos: do pensar ao agirem avaliação. Porto Alegre: Mediação, 1998.

LUCKESI, Cipriano. Avaliação de aprendizagem escolar. 5. ed. São Paulo: Cortez, 1997.

LUDKE, Menga e MEDIANO, Zélia D. Avaliação na escola de 1º grau: uma análise sociológia. Campinas: Papirus, 1992.

MOSQUERA, Juan José Mouriño. Adolescência e provação: auto-estima no adolescente. Porto Alegre: Sulina, 1977.

SOUSA, Clarilza P. de (org.). Avaliação do rendimento escolar. Campinas: Papirus, 1981.

VASCONCELLOS, Celso. Avaliação escolar – perversão dos direitos humanos. Brasília: Revista da Educação AEC (77), 1990.

_____________________. Avaliação: concepção dialética – libertadora do processo de avaliação escolar. São Paulo, 1993 (Caderno Pedagógicos do Libertad 3).