EDUCANDO O OLHAR PARA O QUE PODE FAZER A  DIFERENÇA

Zeca Baleeiro, nascido José Ribamar Coelho Santos  em 11 de abril de 1966, é cantorcompositor de MPB e cronista. É dele a seguinte afirmação: "de todas as ilusões que a internet alimenta, a que julgo mais grave é a terrível onipotência que desperta".  Não há como, por um lado, deixar de concordar com ele: principalmente quando afirma - usando as palavras de Philip Roth - que "as pessoas estão cada vez mais cheias de opinião, e que o sujeito se sente participando da ‘vida coletiva’ - apenas porque acessam o Google como se "estivessem consultando a um oráculo".

Por outro lado, entretanto, é impossível discordar das palavras de Frei Beto, quando ressalta a influência da TV  (importante meio de comunicação de massa) em relação às instituições formais de educação: " a escola parece não se dar conta de que vivemos numa era imagética. Ou pior, compete com a TV em arrogante indiferença ou desprezo. Dentro da sala de aula, ainda predomina a narrativa textual, a palavra escrita, a sequência demarcada por início, meio e fim, marcas da historicidade". Segundo o famoso escritor e religioso brasileiro, reconhecido por sua atuação em prol dos Direitos Humanos, "fora da escola, recebemos a avalanche de imagens, o vertiginoso coquetel que embaralha passado, presente e futuro, a narrativa implodida pelo recorte inconcluso dos clipes"; e, embora esta mídia apresente "a cultura definhada" e  "uma diversão vazia", é ela que - fatidicamente ou quase -  preenche e completa a vida de milhões de pessoas.

Não obstante tudo isso, certamente há um meio de reverter este quadro: basta nos "emanciparmos do tirânico monólogo televisivo" e também - ou sobretudo - do monólogo da internet.

Mas como?

Admitindo e compreendendo  significado das novas tecnologias no processo educacional.  Explorando o universo dos bits, bites, software, provedor, mídia, programas. "Destronando", como diz frei Beto, a "rainha do lar" - a televisão, ou a internet; como se queira - levando-as  para a sala de aula", para a academia. O melhor recurso é inverter a relação: "ela(s) passa(m) a ser objeto(s) e, nós, os sujeitos".

Trata-se de "transformar o jogo de emoções" e informações advindas da internet - "fotos, sons, movimentos - em objeto da razão, decodificando os conteúdos dos programas e a carpintaria da produção" de suas ideias.

Trata-se, por fim, de abrir o "debate sobre a "ética", os "Direitos Humanos", sobre a educação, sobre a tecnologia, sobre as "belas mentiras"e as cruéis verdades, sobre "a globalização da indiferença" que, a despeito de toda informação ainda persiste.