SEVERINO, Antônio Joaquim. Educação, sujeito e história. São Paulo: Olho d’Água, 2001. p. 17-42.

José Paes de Santana[1]

O autor deixa claro que a Filosofia da Ciência procura se aprofundar no conhecimento da realidade ultrapassando os limites do senso comum, dos mitos e da religião, enquanto “[...] atividade reflexiva, na esfera dos processos cognitivos” (p. 17).

Partindo da premissa acima o autor desenvolve o texto indagando o que é conhecimento e recai novamente na interpretação da realidade, deixando claro também que tal interpretação é peculiar à percepção de cada sujeito na busca da compreensão do mundo que o cerca.

Desse modo três são os núcleos do texto: o sujeito; seu conhecimento do mundo que o cerca e que depende de sua história de vida, e essa mesma história. Tal história imprime suas marcas no sujeito através dos objetos que constroem sua realidade. Na afirmação feita pelo autor de que, “o que denominamos conhecimento é uma relação do sujeito com um objeto,” (p. 21) ele deixa claro que o conhecimento, na verdade, é uma relação de mediação entre sujeito e objeto com dois vieses: um objetivo que é intrínseco ao objeto e outro subjetivo imanente ao sujeito, todavia, seja o objeto físico, simbólico ou imaginário, afirma o autor que, além do viés subjetivo, há o viés cultural marcada pelo significado do objeto atribuído não somente por um sujeito, mas por uma coletividade, de sujeitos de forma intencional, que se metamorfoseia tanto quanto evolui o conhecimento que tem o sujeito ou a sociedade acerca do objeto.

Partindo do pressuposto de que o conhecimento é histórico e social, foram apresentadas as teorias de Piaget e de Vygotsky sobre o conhecimento e a aprendizagem, abordando-se na teoria de Piaget a epistemologia genética em que a aprendizagem está relacionada à idade cronológica do aprendente, segundo a qual o conhecimento se desenvolve a partir de uma estrutura lógica e formal, que passa por vários estágios de amadurecimento, daí ser chamada também de estruturalismo genético, onde o conhecimento é explicado por intermédio da formação e desenvolvimento da criança, enquanto para Vygotsky a aprendizagem é eminentemente de cunho histórico-sociocultural, tendo como elemento mediador na aprendizagem, a linguagem, que vincula sempre sujeito e objeto, primeiro nas relações interpessoais, para depois passar ao nível intrapessoal.

Ao relacionar o conhecimento à cultura, o autor ainda relaciona ciência à filosofia, afirmando que a primeira explica os nexos causais do conhecimento, e a segunda “transforma a existência humana como um todo” (p. 33), levando-nos a perceber a dinâmica do quotidiano para melhor nos adaptarmos às mudanças decorrentes dessa dinâmica, em oposição à estática, peculiar à mitologia e ao senso comum.   

Conclui-se assim, com base no que o autor apresenta ao longo do texto, que a Filosofia, distintamente da mera sabedoria, serve para criar condições mais favoráveis com respeito à impressão que o sujeito tem acerca do objeto de seu conhecimento, na elaboração de um metadiscurso da linguagem, que procura aperfeiçoar a relação entre o interprete e o objeto com o qual se relaciona, fora de si e dentro de si.



[1] Mestre em Educação. Graduado em Ciências, Matemática, Bacharel em Direito e atualmente é Diretor do Centro de Ensino Fundamental 02 do Guará - Secretaria de Estado de Educação do DF - Brasil. Trabalha com  Educação, com ênfase em Educação Matemática, Mediação de Conflitos, e Direito. [email protected]