Educação Sexual na Escola de Ensino Médio: Garantindo a Sexualidade Saudável
Publicado em 12 de março de 2010 por fabiana sales oliveira
Tendo como ponto de partida os conteúdos trabalhados com os alunos do terceiro ano do ensino médio, que foram sistema genital masculino, feminino e embriologia surgiu a questão de como estes jovens estão e como estão informados sobre seu corpo, suas dúvidas e questionamentos sobre esse mundo novo em que estão vivendo intensamente a adolescência; estes jovens estão bem informados? Como nós, futuros professores/as, podemos trabalhar esses temas transversais de um modo que os alunos não se sintam constrangidos como assunto? Temas da vida real estão previstos por lei a partir da LDB 93/96, via Temas Transversais, que coloca a educação sexual no currículo oficial da escola. A educação tem uma parcela importante e significativa que pode fazer a diferença entre o insano e o saudável. A educação sexual tem se constituído, reforça Silva (2002), em um canal de denúncia que evidencia as situações de vulnerabilidade que colocam os/as jovens em situações de perigo e risco. E nesse sentido, é preciso que os/as educadores/as estejam preparados/as para reconhecer sinais de vulnerabilidade e que possam contar com estruturas de apoio para encaminhar e atender essas pessoas.
A escola tem, então, o compromisso de contribuir para a saúde sexual e reprodutiva dos/as jovens. A partir da iniciativa da professora Eva Chagas da Faculdade de Biociências de trabalhar o tema sexualidade junto aos/as alunos/as nas escolas e na faculdade com jogos educativos sobre assuntos variados entre eles DSTs e Métodos Contraceptivos fiquei entusiasmada. Pude observar que as repercussões do trabalho com os/as jovens nesta temática são muito boas. Eles/as participam bem das atividades, discutem e expressam claramente suas dúvidas deixando evidente que este é um espaço privilegiado para a discussão/reflexão sobre temas da vida real. Assim, logo que iniciei o estágio fiquei observando e ouvindo os/as alunos/as e vi que o tema e a proposta de trabalho com jogos seriam bem-vindos naquela escola. Conversei com o grupo e com a professora titular e propus o trabalho com a turma do terceiro ano do ensino médio com o intuito de fazer um projeto de pesquisa relacionado os conhecimentos já existentes desses alunos e suas dúvidas em relação a doenças e contracepção de uma forma descontraída sem que os alunos se sentissem envergonhados, com medo de se expor. Os jogos foram à forma diferenciada de propor uma atividade integrada com os alunos visando conscientizar esses alunos do ensino médio sobre a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e métodos contraceptivos, bem como orientar sobre o tema sexualidade na adolescência. Os objetivos do trabalho foram: oportunizar um espaço de discussão/reflexão para tratar de temas polêmicos que envolvem questões da sexualidade; esclarecer sobre formas de contágio, de prevenção e de tratamento em relação às DSTs; apontar e discutir sobre métodos anticoncepcionais; promover o conhecimento de aspectos da sexualidade a fim de superar preconceitos relacionados a muitos aspectos; oportunizar a discussão/ reflexão a fim de oferecer alternativas para que possam fazer escolhas adequadas para suas vidas. O trabalho foi realizado com o grupo durante nossos encontros e existiu espaço para perguntas e dúvidas. Exigiu da minha parte leituras em livros e sites.Expliquei as regras e chamei atenção para a postura respeitosa durante o trabalho. Eles/as jogaram de acordo com as regras, puderam desfazer idéias errôneas e ampliaram seus conhecimentos como se pode observar por meio da avaliação que realizaram após os jogos. Sempre que as questões ficaram pouco claras fui solicitada e houve muita atenção e respeito nas discussões. Eles/as também puderam pensar em situações hipotéticas e até comentar histórias de pessoas conhecidas, fazendo um exercício de solidariedade e respeito em relação a cada situação. Alguns comentários dos/as alunos/as evidenciam o sucesso do trabalho com jogos sobre DSTs e Anticoncepção :
"Como os jogos descobri que não sabia muito sobre DSTs e não conhecia todos os métodos anticoncepcionais".
"Gostaria que tivessem mais aulas sobre educação sexual nas escolas".
"Sinto que o governo não investe neste tipo de informação e que deveria ter mais aulas, palestras e vídeos nas escolas sobre educação sexual".
Ao concluir as atividades com o grupo, senti muita alegria e posso afirmar que me convenci e me engajei no trabalho sobre questões da sexualidade na escola. Para finalizar, e reafirmar minha satisfação neste trabalho me apoio nas afirmações de Silva (2002, p. 33) que destaca que o trabalho com as questões da sexualidade na escola, "desperta a motivação e o envolvimento, enquanto possibilidade de reflexão e vivência resgata o prazer de conhecer o corpo, os caminhos do desejo, a identidade, a autoria, a cultura, o gênero, a comunicação, os mecanismos de repressão, os vínculos, os projetos de vida, a vida".
Referências
PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS: Pluralidade Cultural e Orientação
Sexual. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília, 1997.
SILVA, Ricardo de Castro e. Orientação Sexual: possibilidade de mudança na escola.
Campinas, SP: Mercado de Letras, 2002.