Tendo como ponto de partida os conteúdos trabalhados com os alunos do terceiro ano do ensino médio, que foram sistema genital masculino, feminino e embriologia surgiu a questão de como estes jovens estão e como estão informados sobre seu corpo, suas dúvidas e questionamentos sobre esse mundo novo em que estão vivendo intensamente a adolescência; estes jovens estão bem informados? Como nós, futuros professores/as, podemos trabalhar esses temas transversais de um modo que os alunos não se sintam constrangidos como assunto? Temas da vida real estão previstos por lei a partir da LDB 93/96, via Temas Transversais, que coloca a educação sexual no currículo oficial da escola. A educação tem uma parcela importante e significativa que pode fazer a diferença entre o insano e o saudável. A educação sexual tem se constituído, reforça Silva (2002), em um canal de denúncia que evidencia as situações de vulnerabilidade que colocam os/as jovens em situações de perigo e risco. E nesse sentido, é preciso que os/as educadores/as estejam preparados/as para reconhecer sinais de vulnerabilidade e que possam contar com estruturas de apoio para encaminhar e atender essas pessoas.

A escola tem, então, o compromisso de contribuir para a saúde sexual e reprodutiva dos/as jovens. A partir da iniciativa da professora Eva Chagas da Faculdade de Biociências de trabalhar o tema sexualidade junto aos/as alunos/as nas escolas e na faculdade com jogos educativos sobre assuntos variados entre eles DSTs e Métodos Contraceptivos fiquei entusiasmada. Pude observar que as repercussões do trabalho com os/as jovens nesta temática são muito boas. Eles/as participam bem das atividades, discutem e expressam claramente suas dúvidas deixando evidente que este é um espaço privilegiado para a discussão/reflexão sobre temas da vida real. Assim, logo que iniciei o estágio fiquei observando e ouvindo os/as alunos/as e vi que o tema e a proposta de trabalho com jogos seriam bem-vindos naquela escola. Conversei com o grupo e com a professora titular e propus o trabalho com a turma do terceiro ano do ensino médio com o intuito de fazer um projeto de pesquisa relacionado os conhecimentos já existentes desses alunos e suas dúvidas em relação a doenças e contracepção de uma forma descontraída sem que os alunos se sentissem envergonhados, com medo de se expor. Os jogos foram à forma diferenciada de propor uma atividade integrada com os alunos visando conscientizar esses alunos do ensino médio sobre a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e métodos contraceptivos, bem como orientar sobre o tema sexualidade na adolescência. Os objetivos do trabalho foram: oportunizar um espaço de discussão/reflexão para tratar de temas polêmicos que envolvem questões da sexualidade; esclarecer sobre formas de contágio, de prevenção e de tratamento em relação às DSTs; apontar e discutir sobre métodos anticoncepcionais; promover o conhecimento de aspectos da sexualidade a fim de superar preconceitos relacionados a muitos aspectos; oportunizar a discussão/ reflexão a fim de oferecer alternativas para que possam fazer escolhas adequadas para suas vidas. O trabalho foi realizado com o grupo durante nossos encontros e existiu espaço para perguntas e dúvidas. Exigiu da minha parte leituras em livros e sites.Expliquei as regras e chamei atenção para a postura respeitosa durante o trabalho. Eles/as jogaram de acordo com as regras, puderam desfazer idéias errôneas e ampliaram seus conhecimentos como se pode observar por meio da avaliação que realizaram após os jogos. Sempre que as questões ficaram pouco claras fui solicitada e houve muita atenção e respeito nas discussões. Eles/as também puderam pensar em situações hipotéticas e até comentar histórias de pessoas conhecidas, fazendo um exercício de solidariedade e respeito em relação a cada situação. Alguns comentários dos/as alunos/as evidenciam o sucesso do trabalho com jogos sobre DSTs e Anticoncepção :

"Como os jogos descobri que não sabia muito sobre DSTs e não conhecia todos os métodos anticoncepcionais".

"Gostaria que tivessem mais aulas sobre educação sexual nas escolas".

"Sinto que o governo não investe neste tipo de informação e que deveria ter mais aulas, palestras e vídeos nas escolas sobre educação sexual".

Ao concluir as atividades com o grupo, senti muita alegria e posso afirmar que me convenci e me engajei no trabalho sobre questões da sexualidade na escola. Para finalizar, e reafirmar minha satisfação neste trabalho me apoio nas afirmações de Silva (2002, p. 33) que destaca que o trabalho com as questões da sexualidade na escola, "desperta a motivação e o envolvimento, enquanto possibilidade de reflexão e vivência resgata o prazer de conhecer o corpo, os caminhos do desejo, a identidade, a autoria, a cultura, o gênero, a comunicação, os mecanismos de repressão, os vínculos, os projetos de vida, a vida".

Referências

PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS: Pluralidade Cultural e Orientação

Sexual. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília, 1997.

SILVA, Ricardo de Castro e. Orientação Sexual: possibilidade de mudança na escola.

Campinas, SP: Mercado de Letras, 2002.