A convivência com jovens e adolescentes em várias escolas públicas, constatou-se que a sexualidade interfere na questão da identidade, principalmente do adolescente, e assim pode interferir no processo de aprendizagem. O jovem que tem conhecimento de si, de sua sexualidade, passa a ter um maior desenvolvimento escolar, à medida que a relação entre autoconhecimento, sexualidade e a curiosidade acontecem, a aprendizagem é otimizada no espaço escolar. Parte dessa curiosidade tem a ver com a sexualidade, curiosidade sobre o mundo, curiosidade científica, filosófica, curiosidade à procura de conhecimento. Na sociedade brasileira, uma das portas mais fechadas para a curiosidade diz respeito à sexualidade. Segundo GUIMARÃES, 1994, a família não sabe como responder, o que responder e o que não responder, quando são deparados com questionamentos sobre a sexualidade dos filhos. O adolescente ainda não tem espaço para perguntar nem tampouco à confiança de que receberá respostas honestas. A sexualidade é um dos aspectos mais importante da personalidade, mas acaba ficando confinada a um saber não muito confiável.

Ainda hoje o sexo é um tabu, é um assunto onde faltam especialistas, nas escolas que possam informar e orientar os adolescentes e jovem sobre a sexualidade. Atualmente percebe-se que a minoria das famílias já se permite a intimidade da conversa sobre a sexualidade, ou a possibilidade dos pais perceberem que existe sexualidade na família, coisa que anos atrás não aconteciam A sociedade brasileira é bastante narcisista e a sexualidade que vemos na mídia, é baseada na aparência e na conquista do poder sobre o outro, tanto para homens como para mulheres. Conforme BARROSO,1995, o principal papel da orientação sexual na escola é possibilitar ao jovem reorganizar sua ideologia sobre a sexualidade. Para isso, não basta um especialista que somente vai proferir uma palestra, mas um trabalho sistemático que irá clarificar justamente o questionamento sobre os valores vigentes e possibilitar ao jovem ampliar sua autonomia e descobrir seus próprios valores diante da sexualidade. Ainda o autor propõe que esse trabalho não deve ser feito somente com adolescente, mas também com os pais, pois grande parte das dificuldades não vem da mídia, vem dos pais. Não há ninguém em nossa cultura que lide tranqüilamente com a sexualidade, existem aquelas pessoas que lidam com mais facilidade e outras com menos, mas para a maioria das pessoas o tema ainda é difícil. A diferença entre educação sexual e orientação sexual segundo SUPLICY, 1999, é que a primeira, a família, a escola e a sociedade como um todo fazem mesmo antes do nascimento do jovem. Envolve a moral sexual vigente na família e na sociedade, envolve a maneira de ver a masculinidade e a feminilidade, envolve, enfim, as expectativas sobre a sexualidade do individuo. A segunda, é um espaço que tem dentro da escola para discussão sobre essa educação. É um espaço para a informação, para que o jovem possa se apropriar dessa informação e transformá-la em conhecimento. Conforme CAMARGO, 1999, tem-se atualmente muita informação sobre sexualidade, mas pouca possibilidade para que o jovem as elabore e as transforme em conhecimento. Por exemplo, vejamos dois problemas afetos à sexualidade, que são a AIDS e a gravidez. É raríssimo hoje um jovem que não saiba que transar engravida, e que não saiba da necessidade do uso da camisinha, mas muitos não usam porque não transformaram essa informação em conhecimento, não se apropriaram dessa informação, e acabam ou pegando AIDS ou tendo gravidezes perigosas. Confirmando as pesquisas que apontam, a maior causa de mortes de mulheres até 19 anos é o aborto. Vejamos que a escola é o local apropriado para ajudar o adolescente quando entra na fase de inquietação com sua sexualidade, pois toda sua atenção e energia acabam concentradas nesta descoberta. Se na escola reserva um espaço de discussão sobre a sexualidade para o adolescente, isto tende a minimizar, o jovem sabe que determinadas coisas poderá discutir no lugar e no momento apropriado, pois não ficam só com ele as dúvidas e inquietações. É preciso conscientizar os alunos sobre a importância de conhecer o aparelho reprodutor masculino e feminino; conscientizar sobre a sexualidade na adolescência, doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), AIDS, e enfatizar sobre o aborto: tipos, causas e conseqüências, para que os alunos bem orientados possam ter vida saudável físico, mental e social. .