Renilfran Cardoso de Souza

(Graduado em História e Pós – graduado em Ensino de História)

Trabalhar educação patrimonial é desenvolver nas crianças e nos adultos, o sentido crítico, proporcionando-os a possibilidade de reconhecer o patrimônio cultural existente em seu convívio social, sejam eles material ou imaterial.

A idéia de conscientização da educação patrimonial vem com a responsabilidade de envolver a sociedade, sobretudo as comunidades escolares, e atentá-las para seu papel na preservação do patrimônio histórico enquanto identidade cultural. Ou seja, despertar no indivíduo a responsabilidade de que ele faz parte do meio social, portanto deve ter ciência das obrigações enquanto cidadãos.

... uma nova visão do Patrimônio Cultural Brasileiro em sua diversidade de manifestações, tangíveis e intangíveis, consagradas e não consagradas, como fonte primária de conhecimento e aprendizado [...] ou ainda como instrumento de motivação, individual e coletiva, para a prática da cidadania, o resgate da auto-estima dos grupos culturais, e o estabelecimento de um diálogo enriquecedor entre as gerações.[1]

A valorização da cultura local será a responsabilidade para a preservação da história de vidas. Através do processo educacional, o professor terá a capacidade de reconhecer em seus alunos a realidade de vida de cada um e poderá trabalhar aspectos que desenvolvam a percepção cultural dentro de cada localidade.

O que seria Educação Patrimonial?

É um trabalho educacional, conscientizador, atribuído a cada indivíduo, de forma individual ou coletiva, com a finalidade de provocar o conhecimento cultural, valorizando o patrimônio histórico e suas manifestações culturais.

O trabalhoda escola ajuda os alunos a despertar para a compreensão da cultura local, voltada para o processo identitário, correspondente ao seu ambiente.O trabalho coletivo possibilita a interação entre familiares e membros da comunidade, conseguindo dessa forma, reconhecer as manifestações culturais de seu bairro, bem como a valorização e divulgação dos mesmos.

Ao identificar esses processos culturais, torna-se possível exercer de forma crítica, fatores que levarão a preservação do patrimônio local, construindo uma identidade através das ações cidadãs.

Esse olhar levará a observação dos conjuntos de bens que cada indivíduo compreenda ser um fato cultural. Sejam eles bens materiais como: monumentos arquitetônicos, achados arqueológicos ou peças de Museus; ou bens imateriais como: manifestações folclóricas, danças, músicas.

A preservação do saber popular levará através de sua cultura, expressões que serão determinantes para a continuidade de suas práticas, passando de geração em geração, e mantendo-as reconhecidas pela força da tradição local.

O reconhecimento da diversidade cultural na qual se vive, leva a entender que cada manifestação possui sua peculiaridade e sua importância dentro da sociedade.O patrimônio cultural brasileiro não pode estar restrito aos bens reconhecidos nacionalmente ou internacionalmente, mas valorizar os bens anônimos, que não estão ao alcance de todos. No "Guia Básico de Educação Patrimonial", Maria Horta destaca:

Existem outras formas de expressão cultural que constituem o patrimônio vivo da sociedade brasileira: artesanatos, maneiras de pescar, caçar, plantar, cultivar e colher, de utilizar plantas como alimentos e remédios, de construir moradias, a culinária, as danças e músicas, os modos de vestir e falar, os rituais e festas religiosas e populares, as relações sociais e familiares, revelam os múltiplos aspectos que pode assumir a cultura viva e presente de uma comunidade.[2]

As várias formas culturais poderão ser compreendidas de forma contundente através do processo educativo, da relação do ensino/ aprendizagem, contribuindo para o desenvolvimento das competências e habilidades que cada aluno possui, e despertando-os para o amadurecimento da preservação cultural.

A participação social, através da divulgação dos alunos, no reconhecimento das práticas culturais existentes em nosso cotidiano, estará dessa forma, colocando em prática os conhecimentos adquiridos na escola. Será o resultado da teoria/prática em sala de aula e a colaboração entre professor/ aluno atuando de forma integrada para o sucesso do projeto.

Trabalhar o patrimônio cultural no ambiente escolar é desenvolver nos alunos a busca de sua identidade através da herança cultural no qual o representa.A educação patrimonial promove um melhor aprendizado para a questão cultural, despertando nos alunos o interesse em conhecer a identidade local, através de manifestações do passado. O estudo da história local traduz diferentes formar de vida, no presente e no passado, que pertencem ou não do nosso cotidiano. Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais:

Nesse sentido, a proposta para os estudos históricos é de favorecer o desenvolvimento das capacidades de diferenciação e identificação, com a intenção de expor as permanências de costumes e relações sociais, as mudanças, as diferenças e as semelhanças das vivências coletivas, sem julgar grupos sociais, classificando-os como mais "evoluídos" ou "atrasados".[3]

O contato com características e hábitos diferentes de grupos sociais, possibilita estudos que ajudam os alunos a perceberem de forma prática, a diversidade cultural na qual fazemos parte. Ou seja, conhecer o passado observando o presente. Essa mudança temporal é construída de acordo com as formas identificadas através de objetos, de costumes diários de uma comunidade, os modos de alimentação, trabalho, educação, religião, festas e suas relações sociais.

REFERÊNCIA

HORTA, Maria de Lourdes Parreira; GRUNBERG, Evelina; MONTEIRO, Adriane Queiroz. Guia básico de educação patrimonial. Brasília: IPHAN: Museu Imperial, 1999. p.5.

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Parâmetros curriculares nacionais: história e geografia. 2. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2000. p. 52.


[1] Cf. HORTA, Maria de Lourdes Parreira; GRUNBERG, Evelina; MONTEIRO, Adriane Queiroz. Guia básico de educação patrimonial. Brasília: IPHAN: Museu Imperial, 1999. p.5.

[2] Cf. HORTA, Maria de Lourdes Parreira; GRUNBERG, Evelina; MONTEIRO, Adriane Queiroz. Guia básico de educação patrimonial. Brasília: IPHAN: Museu Imperial, 1999. p. 7.

[3] Cf. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Parâmetros curriculares nacionais: história e geografia. 2. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2000. p. 52.