I. Introdução

Recordando trabalhos passados lembrei-me de um levantamento arqueológico em uma linha de transmissão que por quinze dias caminhamos ao longo do trecho onde seriam construídas as torres que conduziria as cidades, indústria, o resultado produzido pelas grandes turbinas da usina hidrelétrica de Itumbiara município goiano que faz fronteira com Minas Gerais.

A equipe não era tão grande, dois arqueólogos, dois ajudantes, cavadeira (Boca de Lobo se preferirem), garrafa d`água, e no mais as subidas e descidas que a paisagem proporcionava. Durante os quinze dias conseguimos encontrar alguns sítios arqueológicos de características comuns a essa região grandes aldeias com vestígios cerâmicos e algumas machadinhas.

Sempre fui ligado à questão educacional em arqueologia, por isso, enquanto o outro arqueólogo se preocupava em saber qual melhor lugar para atravessarmos o brejo que a frente se apresentava, eu ficava explicando sobre o material encontrado, o que era arqueologia, para os dois ajudantes e assim passávamos o tempo.

Depois de quinze dias de trabalho, deixamos nossos destemidos ajudantes em suas respectivas casas. Porém, antes de descer do carro, um dos ajudantes, o que tinha demonstrado maior interesse em minhas explicações, disse-me que, gostara do trabalho, mais que, apesar de ter visto os vestígios arqueológicos e tocado, não acreditava que aquilo era de homens pré-históricos e que, para ele, era apenas potes de barro abandonados por alguém no meio do mato.

Outra experiência que me recordo, foi em um trabalho em um bairro aqui de Goiânia que veio a se chamar vale dos sonhos. Para nos posteriormente foi apelidado de vale dos tormentos. Um dos moradores, ao fazer um buraco para construção de uma fossa sanitária teve a capacidade (tem muitos arqueólogos que participaram de muitos projetos e nunca encontrou uma urna funerária) de descobrir uma urna funerária com tudo que tem direito, osso, adornos etc.

Tal feito mobilizou uma equipe de arqueologia da UCG (hoje PUC), que passou a tomar conta da descoberta e encontrar outras evidênciasarqueológicas existentes em outras áreas desse loteamento.

Desta feita, quando trabalhava em uma sondagem um dos moradores se aproximou e começou a questionar sobre o real valor daquela descoberta para a vida dele, demonstrando que, o achado interessaria apenas a academiae que para ele e para as outras pessoas aquilo não serviria de nada. Algo sereno em uma pessoa bêbada.

Esses fatos não são coisas anormais, acredito que todos os arqueólogos e principalmente aqueles que trabalharam com educação tenha uma história dessas para contar. Mais é a partir dessa história comum e que devemos começar a refletir sobre a real função da educação patrimonial em nossos trabalhos de arqueologia de contrato. O que realmente fica quando vamos embora. O processo contínuo de aprendizagem conforme proposto no manual se encerra quando se vai embora? Será que esta se formando os agentes difusores? Onde estarão os arqueólogos quando, o que restou do sítio acabare a casa velha símbolo da cidade for derrubada?

Como propõe ser a Educação Patrimonial

A Educação Patrimonial como um processo contínuo é de fundamental importância para a formação da cidadania e para a construção de um vínculo das pessoas com sua cultura. Ela (educação) exerce fundamentalmente o papel de formar sujeitos conscientes da necessidade de se apropriar e valorizar sua herança cultural.

No entanto, a educação possui incontáveis funções enquanto formadora, exercendo um papel basilar na ordem social vigente, o despertar do sentimento de cidadania e de apreço cultural está agregado às necessidades capitaneadas pelo valor dado pela sociedade a determinado bem cultural que em muitos casos tal bem não e estimado pelo todo.

Conforme Scatamacchia, et ali (1992) Souza (2001) e De Menezes (1984), a educação deve motivar a conscientização e o esclarecimento para a população apresentado-lhes diretamente os bens culturais, transformando-os cada vez mais em pessoas capazes de construir novos conhecimentos, formando no brasileiro um senso especial, que é o da perspectiva histórica.

Nesse processo, a educação é entendida como o elemento fundamental para a auto-estima das populações, conforme salientado por Horta, Grunberg & Monteiro (1999), a educação deve ser libertaria em todos os sentidos constituindo assim cidadãos comprometidos com seus valores e cientes do seu papel na vida social.

Portanto, a educação em seu processo contínuo de formação estabelece no indivíduo uma consciência de que valorizar os bens culturais é de extrema importância para a transformação do meio em que se vive.

Desta feita, o principal trabalho educacional relacionado à valorização da cultura está em desenvolver alternativas para que as comunidades se apropriem dessa herança se beneficiando de forma a criar mecanismo de auto-sustentabilidade gerando assim, uma maior importância para que esses patrimônios sejam preservados.Para Fernandes (2007), Funari (2007), isso aproximaria os arqueólogos para as questões sociais, desenvolvendo projetos e ações para o benefício do público, agindo com a comunidade e dando a ela uma maior compreensão do passado e do mundo.

Talvez esse sim seja um dos caminhos a ser tomado para uma ação mais efetiva da arqueologia e a questão pública começa-se a perceber que a proteção dos sítios requer o envolvimento da sociedade, que deve também usufruir dos benefícios da pesquisa arqueológica. (Barbosa, Mello & Viana, 2004)

"Archaeology in the 21st century will be exciting if we are prepared to integrate wholly the public in research agendas and projects. Archaeological interpretation hás the advantage of changing as a result of new ideas, new discoveries and new scientific techniques. History is continuously being refashioned. The public, young and old, have a role to play in this process of history writing. As one archaeologist put it: "… the dialogueof archaeologists with the public should warn us when our principal research asset isbecoming exhausted. That asset is not money, but curiosity." (VELLA, 2008)[1]

Como é proposta a educação patrimonial

Os trabalhos de arqueologia de contrato no Brasil cresceram muito em conjunto com as obras de infra-estrutura do país e a necessidade do cumprimento do licenciamento ambiental para obras impactantes.

Com isso, uma grande quantidade de informação sobre a pré-história do país está sendo produzida por empresas de arqueologia, instituições universitárias e mesmo por profissionais autônomos.

Em relação à parte educacional dessas pesquisas, estamos caminhando lentamente para levar ao conhecimento efetivo do público parcela dessas informações. Efetivamente contabilizo quatro ações de educação patrimonial que realmente fugiram das palestras em salas empoeiradas de pequenos povoados nas terras longínquas desse país (MARTINS, 2008), (FERNANDES, 2007), (LIMA, 2003), (VIANA ET AL, 2004).

As ações em salas empoeiradas e comunidades distantes não deixam de ser importantes para o público que dela participa, afinal é uma atividade diferente das comuns a grade escolar ou mesmo ao cotidiano do povoado perdido.

O movimento dos carros, as aulas e palestras em data show, (se o local tiver energia elétrica), os folhetos bem elaborados com figuras que chamam a atenção tudo confeccionado para tentar criar uma consciência de que é importante o conhecimento e preservação dopatrimônio cultural, e com isso é formado os agentes difusores.

A Educação Patrimonial propõe-se como um método ativo e permanente de ensinar as pessoas, crianças e adultos, a aprender a conhecer o seu Patrimônio, e a compartilhar esse conhecimento com seus semelhantes.

Sendo assim, o patrimônio exposto didaticamente por palestras e folhetos pertence realmente ao público que se faz presente. Ensinar, segundo Freire é levar em consideração a história, as formas de manifestação cultural particulares de cada grupo, formando pessoas mais conscientes de seu papel na vida social. Esse conhecimento deve ser adquirido na inter-relação de aspectos sensíveis e cognitivos, proporcionando a descoberta de significados e identificação entre a cultura de quem os produziu e a cultura de quem deles está usufruindo.

Portanto, os cacos cerâmicos e as pedras lascadas compõem um tipo de patrimônio que muitas vezes só é identificado como patrimônio cultural, quando os pesquisadores dizem, não existindo maior vínculo e relação entre o público e os cacos lascados.

A finalidade, de que, os objetos encontrados em um sítio arqueológico venham a se tornar, um elemento essencial do patrimônio cultural dessas pessoas requer uma maior presença desses achados na vida cotidiana dessas pessoas, o que eles representam e significam alem de cacos lascados.

E preciso que maneiras eficazes de atividades educacionais sejam colocadas em prática, para que, a pesquisa arqueológica leve benefícios as pessoas.

Desta forma, novas propostas devem surgir buscando de forma efetiva que os programas de educação patrimonial venham contribuir, para que, em conjunto com as pessoas que são as herdeiras desse patrimônio crie um sentimento real apropriando dele como uma herança realmente.

Sendo assim, os programas educacionais deve levar consideraçãouma maior presença nos locais, pode criar ações que levem as pessoas a atividades de sustentabilidade a partir do conhecimento e da relação com seu patrimônio. Afinal, qual a importância de um trabalho educacional se ele não é dedicado ao público do qual pertence o patrimônio.

A abordagem de questões práticas e com incidência especifica na aplicação de estudos sobre Educação Patrimonial, ou em uma técnica de ensino que adote na sua prática não é neutra e pressupõe sempre determinados conceitos de educação e pedagogia, por isso, é importante que antes de se optar por um método se interrogue sobre seus fundamentos pedagógicos (no âmbito especifico da arqueológia especifico da arqueologia como uma ciência social).

O papel da educação patrimonial na formação do indivíduo.

É grande a controvérsia entre os pesquisadores sobre os seus objetivos e o seu papel como transmissores do valor ou da mensagem que a Educação Patrimonial pode desempenhar em comunidades, escolas, vilas onde são aplicadas suas propostas.

Aí, os problemas agudizam-se não só pelos aspectos pedagógicos envolvidos como pela função que muitas vezes tem sido atribuído a educação patrimonial na transmissão de determinado corpo de valores culturais.

De acordo com novas necessidades sociais as finalidades da educação, devem abandonar concepções de atividades meramente informativas para se conceber maior ênfase aos aspectos formativos da Educação patrimonial.

No ensino de Educação Patrimonial lidamos com situações humanas em toda a complexidade, motivações diversas, diferentes valores, troca de opiniões, o que leva a uma reflexão crítica de seu objeto de estudo e aprendizado. Abrindo assim caminhos a atitudes de tolerância face as formas de pensar e de agir e de conhecer e valorizar o Patrimônio de cada público envolvido.

Temos com isso, a oportunidade de alargar as referencias de que necessita para a socialização, para a estruturação de nossa identidade, dos sentimentos de pertencimento sistematizando a base futura de valores de cada individuo.

Identificação e rejeição são elementos deste processo, por outro lado a descoberta de novas informações, hábitos, dificuldades, esforços vividos por pessoas de outras épocas, permite o desenvolvimento de uma atitude reflexiva e crítica, a interiorização de valores pessoais e a prática mais consciente da cidadania.

Um ensino de Educação Patrimonial deve estar apoiado em uma metodologia que apela ao desenvolvimento da autonomia, criatividade e sentido de pertencimento ao público em que ela esta sendo aplicada.

A Educação Patrimonial da nos uma visão e ajuda-nos a compreender o mundo em que vivemos por isso deve ser aplicada para diversos e diversificados públicos fornecendo-lhes uma perspectiva crítica sobre sua realidade.

A criação de atividades de Educação Patrimonial deve focar seu problema na forma, como os valores culturais estão explícitos na vida dessas pessoas e de que forma a Educação Patrimonial poderá impor esses valores.

Optamos para o caso, pelo processo de transmissão educacional baseado em um mecanismo de clarificação. Nesse processo passa-se a construir em conjunto com o público os valores culturais a construir esses valores culturais importantes para eles sendo, um processo de sentimento criado gradativamente e democraticamente formando assim, cidadãos mais capazes e critico.

Como ensinar arqueologia através de Educação Patrimonial

A arqueologia vê-se a braços com inúmeros problemas para ajustar as novas teorias de aprendizagem e em formular talvez um conteúdo para essa disciplina. Se não se orienta o ensino no sentido de atingir as finalidades da Educação Patrimonial o programa não se cumpre.

Neste sentido, as competências especificas, inerentes à disciplina terá de ser analisada para serem adaptadas ao aluno, ao público e ao nível de desenvolvimento, aptidões e interesses.

Objeto de estudo

O objeto de estudo de nossa disciplina e como sabemos a cultura material e imaterial. A nossa posição sobre o patrimônio cultural depende da forma como encaramos a arqueologia e sua relação com a educação. Mas, qualquer que seja a nossa posição, teremos que ter em conta e que constitui a especificidade do nosso objeto de estudo, a cultura, é humana particular e passada.

Pelo fato de ser passada só a poderemos conhecer, e apropriar através dos testemunhos desse passado. Daí a importância fundamental da utilização de diversas fontes como, a geografia, a história e demais ciências humanas.

Para uma visão tanto quanto possível do passado é essencial estimular a imaginação do público a outras épocas e outras formas de pensar. Ora para conseguirmos esse objetivo com a Educação Patrimonial devemos respeitar as particularidades do Patrimônio Cultural de cada localidade.

Esta perspectiva pressupõe novos métodos didáticos de aprendizado, como utilizações devem optar por maneiras ativas que coloca o publico no centro da ação pedagógica, isso, contribuirá para o desenvolvimento e construção progressiva e durável do sentimento e valor do patrimônio cultural.

Assim vamos nos deparar com uma infinidade de informações criadas pelos próprios participantes através de fotos, textos, recortes de jornais e outros materiais e o subseqüente tratamento dessas informações que ensinara o público a importância e o valor de se conhecer seu patrimônio.

A partir da construção do conhecimento feito pelo público e respeitando as fases de sua percepção e compreensão deste processo, as pessoas envolvidas (alunos, grupos organizados), demonstrarão um interesse verdadeiro em aprender e apropriar de sua herança cultural.

Sendo assim, a educação patrimonial é o caminho em que as ações podem ser decididas de comum acordo entre pesquisadores, empreendedores e público em geral, amenizando a negligência populacional em relação ao Patrimônio. Através da educação podem-se fomentar política visando o crescimento da relação de pertencimento da comunidade com o patrimônio, garantindo, por sua ação a valorização do espaço e uma melhor qualidade de vida. (MENEZES, APUD GAZZOLA, 2007)

Por Fim, tal tarefa requer que entre educação, arqueologia e aintegração da população seja realizada de forma coerente atendendo as especificidades de cada componente em estudo.

Propostas para o desenvolvimento de uma educação patrimonial mais permanente e efetiva com o público em trabalhos de contrato.

Após descrever experiências, metodologias e maneiras de aplicar a educação patrimonial e com isso não termos ainda chegado a lugar algum. Tentaremos, detalhar ações é sugestões que de forma prática podem alcançar uma relevância significativa para a formação educacional e cultural das pessoas que de certa forma são participes desse processo.

Dentro dos trabalhos de arqueologia de contrato existem fases distintas que objetivam cumprir a lei referente a licenciamento ambiental e que compete as etapas necessárias para que seja descoberto a existência ou não de sítio arqueológico nesse local. Sabemos que, os vestígios encontrados pela arqueologia e a ponte para o desenvolvimento das atividades de educação patrimonial, pois representam a expressão material de atividades culturais deixados por nossos antepassados.

O processo de descoberta desses indícios se inicia na primeira fase dos trabalhos que é rotineiramente chamado da fase do Diagnóstico arqueológico. Nessa fase analisa-se o potencial arqueológico da área. Se o local e propenso a ter sítios ou não. Porque não se analisa o potencial educacional da área?

Os aspectos culturais relevantes existentes na área que podem vir a ser utilizado em um trabalho futuro de educação. Isso direcionaria as atividades para que se realizem de maneira mais prática e efetiva ações de educação patrimonial que respeitariam a relação do público com o patrimônio ali existente.

Relembrando um trabalho em Alagoas quando em um diagnóstico arqueológico, fiz visitas às escolas a grupos relacionados à cultura e a religião do município (se não me engano Água Branca - AL), além dos sítios que foi encontrado pôde avaliar a riqueza cultural existente e posteriormente poderia direcionar ações educativas mais efetivas. Porém, ao comunicar o fato a quem me tinha contrato ele respeitosamente pediu que não perdesse tempo com essas coisas, e concentra-se em achar os sítios, porque o Brasil e cheio de manifestações culturais e não poderíamos perder tempo com esse negócio.

Definiram-se o patrimônio, em bens materiais e imateriais estamos deixando de lado o fator imaterial de nossos trabalhos arqueológicos. Ou será que, se uma estrada for destruir um terreiro de candomblé, ou destruir um terreno onde acontece a mais de um século a festa a um santo, à perda não seria equivalente a destruição de um sitio.

Portanto, durante os trabalhos do diagnóstico arqueológico e possível estabelecer medidas educacionais a partir dos elementos da cultura material e imaterial existentes para serem realizadas posteriormente já na etapa seguinte a do levantamento arqueológico.

No levantamento arqueológico é a fase que se comprova a existência ou não de sítios arqueológicos em profundidade, graças às intervenções realizadas no solo pelo trabalho arqueológico.

Nessa etapa a equipe fica maior tempo em campo, o que aproxima os pesquisadores das fontes primárias existente. Essas fontes servirão para fundamentar as atividades a serem desenvolvidas pela educação patrimonial. Também, já nesse momento da pesquisa os primeiros esclarecimentos sobre arqueologia e patrimônio cultural para as pessoas que vivem nas cidades ou em comunidade no interior desse município pode ser feito. Além de estabelecer onde deve ser aplicado a educação patrimonial levando em apreço a relação do público com seu patrimônio. Consideramos a necessidade de que, sejam avaliados nesse momento outros tipos de caminhos para a atividade de educação patrimonial será que, não é possível realizar uma atividade educacional que leve em consideração a cidade, o povo, ou necessariamente temos que encontrar um sítio arqueológico para puxar um gancho para as atividades de educação patrimonial.

E claro que, segundo o aspecto legal que envolve os trabalhos de arqueologia e sabendo que é por causa dela que se realizam trabalhos que visam à proteção do patrimônio cultural, sugerimos que, o envolvimento do patrimônio em trabalhos educacionais seja realizado também a partir das manifestações imateriais que são importantes na formação da herança cultural de um povo. E isso deve ser avaliado nessa fase do trabalho.

Com essa proposta os trabalhos de levantamento arqueológico ganham outro objetivo mais amplo o de avaliar também as possibilidades da existência de outros tipos de manifestações culturais que compõe nosso patrimônio cultural e propor medidas a serem tomadas durante a fase de resgate arqueológico ou não.

Talvez, as considerações aqui descritas não tenham levantado nenhuma nova questão a cerca das atividades educacionais relacionadas ao patrimônio cultural. Porém, o que foi proposto serve de alerta a ausência de atividades voltadas à relação das pessoas com sua cidade e com seu patrimônio imaterial.

Essa nova perspectiva para os estudos de educação arqueológica e do patrimônio cultural amplia a necessidade de projetos que além do conhecimento natural sobre a cultura material deve apresentar também um conhecimento a respeito de como essas atividades servirão a um público mais amplo.

A fase seguinte a que vai compor o relatório cientifico para liberação de obra e a do resgate arqueológico, que só realizado com a descoberta de um sitio arqueológico. Assim, com a quantidade de profissionais envolvidos nessa fase e o tempo de permanência no local ser maior realizasse a educação patrimonial. Se for possível começa assim as visitas ao sitio. Algo novo para alguns beneficiários da visita.

Depois de ter realizado duas idas ao campo e somente no resgate que alguns trabalhos começam a fazer as palestras na escola, as palestras em centros culturais e a secretarias de cultura. Se anteriormente isso já fosse feito, não havendo sítio um pouco sobre a noção e a importância do patrimônio cultural já teria sido disseminado.

O resgate é para, que, em conjunto com os sítios a serem resgatados, se desenvolva ações que levem as comunidades a desenvolverem de forma efetiva, atividades onde, o patrimônio possa ser apropriado por essas pessoas e dele possam buscar alternativas de sustentabilidade para que fique com essas pessoas, a responsabilidade de se preservar sua herança cultural porque dela advém parte da sua melhoria de vida.

O diálogo entre o pesquisador e o público deve ser um dos caminhos para a maior inteiração entre o que deve ser valorizado para o propósito de concepção de elementos cujo significado demonstre um anseio maior do público, mesmo que essas pretensões se esbarrem na delimitação impostas por cronogramas tanto relacionados ao tempo de pesquisa especificamente e aos de recursos financeiros e das especificidades técnicas aos tipos de empreendimento, devera ser aberto um parênteses que deve ser agregados à pesquisa visando o benefício maior do público.

Esse parêntese aberto trará benefícios na construção de uma identidade nacional, da valorização da cultura material e imaterial das comunidades e, consequentemente dando os significados educacionais da produção das memórias nos locais de ensino. (SILVA, 2008)[2]

Desta forma, os benefícios ao público se estenderiam, usando o sítio e os artefatos para as propostas de educação de auto-afirmação comunitária, entretenimento e desenvolvimento econômico.

A partir daí as produções culturais de diferentes contextos são valorizadas como temas de referencia e ressignificadas em ferramentas de trabalho, já que estão carregadas de significados construídos socialmente. O aumento da auto-estima e o sentimento de que foi possível conquistar algumas metas no plano pessoal e social pode nos levar a reconhecer que o programa cumpre uma função social ampliada nos projetos individuais (SILVA, 2008)[3].

Conclusão

Aproximarmos de uma proposta real e efetiva para as atividades práticas de Educação patrimonial junto a comunidades que dela necessitam, requer um melhor preparo e objetivo nas abordagens educacionais a serem propostas.

O valor do patrimônio cultural junto ao público deve ser o objeto de avaliação, na realização de programas, que busquem uma maior interação e apropriação das pessoas de sua herança visando uma sustentabilidade. À medida que se tenha a consciência, da forma como se pode assimilar esse legado, as ações efetivas serão colocadas em práticas para um bem comum.

A busca do ensino em Educação Patrimonial deve permear sempre o sentido e o valor que é dado pelas pessoas ao seu objeto de estudo que é a cultura. Com isso, as cotidianas ações educacionais em salas e comunidades ganharam maior interesse das pessoas que dela participa, pois encontrará nessas atividades uma relação com sua vida percebida no sentido de valor dado a sua própria herança cultural.

Finalmente, tentar de modo efetivo que as ações de Educação Patrimonial fique depois que o sítio for resgatado requer que em conjunto com a arqueologia os outros patrimônios existentes, passe a figurar como objetos freqüente e não isolado dos trabalhos da arqueologia e que as pessoas, a quem verdadeiramente pertence esse patrimônio, passe a existir como personagens importantes e formadores dessa herança cultural.

Bibliografia

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FUNARI, Pedro Paulo A. (2007). Arqueologia e Patrimônio. Habilis editora. Erechim-RS.

GAZZOLA, Lucivani. 2007. A Educação Patrimonial na Escola: Um Estudo sobre a percepção dos professores acerca do patrimônio cultural de Juasaba. Santa Catarina.

HORTA, Maria de Lourdes, GRUMBERT, Evelina & MONTEIRO, Adriane Gia Bárico. 1999. Guia Básico da Educação Patrimonial. Brasília: IPHAN.

LIMA, Janice Shirley Souza. 2003. EDUCAÇÃO PATRIMONIAL NA ÁREA DO PROJETO SERRA DO SOSSEGO – CANAÃ DOS CARAJÁS (PA). Apresentado no Simpósio de Educação Patrimonial em Projetos Arqueológicos durante o XII Congresso da Sociedade de Arqueologia Brasileira, no período de 21 a 25 de Setembro de 2003, em São Paulo.

MARTINS, José Joaquim Maia & MACIEL, Luísa Lacerda. (2008) A CONSTRUÇÃO DE UM PROJETO DE EDUCAÇÃO PATRIMONIAL REGIONAL. Texto PDF.

SCATAMACCHIA, M.C.M. et ali (1992). A "Caverna do Ódio" Um Exemplo de utilização social do sítio arqueológico. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia. SP. 1992

SILVA, F.A.O.R. (2008). O Contributo do Patrimônio Material na formação do Educador de Jovens e Adultos: Relato da Universidade Federal de Ouro Preto. Artigo (PDF).

 

SOUZA, Ana Inês (2001) (Org). Paulo Freire – Vida e Obra. São Paulo – Expressão Popular.

 

VELLA, Nicholas, C. (200).Whose Past? The Public and Archaeology in the 21st Century. Is a Lecturer in the Department of Classics and Archaeology. He is Assistant Director of the University's excavations at Tas-Silg, Marsaxlokk.

VIANNA. C. A. et al. (2004). Educação Patrimonial em Contexto Urbano. (Vale dos Sonhos) Ver. Habitus. UCG. Goiânia.



[1] Dr. Vella is a Lecturer in the Department of Classics and Archaeology. He is Assistant Director of theUniversity's excavations at Tas-Silg, Marsaxlokk. IN; Whose Past? The Public and Archaeology in the 21st Century

[2] Silva, F.A.O.R. – O Contributo do Patrimônio Material na formação do Educador de Jovens e Adultos: Relato da Universidade Federal de Ouro Preto –MG.

[3] Op.cit.