Educação nutricional: atuando no comportamento da seletividade alimentar na criança em idade pré-escolar

Publicado em 11 de abril de 2012 por Joao VIctor Fornari

EDUCAÇÃO NUTRICIONAL: ATUANDO NO COMPORTAMENTO DA SELETIVIDADE ALIMENTAR NA CRIANÇA EM IDADE PRÉ-ESCOLAR

NUTRITION EDUCATION: SERVING FOOD IN THE BEHAVIOR OF SELECTIVITY IN CHILDREN

Silva Camila, Guir; Ferraz, Renato Ribeiro Nogueira; Barnabe, Anderson Sena e Fornari João Victor   

 

RESUMO

A seletividade é um distúrbio alimentar freqüente nas crianças em idade pré-escolar, porque é nessa fase que os hábitos alimentares se formam, assim a educação nutricional aparece no sentido de modelação para escolhas alimentares atuando como conduta preventiva da seletividade alimentar, assim o objetivo desta revisão foi descrever a importância que a educação nutricional tem no comportamento da seletividade alimentar infantil, e foram utilizadas com métodos de pesquisa as bases de dados Medline, Scielo e Lilacs, considerando publicações a partir do ano 2000. Observou-se que a educação nutricional é o meio mais concreto de orientação para o aprendizado de hábitos alimentares adequados.

 

PALAVRAS-CHAVE: pré-escolar, comportamento e hábitos alimentares, educação nutricional e seletividade alimentar.

 

ABSTRACT

Selectivity is an eating disorder common in children in preschool, because this phase is that eating habits are formed, and nutritional education appears in the sense of modeling to acting as food choices conduct preventive food selectivity, so the purpose of this review was to describe the importance of nutrition education has on the behavior of the selectivity of infant feeding, and methods were used to search the databases Medline, Lilacs and Scielo, considering publications from the year 2000. It was observed that nutrition education is the most concrete guidance for learning proper eating habits.

KEYWORDS: pre-school, behavior and eating habits, nutrition and food selectivity.

 

 

 

 

   1. INTRODUÇÃO

As queixas sobre os distúrbios de apetite na infância, representadas comumente pelas mães, tornam-se cada vez mais freqüentes nos ambulatórios, consultórios de pediatria e de nutricão. Um dos mais freqüentes distúrbios alimentares é a seletividade alimentar, que são conhecidos nas suas principais características, no conjunto de três queixas: recusa alimentar, pouco apetite e desinteresse pelo alimento.1

Assim considera-se uma criança seletiva a que apresenta oscilações na preferência e aceitação dos alimentos, principalmente no que refere a preferência em experimentar novos tipos e preparações, causando preocupação aos pais e responsáveis, apesar de um bom estado de saúde.

Dados de investigação sugerem que as crianças não são dotadas de uma capacidade inata para escolher alimentos em função do seu valor nutricional, pelo contrário seus hábitos são aprendidos a partir das experiências, da observação e da educação. O papel da família e da equipe da escola na alimentação e na educação nutricional das crianças é inquestionável e assume particular importância uma vez que pode oferecer uma aprendizagem formal a respeito do conhecimento da alimentação saudável. Porém muito dos profissionais responsáveis pela alimentação destas crianças não dispõe dos conhecimentos necessários para uma adequada seleção alimentar.2

Para tanto é necessário o entendimento de seus fatores determinantes para que a educação nutricional possa ser efetiva em seus objetivos.

A hipótese para a realização desta revisão baseia-se pelo fato de que a seletividade é um distúrbio alimentar pouco reconhecido e que é comum em crianças em idade pré-escolar.

Portanto a seletividade alimentar infantil quando entendida pode ser prevenida ou intercedida com a educação nutricional, conduta fundamental para aprendizagem sobre alimentação saudável possibilitando as mudanças no comportamento alimentar.

Este trabalho tem como objetivo descrever a importância da educação nutricional no comportamento alimentar infantil em especial na seletividade alimentar.

A pesquisa foi realizada utilizando-se as bases de dados Mediline, Scielo e Portal do Capes, considerando publicações a partir do ano de 2000, utilizando os descritores “criança”, “comportamento e hábitos alimentares”, “educação nutricional”, “seletividade alimentar”.

 

2. REVISÃO DE LITERATURA

A formação dos hábitos alimentares se modifica gradualmente, principalmente durante a primeira infância de uma forma que qualquer inadequação deve ser corrigida no tempo certo sob orientação correta. Durante a formação dos hábitos alimentares são envolvidos valores culturais, sociais, afetivas e comportamentais.3

Ao longo dos primeiros anos de vida da criança, associado aos processos de experimentações de novos alimentos paladares diferentes e diversificação alimentar surge freqüentes distúrbios alimentares. Estima-se que 20 a30% das crianças em idade pré-escolar manifestem qualquer tipo de problema para se alimentar que pode ser interpretada como seletividade e/ou neofobia alimentar. Tais comportamentos podem se transformar em um campo de batalha entre a criança e mãe, com prejuízo para o apetite da criança.2,4

A seletividade alimentar caracteriza a criança que apresenta recusa alimentar total ou parcial, pouco apetite e desinteresse pelo alimento.5 Paralelamente a seletividade é a neofobia alimentar que é caracterizada com o medo que a criança tem de experimentar novos alimentos e sabores, comportamentos esses muito freqüentes em pré-escolares.6,7

De acordo com Kachani et al.1 a seletividade alimentar somente é preocupante quando envolve um grande número de alimentos, conseqüentemente um grande números de nutrientes em quantidades suficiente para determinar possíveis patologias, pois entre os seletivos não há enfermidade orgânica evidente

A falta de apetite costuma coincidir com o fato de que com a ansiedade que a criança se alimente a mãe oferece substitutos de baixo valor nutritivo, assim a criança associa que se ela não comer vai obter o que deseja8, ou acontece quando a ingestão de um alimento é recompensada por outro, por exemplo: comer a hortaliça para obter um biscoito, ou comer a fruta e só depois ver a TV, conseqüentemente as frutas passam a ser detestadas.4

Especificamente nos pré-escolares o hábito alimentar caracteriza-se pelas preferências alimentares e como citadas acima a maneira como são apresentados os alimentos interferem nessas preferências, crianças nessa faixa etária consomem somente alimentos que gostam, apresentando um consumo limitado de alimentos.6 Caso não haja uma adequada orientação, a criança estabelece uma lista de alimentos permitidos e outros proibidos a seu ver em sua alimentação. A dieta dos seletivos é composta basicamente por carboidrato e produtos lácticos, com baixo consumo de frutas e hortaliças.1,4

Segundo Viana et al.9 o processo de diversificação alimentar que implica em lidar com alimentos de texturas e paladares diferentes, exigindo assim adaptação do gosto e diferentes esforços de mastigação poderão favorecer a ocorrência da seletividade em crianças.

Estudos relatam que crianças em idade pré-escolar também podem adquirir ou desenvolve preferência por determinados alimentos através da observação de outras crianças.4

Coincidindo com o relato citado acima Jomori et al.10 afirma que a formação do gosto na infância é devido ao processo de aprendizagem, ou seja, a criança observa o que o outro indivíduo faz e tenta imitá-lo, esse processo ao se repetir no cotidiano contribui para a formação das preferências alimentares.

É comum observar também que muitas das crianças seletivas só aceitam a alimentação se tiver uma determinada técnica de preparo e apresentação ou comem apenas em um tipo de prato e sem misturar as diferentes preparações assim como consomem uma determinada marca com reconhecimento do rótulo.1,2,3

E como medida de prevenção da seletividade alimentar a educação nutricional pode ter resultados positivos quando desenvolvido nas crianças em idade pré-escolar1, no sentido de modelação para as escolhas alimentares2, já que os hábitos alimentares são moldados nessa faixa etária.3,6,12,13,14,15

No ambiente familiar é fundamental que os pais participem ativamente das escolhas alimentares de seus filhos, porque participar desse processo é muito mais do que só preparar a comida.11

Já no ambiente escolar a meta da educação nutricional deve ser a instrução das crianças sobre os princípios gerais sobre nutrição através de orientação11,16, pois segundo Perez e Aranceta17 o conhecimento sobre nutrição pode influenciar nas escolhas alimentares. A escola é um espaço privilegiado para a construção e consolidação de práticas alimentares.12

Para que as atividades de educação nutricional sejam bem desenvolvidas na escola os profissionais envolvidos precisam entender a importância de sua atuação e receber adequada informação e orientação sobre o tema a discutir com as crianças.18,19,20

Gaglianone21 afirma que a educação nutricional é um processo multidisciplinar que envolve troca de informações, desenvolvimento e motivação para mudanças de hábitos. Pois o período pré-escolar é uma época que a criança aprende muitos conceitos desenvolvendo hábitos por toda a vida.22

Assim sendo a educação nutricional aplicada em pré-escolares apresenta alguns objetivos como: criar atitudes positivas frente ao alimento, encorajar a aceitação da necessidade de uma alimentação diversificada e saudável promovendo hábitos alimentares saudáveis.2,23

O emprego de metodologias lúdicas e dinâmicas, que explorem a imaginação das crianças são propostas de processos educativos efetivos para a mudança no padrão alimentar infantil, prevenindo assim a seletividade alimentar na criança e implementando, portanto, atividades adequadas em relação ao alimento.16,23,24,25

Estudos realizados mostram que quando é realizado atividades lúdicas em educação nutricional as crianças demonstram maior interesse em participar, permitindo um aprendizado mais eficiente e prazeroso.25,26,27

Uma vez que a escolha alimentar é um processo complexo que envolve inúmeros fatores28,29.Veiga30 defende a idéia de que as escolas devem construir coletivamente um programa de educação nutricional, assim para Martins et al.23 as ações educativas em nutrição devem ser realizadas a longo prazo para que a ansiedade em promover mudanças muito rápidas não se tornem obstáculos nesse processo.

 

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A educação nutricional é de extrema importância durante a fase pré-escolar, pois atuando de maneira dinâmica e na linguagem da criança a aprendizagem fica mais fácil e estão claros os resultados positivos que a educação trás para a mudança dos hábitos alimentares.

 

 

 

 

 

 

 

 

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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