As novas tecnologias têm ao longo dos anos modificado as estruturas tanto sociais como econômicas do país. E à escola coube o papel simultâneo de mediador e explorador da nova ferramenta. As questões que surgiram estavam ligadas ao papel e funções pedagógicas que poderiam ser atribuídas a esta máquina e suas implicações.

Houve, como em toda fase de transformação, resistência e questionamentos a cerca da utilização do computador e da internet em ambiente escolar.

A escola parece não estar conseguido acompanhar o desenvolvimento evolutivo pelo qual a sociedade passa, e exercer a função de integrar o homem com o mundo. As práticas educativas não avançaram no seu objetivo de promover a autonomia humana.

O senso comum produziu algumas supostas teorias: a tecnologia destruiria inter-relações na comunidade humana (Bly, 1996, p. 169), os alunos perderiam a possibilidade de interagir e trabalhar em grupo, a figura do professor se tornaria obsoleta, ultrapassada e assim por diante.

Superada esta fase, o quadro hoje, nos mostra que as descobertas e transformações foram muitas. A popularização e consequentemente, queda do valor de mercado permitiu que a classe média tivesse maior acesso aos computadores e a internet em suas casas.

Esta nova geração que hoje tem entre 0 a 15 anos, nasceu ouvindo as palavras bites, sites e home pages e acha absolutamente normal e até comum a presença desta máquina em suas residências.

As crianças hoje, aprendem a utilizar o computador cedo e sem visões pré-concebidas. Não há medo do erro ou do desconhecido, o que por si só deve ser motivos de pesquisas e estudos, tudo pode ser deletado e refeito, o que não se sabe agora pode ser descoberto rapidamente através do clique em algumas teclas; é a experimentação pura!

Um estudo recente realizado por pesquisadores de universidades no Rio de Janeiro sobre a utilização de computadores e internet por crianças entre 10 a 15 anos, com o objetivo de investigar o novo contexto social e suas influências, relata a relação de lazer, prazer e afetividade que as crianças estabelecem com o computador.

"Bom, o computador é a minha "salvação", nele eu me divirto, pesquiso, estudo...o computador é a minha enciclopédia, pesquiso tudo nele, faço trabalhos possiveis no microsoft word, enfim é um "amigão""(sexo feminino, 11 anos, Rio de Janeiro, usa computador desde os sete anos).


Alguns psicopedagogos já utilizam com sucesso atividades no computador como parte do tratamento de crianças com dificuldades de aprendizagem (Weiss, 2001).

Porém, são os professores, em sua maioria, que resistem ou ignoram a utilização do computador e da internet como recurso pedagógico, e os motivos para tal são inúmeros.

No processo de informatização das escolas brasileiras, mas precisamente no Rio de Janeiro, observa-se que os professores não estão tecnologicamente alfabetizados. Segundo Sampaio (2000), é necessário compreender que o ser humano ao longo do tempo criou tecnologia para produzir e reproduzir os meios de sua própria sobrevivência e que alguns desafios deste século estão ligados as mudanças que essas tecnologias acarretam no mundo.

É tarefa da escola e portanto do professor formar o cidadão consciente e crítico em sua plenitude e este cidadão deve ser capaz de analisar criticamente o mundo tecnológico e também obter com o mesmo as opotunidades por ele geradas.

As mudanças, portanto, além de urgentes são primordiais neste diálogo aluno-professor-tecnologias. De acordo com Veiga (1995), a escola deve assumir " a função de proporcionar às camadas populares, através de um ensino efetivo, os instrumentos que lhe permitam conquistar melhores condições de participação cultural e política e reivindicação social" (pg. 81).

Reivindicação esta que deve exigir também da escola que seus alunos sejam preparados para participar da modernização científica e tecnológica, qualificando-os para os novos padrôes exigidos pelo mundo do trabalho (Evangelista, 1994) e alavandando o desenvolvimento do nosso país.