É comum ouvirmos de pais e professores a expressão "aborrecente".

O sentido pejorativo dessa palavra além de ofensivo demonstra que, quem o utiliza deveria conhecer melhor as fases do desenvolvimento da inteligência e da moral de toda criança, consequentemente esclarecendo-se da hora certa de começarmos a colocar limites e valores para que afamosa"adolescência" não se apresente tão desastrosa.

Quando a criança começa a comunicar-se e movimentar-se ( falar e andar) sem o auxílio do adulto, por volta dos 2 anos de idade, podemos dizer que ocorre o segundo corte do cordão umbilical ou a primeira adolescência. Chamamos esta fase de "negativismo infantil" ou idade da birra quando o egocentrismo encontra-se bastante acentuado. A criança quer explorar o espaço, muitas vezes expondo-se ao perigo.

Quantas vezes observamos em shopping ou supermercado os pais tendo que arrastar a criança que chora, faz birra por querer algo, ou mesmo sumindo do alcance dos olhos dos pais.

Nestas fases, caso não se inicie a colocação de limites e valores os pais passarão por maiores dificuldades, posteriormente. Quando bem conduzida, aos 5 ou 6 anos haveráum perceptível decréscimo do negativismo, consequentemente do egocentrismo..

Ao entrar na fase da inteligência lógica concreta, aos 8 ou 9 anos, inicia-se, comportamentalmente, a moral "autônoma", isto é, a sua opinião deixa de ser semelhante a dos seus pais. É comum ouvirmos os pais reclamarem: "Meu filho nunca foi respondão, agora está diferente!".Ocorre que aqui temos o terceiro corte umbilical da criança, ou a segunda adolescência. As maturidades cognitiva e emocional levam a criança à mudança de comportamento..Deve ser iniciada a educação da "vontade", além da colocação de novos valores e limites.

Educar a vontade consiste em reverter fatos, ou seja, um fato bom à criança porém inútil à sua vida em um fato útil à sua vida porém não da sua preferência, na ocasião.Podemos citar como exemplo a criança que teria um jogo de futebol e uma aula de catecismo, no mesmo horário. Cabe aos pais colocar a importância de um e outro compromisso, levando-a a aceitar o negativo para ela, porém útil à sua vida.

Chegamos assim à adolescência, que será o quarto corte do cordão umbilical.

Nesta fase o pré-adolescente ou adolescente, intelectualmente já se encontrano início das operações formais, o que lhe permite fazer reflexões. Por ser uma capacidade nova, amplia-se o seu desejo de autonomia. Além da explosão da sexualidade ocorre uma revolução cerebral. As sinapses em desuso deixam de existir, formando-se novas sinapses. Tal revolução que leva o adolescente a ser inconseqüente, poderoso, reformador do mundo, dono da verdade e inúmeras características mais localizadas nesta fase.

Percebemos que as diferentes fases são diferenciadas pelo tipo de comportamento pois, esse ocorrerá de acordo com as maturidades cognitivas e comportamentais ou morais.

Quanto menos forem trabalhadas adequadamente as primeiras fases esta última será mais problemática.

Concluímos que limites e valores devem ser colocados, em doses homeopáticas, adequadas às fases nas quais as crianças ou adolescentes se encontram. Jamais serão interiorizados de uma só vez.

Quando trabalhados desde cedo proporcionam à criança uma estrutura que lhe permitirá uma adolescência mais tranqüila, bem como aos seus pais e professores

Bibliografia:

Piaget, Jean e Inhelder,B: A psicologia da criança DIFEL

Piaget, Jean-Seis estudos de psicologiaEd. Forense

Dorin, Lannoy: Psicologia do desenvolviemnto; Ed. Opção