Com a evolução histórica da sociedade, hoje a escola se apresenta como instituição responsável pelo acesso às informações e transmissão dos conhecimentos socialmente construídos, bem como, a socialização das pessoas. A educação deve garantir a igualdade de oportunidade para todos no combate à exclusão social.

Apesar de seu papel e o fato de que a inclusão do aluno com deficiência na escola regular é um direito garantido pela legislação, muitos preconceitos ainda se fazem presentes na comunidade escolar. Esses preconceitos, de um modo geral, decorrem da ignorância, negligência, superstição, falta de informações e concepções erradas sobre o assunto.

Sabemos que o tema ainda é pouco discutido nas instituições escolares, não há momentos de reflexões coletivas sobre essa questão, tão pouco, são oferecidos aos educadores cursos de formação continuada ou especializações que esclareçam as dúvidas e auxiliam a enfrentar as reais necessidades apresentadas.

Além disso, acolher um aluno com deficiência numa sala de aula comum implica em diversas mudanças, sobretudo nas atividades de ensino e isso, muitas vezes assusta os educadores do ensino regular que não têm formação, exatamente pelo medo de enfrentar aquilo que se apresenta como uma nova situação. Esse receio pode levar os professores a ter uma resistência em trabalhar com os alunos portadores de deficiência, gerada pela falta de conhecimento em como lidar com essas crianças e, assim, eles são tomados por um sentimento de insegurança para assumir um trabalho inclusivo.

Mas, tal como indica Sassaki (1997):

A educação inclusiva representa um passo muito concreto e manejável que pode ser dado em nossos sistemas escolares para assegurar que todos os estudantes comecem a aprender que o “pertencer” é um direito, não um status privilegiado que deva ser conquistado (Kunc, 1992 apud SASSAKI, 1997, p. 123).

Além de capacitação e de esclarecimentos, é necessário que o professor da classe comum esteja preparado para receber o aluno portador de necessidade especial, de modo a garantir que a inclusão não seja somente física, ao contrário, que todos se sintam acolhidos, respeitados, em um ambiente que favoreça aprendizagens significativas. Mas, vale ressaltar que, para que ocorra essa aprendizagem significativa, é preciso saber quais são as expectativas do professor, o que ele necessita, almeja, pensa, quais são as suas ansiedades em relação ao “diferente” e dar todo o apoio e suporte a ele.

Do mesmo modo, o professor deve ter em mente que não precisa conhecer tudo e resolver tudo sozinho, contrariamente, os pais, o corpo docente da escola, a direção, o especialista em educação especial, os médicos, terapeutas, fonoaudiólogos, psicólogos, enfim, estes diferentes profissionais são grandes aliados nesse processo. Portanto, procurar orientação, esclarecer as dúvidas, receber informações mais específicas, conhecer experiências em conversas com a família, professoras e especialistas de outras áreas são formas de superar a insegurança e obter sucesso.

Há de se entender ainda que a organização administrativa escolar, o currículo, as metodologias de ensino e os recursos e materiais também são determinantes para a inclusão do aluno com deficiência. Nesse sentido, na tentativa de promover um espaço de conforto e segurança para o educador e os demais alunos, é interessante conhecer os equipamentos presentes na escola, fazer uma análise de quais são as condições da estrutura física do prédio, sua respectiva condição de conservação, bem como, qual será o número de crianças por turma.

            Na sala de aula, organizar um trabalho em coerência com conceitos de respeito, solidariedade e gerar uma consciência cooperativa com todos àqueles que convivem no cotidiano escolar, criando um ambiente de expectativas positivas em relação às potencialidades do aluno especial, mesmo com as suas limitações, também é de extrema importância.

Na realidade não existe uma receita e, apesar de toda a ansiedade, gerada muitas vezes pelo desconhecimento do assunto e pela ausência de uma formação específica, não existe melhor maneira para assumir um trabalho inclusivo, de braços e coração abertos, com amor e respeito, acreditando na criança sem medo e apreciando-a além das eventuais dificuldades que ela possa apresentar.

Referência Bibliográfica:

 

SASSAKI, R.K. - Inclusão: construindo uma sociedade para todos. Rio de Janeiro, WVA, 1997.