RESUMO

A educação, de fato, é a coluna principal da sociedade e é a responsável pelo rumo do progresso de cada nação, dependendo de como é trabalhada. Países subdesenvolvidos com altos índices de analfabetismo possuem índices expressivos de violência, desemprego, mortalidade infantil entre outros. O contrário acontece com países desenvolvidos que a educação escolar é tratada como prioridade. Assim como a educação é essencial, ela também é complexa. Em uma sociedade que é marcada pelo preconceito e estereotipada pelas diferenças, e que, no entanto também progride lentamente sobre as questões humanitárias, a ideia da educação inclusiva se encaixa como uma grande reviravolta cultural. É sabido que a inclusão está ligada diretamente a exclusão. E a exclusão conecta-se às questões de etnia, deficiências, gênero, sexualidade entre outros. O objetivo desse artigo é conceituar as principais diferenças dignas de exclusão escolar e pontuar os principais métodos pedagógicos e os avanços ou recuos dos mesmos. Foi constatado que os obstáculos variam desde o material pedagógico até a infra-estrutura das escolas, com atenção especial para a capacitação de professores, reciclagem e apoio da sociedade. Os avanços dos programas inclusivos, na maioria dos casos, são significativos, porém caminham com lentidão uma vez que ainda há dificuldades em adquirir apoio das políticas públicas. Contudo, a evolução dos programas é o que nutre os envolvidos diante dos resultados de aumento de auto-estima, autoconhecimento, aumento do rendimento escolar, socialização e valorização das diferenças.

1. INTRODUÇÃO

Dentre os pilares mais importantes da sociedade moderna brasileira, considerado o melhor caminho para o combate aos diversos problemas sociais e políticos que o Brasil enfrenta e que colabore para a ampliação da cultura, disseminação do conhecimento, abrangência política, entre outros fatores é a educação. A educação bem fundamentada, que contemple os aspectos relevantes para a formação do cidadão desde o maternal até, principalmente, o segundo grau é o que trará a proximidade da sociedade ideal para a realidade.

No entanto, essa coluna social acompanha lentamente os anseios do povo brasileiro. Isso por que ainda há deficiências que precisam ser encaradas de frente, como um fator de grande decisão para a lapidação da formação do cidadão. E sendo assim, um desses colapsos é a exclusão escolar.

A exclusão escolar está ligada ao preconceito característico do ser humano, em especial ao brasileiro, referentes a fatores sociais, econômicos, culturais, étnicos, relativos à opção sexual, deficiências físicas e mentais entre outros.

Partindo dessa realidade, as políticas públicas, mais que urgente, devem começar a planejar escolas e recriar o modelo educativo, onde as diferenças serão tratadas com normalidade e como uma opção de agregar valores e a infra-estrutura esteja preparada para todos os tipos de alunos, de maneira a não proporcionar constrangimentos. E é por esse motivo que diversos projetos estão engajados a colaborar com esse cenário, por meio de estudos, proposições, debates e palestras e todos os meio possíveis de levar esclarecimento e buscar apoio para essa causa.

O objetivo desse artigo é discutir os fatores ligados à inclusão escolar, conciliar o tema com teorias práticas e diagnosticar os possíveis avanços ou recuos em relação aos projetos de prática inclusiva.

2. DESENVOLVIMENTO

A educação é um pilar social que muitos cientistas e a própria sabedoria popular, consideram-na como fundamental para a formação de cidadãos livres, politizados, bem resolvidos com questões étnicos e sociais e ilimitados para o saber.

Tendo em vista o importante papel que exerce essa função social, a educação escolar deve ser consistente e clara nos seus objetivos, pois trabalhará o crescimento pessoal, profissional, o convívio, o respeito e, não menos importante, a valorização das diferenças.

E são as diferenças que trazem a tona o preconceito que habita em cada um e que sendo estimulados pela coletividade, provoca a prática da exclusão que, diferentemente em cada uma das vítimas, traz consequências diversas como o abandono escolar, a redução de rendimento, a introspectividade, entre outros. A idéia da exclusão escolar caminha juntamente com as práticas de inclusão escolar.

Segundo Crochik (1995), o preconceito prepara a ação de exclusão do mais frágil, por aqueles que não podem viver a sua fragilidade, em uma cultura que privilegia a força.

Diversos são os motivos para o insucesso escolar e grandes são os desafios para superar essa deficiência. Se a condição econômica do país é ruim, o desafio é construir escolas suficientes para atingir a totalidade das crianças que não estudam e que, às vezes, nunca entraram em um ambiente escolar.

Já em países ricos, uma das metas é inserir crianças com deficiências no ambiente de educação tradicional. Porém essa idéia já tem sido vista como ultrapassada, uma vez que muitos são os fatores que causam a exclusão escolar e então, muitos serão os fatores a se considerar para a prática da inclusão.

As práticas mais comuns de discriminação são em relação aos deficientes, as de cunho racial e de gênero.

2.1 Discriminação pela deficiência

De acordo com “As Diretrizes Nacionais para a Educação Especial para a Educação Básica” (2001), os indivíduos com deficiências, vistos como “doentes” e incapazes, sempre estiveram em situação de maior desvantagem, ocupando, no imaginário coletivo, a posição de alvos de caridade popular e da assistência social, e não de sujeitos de direitos sociais, entre os quais se incluem o direito à educação.

Diante do fato, muitas propostas pedagógicas de inclusão escolar vêm sendo estudadas e implantadas em escolas do mundo inteiro e uma delas baseia-se na educação não-disciplinar que é um método que explora os dons dos alunos especiais, reconhece as dificuldades de cada um, porém não limitam, pois são contempladas no método de ensino.

Para ensinar a turma toda, deve-se propor atividades abertas, diversificadas, isto é, atividades que possam ser abordadas por diferentes níveis de compreensão e de desempenho dos alunos e em que não se destaquem os que sabem mais ou os que sabem menos (MEC, 2004).

A deficiência é uma das diferenças menos compreendidas pelos alunos e a que mais gera exclusão. E é claro que o preconceito com as deficiências tem caráter histórico, perdura aos dias de hoje e gera muitos debates e polêmicas acerca das didáticas pedagógicas e sobre os métodos educacionais inclusivos. Muitas instituições têm desenvolvido projetos e implantado em escolas regulares a fim de socializar as diferenças, agregar conhecimento aos alunos e suavizar o convívio geral.

Exemplo disso é o projeto da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais – APAE que, com o objetivo de fortalecer a inclusão escolar nas escolas comuns de Paracatu – MG, realizou um trabalho abrangente e que inclui um programa de capacitação e socialização dos professores regulares, famílias e alunos em geral.

Visitas freqüentes às escolas por profissionais do projeto (psicólogo, assistente social, fonoaudiólogo), objetivando a troca de informações e o apoio aos professores são uma das ações tomadas pelo projeto. Também, a realização de visitas domiciliares às famílias dos alunos incluídos, com o objetivo de orientar os parentes em relação a higiene e deveres de casa, por exemplo; A prática de reuniões pedagógicas trimestrais com especialistas das escolas comuns; A execução de oficinas de musicoterapia, comunicação alternativa, leitura e escrita entre outros fazem parte da estrutura complexa e inclusiva do projeto.

O resultado foi à capacitação de 116 profissionais do ensino regular pela APAE, o reconhecimento social pela comunidade e para os que prestam apoio e o aumento do rendimento dos alunos especiais.

Segundo a diretora da Escola Estadual Olindina Loureiro, Aida Gonçalves de Carvalho, retirado do portal APAE Brasil (2010) a APAE foi fundamental para a capacitação dos professores regulares e pela humanização dos mesmos no conceito de inclusão escolar. Também a criação de uma equipe multidisciplinar, orientada e reciclada periodicamente contribuiu para melhoria do cenário da escola, a conscientização dos alunos regulares e para o apoio aos não-regulares. Segundo ela, os obstáculos são muitos e incluem desde o material pedagógico até a infra-estrutura da escola e os resultados alcançados de sucessos são esporádicos, uma vez que faltam políticas públicas.

Já de acordo com a professora Maria Aparecida Veloso Porto, da mesma escola acima citada, um dos obstáculos a ser considerados são as resistências de algumas famílias ao projeto. Em relação aos resultados alcançados, a professora enfoca a lentidão e em alguns casos até a regressão do processo que segundo ela, traz o sentimento de incapacidade pelo aluno e o de fracasso pelo professor. No entanto diz que a escola está inserida no projeto contribui muito para que a inclusão caminhe no rumo certo. E por fim, destacando os pontos positivos, aponta que há estudantes que atingem as expectativas por conta própria e, que isso é gratificante, conclui (Portal APAE Brasil, 2010).

2.2 Discriminação pelo gênero

De acordo com o Portal EFDEPORTES (2010), as diferenças estabelecidas pela sociedade com relação a homens e mulheres vêm sofrendo uma constante mudança, por conta da resistência do gênero feminino em ceder às determinações da sociedade que, culturalmente impôs normas de comportamento completamente incoerentes e que, desta forma, impediu e atrasou em milhares de anos a independência das mulheres.

Desde os primórdios o gênero é tratado com inferioridade, submissão, desrespeito e a pouco tempo, perante muitos obstáculos vencidos, as mulheres vem alcançando resultados mais consistentes em relação à importância no cenário social e econômico mundial. Em especial no Brasil, as mulheres estão ocupando, mais frequentemente, as posições de chefes de família, de executivas, e fundamentando a postura social essencial para o giro da economia atual. Porém, esse fato vem sido conquistado mediante a muita luta, pois ainda estamos imersos a uma cultura pobre, preconceituosa, limitada e ultrapassada.

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