JOELZA RODRIGUES DE OLIVEIRA

EDUCAÇÃO INCLUSIVA E O ATO DE CONVIVER COM AS
DIFERENÇAS NA EDUCAÇÃO ESPECIAL


Monografia apresentada ao Curso de Letras da Universidade Estadual Vale do Acaraú ? UVA,
como requisito parcial para a obtenção do título de Graduada em Letras-Habilitação em Língua Portuguesa, sob a orientação da Profa. Ms. Cleidimar Rodrigues de Sousa Lima.


SOBRAL ? 2010




SUMÁRIO



1 INTRODUÇÃO........................................................................................................09

2 O PROCESSO HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA: ASPECTOS LEGAIS

DOS DIREITOS HUMANOS......................................................................................10

2.1 A Educação Inclusiva e seu Nascedouro no Cenário Internacional.....................10

2.2 A Educação Inclusiva no Cenário Educacional Brasileiro....................................15

2.3 A Formação Docente e a Educação Inclusiva.....................................................19

3 A EDUCAÇÃO INCLUSIVA NA FAMÍLIA, NA ESCOLA E NA SOCIEDADE......23

3.1 O Papel da Família na Educação Inclusiva..........................................................23

3.2 O Papel da Escola na Educação Inclusiva...........................................................26

3.3 Responsabilidade Social e Educação Inclusiva: as Problemáticas e os Desafios

do Binômio Exclusão x Inclusão.................................................................................29

4 A REALIDADE EDUCACIONAL E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA: A EXPERIÊNCIA
DA APAE NAS DIMENSÕES HISTÓRICA, PEDAGÓGICA E SOCIAL..................32

4.1 A Proposta de Educação Inclusiva da APAE de Sobral ?CE...............................33

4.2 A Visão dos Docentes da APAE de Sobral ? CE sobre a Educação Inclusiva....34

4.3 A Visão dos Discentes da APAE de Sobral ? CE sobre a Educação Inclusiva...42

4.4 Da Exclusão à Inclusão: as Dimensões Pedagógicas da Educação Inclusiva na

Atualidade...................................................................................................................48

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................49

6 REFERÊNCIAS.......................................................................................................51

7 ANEXOS.................................................................................................................53

8 APÊNDICES...........................................................................................................56



RESUMO

Este trabalho acadêmico traz importante abordagem sobre a Educação Inclusiva, sua história, sua trajetória e suas conquistas, bem como suas influências educacionais e sociais, assim como reflexões e sugestões para bom trabalho e convívio escolar e social, tanto para os portadores de necessidades especiais, como para as pessoas "normais", que convivem simultaneamente nos mesmos ambientes, mas que muitas vezes são vistas e tratadas como pessoas diferentes. Na atualidade, a inclusão é percebida como uma forma normal, embora compreendida de caráter especial, quando aplicada no ato de educar crianças e adolescentes para que saibam e se sintam pessoas aceitas, e de certa maneira, independentes na escola em que estudam e na sociedade em que vivem. Tal sistema de educação precisa estar se atualizando e cuidando da profissionalização de seus atores educativos para que estes se tornem capazes de atuar efetivamente e de transmitir uma educação mais justa e igualitária para todos, ou seja, mostrar que a sociedade tem como papel aceitar as diferenças possibilitando às pessoas com necessidades especiais a busca pelo direito ao respeito e à aceitação. Sobre tal tema os estudiosos que contribuíram e fundamentaram esta pesquisa foram MAZZOTA (2005), MITTLER (2003), PACHECO ET ALL (2007), STAINBACK (1999), RUSSO (2006), dentre outros, que muito colaboraram com seus estudos para que esta discussão social e pedagógica alcançasse maior destaque na sociedade. Associada à pesquisa teórico-bibliográfica, com os autores já referenciados, posteriormente foi realizada uma pesquisa de campo com dois docentes e vinte e dois discentes, na APAE ? Sobral-CE, através de um questionário para cada um dos dois grupos investigados, contendo cinco perguntas fechadas sobre o assunto aqui abordado. Após serem feitas as análises e tabulação dos dados coletados nesta pesquisa foi possível concluir que a Educação Inclusiva ainda tem um longo caminho a percorrer no seu processo de reconhecimento social e de construção de políticas publicas educacionais capazes de melhorar o acesso e a permanência exitosa dos portadores de necessidades especiais nas escolas regulares ou ainda nas que são estruturadas especificamente para tal experiência pedagógica, como é o caso da APAE. A formação docente ainda é muito precária neste quadro de apreciação de uma realidade educacional que precisa ser mais eficiente e eficaz nos seus serviços prestados. Acreditamos que mudanças culturais precisam ser vivenciadas pela sociedade brasileira para que a Educação Inclusiva venha a ser verdadeiramente aplicada em suas dimensões, princípios e normas.


PALAVRAS - CHAVE Educação Inclusiva. Necessidades especiais. Aceitação. Diferenças. Sistema de Educação.



1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho monográfico consiste na abordagem da análise da Educação Inclusiva no âmbito escolar, familiar e social, como vem sendo trabalhada nas escolas e o seu papel diante da sociedade; logo, mostraremos também algumas possibilidades pedagógicas voltadas para as pessoas portadoras de necessidades especiais.
Em tempos passados a inclusão não fazia parte da escola e muito menos da sociedade. As pessoas, principalmente as crianças, com necessidades especiais eram separadas da sociedade. Hoje percebemos que o preconceito e o descaso ainda existem, mas com menos frequência, muitas vezes por parte das próprias famílias que acabam não aceitando a inclusão ou não sabem como agir. Assim, a escola vem com um papel transformador em relação à Educação Inclusiva.
Este trabalho acadêmico teve como objetivo geral expor os desafios e ao mesmo tempo as possibilidades que a escola tem na construção da Educação Inclusiva. Quanto aos objetivos específicos, estes se fundamentam em revelar a história da Educação Inclusiva, o papel do professor, da família e da sociedade, preparando o indivíduo para as possibilidades de ingressar no mercado de trabalho, e trabalhando a exclusão de maneira positiva.
Procurando alcançar tais objetivos, a pesquisa bibliográfica teve como embasamento teórico alguns teóricos de renome, tais como: MAZZOTA (2005), MITTLER (2003), PACHECO ET ALL (2007), STAINBACK (1999), RUSSO (2006) e ainda uma pesquisa de campo, com professores da APAE situada no Município de Sobral ? CE, na qual buscou-se uma melhor compreensão a respeito de como se dá o processo da Educação Inclusiva através da escola, mediante a utilização da pesquisa exploratório-descritiva.
Este estudo monográfico foi dividido em três capítulos. No primeiro capítulo, intitulado O PROCESSO HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA: ASPÉCTOS LEGAIS DOS DIREITOS HUMANOS, que consiste nas condições históricas da Educação Inclusiva, faremos uma abordagem sobre como a mesma vem se desenvolvendo ao longo do tempo em âmbito nacional e internacional, e a formação docente em relação a esse assunto. Enquanto que o segundo capítulo, denominado A EDUCAÇÃO INCLUSIVA NA FAMÍLIA, NA ESCOLA E NA SOCIEDADE
mostraremos a importância da família, da escola e da sociedade na formação da cidadania e aceitação da inclusão e, consequentemente, das pessoas portadoras de necessidades especiais. Em seguida, no terceiro capítulo, intitulado A REALIDADE EDUCACIONAL E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA: A EXPERIÊNCIA DA APAE NAS DIMENSÕES HISTÓRICA, PEDAGÓGICA E SOCIAL, teremos como base a pesquisa de campo, cuja finalidade foi a de perceber como vem sendo trabalhada a Educação Inclusiva em sala de aula.
Enfim, esperamos que esta pesquisa possa oferecer uma contribuição para os universitários e os educadores, em pesquisas e trabalhados acadêmicos, pois o mesmo aborda as possibilidades que a escola possui para construir a aceitação da Educação Inclusiva por toda a sociedade.


2 O PROCESSO HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA: ASPECTOS LEGAIS DOS DIREITOS HUMANOS


Este capítulo apresenta a inclusão escolar em tempos passados como um fator social inexistente. Também expõe e destaca alguns dos maiores desenvolvimentos e algumas das iniciativas ao redor do mundo; destaca ainda a inclusão histórica e atual no Brasil e a importância da formação docente com o intuito de demonstrar o quanto a inclusão é importante e deve ser aceita em nossa sociedade.

2.1 A Educação Inclusiva e seu Nascedouro no Cenário Internacional

Em tempos passados pode-se dizer que educação inclusiva não existia, a sociedade se encontrava indiferente às crianças com deficiências físicas e mentais.
Os deficientes eram afastados e isolados da sociedade, suas diferenças eram vistas como maldição, destino e outros vários tipos de crendices.
O século XIX tornou-se promissor, tempo de grandes descobertas na medicina, biologia e saúde fizeram com que estudos sobre os deficientes fossem mais aprofundados com o intuito de resolver os seus problemas, assim iniciando a chamada segregação institucional onde os deficientes eram tratados como doentes excluídos da sociedade e da família, muitos deles passando até a vida toda em asilos de caráter religioso ou filantrópico para deficientes, ao mesmo tempo, surgiam escolas especiais e centros de reabilitação, pois a sociedade começava a ver e entender os deficientes como seres normais e produtivos se tivessem a oportunidade de treinamento especializado.
Essa vivência segregada propiciava comportamentos e relações inadequados às pessoas que mais necessitavam de companhia, ou seja, a necessidade da relação em sociedade, como nos afirma Stainback (1999, p.25):

Em geral, os locais segregados são prejudiciais porque alienam os alunos. Os alunos com deficiência recebem, afinal, pouca educação útil para a vida real e os alunos sem deficiência experimentam fundamentalmente uma educação que valoriza pouco a diversidade, a cooperação e o respeito por aqueles que são diferentes.


Mesmo com tal realidade a ciência foi se desenvolvendo fazendo com que no pensamento das pessoas o preconceito e a ignorância dessem lugar à esperança e aceitação.
A inclusão não se remete somente à educação, mas sim à sociedade como um todo, ou seja, a inclusão social também determina as condições de quem, aos olhos dos outros, é diferente da sociedade, como percebemos em Pacheco et all (2007 p.16):

Relaciona-se com a igualdade e a luta contra a exclusão social de grupos marginalizados em larga escala, seja por motivos culturais ou por outro tipo de contexto social. Aplica-se, por exemplo, a grupos étnicos, grupos de crenças diferentes, grupos de gênero e grupos de desempregados.


Sobre tal afirmação, percebemos também que Russo (2006, p.65) acrescenta ainda que "aceite o desafio de incluir deficientes em sala de aula e na sua empresa. Todos vão ganhar com isso". A partir de tal assertiva vimos que a convivência em sociedade igualitária traz benefícios para a sociedade como um todo.
No século XX a inclusão foi classificada como um dos principais movimentos reformistas na escola, e nos dias atuais, os deficientes levam uma vida diferente, de aceitação, convivem muito bem com outras pessoas sendo capazes de produzir, de criar, tendo assim uma longevidade mais intensa.
Agora a inclusão é um movimento mundial. O compromisso com a educação inclusiva teve seu início há dez anos quando chefes de estado e ministros da educação do mundo assumiram o compromisso público com o objetivo de atingir "Educação para Todos" em 2000.
Tal compromisso foi assumido na conferência realizada em Jomtien, na Tailândia, organizada pelo UNICEF, pela UNESCO, pelo Programa de Desenvolvimento da Organização das Nações Unidas e pelo Banco Mundial.
Várias autoridades, ministros, organizações não-governamentais e representantes da mídia também participaram dessa conferência. Poucos meses depois, os chefes de estado do mundo renovaram seu compromisso na Reunião de Cúpula sobre a Criança realizada em Nova York.
Cada país teve como tarefa a realização de metas nacionais para a próxima década. Tais metas teriam que dominar temas como expansão de cuidados na
primeira infância incluindo atividades de desenvolvimento com a participação da família e comunidade, principalmente para as crianças pobres, frágeis e portadores
de deficiência. Acesso universal ao ensino fundamental e aos quatro primeiros anos iniciais de escolarização. Melhoria da aquisição de aprendizagem para cada grupo de faixa etária apropriada. Redução dos índices de analfabetismo adultos com ênfase nas mulheres a fim de reduzir as desigualdades educacionais entre os sexos feminino e masculino. Expansão dos serviços de educação básica e treinamentos em várias habilidades para jovens e adultos visando a saúde, afetividade, emprego e produtividade.
Assim, segundo Mittler (2003, p. 39):

Entre tantas pressões que nos preocupam, é difícil encontrar tempo na agenda do mundo para problemas que, talvez se possa argumentar, sempre estiveram conosco e não podem ser considerados excepcionais ou urgentes. Porém, para as crianças que desnecessariamente sofrerão de má nutrição, doenças, deficiências e morte precoce na próxima década, e para as famílias dessas crianças, tal argumento tem pouco peso. Caso se espere que o século XXI seja melhor para a espécie humana do que o foi o século XX, então é essencial que o princípio das crianças em primeiro lugar se torne parte de uma nova política intelectual.

A internacionalização da educação inclusiva torna o assunto globalizado onde se percebe a necessidade de mudança em todas as partes do mundo. Mas dez anos depois, não se percebe a concretização de todas as metas estabelecidas na conferência da Tailândia em 2000, como percebemos em Mittler (2003, p.40): "Dez anos já se passaram e ainda há muito pouco para uma celebração global. Poucos países atingiram um nível suficiente e há algumas tendências encorajadoras".
Podemos citar como exemplos já atingidos o revestimento do declínio das matrículas escolares na década de 80 em todas as áreas, com exceção em alguns países da África; uma mudança significativa na queda dos índices de analfabetismo adulto com 300 milhões de analfabetos a menos do que se esperava.
Diante desses e outros exemplos que servem como fatores positivos, mas, ainda inadequados, as metas estabelecidas pela conferência Educação para Todos 2000 sofreu um retrocesso para 2015 e mesmo assim, provavelmente, poderá não atingir completamente suas metas.
Os documentos da Conferência de Jomtien apresentam explicitamente a referência às crianças e jovens portadores de deficiência, mas poucos governos relataram iniciativas para novas condições dessas crianças freqüentarem a escola,

onde socialmente, entendemos que para uma boa formação a educação se atrela à família e escola.
Como ponto de iniciativa histórica sobre esse tema destacamos a Conferência de Salamanca que foi organizada pela UNESCO e pelo governo da Espanha juntamente com a participação de 94 representantes de governos, assim como muitos representantes de Organizações Não-Governamentais onde reafirmam o compromisso para com a Educação para Todos reconhecendo a necessidade e urgência de providenciar educação para crianças, jovens e adultos com necessidades educacionais especiais dentro do sistema regular de ensino e re-endossamento da Estrutura de Ação em Educação Especial.
A Declaração de Salamanca serviu como um guia de recomendações e organizações para os participantes desse marco histórico que é a inclusão das pessoas deficientes no ensino regular.
Tal Declaração acima referenciada foi significativa por lembrar aos governos que as crianças portadoras de deficiência devem ser incluídas na Educação para Todos, esclareceu a filosofia e a prática da exclusão e a partir daí conseguiu um compromisso dos governos para com a educação inclusiva oferecendo um fórum para discussões e troca de idéias e experiências sobre como o desafio estava sendo enfrentado no mundo.
As crianças com dificuldades de aprendizado e com deficiências foram vistas como parte de um grupo mais amplo no mundo as quais estava sendo negado os seus diretos de educação, sendo incluídas nesse grupo as crianças que vivem nas ruas ou que são obrigadas a trabalhar em más condições; vítimas de guerra, doenças e abusos; de outros grupos sociais e marginalizados; portadores de deficiência física e outros problemas sociais.
De acordo com a Declaração de Salamanca sobre necessidades educacionais especiais, abordada por Pacheco et all (2007, p. 15), percebemos que "aquelas que possuem necessidades educacionais especiais devem ter acesso à escola normal, a qual deve acomodá-las dentro de uma pedagogia centrada na criança capaz de atender às suas necessidades".
Em se tratando da filosofia, valores e princípios, a inclusão e a participação são fatores de que depende a dignidade humana, assim como exercer e desfrutar dos diretos humanos; podemos entender que as diferenças humanas são normais; as diferenças escolares devem ser adaptadas às crianças com necessidades; as
escolas regulares têm o dever de combater atitudes discriminatórias, de criar comunidades onde todos se sintam bem-vindos, de construir uma sociedade mais inclusiva e proporcionar educação para todos; as escolas também devem oferecer uma educação efetiva para a maioria das crianças, melhorando suas deficiências; a questão do princípio da educação deve ser adotada pelos governos como uma questão legal ou política, matriculando todas as crianças nas escolas regulares, a menos que haja razões que impeçam.
Contudo, sob tal filosofia, de valores e princípios, é direito de todo ser humano, deficiente ou não, desfrutar da educação de fácil acesso e boa qualidade para a garantia de um futuro desejado por todas as pessoas, pois quanto mais tempo as pessoas com deficiência passam em ambientes inclusivos, melhores são seus desempenhos educacionais, sociais e ocupacionais.
O ensino inclusivo representa grande contraste à segregação segundo Stainback (1999, p. 25):

[...] o ensino inclusivo proporciona às pessoas com deficiência a oportunidade de adquirir habilidades para o trabalho e para a vida em comunidade. Os alunos com deficiência aprendem como atuar e interagir com seus pares no mundo "real". Igualmente importante, seus pares e também os professores aprendem como agir e interagir com eles.


Portanto, entendemos que esses valores e princípios na vida dos deficientes tornam-se não somente direitos, mas realizações na vida dessas pessoas.



2.2 A Educação Inclusiva no Cenário Educacional Brasileiro

Percebemos, com o passar do tempo, que naturalmente a tecnologia se torna mais avançada, a educação mais estruturada e garantida a todas as pessoas, assim como também percebemos esses fatores na educação inclusiva ou especial.
Mas o sentido de educação no meio inclusivo ainda permanece estagnado, ou seja, mesmo quando entendida como modalidade de ensino, a educação especial muitas vezes tem sido definida como opções de métodos, técnicas e didáticas diferentes das utilizadas com pessoas "normais".
Em relação à inclusão no Brasil, a defesa da cidadania e do direito à educação das pessoas portadoras de deficiência pode ser considerada uma atitude muito
recente em nossa sociedade, pois o sentido a ela atribuído é, ainda hoje, o de assistência e não o de educação de alunos que apresentam necessidades educacionais especiais.
Assim, entendemos que Mazzota (2005, p. 11) define a Educação Especial como:

Modalidade de ensino que se caracteriza por um conjunto de recursos e serviços educacionais especiais organizados para apoiar, suplementar e, em alguns casos, substituir os serviços educacionais comuns, de modo a garantir a educação formal dos educandos que apresentem necessidades educacionais muito diferentes das da maioria das crianças e jovens. Tais educandos, também denominados de "excepcionais", são justamente aqueles que hoje têm sido chamados de "alunos com necessidades educacionais especiais". Entende-se que tais necessidades especiais decorrem da defrontação das condições individuais do aluno com as condições gerais da educação formal que lhe é oferecida.

Ainda em se falando da defesa e da cidadania, percebemos que são atitudes que se apresentam por medidas isoladas, ou seja, as conquistas e reconhecimentos parecem mais com elementos de políticas sociais, que parecem buscar propósitos diferentes dos educacionais.
Tal idéia pode ser provinda da história da educação em se tratando de atendimento educacional, onde até meados do século XVIII não havia base científica para que as pessoas percebessem e aceitassem a realidade, assim como o conceito de diferenças individuais, democracia e igualdade não era compreendido ou avaliado.
A respeito disso percebemos ainda que Mazzota (2005, p. 16) afirma que:

Considerando que, de modo geral, as coisas e situações desconhecidas causam temor, a falta de conhecimento sobre as deficiências em muito contribuiu para que as pessoas portadoras de deficiências, por "serem diferentes", fossem marginalizadas, ignoradas.


A educação inclusiva teve como base experiências concretizadas na Europa e Estados Unidos da América do Norte, onde no século XIX, alguns brasileiros começaram a organizar serviços para atendimentos a cegos, surdos, deficientes mentais e físicos.
Assim por longo tempo, essas atitudes foram tomadas como iniciativas oficiais e particulares por alguns educadores que se interessavam pelo atendimento educacional dos portadores de deficiências. Mas a verdadeira inclusão educacional
brasileira dos deficientes, excepcionais ou especiais vem a acontecer no final dos anos cinqüenta e início da década de sessenta do século XX.
O atendimento escolar especial aos portadores de deficiência teve seu início no Brasil mais precisamente em 12 de setembro de 1854 quando D. Pedro II fundou na cidade do Rio de Janeiro, o Imperial Instituto dos Meninos Cegos através do decreto imperial nº 1.428 e em 17 de maio de 1890, já no governo republicano de , o Chefe do Governo Provisório, Marechal Deodoro da Fonseca, e o Ministro da Instrução Pública, Correios e Telégrafos, Benjamin Constant Botelho de Magalhães assinaram o decreto nº 408, mudando o nome do Instituto para Instituto Nacional dos Cegos e aprovando seu regulamento, ou seja, o instituto começou a fazer parte das iniciativas oficiais de âmbito nacional e essas iniciativas começaram no período de 1957 a 1993, assim como o atendimento educacional dos excepcionais foi assumido, foram também criadas campanhas a nível nacional pelo governo federal . A partir daí percebemos que os deficientes começaram a conquistar igualdade, respeito e aceitação na sociedade.
Sobre essa evolução, Russo (2006, p. 66) ressalta que:

Em 1942, já havia no País 40 escolas públicas regulares que prestavam algum tipo de atendimento a deficientes [...]. Pouco a pouco, a questão da deficiência foi deixando de ser um problema de saúde e passando a ser um problema de educação.

Os institutos e escolas não desempenhavam somente o papel de educar tradicionalmente, pois algum tempo depois começaram a trabalhar oficinas para aprendizagem de ofícios.
Oficinas de tipografia e encadernação para os meninos cegos e de tricô para as meninas; oficinas de sapataria, encadernação, pautação e douração para os meninos surdos. Os alunos começaram a ter oportunidades de aprender algo mais, seja como modo de distração, seja como qualificação.
Em 1883, foi aberta a possibilidade de discussão da educação dos portadores de deficiência no 1º Congresso de Instrução Pública convocado pelo Imperador em dezembro de 1882.
Entre os temas do congresso figurava a sugestão de currículo e formação de professores para cegos e surdos mostrando uma realidade diferenciada onde a partir daí começaram a ser destinadas verbas públicas e privadas às escolas e
instituições onde ocorriam atendimentos como assistência médica, educacional e atendimento médico-pedagógico.
Sobre a importância desses institutos e estabelecimentos Mazzota (2005, p. 32) acrescenta que:

Seja por sua importância no momento mesmo de sua criação ou pela força que vieram a adquirir no seu funcionamento ou, ainda, pelo papel desempenhado na evolução da educação especial, alguns destes estabelecimentos de ensino e instituições especializadas, bem como outros que não constaram desta relação, devem ser bem mais conhecidos [...] o propósito é de ilustrar , com a instalação e características, a educação especial até meados deste século.


Com o decorrer da conquista de valores humanos e sociais, a educação especial brasileira precisava estar apoiada sob lei, onde pudesse garantir o cumprimento de direitos e deveres para as pessoas com necessidades especiais.
A política pública nacional de educação especial teve seu início de 1961 a 1971 onde se destaca a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), que reafirma o direito dos excepcionais à educação.
Segundo Mazzota (2005, p. 68) "de acordo com a Lei nº 4.024/61. Art. 88, para integrá-los, na comunidade, sua educação deverá, dentro do possível, enquadrar-se no sistema geral de educação."
Através da LDB lei nº 9.394/96 entendemos que a educação dos excepcionais deve ocorrer da mesma maneira e se utilizar dos mesmos serviços educacionais utilizados para a educação popular como um todo. Mas como no público dos excepcionais, naturalmente, existem as diferenças, deverão ser abrangidos tanto pelo sistema geral de educação quanto serviços educacionais especiais.
Entretanto, percebemos que enquanto a educação dos excepcionais não se enquadrar no sistema geral da educação, estará enquadrada em um sistema educacional especial, dessa maneira entendemos que as ações educacionais aos excepcionais estão ao lado do sistema educacional geral, mas não incluídos.
Muitas vezes, é essa a realidade que nos deparamos, tanto para os excepcionais, quanto para as pessoas que não estão enquadradas entre eles, a conquista do respeito e do social nos parece mais alcançável que a garantia no sistema geral de educação.
Ainda em relação à legislação, é importante ressaltar e registrar a Lei nº 7.853, de 24 de outubro de 1989 onde temos o conhecimento do apóio às pessoas
portadoras de deficiência e sua integração social sobre a Coordenadoria da Pessoa Portadora de Deficiência ? CORDE.
Segundo Mazzota (2005, p. 80) a Lei nº 7.853 de 24 de outubro de 1989 estabelece "normas gerais para o pleno exercício dos direitos individuais e sociais das pessoas portadoras de deficiência e sua efetiva integração social".
Assim como esses direitos já citados anteriormente, tão importantes para os portadores de deficiência, o Artigo 2º, Inciso I da mesma lei define as medidas a serem tomadas pelos órgãos da administração direta ou indireta da educação como a abrangência da inclusão da educação precoce e primeiros anos escolares no sistema educacional da Educação Especial; a inserção desse sistema educacional nas escolas especiais, privadas e públicas; a oferta obrigatória e gratuita, da Educação Especial em estabelecimentos públicos de ensino; o acesso de alunos deficientes aos benefícios oferecidos para os demais educandos; a matrícula em cursos regulares de ensino público e particular, ou seja, todas as medidas que favorecem a inclusão de deficientes com todos da sociedade.
Percebemos que a referida lei se baseia e procura garantir o cumprimento da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789, onde em seu artigo 1º declara que "Os homens nascem e permanecem livres e iguais em direitos. As distinções sociais só podem fundar-se na utilidade comum".

2.3 A Formação Docente e a Educação Inclusiva

Para que se entenda a formação dos docentes adequada à educação inclusiva, que prepare todos professores para ensinar a todos os alunos, percebemos que o professor, naturalmente, precisa ser preparado humanamente, ou seja, precisa ter em sua essência a capacidade de acolhimento, dedicação, carinho, aceitação, habilidades que os tornem capazes de conviver diariamente com pessoas tão especiais, ou seja, não depende apenas do profissional capacitado, mas de um ser humano que tenha confiança em si mesmo e passe essa confiança para os outros.


Segundo Mittler (2003, p. 184):

Essa tarefa não é tão difícil quanto pode parecer, pois a maioria dos professores já tem muito do conhecimento e das habilidades que eles precisam para ensinar de forma inclusiva. O que lhes falta é confiança em sua própria competência.


Criar capacitação não determina somente como os professores sentem-se em relação à inclusão, pois são sentimentos fundamentais que precisam ser levados a sério. Os professores precisam levantar dúvidas e hipóteses sob o âmbito do trabalho e do assunto que enfrentam em seu cotidiano e essas são as oportunidades que eles precisam para perceber mudanças que constroem seus valores e convicções.
Portanto, torna-se mais clara a visão e prática do professor diante das propostas das escolas, pois cada uma tem sua própria abordagem de envolvimento pessoal e na realização de mudanças. Assim, a questão da inovação, torna-se mais eficiente e objetiva através da informação, reflexão e discussão entre grupo de professores.
Segundo dados internacionais, a recente capacitação teve baixa prioridade para governos de alguns países como os britânicos. Percebemos que muito dinheiro foi gasto em cursos e treinamentos de um dia, aos quais eram introduzidos programas de estudos, planos de metas acadêmicas, avaliação de novas disciplinas curriculares, porém somente vários dias de treinamento não faz uma estratégia de treinamento ou ensino adequada. Isso tanto em países internacionais como no Brasil.
É preciso que, assim como aceitar e trabalhar a educação inclusiva, tanto em escolas, como em outros locais, se construa a capacitação e formação do docente que irá trabalhar nesse campo da educação.
Segundo Freire (1991) apud Silva (2006, p.51) "ensinar exige compreender que a educação é uma forma de intervenção no mundo." O ato de ensinar é político-social, científico e técnico, refletindo necessidades e expectativas de uma escola para todos.
Por isso, a formação dos professores deve ser direcionada para o ensino da diversidade, assim como para o desenvolvimento de trabalho de equipes que são essenciais para a efetivação da inclusão.
Podemos perceber dois perfis de professores para atuar com alunos que apresentem necessidades educacionais especiais: o professor da classe comum e o professor especializado em educação especial.
Para ser considerado um professor capacitado para atuar em classes comuns com alunos que apresentem necessidades educacionais especiais é preciso comprovar uma formação de nível médio ou superior e que tiveram em sua formação conteúdos e disciplinas sobre educação especial e desenvolvimento de várias competências.
Dentre as conseqüências podemos frisar como principais a capacidade de perceber as necessidades educacionais especiais dos alunos; flexibilizar a ação pedagógica nas diferentes áreas de conhecimento; avaliar continuamente a eficácia do processo educativo e atuar em equipe, inclusive com professores especializados em educação especial.
Para ser considerado um professor especializado em Educação Especial é preciso que saiba desenvolver competências para identificar as necessidades educacionais especiais, definir e implementar respostas educativas a essas necessidades, apoiar o professor da classe comum, atuar no processo de desenvolvimento e aprendizagem e no desenvolvimento de flexibilização para as práticas pedagógicas.
Percebe-se que os dois perfis de professores precisam estar sempre em contato e em plena troca de experiências, pois cada prática pedagógica define o valor e sucesso de cada aluno observado em sala de aula.
Portanto, destacamos o grande valor da formação dos educandos através do comentário acrescentado por BRASIL (2001, p. 32):

Cabe a todos, principalmente aos setores de pesquisa, às Universidades, o desenvolvimento de estudos na busca dos melhores recursos para auxiliar/ampliar a capacidade das pessoas com necessidades especiais de se comunicar, de se locomover e de participar de maneira cada vez mais autônoma do meio educacional, da vida produtiva e da vida social, excedendo assim, de maneira plena, a sua cidadania.

É natural que no início os professores percebam e sejam preparados para obter mais conhecimento sobre as necessidades especiais educacionais e sociais dos alunos. Mas ao passar do tempo percebe-se também é mais importante ainda trabalhar com alunos como em classes comuns, somente com competências
diferenciadas. Além dos professores focarem somente as necessidades especiais dos alunos, deve enfatizar o ensino e a escola, assim como as formas de aprendizagem, e isso tudo depende também do apoio que o docente recebe através da gestão e de todos que fazem parte da escola.
Para que o ensino do professor possa atender a diversidade precisa passar por uma formação que o prepare para dar respostas diferentes, dependendo da realidade do aluno e de suas necessidades.
O professor precisa saber passar conhecimentos universais de maneira didática em sala de aula, transformando-os em conhecimentos significativos para os alunos, quaisquer que sejam suas origens e condições socioeconômicas.
É importante ressaltar que para que a formação dos professores seja completa, é preciso que haja instituições de ensino superior dedicadas exclusivamente à formação de professores.
Portanto, não basta lembrar que o aluno tem direito a educação de qualidade e sim garantir, também, que os professores tenham uma formação de qualidade para que possam, verdadeiramente, desempenhar o papel de educadores.


3 A EDUCAÇÃO INCLUSIVA NA FAMÍLIA, NA ESCOLA E NA SOCIEDADE

O presente capítulo tem como objetivo retratar a importância do papel da família, da escola e da sociedade na vida escolar e social das pessoas especiais, bem como uma formação ao longo da vida, mostrando-se como elementos imprescindíveis para o desenvolvimento autônomo que toda pessoa tem direito. Procura, ainda, ressaltar como tais fatores influenciam na vida dessas pessoas como forma de apoio e segurança para um bom crescimento educacional e social.


3.1 O Papel da Família na Educação Inclusiva

É de suma importância entendermos que para uma família lidar com o impacto repentino de ter um filho ou parente próximo em condições especiais sob sua responsabilidade pode ser visto, de início, como um problema difícil de resolver ou até mesmo, desesperador. Principalmente quando é a hora de ir para a escola.
Vale ressaltar que é natural que a mãe, pai ou responsável expressem medo, insegurança, angústia no momento em que seu filho sai da segurança e os cuidados de casa para conviver com pessoas diferentes, estranhas e às vezes, segundo sua opinião, inexperientes para tal situação.
Nessa perspectiva é importante frisar que desde o início da vida de uma criança a família deve ser o alicerce principal para a construção de boas relações dentro e fora da família, ou seja, um dos papeis mais importante é o da família onde a pessoa, com necessidades especiais, encontra toda a confiança e segurança de que necessita.
Essa segurança e cuidado que a família transmite para seus filhos desde o início da vida, influencia não somente dentro do próprio lar, mas naturalmente, também, na vida escolar da pessoa. O processo de educação torna muito mais aceito e produtivo quando a escola recebe influência da família a repassa isso para o aluno de maneira positiva.


Podemos frisar também a afirmação positiva em relação aos pais e mães, ou seja, a grande influência que a família tem sobre a vida escolar do filho portador de necessidades especiais, Segundo Mittler (2003, p.210):


Pais e mães são os primeiros, os principais e os mais duradouros educadores de suas crianças. Quando pais e profissionais trabalham juntos durante a infância, os resultados têm um impacto positivo no desenvolvimento da criança e na sua aprendizagem. Então, cada etapa do desenvolvimento deve buscar uma parceria afetiva com os pais. [...] a parte passada e futura desempenhada pelos pais na educação de suas crianças é reconhecida e é explicitamente encorajada. [...] o conhecimento e as especializações dos pais e de outros adultos na família são usados para apoiar as oportunidades de aprendizagem.


É partindo desse pressuposto que deve ser bem trabalhado o fortalecimento e a flexibilização através da família antes do ingresso com outras pessoas em outros lugares, pois é preciso que a convivência seja de total interação também fora do âmbito da família. Como afirma Russo (2006, p. 72) "quanto mais a criança e o jovem interagir com situações diferenciadas, mais eles adquirem conhecimentos e passam a valorizar a amizade, a solidariedade e a própria vida."
Nesse sentido entendemos que o apoio ativo da família afasta os obstáculos em que o portador de necessidades especiais pode se deparar, sendo ele cego, surdo, mudo, paralítico ou deficiente mental.
Sobre tal apoio familiar ressaltamos a importância da opinião afirmada por Fullan (1991) apud Mittler (2003, p.205) "quanto mais próximos o pai ou a mãe estiverem da educação da criança, tanto maior será o impacto no desenvolvimento da criança e na sua realização educacional."
É importante ressaltar que muitos pais ainda não têm o conhecimento das mudanças na escola atual. Renovações tecnológicas, profissionais capacitados, estruturas apropriadas assim como metodologias de tratamento, convivência e ensino próprios para o que as crianças especiais necessitam.
Entendemos que nem todas as pessoas encontram tal segurança e tranquilidade no momento de escolher uma escola para seus filhos, mas se compararmos a tempos passados, a situação se encontra mais regular.
Um dos grandes fatores que demonstram a importância da família é a capacidade de transmitir e ensinar normas e valores assim como as representações
sociais ao qual a pessoa pertence, ajudando a desenvolver sua própria personalidade, auto-imagem e a maneira de se perceber no mundo. Mas é precisamente na família que é o grupo social primário que desempenha a função formativa e determina o desenvolvimento afetivo entre pessoas desconhecidas que precisam fazer parte da vida do deficiente para que ele possa interagir e viver em sociedade até a idade adulta.
É através da mãe, do pai e outros membros da família que a criança começa a desenvolver comportamentos e relações conquistando seu primeiro contato com o mundo e aprendendo a desenvolver os papéis e atitudes essenciais para o seu processo de socialização.
Para os filhos, os pais representam também uma força contra os aspectos negativos da sociedade, Segundo a afirmação de Stainback (1999, p.416) "Os pais desempenham um papel fundamental no afastamento das nuvens pessimistas que cercam seus filhos, um papel que talvez estejamos relutantes em assumir por também aceitarmos as percepções negativas da sociedade."
A maneira mais eficiente para que os pais possam realizar de maneira mais fácil seu papel de protetores é usando suas próprias experiências na identificação dos resultados que mais valorizam seus filhos, ou seja, não "rotular" seus filhos e sim redefinir o termo "vencedor".
Os pais precisam conhecer as expectativas dos próprios filhos, mesmo que sejam as mesmas das crianças sem deficiência, e não as expectativas que a sociedade em geral tem para as pessoas com deficiência. Ao reconhecerem as expectativas de seus filhos, os pais devem usar todos os recursos possíveis para que as mesmas sejam realizadas, mas com uma visão real das possibilidades de acontecimentos.
Nesse percurso, entendemos que buscar as realizações das expectativas, é uma maneira de afastar os medos, as frustrações e os limites, tanto da família e principalmente do portador de necessidades especiais que a partir de tais realizações percebe cada vez mais o valor do sentimento entre todos que o rodeiam.
Nessa perspectiva, entendemos que a família tem muito a colaborar para com a educação de seus filhos. Tal colaboração precisa começar bem antes de a criança ser apresentada à escola e ser constante durante a sua educação escolar.

Como afirma Pacheco et all (2007, p. 56):


A colaboração entre família e escola tem o propósito de melhorar o entendimento recíproco da ? e o apóio para a ? educação das crianças. Isso pode ser feito pelo fortalecimento das vias de comunicação, da participação na tomada de decisões, do desenvolvimento de contatos e do desenvolvimento de múltiplios métodos de intervenção.


O que se pretende é ressaltar que cada família enfrenta a deficiência de acordo com a sua história, suas expectativas, valores, condições objetivas e materiais, além da personalidade individual de cada um. Partindo desse pressuposto é que a família deve reconhecer e pôr em prática seu papel de apoio, força e exemplo tanto no âmbito educacional quanto no social para que o indivíduo com deficiência se perceba em um mundo de novas e boas perspectivas.

3.2 O Papel da Escola na Educação Inclusiva

Para a família e para a própria escola o desafio de educar pessoas portadoras de necessidades especiais pode representar uma experiência significativa ou não, principalmente para a escola que precisa dar continuidade ao papel de educadora que teve a família como precursora.
Relacionar-se com crianças ou adultos portadores de necessidades especiais que viviam sempre no âmbito familiar, mostra-se uma tarefa cuidadosa e imprevisível, por isso percebemos que a escola tem um papel duplo na vida dessas pessoas, o papel da conquista e da educação, atrelados a atendimentos especializados referentes à educação especial.
Segundo a LDB, lei nº 9.394/96, Art. 58 entende ? se por educação especial, para os efeitos desta lei, a modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais, ou seja, é de primordial importância o papel da escola na vida de tais pessoas.
Segundo a citação de Mittler (2003, p. 25):

No campo da educação, a inclusão envolve um processo de reforma e de reestruturação das escolas como um todo, com o objetivo de assegurar que todos os alunos possam ter acesso a todas as gamas de oportunidades educacionais e sociais oferecidas pela escola.
A escola precisa saber lidar com os vários tipos de deficiências dos alunos e contribuir para uma boa interação entre os mesmos. Algumas deficiências físicas podem afetar, de forma mais acentuada, a aparência física das pessoas, ocasionando outro problema, como a baixa auto-estima e poderá ser preciso uma intervenção psicológica ou terapêutica, sendo que a baixa auto-estima se define pela natureza da relação que se estabelece entre a pessoa e seu entorno, e que se não for trabalhada pela escola poderá originar a discriminação.
Nesse contexto Silva (2006, p. 25) define o conceito de discriminação como:

[...] toda diferenciação, exclusão ou restrição baseada em deficiência, antecedente de deficiência, consequência de deficiência anterior ou percepção de deficiência presente ou passada, que tenha o efeito ou propósito de impedir ou anular o reconhecimento, gozo ou exercício por parte das pessoas portadoras de deficiência de seus direitos humanos e sua liberdade fundamental [...].


Neste contexto, atitudes de não aceitação dos grupos sociais e das famílias, muitas vezes levam as pessoas com deficiência a assumir posturas de isolamento, colaborando para dificultar a sua inclusão no ambiente escolar, ou até mesmo, não frequentar a escola, ou seja, a escola não deve apoiar-se somente na lei. Como afirma Russo (2006, p. 71):

Não adianta a escola receber o aluno por lei. É preciso que a escola se conscientize, que o sistema educacional se modernize dando suporte técnico profissional. É preciso também, que a escola repense o seu papel de transformação da sociedade, que deseje tratar o portador de necessidades especiais como cidadão, que o respeite como ser humano.


A escola deverá preparar-se para acolher os alunos com necessidades educacionais especiais ? deficiência física. Para isso, por meio de uma ação conjunta, deve promover a acessibilidade, removendo todas as barreiras, promovendo a adaptação e espaços adequados, produzindo material didático ? pedagógicos para esses alunos de acordo com suas necessidades especiais.
Os educadores da escola, educadores como um todo, devem estimular a todos os alunos a tomarem suas próprias decisões, de forma que eles possam se tornar cada vez mais independentes, facilitando um processo de inclusão escolar que não se restringe apenas a alunos com necessidades educacionais especiais, mas a todos os alunos.
Através do comentário de Russo (2006, p. 71) percebemos a importância do papel da escola na questão da exclusão em:

A partir do momento que não houver exclusão na escola, que professores e alunos tiverem consciência de que o aluno especial não precisa de pena e sim de oportunidade, que são pessoas extremamente meigas, olham a vida sem egoísmo, são sorridentes quando sentem que não são descriminadas, dão exemplo de vida para pessoas que são insatisfeitas por qualquer dificuldade, aí sim, eu acredito que o preconceito terá terminado em grande parte na sociedade, e nós professores teremos mais "engrandecimento".


Os educadores precisam, também, ter em consciência, a capacidade da escolha certa das atividades voltadas para cada tipo de deficiência, assim como as atividades competitivas devem ser evitadas. A escola deve sempre estar se atualizando e se dinamizando na questão das metodologias utilizadas fora e dentro da sala de aula, para que os alunos se sintam livres, mas seguros e de certa forma independentes. Em cada atividade o professor precisa estimular o espírito de equipe onde cada um possa colaborar para que os objetivos comuns sejam atingidos.
Para que a escola possa trabalhar uma formação contínua e estimulante com seus alunos, é preciso primeiro entender a caminhada de cada um, observar sua posição e trajetória, seu ritmo, sua forma de avançar ou as razões de um bloqueio de aprendizagens, depois passar a orientar os alunos para outras atividades, outros projetos, outros níveis e até mesmo, outras formas didáticas para que se obtenha o aprendizado adequado ao qual cada criança necessita.
Assim, podemos nos indagar: A formação e a regulação não são ferramentas básicas de toda educação? Tanto as escolas básicas não voltadas para a educação de pessoas especiais quanto as escolas voltadas para a educação de pessoas com necessidades especiais necessitam de formação e regulação para que possam ter o conhecimento de como trabalhar com os problemas educacionais e outros de seus alunos, assim tendo o controle do que deve e não deve ser feito no âmbito escolar dando também, estrutura para as famílias.
Dessa forma, entendemos a escola como um sistema de ações como afirma Perrenoud (2001, p. 19):

O ensino é muito mais do que um revelador das disposições individuais. É um sistema de ação, uma organização que transforma as pessoas, suas competências, assim como suas atitudes, suas representações, seus gostos. É um sistema que pretende instruir, exercer uma influência.
O saber e agir pedagógicos caracterizam-se pela preocupação do conhecimento do professor e da escola com as aprendizagens e como as mesmas se manifestam na ação; ou seja, o aluno é o elemento central da ação educativa, é imprescindível que a escola como um todo detenha conhecimento do aluno e das suas características, isto é, compreenda o seu presente através do passado e outros fatores já citados para assim trabalhar a sua aprendizagem e sucesso.
O que se pretende é uma escola de qualidade para todos em que todos entram e aprendam. O professor e escola como um todo precisam estar qualificados para a diversidade nas escolas, dar respostas significativas e diferentes, dependendo da realidade da criança e de suas necessidades especiais ou não, quaisquer que sejam suas origens, condições socioeconômicas ou situações, focando os pontos diversos, mas com um único propósito: o de educar além das diferenças.


3.3 Responsabilidade Social e Educação Inclusiva: as Problemáticas e os Desafios do Binômio Exclusão x Inclusão.

Trabalhar a educação inclusiva é preparar os alunos com necessidades especiais a partir de sua história anterior, ou seja, sua vida em família, antes de se habituar na escola, assim como trabalhar a educação pedagógica e social. Toda essa preparação tem como grande propósito, além de viver em harmonia em sociedade, a inserção no mercado de trabalho, ou seja, educação profissional é um direito do aluno com necessidades especiais e visa à sua integração produtiva e cidadã na vida em sociedade.
Segundo o Decreto nº 2.208/97 a Educação Profissional tem por objetivos promover a transição entre a escola e o mundo do trabalho capacitando os jovens para o exercício de atividades e habilidades gerais; proporcionar a formação de profissionais aptos a exercerem atividades específicas no trabalho; especializar e aperfeiçoar o trabalhador em seus conhecimentos tecnológicos com qualquer nível de escolaridade nos âmbitos básico, técnico e tecnológico, assim como várias outras atribuições aos quais os portadores de necessidades especiais têm direito.
São adequações e apoios que representam a colaboração da Educação Especial para uma Educação Profissional Inclusiva, que se efetivam por meio de flexibilizações e adaptações dos recursos instrucionais: material pedagógico,
equipamento, currículo e outros; capacitação de recursos humanos: professores, instrutores profissionais ou especializados; eliminação de barreiras atitudinais, curriculares e de comunicações, entre outras; encaminhamento para o mundo do trabalho e acompanhamento de egressos.
Segundo Russo (2006, p. 70):


A prática da inclusão social se baseia em princípios diferentes do convencional: aceitação das diferenças individuais, valorização de cada pessoa, convivência dentro da diversidade humana, aprendizagem por meio da cooperação.


A integração social não depende somente que o portador de necessidades especiais se adéqüe à sociedade, e sim o contrário, ou seja, a integração significa a inserção da pessoa deficiente preparada para conviver na sociedade. Já inclusão significa a modificação da sociedade como pré-requisito para a pessoa com necessidades especiais buscar seu desenvolvimento e exercer sua cidadania.
Partindo desse pressuposto, não basta somente o portador de necessidades especiais, a família e a escola querer a inclusão, mas é necessário que a própria sociedade queira e aceite de maneira compreensível e justa para que os portadores de necessidades especiais se sintam como tal.
Os portadores de necessidades especiais já obtiveram bastante conquistas ao longo do tempo, como percebemos de acordo com a Lei nº 8.112/90, que trata das vagas nos concursos públicos que diz: as pessoas portadoras de necessidades especiais têm o direito à reserva de até 20% das vagas oferecidas nos concursos públicos para provimento de cargo público, observando se a função é compatível com a deficiência de que são portadoras.
Ainda, a Lei nº 8.213/91, que trata das vagas nas empresas, diz: as empresas com 100 ou mais empregados deverão preencher de 2% a 5% de suas vagas de emprego com beneficiários reabilitados ou pessoas portadoras de necessidades especiais, na seguinte forma:


1) De 100 a 200 empregados ? 2%.
2) De 201 a 500 empregados ? 3%.
3) De 501 a 1.000 empregados ? 4%.
4) De 1.001 em diante ? 5%.
É importante frisar que há muita dificuldade no cumprimento da Lei de cotas, que prevê a contratação desse percentual mínimo de portadores de deficiência, pois muitas vezes as empresas não estão bem adaptadas ou nem um pouco adaptadas para receber esses profissionais.
Empregar portadores de necessidades especiais não significa somente dar oportunidades de emprego e sim uma contribuição para uma perspectiva de inclusão social, ou seja, essas pessoas serão avaliadas e certificadas de que possuem competências e habilidades que podem ser aproveitadas da melhor maneira se seus limites forem respeitados.


4 A REALIDADE EDUCACIONAL E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA: A EXPERIÊNCIA DA APAE NAS DIMENSÕES HISTÓRICA, PEDAGÓGICA E SOCIAL

O objetivo deste capítulo é mostrar o pensamento dos professores e alunos sobre a Educação Inclusiva, assim como a prática escolar através da pesquisa de campo realizada na APAE da cidade de Sobral CE.
Pretendemos mostrar também algumas metodologias que os mesmos utilizam para obter uma boa educação e relação entre os alunos, os pais e, consequentemente, com a sociedade, em vista do trabalho realizado na escola que se mostra socialmente positivo de maneira participativa e reflexiva.
A pesquisa de campo teve caráter exploratório ? descritivo e a coleta de dados se realizou através de um questionário para os docentes, contendo onze perguntas no total, sendo que seis perguntas tratavam sobre o perfil dos entrevistados e cinco eram referentes às concepções dos professores sobre a Educação Inclusiva, sua forma de trabalho, as dificuldades encontradas, o auxílio atribuído pela formação universitária para a prática docente, como obter melhorias ao trabalhar com a Educação Inclusiva, sendo que todas as perguntas foram fechadas
A coleta de dados se realizou também através de questionário para os discentes, contendo oito perguntas no total, sendo que três perguntas tratavam sobre o perfil dos entrevistados e cinco eram referentes às concepções dos alunos sobre suas preferências na escola, atividades menos preferidas, relação aluno ? aluno, relação aluno ? professor e percepção sobre a aprendizagem em sala de aula, sendo que todas as perguntas foram fechadas.
Essa pesquisa foi realizada entre os dias 08 de junho de 2010 a 18 de junho de 2010, com dois professores e vinte e dois alunos da APAE do Município de Sobral CE, alunos e professores da Educação de Jovens e Adultos ? EJA.
Os dados serão analisados a partir de TABELAS, sendo as mesmas divididas em categorias, freqüência e percentual. As categorias são representadas pelas respostas registradas no questionário, enquanto que as frequências corresponderam cada pergunta elaborada, já o percentual é visto através da porcentagem que cada resposta obteve em termos estatísticos.


4.1 A Proposta da Educação Inclusiva da APAE de Sobral - CE

A APAE (Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais) de Sobral - CE foi fundada em 11 de dezembro de 1990, sendo constituída por pais e amigos de uma comunidade significativa de alunos portadores de necessidades especiais. É uma instituição filantrópica, de caráter cultural, assistencial e educacional. A entidade atua há vinte anos na prestação de serviços de atenção às pessoas portadoras de necessidades especiais. Está situada na Rua Maestro Acácio Alcântara, Nº 231, Bairro Junco, CEP 62030 ? 400, no Município já referido
A APAE atualmente atende 223 Portadores de Necessidades Especiais da faixa etária de 01 mês a 39 anos de idade, das mais variadas deficiências, nos turnos matutino e vespertino.
A instituição apresenta como Modalidades de Ensino: Educação Infantil: Pré ? Escola para alunos com idade entre 4 a 6 anos; Ensino Fundamental: Ciclos I e II para alunos com idade entre 7 a 14 anos; Educação de Jovens e Adultos ? EJA, incluindo ? se a Oficina Protegida Terapêutica para alunos a partir de 15 anos. A atuação da escola se caracteriza por projetos bimestrais, privilegiando as aulas vivenciadas. Seu objetivo é desenvolver a criatividade, a autonomia, a disciplina, os aspectos sócio ? afetivos psicomotor e consciência corporal, além do pensamento crítico, leitura, escrita e pensamento lógico ? matemático.
A APAE oferece vários serviços como Estimulação Precoce; Assistência Médica (Neuropediatria e Pediatria); Odontologia; Fisioterapia; Fonoaudiologia; Terapia Ocupacional; Psicologia, Serviço Social; Escolarização; Educação Física, artística e cultural; Informática Educacional; Brinquedoteca; Oficina Protegida Terapêutica; Inserção no mercado de trabalho; Profissionalização; Projeto de música; Programa Segundo Tempo e Serigrafia que se divide em três setores como fisioterapêutico, fonoaudiológico, psicológico e serviço social.
A missão da escola é proporcionar mecanismos adequados para o preparo e encaminhamento à Inclusão Social, à educação comum e ao mercado de trabalho integrado com a família. A profissionalização prepara os jovens e adultos portadores de necessidades especiais e familiares para ingressar no mercado de trabalho para que alcance sua inserção social.

4.2 A VISÃO DOS DOCENTES DA APAE DE SOBRAL ? CE SOBRE A EDUCAÇÃO INCLUSIVA


TABELA I ? IDADE DOS SUJEIOTS INVESTIGADOS

CATEGORIA FREQUÊNCIA PERCENTUAL
30 ? 35 01 50,00%
36 - 41 00 0,00%
42 - 47 01 50,00%
TOTAL 02 100,00%
Fonte: Questionário aplicado aos docentes da APAE de Sobral ? CE.



A TABELA I mostra que 50,00% dos professores entrevistados têm entre 30 e 35 anos de idade enquanto que 50,00% possuem uma idade entre 42 ? 47 anos. Estes percentuais mostram que o corpo docente da APAE de Sobral ? CE é de uma população adulta. Diante disso, os professores possuem muita experiência em relação ao ensino pedagógico e, o comportamento e disciplina escolar, para trabalhar bem em suas aulas.
Esses educadores estão em constante aprendizagem a partir do momento em que se especializam em áreas específicas, no caso, a Educação Especial. Assim, percebemos que os alunos desta instituição são acompanhados por professores ativos e preparados para os desafios que sua área de atuação apresenta naturalmente.


TABELA II ? SEXO DOS SUJEITOS INVESTIGADOS

CATEGORIA FREQUÊNCIA PERCENTUAL
Masculino 00 0,00%
Feminino 02 100,00%
TOTAL 02 100,00%
Fonte: Questionário aplicado aos docentes da APAE de Sobral ? CE.


De acordo com a TABELA II, vemos que 100,00% dos professores da APAE, na modalidade de ensino EJA de Sobral ? CE são do sexo feminino.
A profissão de professor, desde o início, sempre foi marcada pela maior presença feminina, muitas vezes associando a profissão à uma especificidade da mulher. Mas a presença masculina está cada vez mais constante no magistério, o que não é o caso da APAE de Sobral ? CE.


TABELA III ? GRAU DE FORMAÇÃO DOS SUJEITOS INVESTIGADOS

CATEGORIA FREQUÊNCIA PERCENTUAL
Graduação Incompleta 00 0,00%
Graduação Completa 00 0,00%
Especialização 02 100,00%
TOTAL 02 100,00%
Fonte: Questionário aplicado aos docentes da APAE de Sobral ? CE.



Como mostra a TABELA III, 100,00% dos entrevistados são especializados em Educação Especial. Isso significa que um profissional cada vez mais capacitado transforma a educação, principalmente sob as condições especiais que os alunos assistidos por esses profissionais apresentam.
A Especialização na área específica em que atua o professor promove maiores e melhores condições de trabalho pela facilidade de compreensão entre alunos e professores e mais desenvoltura ao longo da convivência escolar.

TABELA IV ? TEMPO DE PERMANÊNCIA NO MAGISTÉRIO

CATEGORIA FREQUÊNCIA PERCENTUAL
10 ? 15 01 50,00%
16 ? 21 01 50,00%
TOTAL 02 100,00%
Fonte: Questionário aplicado aos docentes da APAE de Sobral ? CE.



Analisando a TABELA IV, observamos que 50,00% dos entrevistados permanecem no Magistério de 10 - 15 anos, enquanto que os outros 50,00% permanecem no Magistério de 16 ? 21 anos.
Vemos, então, que os docentes possuem uma grande carga de experiência, fator que é culminante para uma boa prática escolar e bom desenvolvimento dos alunos. O longo tempo de magistério também é um fator positivo para alunos e professores, pois acarretam uma melhor e maior convivência onde os alunos se sentem confiantes e seguros ao se relacionarem com o mesmo professor por algum tempo.
Os alunos se mostram bem relacionados com a presença do professor, bem como uma boa aceitação da metodologia utilizada pelo professor ao trabalharem com os alunos em atividades intra e extraclasses. Daí o valor da experiência e aceitação por parte dos alunos com necessidades especiais que necessita, mais do que outros alunos, que o professor seja bem preparado e se adéque perfeitamente às condições de cada aluno.


TABELA V ? TURMAS NAS QUAIS LECIONAM OS SUJEITOS INVESTIGADOS
CATEGORIA FREQUÊNCIA PERCENTUAL
Pré - escola (4 ? 6 anos) 00 00,0%
Ens. Fundamental ? Ciclo I e II (7 ? 14 anos) 00 00,0%
EJA(a partir de 15anos) 02 100,00%
TOTAL 02 100,00%
Fonte: Questionário aplicado aos docentes da APAE de Sobral ? CE.


De acordo com a TABELA V, 100,00% dos investigados lecionam nas classes de Educação de Jovens e Adultos ? EJA, que compreendem adolescentes a partir de 15 anos de idade. Com esses alunos são trabalhadas metodologias de ensino para profissionalização.
Esses alunos necessitam desenvolver capacidade de sentir-se autônomos, criativos e disciplinados, pois nessa faixa etária, os adolescentes tendem a se sentir estimulados a buscar e ter responsabilidade por eles mesmos como qualquer pessoa, com necessidades especiais ou não.


TABELA VI ? CONCEITO SOBRE EDUCAÇÃO INCLUSIVA

CATEGORIA FREQUÊNCIA PERCENTUAL
Ampliação da participação de todos os estudantes no ensino regular.
01
50,00%
Visa à junção de alunos especiais e normais em um mesmo ambiente e metodologia de ensino.

00

0,00%
Visa ampliar a importância da educação dos portadores de deficiência.
00
0,00%
Busca a conscientização da família, escola e sociedade para a importância da inclusão.

01

50,00%
TOTAL 02 100,00%
Fonte: Questionário aplicado aos docentes da APAE de Sobral ? CE.


Analisando a TABELA VI, observamos que 50,00% dos professores atribuem como conceito de Educação Inclusiva como a ampliação da participação de todos os estudantes no ensino regular. Já os outros 50,00% dos professores afirmam como conceito de Educação Inclusiva a busca da conscientização da família, escola e sociedade para a importância da inclusão.
Percebemos que as opiniões se encontram bem contraditórias através das afirmações de cada professor. Assim, é importante salientar que segundo o MEC (1994. p. 67):

A inclusão na escola ou Educação Inclusiva seria, então, o processo pelo qual ela se adapta, se transforma para poder inserir em suas classes regulares crianças e jovens portadores de deficiência que estão em busca de seu pleno desenvolvimento e exercício da cidadania.


Ao analisarmos a afirmação do MEC (1994), podemos relacioná-la com a opinião do primeiro professor investigado e que condiz com mais coerência sobre o conceito do termo Educação Inclusiva.


TABELA VII ? FORMAS METODOLÓGICAS TRABALHADAS COM ALUNOS PORTADORES DE NECESSIDADES ESPECIAIS

CATEGORIA FREQUÊNCIA PERCENTUAL
Forma individual 00 0,00%
Em grupos 00 0,00%
Atividades diferenciadas
02
100,00%
Atividade comum para todos
00
0,00%
TOTAL 02 100,00%
Fonte: Questionário aplicado aos docentes da APAE de Sobral ? CE.


Na TABELA VII, vimos que 100,00% dos investigados trabalham através de atividades diferenciadas com seus alunos. Podemos atribuir essa metodologia pelo fato de que, em uma classe comum, estão presentes alunos com deficiências variadas; assim existe uma constante necessidade de trabalhar formas variadas com alunos específicos.

Conforme o MEC (1994, p.) "[...] os alunos deficientes tem acesso a uma maior riqueza de atividades do currículo do que estivessem em classes separadas, beneficiando-se a seu próprio processo de aprendizagem e interagindo." A tal estratégia são agregadas metodologias que viabilizam formas educacionais para mostrar a necessidade de trabalhar com metas diferentes para cada aluno de forma positiva como um todo.


TABELA VIII ? DIFICULDADES AO LECIONAR PARA ALUNOS COM NECESSIDADES ESPECIAIS

CATEGORIA FREQUÊNCIA PERCENTUAL
Mudança de comportamento por falta de medicamentos ou problemas familiares.

02

100,00%
Indiferença por parte dos pais.
00
0,00%
Falta de recursos didáticos ? pedagógicos.
00
0,00%
Despreparação da formação profissional.
00
0,00%
TOTAL 02 100,00%
Fonte: Questionário aplicado aos docentes da APAE de Sobral ? CE.


Conforme a TABELA VIII, 100,00% dos sujeitos entrevistados citaram como única dificuldade ao lecionar alunos com necessidades especiais a mudança de comportamento por falta de medicamentos ou problemas familiares.
É comum que muitos alunos, com necessidades especiais, necessitem de medicação e muitas vezes tornam-se dependentes como um fator da própria deficiência, como por exemplo, os deficientes mentais. É compreensível que problemas externos, como problemas familiares, agravem o comportamento dos alunos, pois são pessoas frágeis, sentimentais e muitas vezes não compreendem os acontecimentos e que acabam refletindo em seus comportamentos.

TABELA IX ? A FORMAÇÃO UNIVERSITÁRIA COMO AUXÍLIO NA PRÁTICA DOCENTE

CATEGORIA FREQUÊNCIA PERCENTUAL
Sim 02 100,00%
Não 00 0,00%
Às vezes 00 0,00%
Nunca 00 0,00%
TOTAL 02 100,00%
Fonte: Questionário aplicado aos docentes da APAE de Sobral ? CE.


Como mostra a TABELA IX, 100,00% dos entrevistados acreditam que a formação universitária auxilia positivamente na prática docente em sala de aula, ou seja, o professor preparado trabalha mais confiante. Em Brasil (1994, p.10) entendemos que: [...] "Esta preparação é indispensável, uma vez que pesquisas indicam que professores mal qualificados tendem a se mostrar desinteressados e mesmo hostis com relação ao aluno."
O que é normal para uma situação como esta, mas que não representa a realidade da APAE de Sobral ? CE.

TABELA X ? FATORES QUE INFLUENCIAM NA MELHORIA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA NA ESCOLA

CATEGORIA FREQUÊNCIA PERCENTUAL
Maior participação dos pais.
00
0,00%
Melhoria dos recursos didático ? pedagógicos.
00
0,00%
Melhor aceitação em relação à inclusão pelos pais.
02
100,00%
Maior contratação de profissionais especializados em áreas específicas.
00
0,00%
TOTAL 02 100,00%
Fonte: Questionário aplicado aos docentes da APAE de Sobral ? CE.


Conforme a TABELA X, 100,00% dos investigados afirmam que o fator que mais influencia na melhoria da Educação Inclusiva na escola é a melhor aceitação em relação à inclusão pelos pais e familiares da pessoa portadora de necessidades especiais.
É natural que familiares se encontrem fechados à situação de um filho ou parente "diferente" sob sua responsabilidade, mas é importante frisar que a família deve ter total consciência da realidade e passar para a pessoa em questão o comportamento mais natural possível trabalhando através do seio da família a inserção social do mesmo tornando a inclusão natural.
Segundo Glat (2004, p. 2):

A extensão das adaptações e acomodações impostas à família pela presença de um membro com necessidades especiais inclui desde transformações internas de caráter afetivo, temporal e / ou econômico, até as requisitadas pela interação com as forças externas, oriundas da sociedade mais ampla. Estas são geralmente engendradas na falta de oportunidades, nas atitudes preconceituosas e nos rótulos aos quais, o indivíduo, assim como os demais membros, estão sujeitos nas suas relações sociais extra familiares.


Podemos perceber que as famílias não aceitam a inclusão pelo fato de superprotegerem seus filhos e parentes, restringindo um fator natural que é o de o portador de necessidades especiais aceitar o mundo e o mundo aceitá-lo, que caracterizamos como essencial à vida em comunidade.


4.3 A VISÃO DOS DISCENTES DA APAE DE SOBRAL ? CE SOBRE A EDUCAÇÃO INCLUSIVA


TABELA XI ? IDADE DOS SUJEITOS INVESTIGADOS

CATEGORIA FREQUÊNCIA PERCENTUAL
16 ? 21 09 41,00%
22 - 27 11 50,00%
28 - 33 01 4,50%
34 - 39 00 0,00%
40 - 45 01 4,50%
TOTAL 22 100,00%
Fonte: Questionário aplicado aos discentes da APAE de Sobral ? CE.


A TABELA I mostra que 50,00% dos alunos têm entre 22 e 27 anos de idade enquanto que 4,50% possuem idade entre 40 e 45 anos. Estes percentuais nos mostram que os discentes da APAE de Sobral-CE que estudam na Modalidade de Ensino EJA estão na transição da adolescência/jovens a adultos.
Porém, isso não significa que estes alunos não sejam capazes de desenvolverem habilidades e competências; pelo contrário, estão numa fase propícia de aprendizagem escolar e profissional.

TABELA XII ? SEXO DOS SUJEITOS INVESTIGADOS

CATEGORIA FREQUÊNCIA PERCENTUAL
Masculino 09 40,90%
Feminino 13 60,10%
TOTAL 22 100,00%
Fonte: Questionário aplicado aos discentes da APAE de Sobral ? CE.

De acordo com a TABELA XII, vemos que 60,10% dos alunos da APAE de Sobral ? CE são do sexo feminino e 40,90% são do sexo masculino.
Isso mostra que a presença de alunas é maior que a presença de alunos nas salas de aula especiais. Podemos fazer uma pequena comparação ao analisarmos as escolas regulares, pois o sexo feminino prevalece mais na escola e principalmente na formação superior, apesar de serem duas realidades diferentes por diversos fatores.
TABELA XIII ? PREFERÊNCIAS NA ESCOLA


CATEGORIA FREQUÊNCIA PERCENTUAL
Brincar 06 27,30%
Estudar 08 36,36%
Merendar 01 4,54%
Conversar com os colegas
07
31,84%
TOTAL 22 100,00%
Fonte: Questionário aplicado aos discentes da APAE de Sobral ? CE.


Conforme podemos observar na TABELA XIII, 36,36% dos alunos tem como estudar a atividade escolar preferida, já 04,54% dos alunos prefere merendar na escola; então vemos que mesmo se tratando de pessoas com necessidades especiais, os alunos compreendem que na escola deve-se estudar fazendo essa atividade prazerosa no âmbito da escola. O prazer de estudar pode estar diretamente relacionado com os recursos estruturais oferecidos pela escola que proporcionam um ambiente agradável, assim como o bom planejamento da aula do professor.
Como percebemos em Gurgel (2007, p. 43):

A estrutura adequada, ninguém discorda, é essencial para criar uma escola inclusiva. Da mesma forma, é fundamental definir um bom planejamento. "Criatividade e boa força de vontade dos professores, embora importantes, podem não ser suficientes para que o aluno com deficiência se desenvolva como poderia."


A vontade e o prazer de estudar se torna uma atividade desejada pelos alunos, pois os mesmos se acham capazes de resolver situações que exijam esforço e raciocínio como em brincadeiras e jogos que também são formas de estudar.


TABELA XIV ? ATIVIDADES MENOS PREFERIDAS NA ESCOLA

CATEGORIA FREQUÊNCIA PERCENTUAL
Fazer dever 04 18,18%
Ir ao médico 04 18,18%
Fazer atividade física 04 18,18%
Ficar sem fazer nada 10 45,46%
TOTAL 22 100,00%
Fonte: Questionário aplicado aos discentes da APAE de Sobral ? CE.


Conforme apresenta a TABELA XIV, 45,46% dos alunos apontam como atividades menos preferidas ficar sem fazer nada, já 18,18% dos alunos caracterizam ir ao médico como a atividade menos preferida de se fazer na escola.
É certo que ficar sem fazer nada se torne uma situação entediante para o aluno, mesmo ele sendo portador de necessidades especiais, pois como qualquer outra pessoa, ele sente a necessidade de praticar atividades para se desenvolver.
De acordo com Brasil (1994, p. 29): "busca-se ampliar o repertório cotidiano da sala de aula através de atividades lúdicas, com regras simples e materiais diversos." O professor deve estar atento às opiniões do aluno e ao seu comportamento para que a escola não se torne em nenhum momento um ambiente desagradável e entediante.


TABELA XV ? RELAÇÃO ALUNO ? ALUNO NA SALA DE AULA

CATEGORIA FREQUÊNCIA PERCENTUAL
Bem 22 100,00%
Mau 00 0,00%
Não me relaciono 00 0,00%
Nenhuma das anteriores 00 0,00%
TOTAL 22 100,00%
Fonte: Questionário aplicado aos discentes da APAE de Sobral ? CE.



Observa-se na TABELA XV, que 100,00% dos alunos se relacionam bem com seus colegas de classe, independente das variadas deficiências entre os mesmos e que não impede um bom convívio escolar.


TABELA XVI ? RELAÇÃO PROFESSOR - ALUNO NA SALA DE AULA

CATEGORIA FREQUÊNCIA PERCENTUAL
Bem 22 100,00%
Mau 00 0,00%
Não me relaciono 00 0,00%
Nenhuma das anteriores 00 0,00%
TOTAL 22 100,00%
Fonte: Questionário aplicado aos discentes da APAE de Sobral ? CE.


Como mostra a TABELA XVI, 100,00% dos alunos possuem um bom relacionamento com seus professores Este é um grande passo para que a convivência e a prática educativa se tornem cada vez mais fácil e produtiva diante de obstáculos a serem vencidos no dia a dia escolar.
Sobre isso Brasil (1994, p. 30) afirma que:

A relação professor-aluno constitui o cerne de todo o atendimento, pois dependerá da qualidade dessa relação a chance de retirar esse aluno do isolamento que o caracteriza. Qualquer que seja a programação estabelecida, esta só ganhará dimensão educativa no contexto dessa interação. Quanto mais significativo para a criança for seu professor, maiores serão as chances de este promover novas aprendizagens.


Percebemos que a relação professor ? aluno é uma forma metodológica de obter a confiança dos alunos visando vários campos como o psicológico, afetivo, e educativo. As relações pessoais, o valor da amizade, a forma carinhosa de conviver, tanto por parte dos alunos, como porá parte dos professores funcionam como uma forma de tratamento em que o aluno encontra confiança e satisfação na relação estabelecida com o professor, pelo fato de o mesmo o ver como uma pessoa normal e não diferente como outras pessoas podem demonstrar.


TABELA XVII ? PERCEPÇÃO DA APRENDIZAGEM EM SALA DE AULA

CATEGORIA FREQUÊNCIA PERCENTUAL
Quando entendo melhor as brincadeiras.
03
13,65%
Quando faço perguntas ao meu professor.
00
0,00%
Quando faço as atividades sozinho.
09
40,90%
Quando sou elogiado por meu professor.
10
45,45%
TOTAL 22 100,00%
Fonte: Questionário aplicado aos discentes da APAE de Sobral ? CE.

Ao analisarmos a TABELA XVII, percebemos que 45,45% dos alunos percebem sua aprendizagem quando são elogiados pelo professor, já 13,65% dos alunos percebem sua aprendizagem quando entendem melhor as brincadeiras aplicadas pelo mesmo. Podemos destacar aí a questão da auto-estima e auto- identidade positiva, ou seja, o aluno se conhecer e saber que é capaz, esse é um fator propício e essencial para o desenvolvimento de qualquer ser humano.
Sobre tal análise Stainback (1999, p. 407) afirma que:

Como as pessoas com deficiência podem pensar em si mesmas de maneira que incorporem sua deficiência como uma parte importante de sua identidade pessoal e social? Esse é um tema que complica o apelo para a inclusão educacional. Tanto na literatura quanto em nossas reflexões pessoais, encontramos um reconhecimento inegável de que um sentido de identidade bem-desenvolvido, como um adulto com deficiência, necessita de um envolvimento importante quando criança com outras pessoas (crianças e adultos) com deficiências similares.



Quando o aluno se percebe importante no ambiente em que participa, ele se vê com auto-estima e reconhece sua identidade pessoal. Fica cada vez mais disposto a se aceitar. Percebendo sua aprendizagem, sente o desejo de evoluir cada vez mais, tendo como base o seu professor que representa um apoio em sua vida.


4.4 Da Exclusão à Inclusão: as Dimensões pedagógicas da Educação Inclusiva na Atualidade

Na atualidade, as escolas têm que enfrentar o desafio da desigualdade social e educacional. A questão da inclusão, muitas vezes, está associada aos problemas sociais, assim podemos afirmar que a maioria das crianças que são menos capazes na escola são também aquelas que moram nas áreas em desvantagem social e econômica. De acordo com Mittler (2003, p. 24) "O que acontece nas escolas é um reflexo da sociedade em que elas funcionam."
A educação tem um importante papel na vida das pessoas com necessidades especiais, ou seja, transformar exclusão em inclusão, pois não basta o deficiente querer fazer parte da sociedade, mas sim a sociedade aceitá-lo de forma justa trabalhando o direito de todos.
No campo da educação, a inclusão envolve um processo de reforma e de reestruturação das escolas como um todo, com o objetivo de assegurar que todos os alunos possam ter acesso a todas as gamas de oportunidades educacionais e sociais oferecidas pela escola.
O objetivo dessa reforma é garantir o acesso e a participação de todas as crianças em todas as possibilidades de oportunidades oferecidas pela escola e impedir a segregação e o isolamento. O aluno passa de um defeito a um modelo social. Em particular no Brasil, podemos dizer que o processo de inclusão caminha devagar, pelo fato das redes de ensino e as escolas desconhecerem ou não cumprirem a lei, e não disporem dos meios e recursos necessários garantidos na nossa Constituição desde 1988, o acesso de todos ao Ensino Fundamental.
Em relação ao avanço da inclusão, o fator que nos propicia é de que hoje todo o mundo sabe que as crianças têm o direito de ir para a escola regular, ou seja, estamos num processo de conscientização em relação à importância da inclusão. Dessa forma percebemos que as dimensões pedagógicas estão cada vez mais desenvolvidas e adaptadas a cada aluno, dependendo de sua deficiência. Mas, vale ressaltar que a escola não deve trabalhar sua pedagogia e metodologia somente com as deficiências e sim pela capacidade de crescimento de cada aluno, fazendo com que ele perceba que esse é o objetivo real da escola.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados expostos neste trabalho monográfico foram percebidos como oportunidades para grandes aprendizagens de pais e de educadores, nas famílias e nas escolas sobre a Educação Inclusiva e sua vertente mais imediata que é a Educação Especial.
Ao longo do mesmo, verificamos que a Educação Inclusiva não é uma situação comum na escola e principalmente na sociedade, em se tratando da aceitação, mas, que pode ser adquirido de forma adequada e pedagógica através da escola e se refletir positivamente na sociedade e na família.
O ambiente familiar constitui-se em um dos principais fatores para a conscientização da importância da inclusão, pois a mesma consiste na primeira forma de educação e é onde inicia o desenvolvimento da aquisição de transformar exclusão em inclusão.
A escola é considerada como um espaço necessário à transformação da sociedade, da família e do próprio portador de necessidades especiais no processo de educação e aceitação, pois a própria pessoa, muitas vezes necessita de apoio para enfrentar as diferenças comuns ocasionadas pela exclusão.
O ambiente escolar também é importante pelo fato da relação aluno-aluno e professor-aluno, que funciona como uma terapia através da amizade, das boas relações, da auto-estima e da própria identidade pessoal.
O professor e a gestão escolar, por sua vez, acabam sendo os principais responsáveis pelo trabalho e pela melhoria da aplicação de métodos e a busca de objetivos relativos à aceitação e a inclusão de seus alunos portadores de necessidades especiais, tornando-os participativos e capazes de desenvolverem suas competências.
Concluimos que, através da análise dos dados coletados pela pesquisa de campo aplicada na APAE de Sobral-CE, os professores entrevistados estão voltados para a Educação de Jovens e Adultos-EJA e visam trabalhar a educação pedagógica e profissional dos portadores de deficiência. As metodologias aplicadas se caracterizam como diferenciadas de acordo com a deficiência e a capacidade de cada aluno, sempre buscando trabalhar a capacidade de aceitação, a autonomia, a auto-estima e a identidade pessoal.
Em relação aos discentes, concluímos que os mesmos demonstram total interação no âmbito escolar, assim como com seus colegas de classe e seu professor, pois são conseqüências de um trabalho bem planejado e aplicado.
Os princípios de inclusão já citados devem ser aplicados na escola e são referências para a família e a sociedade, pois o atrelamento de tais princípios constroe alunos portadores de necessidades especiais em pessoas autônomas, capazes de reconhecer e buscar suas oportunidades através de possibilidades justas e educacionais oferecidas pela escola. Identificamos que a escola trabalha com atividades conjuntas, valorizando a relação entre as pessoas, diminuindo a possibilidade de isolamento e preconceito em relação às pessoas especiais.
Esperamos ter contribuído, com nossas reflexões, para a comunidade escolar, através de estímulos pedagógicos, para que os educadores saibam identificar e trabalhar a inclusão, de forma positiva, em sala de aula, proporcionando aos portadores de necessidades especiais uma convivência mais justa e aceita por todos como uma forma de desenvolvimento escolar permanente.
Portanto, é importante na nossa formação, sabermos conviver, respeitar e aceitar as diferenças físicas ou comportamentais, dentro do processo de inclusão na educação de nossos jovens e adultos.


6 REFERÊNCIAS


LIVROS


BRASIL. Ministério da Educação. Diretrizes nacionais para a educação especial na educação básica / Secretaria de Educação Especial. 1ª Ed. ? MEC; SEESP, 2001.

BRASIL. Secretaria da Educação Especial. Tendências e Desafios da Educação Especial / 1º Ed. ? Brasília: SEESP, 1994.

GURGEL, T. Inclusão, só com aprendizagem. Revista Nova Escola. 2007. v. 206. p. 39 ? 45.
GLAT, Rosana. Uma família presente e participativa: o papel da família no desenvolvimento e inclusão social da pessoa com necessidades especiais. 2004. Artigo online: http:www.eduinclusivapesq-uerj.pro.br.

MAZZOTA, Marcos José Silveira. Educação Especial no Brasil: História e políticas públicas / 5º Ed. ? São Paulo: Cortez, 2005.

CAVALCANTE, Meire. Inclusão é o privilégio de conviver com as diferenças. Revista Nova Escola. 2005. V. 182. p. 24-26.

MEC. Secretaria da Educação Especial ? SEESP. Programa de Capacitação de Recursos Humanos do Ensino Fundamental: Educação Especial ? Caderno de Estudo. Série Atualidades Pedagógicas, 1994.

MITTLER, Peter. Educação Inclusiva: contextos sociais. 1º Ed. ? Porto Alegre: Artmed, 2003.

PACHECO, José; EGGERTSDÓTTIR, Rosa; MARINÓSSON, Gretar L. Caminhos para a inclusão: um guia para o aprimoramento da equipe escolar. 1º Ed. ? Porto Alegre: Artmed, 2007.
PERRENOUD, Philippe. A pedagogia na escola das diferenças: fragmentos de uma sociologia do fracasso. 1º Ed. ? Porto Alegre: Artmed, 2001.

RUSSO, Angélica. Conversa franca com o professor. v 1. ? Fortaleza: Edições Livro Técnico, 2006.

SILVA, Adilson Florentino da. A inclusão escolar de alunos com necessidades educacionais especiais: deficiência física / 1º Ed. - Brasília: Ministério da Educação, Secretaria da Educação Especial, 2006

STAINBACK, Susan; William. Inclusão: um guia para educadores / 1º Ed. ? Porto Alegre: Artmed, 1999.

SITES

HTTP://portal.mec..gov.br
http:www.eduinclusivapesq-uerj.pro.br. Acesso em 18/05/2010.