RESUMO

O artigo se propõe a compreender os motivos que levam educadores a terem dificuldades no trabalho de inclusão dos alunos portadores de necessidades especiais, este estudo poderá auxiliar as escolas e professores a lidarem com os problemas e questionamentos que irão vivenciar ao receberem em suas salas de aula alunos com necessidades educacionais especiais.

Este tema apresenta uma grande importância social, pois se sabe que embora a inclusão escolar seja garantida por lei tendo como meta recuperar toda uma história de discriminação e preconceito se utilizando do conceito de igualdade, sua prática está longe deste ideal.

INTRODUÇÃO

O presente artigo tem o intuito de  identificarmos as dificuldades encontradas pelos professores que trabalham com crianças que tenha algum tipo de necessidades educacionais especiais.

O interesse por este assunto surgiu em decorrência do fato de, apesar de existir Programas do Governo Federal de Educação Inclusiva Direito à Diversidade e neste âmbito a educação ter sido favorecida através de diversas ações para viabilização da educação inclusiva, ainda assim, percebe-se que os educadores ao se depararem com a criança com deficiência, ainda encontram dificuldades.

Nos últimos anos muitas mudanças estiveram presentes no cotidiano das escolas que favoreceram um repensar sobre os alunos com deficiência, além dos avanços na política educacional, na área da ciência e da tecnologia que possibilitaram novo olhar para esses alunos. A própria Lei das Diretrizes e Base da Educação (LDB Cap.5, Art. 58) “Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais”. Evidenciando que não há nos sistemas de ensino tipos separados de educação. Assim, deve-se pensar a inclusão não como algo específico, mas como parte de um processo que disponibilize a todos os alunos condições para desenvolverem suas competências.

 De acordo com Costa (2007, p. 15) “a escola precisa estar aberta para atender a todos e o governo deve oferecer reais condições para a implantação da escola inclusiva no país, fornecendo verbas, criando cursos de capacitação para os docentes e demais necessidades”. Entende-se que além da escola existe uma complexa teia de outros envolvidos para que a inclusão de fato se efetive, não podendo ficar a cargo da escola e docentes a responsabilidade única pelo sucesso do processo, mas cada um deve assumir seu papel, escola, docentes, governo federal, gestores, pesquisadores da educação especial.

Nesse aspecto, a inclusão vai além de inserir a criança na escola mas de proporcionar condições para sua permanência oportunizando estratégias para que aprenda e avance em conhecimento. Pensar a formação dos educadores envolvidos nesse processo é fundamental para garantir o apoio pedagógico necessário para o desenvolvimento da aprendizagem de todos os alunos.

Certamente a inclusão se concilia com uma educação para todos e com um ensino que atenda às necessidades de todos os alunos, sem exceção. Assim sendo, a formação do pessoal envolvido com a educação é de fundamental importância (...). A meta da inclusão escolar é não deixar ninguém de fora do sistema escolar, que terá que se adaptar às particularidades de todos os alunos (COSTA, 2007, p. 19).

A formação do professor envolvido nesse processo é fundamental para efetivação de práticas mais inclusivas, sendo ele agente de importância significativa, pois está diretamente envolvido na aprendizagem do aluno, instrumentalizá-lo para trabalhar com a diversidade dos alunos implica investir em sua formação, pensando essa formação além de cursos eventuais, mas abrangendo uma formação contínua para reflexão de sua prática. Além do professor, torna-se necessário o envolvimento de todos os membros da equipe escolar no planejamento de ações (COSTA, 2007), ou seja, professores, direção, coordenação e funcionários precisam agir coletivamente.

ATUAÇÃO DOS PROFESSORES NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA

Para pensar no bem estar da criança os profissionais da educação precisam estar preparados e satisfeitos com o trabalho que irá exercer. Todos os sistemas de educação devem seguir incorporando em suas agendas mecanismos para ir avançando para práticas mais inclusivas. Segundo Moriña, (2004 p.02)“cada menino e menina é importante”. O professor que assume este papel precisa esta ciente disso.

Não menos importante é revisar e propor mudanças na formação permanente do professorado. Os esforços da Administração da Educação devem ir oferecer quase exclusivamente planos de formação através de cursos externos aos centros. Considero que se deve apostar por uma formação no lugar de trabalho, que se aborde em colaboração e que parta pelas necessidades expressas pelos docentes desse centro. Essa formação deve ser apoiada no modelo de reflexão-ação-reflexão (MORIÑA, 2004, p.12).

 Ao considerar as colocações acima, remete-se a necessidade de algumas mudanças visando políticas, práticas e atitudes mais inclusivas. Ao falar de seres humanos sabe-se que ninguém consegue exercer um trabalho no qual traga bons frutos, quando este é realizado com insatisfação. Quando se fala em criança com necessidade especial parece que tudo fica mais difícil, ou pelo menos é o que se faz transparecer, diante de atitudes de alguns profissionais da educação. Como salienta Carvalho:

A educação das pessoas com deficiência intelectual depende, necessariamente, da revisão de alguns princípios - nossas propostas pedagógicas, nossa concepção sobre esse tipo de deficiência, nossas atitudes e procedimentos metodológicos, e de sua adequação á capacidade desses estudantes de operar mentalmente (CARVALHO, 2011, p. 60).

Como relata a autora, a criança com necessidades especiais irá depender da conduta do professor. O paradigma da Inclusão encontra-se atrelado, na prática pedagógica, a uma pedagogia da diversidade, da diferença e não da normalidade. Veja a seguir, nas palavras da Profa. Dra. Leny Magalhães Mrechum resumo das principais dúvidas do que seja ou não, o Paradigma da Inclusão.

1o O Paradigma da Inclusão não pode ser reduzido apenas à sua vertente da FullInclusion. Ele é muito maior do que isto, apresentando várias sub-vertentes, mais próximas ou não em relação ao paradigma da Integração.

2o A Inclusão não é apenas um produto das leis norte-americanas. Ela é um movimento mundial de luta dos deficientes e suas famílias na busca dos seus direitos e lugar na sociedade. A legislação de cada país revela apenas a amplitude destas discussões.

4o  A Inclusão não é colocar crianças deficientes no ensino regular sem suporte.

 5 º  A inclusão não é um movimento oriundo dos políticos brasileiros atuais para cortar verbas e prejudicar mais ainda os professores do ensino regular. A Inclusão é um movimento mundial que visa a implantação de uma educação menos estigmatizadora para todos.

6o A Inclusão é processo, não é estado. Não há um estado de inclusão permanente. Toda inclusão é sempre temporária e precisa ser revista continuamente para  evitar que os processos e mecanismos de exclusão social retornem.

7o A inclusão não surgiu devido a minimização de custos para a Educação Especial. Ela é produto de movimentos sociais de luta pelos direitos dos deficientes.

8o Cumpre ressaltar, no entanto, que a Inclusão tem sido usada, no Brasil, com fins políticos espúrios. Com isto serviços de Educação Especial têm sido desativados sem que nada tenha sido colocado no lugar.    

9o A Inclusão não significa que os alunos dos cursos regulares terão o mesmo currículo que os alunos do ensino comum. É preciso que os professores aprendam a trabalhar com as adaptações curriculares, para acompanhar melhor o processo de desenvolvimento de cada aluno seja ele deficiente ou não (MRECH, 2001, p.17).

Qualquer conceito que remete a inclusão, ou seja, qualquer um dos paradigmas da inclusão citado pela autora, tem um elo entre sistema educativo e educando e isso nos faz pensar que, para que haja uma inclusão de forma satisfatória. Os sistemas educacionais precisam buscar melhoria para adaptar as necessidades da criança com deficiência, desde espaços físicos, docentes e coordenação.  Segundo Carvalho (2011, p.25) “os professores precisam rever suas práticas pedagógica para favorecer o desenvolvimento do alunado”. A autora nos ensina que, através de atitudes profissionais, demonstram-se conhecimentos na área em que se exerce. Entende-se que há queixas dos professores na forma de lidar com os alunos e seu acompanhamento no cotidiano escolar.

Sabemos que isto é um desafio para os professores que têm dúvidas e questões sobre a sua capacidade para vencer estes desafios. A inclusão envolve uma necessidade maior de se pensar a respeito do próprio fazer pedagógico, pois exige que se revejam jeitos e formas de ensinar. O professor muitas vezes se depara com a necessidade de alterar seu planejamento de aula, pois percebe que houve mais dificuldade dos alunos para o entendimento de determinado conteúdo, e que em função disso, levará mais tempo do que havia previsto para abordar aquele assunto. Ou seja, este pensar sobre o próprio fazer pedagógico já está presente na rotina dos professores. Quando ele recebe alunos com deficiência, provavelmente vai se deparar com situações desse tipo (GIL, 2005, p. 88).

Quando se trata de observar como professores lidam com as práticas de inclusão, o modo como encaram o trabalho com os seus alunos, remete-se a necessidade de repensarem o planejamento considerando a individualidade de cada aluno. Esse desafio para o professor pode despertar algumas reações, sejam de rejeição, de medo, de inseguranças provenientes das dificuldades em relação á inclusão desses alunos.

Para tanto, o papel da gestão escolar é fundamental na superação desses obstáculos. Recuperar a autoestima da criança com necessidades especiais e provar que eles também são sujeitos de direito, Paulo Freire (1996, p.35) contribui ao destacar o papel do educador no processo de libertação dos sujeitos. Para ele, “o homem chega a ser sujeito por uma reflexão sobre sua situação, sobre seu ambiente concreto. Quanto mais refletir sobre a realidade, sobre sua situação concreta, mais emerge, plenamente consciente, comprometido, pronto a intervir na realidade para mudá-la”.  De encontro com suas palavras vem as palavras de Mendonça, quando fala a respeito da democratização.

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