Carlos Longo*

Estamos vivendo num mundo em transição, com uma ruptura no modelo tradicional de ensinar e aprender. Professores, alunos e Instituições de Ensino (IE) terão de mudar seus modelos pedagógicos. Instituições terão que aprender a compartilhar conteúdos e a integrar-se no uso de tecnologias de informação e comunicação (TICs), e recursos educacionais abertos. Professores terão que sair da posição tradicional e se transformar em facilitadores e coaches de aprendizado. E estudantes terão que sair de uma posição passiva e “aprender a aprender” de forma colaborativa, desenvolver pensamento crítico, estudar para adquirir conhecimento e desenvolver competências essenciais para os desafios do século XXI.

Os provedores públicos e privados de educação têm que preparar jovens e adultos para essa nova economia. Em recente estudo do Boston Consulting Group, foram destacadas algumas competências e qualidades individuais necessárias para enfrentar um ambiente de constante mudanças, tais como pensamento crítico, capacidade de resolução de problemas, criatividade, colaboração, curiosidade, iniciativa, persistência, adaptabilidade, liderança, comunicação e relacionamento. Existe uma oportunidade ímpar para Instituições de Ensino desenvolverem essas habilidades em seus estudantes por meio do uso de metodologias ativas, Action Learning, jogos, vídeos, entre outros, com utilização de ensino híbrido. Sendo que este último, além de transformar a sala de aula convencional em um ambiente colaborativo de construção de conhecimento, propicia a professores e alunos o uso de novas tecnologias para desenvolverem competências essenciais para os desafios do novo milênio.

As novas tecnologias digitais e seus aplicativos móveis estão cada vez empoderando mais a sociedade. A internet das coisas e os vestíveis já estão aí com automóvel sem motorista, smart tênis etc. Comprar, vender ou montar seu próprio negócio com baixo custo e usando seu talento pessoal sem sair de casa já é realidade. Instituições de ensino precisam abrir a caixa preta do conservadorismo educacional e criar novas pedagogias para o século XXI. A utilização do ensino híbrido está quebrando a dicotomia entre o ensino à distância e o presencial. A utilização de sala de aula invertida; metodologias ativas e ensino adaptativo já são realidade em universidades americanas e começam a aparecer em algumas IEs no Brasil. Porém, mais importante que o uso das tecnologias, é preparar dirigentes, docentes e discentes para uma mudança de paradigma no processo de ensino e aprendizagem.

O futuro da educação de jovens e adultos no Brasil nessa era econômica disruptiva está só começando. Instituições de Ensino Fundamental, Médio e Superior precisam se adaptar por meio de um planejamento estratégico acadêmico. E nesse contexto, que docentes e discentes sejam contemplados, TICs sejam utilizados de forma a agregar valor na construção do conhecimento, e recursos educacionais abertos sejam integrados de forma a criar um modelo educacional sustentável, mais inclusivo e plural, para capacitar nossa sociedade para os desafios do século XXI.

  * Prof. Carlos Longo é pró-reitor acadêmico da Universidade Positivo e Diretor da ABED (Associação Brasileira de Educação à Distância).