Rainer Alves da Fonseca

 

 

 

 

educação na grécia e roma antiga

 

 

 

 

 

Trabalho realizado para o cumprimento parcial da disciplina de História da educação, do curso de Pós-graduação Stricto Sensu em Educação. Turma: Mestrado 5

Orientador: Prof. Msc. Gilson Lopes.

NOVA IGUAÇU - RJ

2014

SUMÁRIO

 

 

01

Introdução.................................................................

 

03

02

Educação na Grécia Antiga...........................................

04

03

Educação na Roma Antiga............................................

07

 

 

 

06

Considerações finais.............................................

09

07

Referências................................................................

10

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

01 INTRODUÇÃO

                A educação é o meio pelo qual os conhecimentos de mundo, sociedade e espiritualidade são passados de geração para geração. Ela engloba o ato de ensinar e aprender.

            O processo educativo passou e passa por uma série de mudanças através da história das civilizações. No decorrer deste artigo poderá se evidenciar diversos pedaços da cultura antiga greco-romana em nossa educação atual.

A história da educação na Antiguidade não pode deixar indiferente nossa cultura moderna: ela retraça as origens modernas de nossa própria tradição pedagógica. Somos greco-latinos: o essencial da nossa civilização veio da deles: isso é verdadeiro, num grau eminente, para nosso sistema de educação.(Marrou, 1975, p.4)

            As civilizações greco-latinas apresentavam uma educação voltada para a resolução de problemas cotidianos e com um perfil mais prático, porém percorrendo um caminho de refinamento pedagógico e intelectual ocorrido durante os anos e que fundamentou os atuais pensamentos educacionais e metodológicos.

 02 Educação na Grécia Antiga

                Dos povos antigos, os gregos são os pioneiros na formação de teorias educacionais, e os que mais se sobressaíam. Tais avanços educacionais deram uma maior compreensão de cultura e do lugar ocupado pelo indivíduo na sociedade.

A educação participa na vida e no crescimento da sociedade, tanto no seu destino exterior como na sua estruturação interna e desenvolvimento espiritual; e, uma vez que o desenvolvimento social depende da consciência dos valores que regem a vida humana, a história da educação está essencialmente condicionada pelos valores válidos para cada sociedade. (JAEGER, 1994, p. 05).

                A educação grega tinha como princípio a formação integral do indivíduo, corpo e espírito, tendendo ora para intelectualização por meio de debates, estudo da filosofia, ora para a preparação militar, por meio de exercícios e esportes.

            Antes do surgimento da escrita, a educação ficava a cargo dos preceptores que hoje seriam considerados hoje como tutores em tempo integral, e que davam instruções e formação intelectual nas mais diversas áreas. Só que os preceptores eram acessíveis somente a elite, aos menos abastados, a educação e preparação dos filhos ficava a cargo das próprias famílias.

 Mesmo com o advento da escola, esta ainda ficou restrita aos filhos da antiga nobreza e aos pertencentes das famílias de comerciantes ricos. Entre a sociedade grega o trabalho era tido como miséria humana, forma de sobrevivência e uma contraposição ao direito a cidadania. Pois, somente aqueles que não precisassem trabalhar poderiam se ocupar dos assuntos da Pólis. Mas alguém deveria se ocupar do trabalho braçal, neste momento entra em cena os indivíduos que em sua maioria eram escravos e responsáveis pelo trabalho em si. Este momento era considerado o Ócio digno, e reservado a alguns gregos para pensar, governar e guerrear. “Não é por acaso que a palavra grega para escola (scholé) significava inicialmente o lugar do ócio.” (ARANHA, 2006, p. 62)

             Na Grécia a educação física que era predominantemente militar começa a ser viabilizada para os esportes. No caso do hipismo permanecia elitizado pelo alto custo de manutenção, mas com o tempo o atletismo abriram-se portas para o público em geral. Um aspecto da cultura educacional grega era de que a preparação educacional não era exclusividade da escola, mas permeava vários âmbitos como: reuniões, atividades coletivas, jogos artes e representações dramáticas. Tanto que o teatro (tragédias) era considerado como a escola de todos os cidadãos. Pois, em cada apresentação estava uma mensagem a ser imbuída nos habitantes da Pólis, que já tinha sido selecionada pela elite.

Para evitar que algum autor trágico pudesse tender de encontro aos interesses dos seus patrocinadores ou dos setores sociais que viabilizavam suas apresentações, todas as peças eram previamente submetidas ao crivo de um magistrado escolhido pelos legisladores da pólis. Esse magistrado tinha com função “estatal” selecionar e escolher quais delas iriam ser apresentadas nas festas dionisíacas: “... Os autores que participavam dos concursos dramáticos primeiramente submetiam suas peças ao magistrado encarregado de organizar a festa, que eliminava certo número de candidatos” (ROBERT, 1987, p. 27).

A educação espartana consistia basicamente em uma formação militar, como manejo de armas, técnicas de luta. Até os doze anos, a educação tinha uma dinâmica escolar mais lúdica, com música, poesia e educação física, sendo esta mais tarde intensificada como parte do treinamento militar, como suportar frio, fome, dormir de forma desconfortável e vestir-se de forma simples. A prioridade dos preceitos eram a obediência, a aceitação dos castigos físicos e o respeito aos mais velhos e a total devoção ao Estado. Durante os jogos era orgulho para os espartanos exibirem agilidade, força e corpos bem treinados. As mulheres também eram preparadas para serem fortes físico e moralmente, visando seu futuro como mãe.

Marrou nos define o ideal da educação espartana como uma instituição voltada para a formação do caráter dos indivíduos, no qual tudo deveria ser sacrificado” de acordo com os interesses da comunidade cívica. Nesse contexto, o único bem favorável era o da pólis, no qual só seria justo o que se vinculava aos interesses do Estado espartano (MARROU, 1975: 45).

                Atenas foi o ponto de partida para a maior parte do conhecimento acumulado de toda Grécia Antiga, a ideia de Estado criou o cidadão da Polis.  Com a ascensão dos comerciantes, surge um novo grupo com poder e com esses uma nova educação, que pouco a pouco se disseminou pela população grega como um direito de todos. E, é neste contesto que surge a escrita alfabética, para aos poucos substituir a escrita bustofrédica que era usada basicamente para as leis e na administração estatal.

Na época de Sólon (séc. VI a.C), era praticada a escrita bustrofédica para as leis, que só foi abandonada no inicio de 570 a.C, o novo uso da escrita alfabética difundiu-se rapidamente através da escola. (MANACORDA, 2002, p. 49)

                Com o surgimento da escrita alfabética, a educação obtém uma posição de bem social, proporcionando o direito ao conhecimento escrito e democratizando os saberes acumulados e o regimento das leis, não sendo mais prioridade de uns poucos.  Sobre a redação de tais leis Vernant argumenta que:

Ao subscrevê-las, não se faz mais que assegurar-lhes permanência e fixidez, substraem-se a autoridade dos Basileis, cuja função era dizer o direito, tornam-se bem comum, regra geral, suscetível de ser aplicadaa todos da mesma maneira. (VERNANT, 2000, p. 43)

                Com as novas mudanças, a educação tornou-se aberta a coletividade, e assim o número de crianças aumentou muito, portanto fez se necessário um espaço para acolher e ensinar essas crianças, nesse momento temos o aparecimento da primeira escola. Nesse local era ensinado: música pelo citarista (mestre de música), pedotriba (mestre de ginástica), o gramatista (mestre de letras e do alfabeto) e o pedagogo que era responsável por acompanha-lo o pupilo, carrega seus pertences, ensinar boas maneiras ajudar a repetir as lições e decorar os poemas.

            A educação elementar terminava por volta dos 13 anos, nesse momento os pobres buscavam um ofício, em contra partida os de famílias mais abastadas era encaminhados ao ginásio. Com o passar do tempo, e pela própria necessidade da Pólis, novas disciplinas começaram a ser lecionadas, como: matemática, geometria e astronomia.

            Como uma possível continuação dos estudos, surge a Efébia que tratava de uma instituição originalmente militar e que acabou assumindo uma conjuntura de escola secundária, onde se ensinava filosofia e literatura.

As crianças devem, antes de tudo, aprender a nadar e a ler; em seguida, os pobres devem exercitar-se na agricultura ou em uma industria qualquer, ao passo que os ricos devem se preocupar com a música e a equitação, e entregar-se à filosofia, à caça e a frequência aos ginásios. (ARANHA, 2006, p. 66)

                Mais tarde com os sofistas(pensadores que cobravam altos valores para preparar os mestres, profissionalizando-os e a expandindo a didática de novas disciplinas de estudo.), transformavam a educação em arte ou técnica, na qual todos sejam professores, políticos ou qualquer um que deseja-se e pudesse pagar, ter aulas de retórica, convencimento e persuasão, para se ter um discurso mais eficiente. Por esse motivo foram condenados por Sócrates e seu discípulo Platão por ensinarem uma educação imoral, que corrompia a juventude, já que deixava de lado valores importantes como: verdade, justiça, virtude etc.

            Em contraposição as ideias sofistas, surgem uma nova forma de educação a Paidéia, que tinha como pilares a formação total do indivíduo de forma moral, religiosa, física e política. A educação deixa de ter um cunho de práxis, para se tornar episteme.

            A Grécia também pode ser considerada a fonte da pedagogia, já que é onde se inicia as primeiras discussões de ações pedagógicas, sendo que estas irão influenciar por séculos a educação e a cultura ocidental.

03 Educação na Roma Antiga

 

                A educação romana tendia em grande maioria para a práxis diferente da grega que tinha como ponto de referencia o pensamento filosófico. A sua instrução escolar tendia para a formação técnica por seu cunho de eficácia, como no caso das letras e escrita que em muitas vezes era grego, em suma ela tinha um caráter, prático, familiar e civil.

             Em Roma apesar do pai ter papel central,  a mãe era considerada de suma importância e tinha um posicionamento muito menos submisso que na Grécia. A mãe era valorizada e reconhecida como organizadora da vida educacional dos filhos, junto a pedagogos e mestres. Se por um lado a mãe zelava pela formação cultural da criança, cabia ao pai a formação moral e social, até mesmo permeando os estudos, o qual era feito de forma rígida, para a formação do futuro cidadão.

Para J. Guillen (1977), o poder do pater foi, juridicamente, o mais severo e rigoroso de que se tem notícia na antiguidade, pois na casa, esfera inviolável, além da condição de senhor, o pai exercia o papel de sacerdote familiar. Fora de casa, era o cidadão servidor do Estado, mas, dentro de casa, tinha o poder de um soberano. O Estado jamais transpunha os umbrais do seu lar, pois ele detinha o poder de vida e de morte sobre aqueles sob sua potestas. A patria potestas era exclusividade do pater familias; nem mesmo a mãe podia tê-la. Ainda na República, o caráter severo e absoluto da patria potestas foi se suavizando em alguns aspectos e até mesmo desaparecendo. Por exemplo, o poder sobre a vida e a morte e a prática de abandonar os filhos indesejados já se faziam muito raros no Baixo Império. (J. Guillen,1977).

            Até os 7 anos a responsabilidade para com os filhos era da mãe, após isso as meninas permaneciam no aprendizado dos afazeres do lar e os meninos passavam a ter o pai como responsável por sua educação.

                A partir do século I a.c foram implantadas escolas baseadas nos moldes gregos, e surgiram as primeiras escolas latinas de retórica e gramática. Pouco tempo depois, o espírito de praticidade romano levou a uma estruturalização das escolas que passaram a ser divididas em graus e com instrumentos específicos, como manuais de estudo. Dentro dessa divisão existiam as escolas elementares, que eram responsáveis por ensinar a ler, escrever e calcular, tais escolas funcionavam em locais alugados ou nas casas de ricos, as crianças dirigiam-se para lá acompanhadas dos pedagogos. As escola secundárias provinham conhecimentos em geometria, música, astronomia, literatura e oratória.     

A cultura grega continua influenciando a educação em Roma, e assim, surgem as escolas de retórica que poderiam ser consideradas de nível superior, e eram frequentadas por aqueles que iriam seguir carreira política, direito e filosofia. Mas, tais escolas não eram para todos, nem todos que concluíam seus estudos nas escolas elementares, prosseguiam para as escolas secundárias, e menos ainda conseguiam passagem para o nível superior. “A sociedade romana permaneceu uma sociedade aristocrática e os estudos aprofundados fazem parte dos privilégios da elite” (Marrou, 1975)

Existiam também escolas mais acessíveis aos menos favorecidos, mesmo sendo menos organizadas e sem grandes níveis de ascensão cultural. Eram escolas técnicas de cunho profissionalizante, que formavam profissionais em diversas artes e ofícios, em um primeiro momento ligados ao exército e à agricultura, posteriormente ao artesanato, e podendo chegar ao artesanato de luxo.

                         04 considerações finais

A educação grega tinha como principais objetivos o desenvolvimento do cidadão fiel ao estado e formação do homem com plena harmonia e domínio de si, para assim prepará-lo para a cidadania e os deveres cívicos. “A reflexão filosófica sobre a educação é que dá o tom a pedagogia e dos valores que, hoje, direcionam a prática educacional e dos valores que deverão orientá-lo para o futuro”. (LUCKESI, 1990, P.33)

A educação dentro dos parâmetros que conhecemos, teve inicio na cultura greco-romana Antiga, e também a abordagem do pensamento racional, a criação da cidadania e do próprio Estado com leis. O reconhecimento do valor da educação na vida social e individual, a educação pública e humana em sua integridade física, intelectual, ética e estética, são valores que nos foram legados pelos gregos, e todas essas características acima citadas continuam tão presentes, pois são metas a serem atingidas pela educação atual.

            Não se pode deixar de destacar que a educação não era para todos, ficando concentrada pelo menos em seus últimos níveis, nas mãos de classes dominantes, tendo esses uma base educacional sólida e voltada para a formação do pensamento filosófico e oratória. Sendo que, para o restante da população em muitos casos sua educação era em grande parte provida pela própria família e voltada para um ofício.

referências

 

 

JAEGER, Werner. Paideia. São Paulo: Martins Fontes, 2001. Grécia Antiga. Revista História Ilustrada da Grécia Antiga. São Paulo: Escala, s/d.

ARANHA, Maria Lúcia. História da Educação e da Pedagogia: Geral Brasil. São Paulo: Moderna, 2006.

JAEGER, Werner. Paidéia- A formação do homem grego. São Paulo: Martins Fontes, 1994.

MANACORDA, M, A. História da Educação: Da Antiguidade aos nossos dias. São Paulo: Cortez, 2002.

MARROU, H, I. História da Educação na Antiguidade. São Paulo: E.P.U./ MEC, 1975.

VERNANT, J, P. As origens do pensamento grego. Rio de Janeiro: Ed Bertrand Brasil, 2000.

ROBERT, Fernand. A literatura grega. Trad: Gilson César Cardoso de Souza. 1ed. São Paulo: Martins Fontes, 1987.

Conceito de Paideia. Disponível em: <http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/opombo/hfe/momentos/escola/paideia/conceitodepaideia.htm>.

GUILLÉN, José. Urbs Roma: la vida privada en Roma. Salamanca: Sígueme, 1977.