EDUCAÇÃO FINANCEIRA – UMA FERRAMENTA IMPORTANTE

 “Durante as crises financeiras todos nós continuamos a comer, escovar os dentes, cuidar de nossa saúde......” , disse o Presidente de uma grande empresa em entrevista concedida ao Jornal Valor Econômico.

Na verdade, em época de economia estável ou instável, os problemas mais rotineiros do dia a dia exigem de nós alguma decisão financeira e, muitos de nós, não fomos treinados para administrar nossa saúde financeira.

No Brasil, na década de 90, não se ouvia falar em Educação Financeira. Nos EUA, “Financial Education” já era umas das matérias que compunha a grade curricular do high school, o nosso ensino médio. Além de disciplina curricular, de dois em dois meses os Colégios convidavam os pais dos alunos para assistirem a uma palestra sobre o assunto.

Estamos 20 anos atrasados. Em 2010, pelo Decreto 7397, de 22/12/2010, o Governo cria a ENEF (Estratégia Nacional de Educação Financeira) e estabelece como projeto-piloto que, em 2012, a educação financeira passaria a compor a grade curricular do ensino médio em 410 escolas da rede pública dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Tocantins, Distrito Federal e do Ceará, o que ainda não se concretizou.

               7.1 – Educação Financeira para que? Qual o nosso problema?

O primeiro problema é certamente a dificuldade de adequação entre receita e despesa, conforme abaixo explicitado:

O nosso salário

O que julgamos merecer ganhar

O que gostaríamos de ganhar

 

Boa parte dos brasileiros ainda efetua despesas, não de acordo com o salário percebido, mas de acordo com o que gostaria de ganhar.        

               7.2 - Quem necessita educação financeira?

Pessoas que ganham aquém do necessário

           O dinheiro acaba ............ e o mês continua                                                                                                        

     

Pessoas que consomem mais do que a renda permite

            Para essas, não adianta aumento de salário......o percentual de aumento é engolido

por novos itens de consumo    

                                                                                                    

               7.3 - A educação financeira está relacionada ao nosso salário?                                                               

 Está comprovado que não e que aquele que não consegue administrar sua vida financeira ganhando R$1mil reais não conseguirá administrar ganhando R$ 10 mil reais.   Chegamos então à fórmula da vida financeira equilibrada, que consiste em equacionar nossas despesas mensais ao nosso rendimento mensal e ainda conseguir poupar. (receita mensal = despesa mensal + poupança)               

               7.4 – Então, como administrar o dinheiro que ganhamos?

Esta é a nossa primeira decisão importante: o que faremos com o salário que vamos receber? como vamos utilizá-lo?  Para administrar bem o nosso dinheiro é necessário que realizemos um planejamento financeiro – um orçamento – que nos ajude a decidir antecipadamente como distribuir o dinheiro, à vista das nossas necessidades

               7.5 – O orçamento – passos a seguir

 

Primeiro passo: Calculando nossa renda
A maioria das pessoas começa o orçamento do lado errado: pelas despesas, quando o ponto de partida deve ser as receitas. Pense a respeito: nós devemos gastar de acordo com o dinheiro que temos disponível, certo?

Pode-se dizer, então, que as receitas (quanto ganhamos) definem o nosso poder de consumo. Nossos gastos devem se adaptar a essa realidade.

E o que entra nessas receitas? Devemos incluir o nosso salário, rendimento com aplicações financeiras, ou aluguel.

Segundo passo: Analisando nossos gastos

Agora é hora de listar todas as despesas.

Despesas fixas (aluguéis, salários de empregados domésticos, encargos sociais e trabalhistas etc.).

Despesas semi variáveis / variáveis (alimentação, conta de luz, água, telefone) (roupas, calçados, presentes, viagens, cinema, tarifa bancária etc.).

Gastos invisíveis: são pequenas despesas do dia-a-dia que levam o dinheiro da família sem que ninguém perceba: o lanche da escola do nosso filho, o cafezinho antes do trabalho, as revistas que compramos e pouco lemos são alguns exemplos.

Terceiro passo: acompanhamento, cortes e metas

Estamos gastando menos ou em linha com o que ganhamos?  Se estamos, ótimo, mas ainda assim devemos refletir sobre a qualidade destes gastos.

Estamos investindo pelo menos 10% daquilo que recebemos? É importante adotarmos como meta: atingir e manter uma reserva de emergência de três a seis meses o valor de nossas despesas correntes.

Estamos gastando mais do que recebemos? Se não temos a possibilidade de aumentar a receita, só nos resta como alternativa o corte de despesas. Se necessário o corte de despesas, todos da família devem estar envolvidos nesse esforço; o objetivo é conjunto.

               7.6 – Vejamos um exemplo de realização de planejamento financeiro familiar

Simulação – uma família com um filho, em idade escolar.

Objetivo da família – adequar as despesas às receitas e poupar pelo menos 10% do total das receitas

1° passo - listagem das receitas com as datas de ocorrência

                Salário

                  Valor

                    Data

Marido

R$3.000,00

                      05

Esposa

R$3.000,00

                      10

TOTAL

R$6.000,00

 

2° passo – listagem das despesas previstas com as datas de ocorrência

Despesas fixas

            Descrição

                 Valor (R$)

                   Data

Aluguel

800,00

  5

Previdência

200,00

  5

Gás

80,00

  8

Condomínio

200,00

10

Colégio

400,00

10

IPVA

100,00

10

Plano médico

500,00

10

Luz

140,00

15

IPTU

80,00

20

Assinatura TV

120,00

20

Diarista

240,00

30

Subtotal

2860,00

 

Despesas variáveis

            Descrição

             Valor (R$)

                  Data

Alimentação

1000,00

5/12/18/25 (250,00/dia)

Transporte

280,00

5/12/18/25 (250,00/dia)

Telefone/internet

240,00

10

Subtotal

1520,00

 

 

 

Despesas adicionais

            Descrição

               Valor (R$)

                   Data

Cinema

100,00

15/30 (50,00/dia)

Restaurante

160,00

15/30 (80,00/dia)

Subtotal

260,00

 

Despesas extras

          Descrição

        Valor (R$)

                    Data

Manutenção apartamento

80,00

5

Manutenção carro

200,00

15

Prestações diversas

200,00

30

Subtotal

480,00

 

TOTAL DA DESPESA

5120,00

 

% da Receita Total

14,67% (poupança mensal)

 

Os valores acima simulados nos mostram uma família com um orçamento equilibrado, que consegue economizar quase 15% dos rendimentos percebidos.

               7.7 – A motivação para economizar

Existem três objetivos estratégicos cujo alcance deve ser colocado como meta em nossas vidas. Isso vai nos ajudar a evitar o consumismo desenfreado e possibilitar que, preservada a qualidade de vida, alcancemos os nossos sonhos e consigamos economizar, em prol de uma tranquilidade futura. 

1 - Reserva de segurança

Ter uma reserva de segurança é um objetivo estratégico porque pode ser considerado como um “fim”, pois não há intenção de causar qualquer mudança no estilo de vida. Estamos satisfeito com a vida, com o trabalho, e o que falta é a “paz de espírito” de saber que há recursos para manter as coisas como estão, ao menos por um tempo, caso algum imprevisto ocorra.

2 – Reserva para grandes eventos

São aqueles eventos que alteram, estruturalmente, o estilo de vida de uma pessoa e que têm alto impacto financeiro. Exemplos comuns de grandes eventos com impacto financeiro são: casar, ter filhos, se divorciar, comprar um imóvel para residência, montar um negócio próprio, se aposentar etc.

3 – Reserva para possibilitar um “upgrade” no nível de vida

É considerado o mais importante objetivo estratégico que podemos ter, pois ele sozinho facilita a conquista dos demais objetivos, tanto estratégicos como táticos.

               7.8 – Os sonhos X As metas X As finanças

É importante nos disciplinarmos e conseguirmos economizar para alcançar um sonho. Vejamos o exemplo: “Paulo quer adquirir um carro novo (o sonho) no próximo ano (a meta)”. É possível que Paulo pudesse contrair um financiamento para comprar o carro amanhã. Entretanto. Paulo sabe que , se o fizesse, estaria aumentando a sua situação de endividamento, ao fazer uma aquisição sem planejamento. Lembremos sempre: Quanto mais desejarmos ver nosso sonho realizado, maior será o nosso potencial de disciplinar o dinheiro, pois a nossa capacidade de economizar é do tamanho do nosso sonho.   

               7.9 - Economizar ou consumir?

Economizar ou consumir é fazer escolhas o tempo todo, pois o dinheiro é finito e as oportunidades e tentações de gastá-lo são muitas.

 As técnicas de marketing e a massiva veiculação de produtos, por todos os meios de comunicação, fazem com que eles pareçam indispensáveis a nossa vida, quando na verdade nem sempre o são. Devemos, pois, estar atentos contra essas “armadilhas publicitárias”.  

Ao primeiro ímpeto de consumir, façamos a nós mesmos três perguntas básicas: Eu posso?  Eu preciso?  Tem que ser agora?

– Não deixemos que os outros determinem nossas necessidades

Devemos estar atentos para evitar despesas desnecessárias, que podemos ser levados a fazer: “apenas para demonstrar status”; por que nosso amigo fez”  ou “para justificar as expectativas que imaginamos que as pessoas façam sobre nosso padrão de vida”.

 

 “Apenas para demonstrar status”

 

Copio a melhor definição de status que li recentemente. É auto explicativa, dispensando qualquer outro esclarecimento.

“Status é comprar coisas que você nem sempre quer, com o dinheiro que você nem sempre tem, a fim de mostrar para gente que você não conhece, uma pessoa que você não é”.                                                  

 

“Por que nosso amigo fez”

 Nosso amigo comprou um carro novo. O nosso está andando bem, está bem conservado. 

Se não nos contivermos, mesmo que esse não fosse até então o nosso sonho de momento, vamos cair na armadilha de sonhar o sonho do amigo, ou seja, de querermos comprar também um carro novo.  Isso pode nos levar a fazer uma despesa desnecessária e, pior, sem um planejamento prévio, o que pode nos levar a uma situação de endividamento.  

“Para justificar as expectativas que imaginamos que as pessoas façam sobre nosso padrão de vida”

 Paulo morava em um bairro onde predominavam residências simples, condizentes com seu padrão de vida. Como foi promovido no emprego, reuniu a família e após um planejamento financeiro bem elaborado, concluiu que, ajudado pela venda do carro que possuía, poderia financiar a aquisição de uma casa mais confortável. Após algum tempo de pesquisa a família adquiriu uma boa casa, em local onde os vizinhos possuíam carro e pareciam ter um bom padrão financeiro. Paulo e a família conheceram alguns vizinhos e estavam felizes pela casa nova  mas, em pouco tempo, o fato de não terem um carro os incomodava muito, a ponto de estarem propensos a fazer uma aquisição sem planejamento adequado. 

Felizmente, colocaram os pés no chão e resolveram aguardar uma melhor oportunidade. Na verdade, concluíram que o que os incomodava não era propriamente a falta do carro e da comodidade que o carro proporciona, mas o fato de imaginarem que a expectativa dos novos vizinhos era de que quem morasse naquele condomínio teria um padrão de vida compatível com o local e, portanto, teria um carro.         

              7.10 - O consumo consciente - recomendações 

       1 - Não esqueça de pedir a Nota Fiscal, pois ela é a garantia do produto (junto com o certificado de garantia); é necessária para a troca ou devolução do produto comprado; contribui para evitar a evasão fiscal, ou seja, perdas para a sociedade que impactam diretamente  setores como saúde, educação e saneamento básico. 

       2 - Conheça seus direitos como consumidor. Você fez uma compra e julga que seus direitos foram violados?  Siga os seguintes passos:

 a) Conheça o Código de Defesa do Consumidor (CDC), que pode ser acessado, pela internet, no seguinte endereço: www.mj.gov.br/data/Pages/MJ5E813CF3PTBRIE.htm;

 b) Entre em contato com o fornecedor e tente um acordo amigável; faça um contato formal obtendo, sempre, um comprovante do contato;

c) Atenção aos prazos para reclamação, estabelecidos pelo CDC: 30 dias para falhas em produtos não duráveis e 90 dias para produtos duráveis;

d) se não teve a reclamação atendida, procure o Órgão de Defesa do Consumidor de sua cidade.            

              7.11 - Algumas dicas para compras “on line” com segurança

a) Realize compras apenas em terminais considerados seguros

b) Guarde os comprovantes de suas compras on-line. Normalmente as lojas, após a confirmação da compra, enviam aos clientes, por e-mail, os detalhes da compra;

c) Antes de enviar informações pessoais, como CPF e número de cartão de crédito, assegure-se de que está em um página segura. Busque a imagem de um cadeado ou chave na página e verifique se o endereço do site começa com https:// ao invés de http://;

d) Proteja suas senhas. Evite combinações óbvias, como datas de aniversário, por exemplo, e nunca forneça estes dados a outras pessoas;

e) Compre apenas em portais seguros, de preferência conhecidos ou que já tenham sido utilizados por algum amigo, por exemplo. Veja se a loja fornece um endereço físico ou um telefone para contato;

 f) Acompanhe em seu extrato o pagamento das compras e, caso perceba qualquer atividade inesperada, informe imediatamente a loja;

g) Mantenha o antivírus sempre atualizado e programe o navegador para que tenha os níveis mais altos de segurança;

h) Dê preferência ao uso do cartão de crédito e evite comprar efetuando pagamento por boleto bancário ou por débito em conta, a não ser que tenha plena confiança no site de venda.

 

            

 7.12 – O crédito – o que devemos saber antes de usá-lo

 

Embora com juros ainda muito altos, o crédito está hoje mais abundante no mercado e nos é oferecido de diversas maneiras: Parcelamento pelas lojas (carnês); Cartões das lojas; Cheque especial; Cheque pré-datado; Cartões de crédito.

 Você possui algum tipo de crédito?  Se possui, isso significa que alguma instituição financeira acredita em você, ou seja, acredita no seu poder de pagamento. Esse crédito, normalmente limitado a um determinado valor, lhe é concedido após o preenchimento de um cadastro financeiro.

              7.13 - Algumas dicas para lidar com o crédito

1 - A análise em época de crédito abundante

É comum que a análise de crédito seja mais benevolente quando o crédito está farto no mercado. A ânsia de emprestar pode fazer com que nos seja concedido, por exemplo, um limite maior de cheque especial ou um limite maior no cartão de crédito.

Nada, entretanto, nos é dado de graça. A instituição financeira tem que se preservar contra o risco de inadimplência, o que faz, ou cobrando altas taxas de juros ou embutindo um seguro no contrato de concessão de crédito. O resultado é sempre um acréscimo na despesa (prestação) quando nos utilizamos desse tipo de crédito.

2 - Independentemente do limite de crédito que nos for atribuído, devemos fazer um planejamento financeiro, lembrando sempre:

“Quando compramos a crédito estamos antecipando um prazer, geralmente pagando mais caro pelo produto e gastando um dinheiro que ainda não temos”.

“Não devemos nos comprometer com prestações que não cabem no nosso orçamento”. 

              7.14 - Compra com pagamento parcelado

O comércio usualmente nos oferece a possibilidade de pagamento parcelado.

É preciso atenção aos juros cobrados, que nem sempre estão explícitos no preço de venda.

Vejamos alguns exemplos:

Compra parcelada com juros explícitos

Paula quer comprar uma TV de 20 pol para seu quarto e vê o seguinte anúncio:

Preço à vista- R$800,00, ou em 4 parcelas iguais de R$220,39 ... juros de 4% am

Paula analisa seu orçamento mensal, verifica que pode pagar uma prestação de R$220,39 e faz a aquisição.

Vamos analisar os números

Paula pagará pela TV.............4 x R$220,39 = R$881,56

Paula pagará de juros...........(R$881,56 – R$800,00) = R$81,56, o que significa que, em 4 meses,  estará pagando de juros mais de 10% do valor do produto.

Usando outro raciocínio, tudo se passa como se a TV, em 4 meses, tivesse seu preço aumentado em mais de 10%, enquanto a variação anual prevista para o  IGPM/2013 é de 5,85%, ou seja, Paula se dispôs a pagar, em 4 meses, quase duas vezes o percentual de  variação anual do índice geral de preços.

Esse tipo de análise é importante para evitar que você faça uma compra de forma inconseqüente, sem saber o quanto a mais estará pagando pelo produto.

Com o conhecimento desses números, Paula talvez optasse por economizar R$200,00 durante 4 meses, o que lhe permitiria comprar a TV à vista, com a possibilidade, inclusive, de negociar um desconto no preço com o fornecedor.                                               

Ainda temos muito que aprender

Muitas pessoas têm atitude igual à de Paula: Qual o valor da prestação? O meu orçamento mensal comporta essa prestação? Pesquisa realizada pelo SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito) e divulgada recentemente: 85% da população faz compras sem planejamento e 74% não possui qualquer investimento fixo, nem mesmo caderneta de poupança.

 

Compra parcelada sem juros explícitos

Nesse caso, o anúncio apareceria para Paula da seguinte forma:

 Preço à vista – R$882,00 ou 4 prestações sem juros de R$220,50

O fornecedor se dispõe a vender o produto recebendo em 4 vezes, ao mesmo preço que Paula pagaria se comprasse à vista. Obviamente, alguém terá que arcar com o custo de atualização do dinheiro, quando o pagamento é feito a prazo. Então, o que pode estar acontecendo?

a) Os juros estão embutidos no preço à vista; ou                                                                        b) O produto não estava tendo o giro de venda esperado e interessa ao fornecedor a redução de estoque.

O papel do comprador é sempre tentar negociar um desconto no preço à vista, antes de aderir à operação de compra.

              7.15 - Cartão de crédito

Em época de crédito abundante aumentam as ofertas de cartão de crédito.

 Como consequência, passa a ser menos criteriosa a distribuição do cartão. São comuns as ofertas de isenção de taxa de administração e a concessão de limite de crédito superior à capacidade de pagamento do detentor do cartão. Inadvertidamente, podemos não nos preocupar com esse fato, por não estarmos obrigados a pagar integralmente a fatura referente às despesas que realizamos no mês.

Entretanto, a prática de pagar o mínimo permitido (15% da fatura) ou mesmo de parcelar o pagamento da fatura, em pouco tempo fará nosso saldo devedor virar uma “bola de neve”, em face dos elevados juros praticados, deixando-nos em situação de grave endividamento.

Para aquele que já está nessa situação, deixamos uma sugestão:

Quite integralmente o saldo devedor, contraindo para isso, se necessário, um empréstimo a juros menores; se possível, dê preferência ao empréstimo consignado;

Na impossibilidade de contrair um empréstimo, busque com a instituição financeira uma negociação para pagamento do saldo devedor, em condições que lhe permita o cumprimento do acordado;

Até a quitação do saldo devedor e de se instruir financeiramente, não mais utilize o cartão. 

Princípios para utilização do cartão de crédito

É importante que sejamos muito disciplinados no uso do cartão de crédito e é recomendável seguir os seguintes princípios:         

      a) Estabelecer um limite de uso mensal do cartão de crédito, limite esse que não pode ser superior do que nossa capacidade de pagamento integral da fatura;                     

      b) Guardar todos os comprovantes de uso do cartão de crédito;

      c) Dependendo de quanto o cartão é utilizado, somar a cada semana ou a cada dez dias os comprovantes de gastos, atualizando o limite disponível e não permitindo que ele seja ultrapassado;

    d) Verificar a melhor data de compra, ou seja, aquela que nos dará maior prazo de pagamento; por exemplo, se a nossa fatura é fechada pelo cartão no dia 01/12 para pagamento no dia 10/12, o que comprarmos entre 01 e 10/12 só virá na fatura a pagar no dia 10/01 e ganharemos até 40 dias para pagamento. 

              7.16 – Cheque especial

  Aprovação do limite pelo Banco - após proceder a análise de nosso cadastro financeiro, o Banco aprova um limite de cheque especial.

Utilização do cheque especial - recomendações e esclarecimentos

À semelhança do cartão de crédito, teremos sérios problemas de desequilíbrio financeiro se utilizarmos o cheque especial indiscriminadamente, como se fora uma continuação de nosso contracheque de pagamento,  uma vez que, além de pagarmos juros altíssimos na faixa de 6 a 10% a.m, estaremos perdendo o controle sobre nosso  orçamento;

Ao utilizarmos o cheque especial, o Banco desconta o valor utilizado dos depósitos futuros efetuados em nossa conta-corrente;

No início do mês, o Banco debita de nosso saldo de conta corrente os juros relativos à utilização do cheque especial no mês anterior, acrescido do IOF (imposto sobre operações financeiras)     IOF= (0,38%*V)+(0,0082%*V*X/30), onde V = valor utilizado do cheque especial e X/30 = número de dias de utilização do especial;

O cheque especial só deve ser usado, portanto, em caso de real necessidade e pelo menor prazo possível.

Escolha do Banco para abertura de uma conta corrente – recomendações e esclarecimentos

Verifique se o Banco concede alguns dias por mês para que o cheque especial seja utilizado, sem a cobrança de juros;

Na escolha do Banco em que vai abrir conta corrente, leve em consideração os juros e as taxas de serviços cobradas;

Aumento da competitividade bancária - Resoluções aprovadas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), em março de 2013, obrigam as instituições financeiras a serem mais transparentes nas informações sobre serviços bancários, de crédito e de câmbio prestados aos consumidores, inclusive com relação ao Custo Efetivo Total (CET), o que nada mais é que mostrar para o cliente o que de fato está custando para ele a contratação de crédito, com o valor das taxas de juros, dos impostos, das tarifas e outras eventuais cobranças que possam estar associadas à operação de crédito.

             7.17 – Financiamentos

À semelhança do cartão de crédito, o financiamento é uma forma de o fornecedor facilitar a venda a crédito. O financiamento pode ser concedido diretamente pelo fornecedor ou através de um banco ou instituição de crédito, o que é mais usual, com prazos e juros predefinidos, além da cobrança do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Regra básica: ”quanto maior for o prazo de financiamento maiores serão as taxas de juros cobradas”.      

           

 

 

             7.18 – Juros - “o custo de consumir a prazo”. 

   Independentemente do tipo de financiamento, ainda são muito altas as taxas de juros praticadas no Brasil.

A tabela a seguir dá uma ideia das taxas médias de juros praticadas no mercado.

        TIPOS DE FINANCIAMENTO

 

       JUROS MÉDIOS PRATICADOS

 

CARTÃO DE CRÉDITO

 

                 8 a 10% ao mês

 

CHEQUE ESPECIAL

 

                 6 a 10% ao mês

 

AQUISIÇÃO DE BENS (CDC)

 

                 4 a 6% ao mês

 

CRÉDITO PESSOAL

 

                 3 a 5% ao mês

 

         

                  7.19 – Conseguimos poupar. E agora, no que investir?

Baseado em experiência no assunto, nossa primeira sugestão é: “conheça-se como investidor”. Existem diversos testes, bastante objetivos, que vão apontar o seu perfil como investidor: conservador, moderado ou agressivo. No Anexo I vamos mostrar um desses testes.

 Essa preocupação nem sempre é a prática que você encontrará no gerente de sua conta bancária.  E, atenção: o gerente de sua conta vai lhe indicar, certamente, um investimento que o banco negocia, que nem sempre é o melhor para você ou o mais indicado para o seu perfil.

Para exemplificar, consideremos a seguinte situação em que apenas o nome é fictício:

Paula conseguiu poupar um valor significativo. Ainda que pouco conhecesse sobre o mercado financeiro, havia lido que, em função dos atuais índices inflacionários, a caderneta de poupança não vinha apresentando uma rentabilidade real. Ela buscou, então, aconselhamento sobre um investimento que lhe rendesse mais do que a conhecida caderneta de poupança.

As opções de investimentos eram inúmeras, de renda fixa ou variável, com taxas pré ou pós fixadas: Tesouro Direto, Previdência (PGBL/VGBL), CDB, Fundos DI e Renda Fixa, Debêntures, Fundo Multimercado, Fundo de Ações, Fundo Imobiliário.

Visando apenas uma maior lucratividade e após tomar conhecimento da série histórica de rentabilidade dos investimentos que lhe foram oferecidos, Paula se dispôs a aplicar 70% de suas economias em renda variável e 30% em renda fixa, sendo sua intenção manter os recursos aplicados por um período de 2 anos.

Crises externas e instabilidade de nossa economia interna fizeram com que os investimentos em renda variável oscilassem negativamente. De 15 em 15 dias Paula queria saber como estava o saldo de suas aplicações. No terceiro mês já se medicava com calmantes. No sexto mês não mais suportou a pressão, desfez-se dos investimentos realizando o prejuízo.

Fatos como esse fazem parte do dia a dia do mercado financeiro. É cedo para afirmar o quanto Paula foi precipitada ou o quanto ela lucraria mantendo o investimento por 2 anos. Entretanto, é certo que, por melhor que tenha sido o aconselhamento financeiro em termos de possibilidade de ganho:

a)    não foi considerado o perfil de Paula como investidora;

b)    Paula desconhecia uma das regras básicas do mercado: “uma maior possibilidade de ganho está associada a um maior risco”. 

A segunda sugestão é: “leia e se informe sobre cada tipo de investimento, antes de investir ”.  No que se refere aos investimentos de renda fixa, procure conhecer o momento econômico do País para saber se você deve optar por investimentos com taxa pré ou pós fixada. Procure conhecer a rentabilidade real de cada investimento, levando em consideração a taxa de aplicação que lhe será cobrada e o imposto de renda a recolher.

Se você tem um perfil agressivo e pretende investir em renda variável, lembre-se das seguintes recomendações:

1-    Não invista diretamente em ações antes de conhecer com profundidade o mercado.                            

2-    Se você tem perfil para conviver com risco, inicie investindo através de um Fundo de Investimento de Renda Variável ou de um Clube de Investimento.

3-    Procure se certificar que o Fundo escolhido pertence a uma instituição/banco de investimento que tenha tradição e solidez como administrador de recursos. 

4-    Não invista em renda variável um dinheiro para o qual você tenha uma destinação específica, a curto prazo.

5-    Não invista todas as suas economias em renda variável.

6-    Procure se informar bem e estar atualizado com as notícias econômicas (mas lembre-se:quando a notícia saiu, o fato já aconteceu).

7-Não faça investimento baseado em dicas ou em fóruns da internet.

8-Lembre-se do ditado “não coloque todos os ovos no mesmo cesto” e diversifique seus investimentos.

              7.20 – Resultado esperado do investimento em educação financeira

 Para as empresas :  “Profissionais atualizados e qualificados, com a vida financeira equilibrada, rendem mais e tornam o negócio da empresa mais lucrativo.”

Para os profissionais : “Profissionais atualizados e qualificados, com a vida financeira equilibrada, são mais bem sucedidos no mercado de trabalho

   7.21 – Educação Financeira – uma importante ferramenta

A despeito de todas as recomendações e esclarecimentos expostos em nosso trabalho, é importante nos conscientizarmos de que “a educação financeira não é a cura para os nossos problemas financeiros”.

 A educação financeira é tão somente uma ferramenta; funcionará melhor ou pior na dependência da persistência de quem a utilizar.