Este trabalho teve como objetivo abordar a educação especial e a inclusão social de pessoas portadoras de necessidades educacionais especiais nas escolas regulares estaduais de Várzea Grande, Mato Grosso. O trabalho discorreu em duas etapas, em que a primeira consistiu em uma entrevista realizada na SEDUC com a diretora da Secretaria de Educação Especial Nágila Edilamar Vieira Zambonatto, contendo questões referente a cursos e programas de capacitação aos professores relacionados à inclusão social nas escolas estaduais. Já a segunda etapa, se deu em escolas estaduais, escolhidas aleatoriamente, por meio de entrevista com funcionários abordando o processo de ensino especial e a inclusão social dos PNEE. O resultado foi preocupante, uma vez que todas as escolas estão fisicamente preparadas para receber alunos especiais em salas de aula regular, porém há falhas na capacitação dos profissionais da educação.

INTRODUÇÃO

De Acordo com a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, a Educação Especial é uma modalidade de educação escolar oferecida na rede regular de ensino ou em escolas especializadas, para alunos Portadores de Necessidades Educacionais Especiais (PNEE). A oferta de educação especial, dever constitucional do Estado tem início na faixa etária de zero a seis anos, durante a educação infantil e o atendimento educacional é feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns de ensino regular.

A Educação Especial é uma educação organizada para atender exclusivamente alunos com determinadas necessidades especiais. Algumas escolas são preparadas para atender apenas a um tipo de necessidade, enquanto outras se dedicam a vários. O ensino especial tem tem sofrido várias criticas, por não promover o convívio entre as crianças especiais e as demais crianças. Por outro lado, a escola direcionada para a educação especial conta com materiais, equipamentos e professores especializados. O sistema regular de ensino precisa ser adaptado e pedagogicamente transformado para atender de forma inclusiva. (CLOUGH, 2000)

A Educação Especial é denominada tanto uma área de conhecimento quanto um campo de atuação profissional. De modo geral, a Educação Especial lida com os métodos de ensino e aprendizagem que não têm sido trabalhado de forma integral, em sistema de educação regular, porém tem sido discutido nas últimas duas décadas, devido ao movimento de educação inclusiva. Historicamente a educação especial vem lidando com a educação e aperfeiçoamento de pessoas que não se beneficiaram dos métodos e procedimentos usados pela educação regular. Dentro de tal conceito, inclui-se em Educação Especial desde o ensino de pessoas com deficiências sensoriais, passando pelo ensino de jovens e adultos, até mesmo ensino de competências profissionais. (CLOUGH, 2000)

O objetivo da inclusão demonstra uma evolução da cultura, defendendo que nenhuma criança deve ser separada das outras por apresentar alguma diferença ou necessidade especial. Do ponto de vista pedagógico esta integração assume a vantagem de existir e insentivar a interação entre crianças, procurando um desenvolvimento com igualdade e oportunidades para todos e respeito à diversidade humana e cultural. No entanto, a inclusão nas escolas tem encontrado imensa dificuldade de avançar, principalmente devido a falta de adaptações nas escolas regulares.

Este trabalho teve como objetivo analisar a realidade das escolas no que diz respeito à educação especial e à inclusão social de crianças portadoras de necessidades educacionais especiais.

DESENVOLVIMENTO

De acordo com entrevista realizada na SEDUC com a diretora da Secretaria de Educação Especial Nágila Edilamar Vieira Zambonatto, a maioria das escolas estão fisicamente preparadas para este tipo de ensino, só em Cuiabá e Várzea Grande conta-se com aproximadamente 80% das escolas públicas, de todos os níveis educacionais, adaptadas para comportar educandos com algum tipo de deficiência, seja ela física ou mental.Porém nota-se uma grande deficiência no que se diz respeito ao corpo docente, pois este não tem preparo especializado e alguns chegam até mesmo não saber lidar com situações onde se depara com um educando especial, ou seja, a escola fisicamente está preparada para atender às necessidades especiais de ensino, mas sua metodologia e profissionais não.

Devido a esta deficiência no ensino oferecido nas escolas de ensino regular, o governo criou centros de assistência (CAS, CAP e NAAHS) que prepara os materiais utilizados na educação especial, tais como, livros em braile, material áudio-visual especial, livros com letras grandes (tipo Lupa) e trabalha com metodologias de ensino para Super Dotados (Pessoas com o nível de Inteligência muito avançado), além de ministrar cursos preparatórios aos professores, bem como às famílias e aos próprios portadores de deficiências, auxiliando assim, na inclusão social dessas pessoas e facilitando o processo ensino-aprendizagem que se encontra em situações tão precárias quando com relação a necessidades especiais de ensino.

O trabalho de inclusão social dos PNEE apresenta vários problemas, posto que além das dificuldades que os próprios educandos, "normais", encontram em se relacionar com os PNEE, há também o receios dos pais quanto à adaptação e aceitação dos filhos em uma escola regular, o que não ajuda muito no trabalho psicológico dessa pessoa especial. Nesses casos, o MEC disponibiliza para a escola que venha a ter algum problema quanto ao educando especial ou à família, dois profissionais, um pedagogo e um psicólogo, que trabalham sempre em dupla para analisar esse educando, assim como sua relação familiar e social, é feito então um trabalho de reabilitação e montado uma metodologia de ensino adequado àquele aluno.

Por outro lado, de acordo com as entrevistas realizadas nas escolas, grande parte apresenta uma estrutura física preparada para receber educandos portadores de deficiências físicas, mas não para comportar alunos com deficiências mentais ou sensoriais, mesmo contendo as salas de recursos, como por exemplo, os surdos, que dependem de um intérprete durante as aulas. Dentre outras dificuldades, está também a falta de cursos preparatórios para os profissionais da educação.

Cerca de 90% das escolas participantes da entrevista, frisaram o fato de os cursos oferecidos pelo governo através dos centros de assistência, não atenderem à demanda de professores que a princípio se interessam pelos cursos, o que acaba desmotivando-os em procurar esses cursos. Deste modo a escola regular permanece sem condições de receber de forma adequada os alunos PNEE, o que se certa forma acaba por não representar a maneira correta de inclusão e sim de exclusão, posto que na maioria das vezes os professores se quer sabem como agir quando se deparam na presença de alunos especiais em sala de aula.

Através desta ótica, houve unanimidade nas respostas quanto à qualidade do ensino oferecido em escolas regulares para os PNEE, devido à falta de preparo prévio da equipe docente para tal, e também quanto ao preparo dos alunos regulares para receber de forma positiva e sem discriminações esses alunos. De acordo com as entrevistas, esse fato levanta certa preocupação quanto ao bem estar dos alunos especiais em meio ao convívio com os demais, pois representa uma forma de exclusão e não de inclusão, posto que estes se sentiriam deslocados de seu ambiente, uma vez que em meio aos iguais há comunicação e interação, o que não ocorre, de forma integral, em uma escola regular.

Exatamente por esse motivo é que as pessoas com algum tipo de deficiência mental dificilmente chega ao ensino superior, ou se quer se interessa em continuar os estudos após a fase de iniciação ou alfabetização. Pensando nisso e para evitar que os PNEE sejam excluídas socialmente, é dado continuidade em sua formação e desenvolvimento, mas de forma diferente, há instituições que preparam essas pessoas para o mercado de trabalho, levando-as a desenvolverem várias habilidades, principalmente relacionado à artesanato, como exemplo podemos usar a APAE que vem fazendo ótimos trabalhos de inclusão social com portadores de deficiências físicas e mentais.Outros conseguem trabalhos em supermercados como estoquistas, repositores, empacotadores, auxiliar de serviços gerais, etc.

Porém não deixa de ser uma instituição própria para lidar/trabalhar com essas pessoas. O fato é que desta maneira se sentem mais integrados e mais seguros, devido o contato com profissionais preparados para prestar a devida atenção e desenvolver de forma positiva as habilidades de cada um de maneira individual e com as atenções necessárias. Esse contato e trabalho individualizado em escolas regulares se tornam inviáveis por fazer com que os alunos se sintam prejudicados e diferentes quanto ao tratamento que os PNEE recebem. Isso se dá exatamente pela falta do preparo das escolas de ensino regular, pois e houvesse trabalhos e programas que trabalhassem esses conceitos com alunos e professores, essa realidade seria bem diferente.

CONCLUSÃO

Concordamos, porém, que a vida desses nossos amigos especiais é realmente difícil se compararmos à nossa - dos que são, digamos "normais" - com relação à educação, percebemos que há deficiências no ensino, mesmo com esses centros de apoio, mesmo com as salas de recursos, ainda assim, há discriminação e pouca atenção voltada às pessoas que necessitam de uma educação especial.Depois que conhecemos um pouco mais dessa realidade, entendemos que esse quadro só poderá mudar quando os professores, em sua formação acadêmica, forem instruídos a se relacionar, a ensinar, a se adaptar à essas pessoas especiais, fazendo com que os demais alunos as acolham sem discriminação, sem fazer delas desiguais.

De modo geral, a inclusão social só será efetivamente perfeita quando a comunidade em si estiver preparada para receber a todos os Portadores de Necessidades Especiais de maneira igual e sem discriminação, ou até mesmo sem receio, e perceber que na essência, enquanto ser humano, apesar das diferenças físicas, somos todos iguais.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Mistério da Educação, Secretaria de Educação Média e Tecnóloga. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ensino Médio. Brasília Ministério da Educação, 1999

BRASIL. Mistério da Educação, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ciências Naturais. Brasília: MEC/SEF, 1998.

CARVALHO, R.E. A Nova LDB e a Educação Especial. Rio de Janeiro. WVA, 1997.

Clough, P. Theories of Inclusive Education: A Student's Guide. London, Sage/Paul Chapman Publishing, 2000.