O presente artigo tem como objetivo retratar a importância da educação das emoções, como caminho para que o aprendizado intelectual seja seguido de significado e juntamente ao aprendizado cognitivo, haja um treinamento e ou educação emocional que desenvolva habilidades socioemocionais, a fim de que o ser humano seja integralizado em sua forma de viver, levando consigo os saberes intelectuais, e os empregando cotidianamente por meio de boas coordenadas emocionais que lhe permita não só ter conhecimento, mas também lidar com problemas e frustrações, aperfeiçoando o material humano e fortalecendo as relações intra e interpessoais em seu viver social.

INTRODUÇÃO

O ser humano é um ser complexo, de várias dimensões e aspectos formadores de seu ser integral. Essas dimensões e ou aspectos formadores trabalham juntos, e para que haja uma plenitude na ação entre eles, faz-se necessário o equilíbrio harmônico de todas as vertentes formadoras do ser humano. Em contrapartida, estes aspectos têm andando ao longo dos anos na história, e por consequência, também na educação; de forma fragmentada, desconectada, sem ligações que integralizem o homem, ressignificando o sentido de ser humano. É inegável que um dos aspectos da natureza humana é a emoção, que está ligada à nossa capacidade de pensar, agir e reagir diante das situações que nos insurgem. Ou seja, este aspecto interfere em tudo o que fazemos e na forma como fazemos. Como cita Nunes (2009, p.21) “Dar ênfase à educação emocional hoje é imprescindível, pois motiva a criança no processo de aprendizagem e a prepara melhor para a vida num contexto geral”. Portanto, somos seres também emocionais e precisamos desenvolver este aspecto de forma inteligente, obtendo assim a consciência necessária para uma existência plena e abrindo caminho para uma aprendizagem significativa, resultando numa formação integral do indivíduo. Este trabalho, por sua vez, pretende traduzir de forma geral a necessidade e a importância da educação da emoção no meio escolar, tornando mais integralizada a apredizagem em sala de aula, com conteúdos mais significativos e que traduzam-se em conhecimento e não em apenas meras informações segmentadas e sem significado humanizado e real para a vida em sociedade e suas relações como um todo. Há também a pretensão de apontar a necessidade dos profissionais da educação, em especial dos professores que lidam de forma mais direta com o alunado, de se envolverem em formações não apenas a nível intelectual, mas também no que se refere ao aspecto emocional, facilitando assim o seu trabalho como mediador do conhecimento e modelo emocional para a segurança afetiva de seus educandos, pois, como cita Daniel Goleman (1998 p. 18) “Uma visão humana que ignore o poder das emoções é lamentavelmente míope” Então, por que não estudá-las e treiná-las para melhor servir à educação humanitária ? A pesquisa aqui desenvolvida é de cunho bibliográfico e foi baseada essencialmente em teorias de Augusto Cury; mas também de Daniel Goleman e Vera Nunes, dentre outros. E a problemática surgiu da observação dos conflitos 3 emocionais ocorridos nas salas de aula das diversas escolas em que já estagiei e atuei como professora. O que gerou uma inquietação quanto à necessidade de uma educação que integre o indivíduo como um todo e quanto a tomada de medidas que beneficiem o professor em sua prática em sala de aula no que diz respeito à relevância do aspecto emocional na própria formação e na formação dos seus alunos.

O PAPEL DA EMOÇÃO NA APRENDIZAGEM

Ao contrário do que se pensa, as emoções não atrapalham o raciocínio lógico e as relações, elas agem como organizadoras na tomada de decisões e no registro da memória, gerando assim novas ações e novas emoções. Segundo Augusto Cury (2003, p.76) “Nós só conseguimos dar detalhes das experiências que envolverm perdas, alegrias, medos, frustrações, pois a emoção determina a qualidade do registro.” Assim, as emoções podem ser agentes facilitadores da aprendizagem. Auxiliando no registro e processamento mental das informações que serão transformadas em conhecimento. Daniel Goleman (1995, p. 18), fala sobre a importância da educação da emoção para o desenvolvimento da inteligência emocional na condução ao conhecimento, cita que “Para o bem ou para o mal, quando são as emoções que dominam, o intelecto não pode nos conduzir a lugar nenhum.” Ou seja, as informações cognitivas do aprendizado, passam pela emoção antes de se concretizarem no registro da memória como conhecimento. Se a emoção é guiada, a mesma pode se tornar facilitadora do processo de aprendizagem, caso contrário, pode gerar o efeito inverso, como cita Cury (2003, p.78) “O acesso à memória dos computadores é livre. Na inteligência humana, esse acesso tem que passar pela barreira da emoção.” Portanto, para retomar as informações arquivadas na mente, passa-se antes pela barreira da emoção. Tanto na entrada quanto na saída de informações da memória humana, faz-se necessário passar pelo portal da emoção, colocando em questão a qualidade das mesmas de acordo com as emoções vigentes nos momentos de acesso. Cury aponta que "A educação socioemocional é o futuro da educação mundial” pois a sociedade atual tem sido “bombardeada” com excesso de informações nesta era digital e da globalização; levando jovens e crianças, e até mesmo adultos a de- 4 senvolverem distúrbios de comportamento como ansiedade, depressão e a síndrome do pensamento acelerado – SPA, assim nomeada pelo doutor Augusto Cury. O mesmo diz que “Quanto pior a qualidade da educação, mais importante o papel da psiquiatria e psicologia clínicas. ” Ou seja, Cury tem a visão de que educar a emoção é um caminho de prevenção contra doenças emocionais que vem aumentando atualmente. Segundo Cury “A ansiedade pode comprometer o desempenho intelectual. Alunos bem preparados podem se sair pessimamente numa prova de estiverem nervosos. ” Se não houver aprendizado quanto a gerência das emoções, a aprendizagem fica comprometida e o risco de fracassos em decisões e relacionamentos é grande, pois a emoção é importante influenciadora tanto na qualidade do registro das informações na memória quanto no processamento dos dados registrados nela. Cury (2003 p.79) “Uma pessoa tensa ou ansiosa está apta para reagir instintivamente, e não para aprender. ” Por mais que as informações e conhecimentos cognitivos sejam de boa qualidade, se no momento de acesso a mente não estiver tranquila pelo equilíbrio das emoções, as janelas da mente ficam bloqueadas, tornando inviá- vel o processamento destes dados intelectuais. Segundo Cury (2003, p.79): “Quem determina a abertura dos arquivos da memória é a energia emocional que vivemos a cada momento. ” De acordo com o tipo de emoção que é liberada e com a forma como essa mesma carga emocional é administrada, é que as janelas da mente se abrem. Se as experiências forem carregadas de tensão, ansiedade, nervoso e medo, as janelas da mente ficam travadas, impossibilitando a aprendizagem de forma eficaz. Se a emoção for treinada para identificar e gerenciar os pensamentos e assim conduzir as ações, a aprendizagem pode ser mediada pelo controle das emoções, culminando em êxito na aprendizagem cognitiva e socioemocional. Portanto, a gerência da emoção tem o papel de abrir os portais da memória no processamento das informações, transformando-as em conhecimento. Este trabalho de educar a emoção, por sua vez, não é fácil e nem efêmero, Vera Nunes diz que “Este movimento de contrabalanço entre razão e emoção, no entanto, é tarefa para toda a vida, pois são dois polos dos quais não podemos prescindir e que costumam agir em esquema de alternância, o que garante nosso chamado equilíbrio emocional. ” (NUNES, 2009, p. 19), o que faz com que haja a necessidade 5 de educação da emoção desde a infância e estendida para as demais fases da vida tramitando assim como um treino constante. A excelência da aprendizagem integral não está na dualidade intelectoemoção, mas no equilíbrio significativo entre ambos. Não se trata nem da oposição entre ambos nem da exclusão de uma das partes, mas do investimento no treino de ambos em si e entre si, garantindo que a alternância entre os mesmos, em acordo com necessidades específicas mediante as situações, promova equilíbrio numa vivência integral equilibrada; numa visão holística de ensino e educação. E, a princí- pio, o desígnio para o alcance deste equilíbrio se dá à medida em que nasce e se desenvolve socialmente a consciência de que a emoção pode e deve também ser treinada e educada, tanto quanto ou mais que o intelecto. “Quando você melhora a autoestima e fortalece o Eu como gestor da mente humana, isto é, as funções não cognitivas, até as cognitivas melhoram, inclusive o aprendizado de Matemática. ” (CURY 2015 p. 54), ambas se cruzam e se complementam.

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