( PRETTO, Nelson)

Prof. Fernando Cardona - [email protected]

PRETTO, Nelson. Educação e inovação tecnológica: um olhar sobre as políticas públicas brasileiras. Revista Brasileira de Educação.  Maio a agosto. 1999. Disponível em: http://www.anped.org.br/rbe/rbedigital/RBDE11/RBDE11_08_NELSON_PRETTO.pdf acesso em 20-04-2009

O texto busca construir através de exemplos sociais e tecnológicos a necessidade de se parar e refletir sobre o processo de ensino-aprendizado atualmente presente no Brasil. Segundo Pretto, este se encontra defasado e completamente desorientado diante das tendências sociais encontradas na "nova geração" de indivíduos. Estes, completamente interligados e habituados a uma comunicação fragmentada e cheia de rupturas, não no teor da mensagem, mas na agilidade de consulta, análise e consolidação do conhecimento.Para Pretto, o MEC, principal agente potencial de transformação paradigmática deste processo, não somente por ser o braço do Estado na condução das políticas no setor da educação, mas pelo fato de poder agir como um articulador de peso na elaboração de um cenário próprio, atua de forma diametralmente oposta pontuando projetos e discursos que mostram claramente, segundo Pretto, de que, ou esta totalmente sem rumo, obsoleto sem visão alguma para onde a sociedade esta caminhando, ou esta em uma total descoordenação interna entre os vários entes públicos que são responsáveis pela formulação das políticas públicas atualmente em prática no país.

O texto apresenta-se divido em 3 partes de igual importância na discussão da educação diante das inovações tecnológicas, e ainda mais, da evolução da sociedade como um todo.

Na primeira parte do artigo, o autor destaca a característica nada incomum do ser social buscar o estabelecimento de relacionamentos, e mais de redes. Estas, declaradamente em busca de conectividade, de oportunidades - comerciais ou sociais. De igual modo, a busca pela evolução tecnológica também tem sido um marco social importante na atualidade.Surge então o paradigma da Internet sugerindo que agora vivemos em uma "sociedade em rede".

Pretto estabelece uma correlação entre diversas "redes" presentes hoje identificando alguns pontos marcadamente presentes em todas: as malhas ou redes ferroviárias, rodoviárias, e agora, óticas e eletromagnéticas.Para ele todas compartilham destes pontos e sua análise elucidaria como é a experiência social atual de viver em uma grande rede. São eles: a conexidade - garantia da coesão dos subsistemas interligados -, a conectividade – ligação entre os elementos da rede -, a homogeneidade – coerência entre as entradas e saídas de cada membro da rede -, a isotropia – enxergar a rede com um todo -, a nodalidade – classificação nodal dos membros da rede com base em seu potencial para a rede.

Para Castells, citado no artigo, e para o autor vivemos declaradamente um uma sociedade constituída por uma rede. Esta modificando substancialmente os processos e resultados de poder, de cultura, de existência e produção social.

Diante deste cenário, em sua segunda parte, o artigo coloca em xeque a educação no país. Pretto não se detém a uma afirmação meramente conjectural, mas denuncia de forma pontual e exemplificada a disparidade entre o paradigma de ensino-aprendizagem atualmente presente nas escolas que não conseguem absorver, ou preparar o indivíduo para, o novo cenário social mundial de interconexão e velocidade. É necessário entender como os novos mecanismos de aquisição e construções do conhecimento estão estruturadas para que este impasse seja resolvido. É necessário compreender o "vocabulário" da informação atual. A visão multifocalizada do novo indivíduo e o dimensionamento da informação/velocidade em sua forma e apresentação. Objetivamente, se esta diante de um novo paradigma e a simples adoção de novas tecnologias não permitirá o entendimento deste novo modelo pois não é aquela que permite o entendimento desta.

Na terceira parte do artigo, Pretto apresenta o embasamento prático de suas colocações deixando claro o posicionamento confuso e destoante do governo em seu discurso e políticas públicas. Ao invés de somar, colaborar e entender o novo modelo de interconectividade social presente no mundo de hoje, o MEC, como representante oficial do governo, em seus programas de políticas públicas deixa claro o despreparo e a desconectividade tanto em seus projetos como no objetivo dos mesmos.

Pretto conclui seu artigo apresentando uma luz no fim do túnel. Segundo o autor existem espaços de reflexão surgindo em todo lugar na tentativa de elaborar um processo de correção de rotas para estes e outros programas públicos. Pesquisadores e pesquisas que visam usar as novas tecnologias não como meras ferramentas, mas como centro de reestruturação na forma de pensar e interagir socialmente e educacionalmente.