SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONECTADO PEDAGOGIA EUDA DE JESUS SANTANA SOUZA ESCOLA E FAMILIA: Uma Relação De Ajuda Mútua Na Formação Do Ser Humano Cidade 17/4/2011 EUDA DE JESUS SANTANA SOUZA ESCOLA E FAMILIA: Uma Relação De Ajuda Mútua Na Formação Do Ser Humano Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à UNOPAR - Universidade Norte do Paraná, como requisito parcial para a obtenção do título de licenciado em Pedagogia Orientador: Edilaine Vagula Tutor Eletrônico: Madalena vieira da Silva Videira Tutor de Sala: Regina Célia Ramos dos Santos Cacoal Ro 17/4/2011 Dedico este trabalho primeiramente a Deus Nosso Senhor Jesus Cristo, a minha amiga Cleuza Galdino da Silva e Lidia Maria da Silva pelo incentivo moral. A todos o colegas de sala e aos meus familiares e principalmente a minha mãe Dionice Souza que esteve ao meu lado nos momentos mais difíceis desta jornada acadêmica. AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus , O Mestre dos Mestres que me deu vida e Saúde. A família que me deu força para que não desistisse. A professora Erinélia Teodoro da Silva Jordão pelo incentivo. A professora Regina Célia Ramos dos Santos pela compreensão e pela ajuda no processo de ensino. A professora Renata Fábia Rigo de Souza pela dedicação e ajuda no processo de ensino aprendizagem. A professora Neuza da Silva pelas orientações. A professora Madalena Vieira da Silva Videira por acompanhar meu desempenho até a última etapa. A todos os professores de cada disciplina em cada período. Ao meu amigo Leandro Júnior Pereira pela dedicação, pela instrução e pelo apoio nas aulas de computação. Aos amigos e colegas formandos que contribuiram de uma forma ou outra para minha formação acadêmica. "A educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda." Paulo Freire SOUZA, Euda de Jesus Santana. ESCOLA E FAMILIA: Uma Relação De Ajuda Mútua Na Formação Do Ser Humano. 2011. Número total de folhas. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação ? Pedagogia) ? Sistema de Ensino Presencial Conectado, Universidade Norte do Paraná, Cacoal, 2011. RESUMO O presente trabalho versa sobre: Escola e Família: uma relação de ajuda mútua na formação do ser humano. Embora sendo instituições distintas, ambas devem manter um relacionamento de parceria para consolidação do objetivo comum que é a formação do ser humano e a qualidade do ensino aprendizagem. O objetivo desta pesquisa consiste em verificar a relação existente entre escola e família, bem como fomentar mecanismos que possam contribuir para que tais segmentos unifiquem como parceiras para formação do educando. A presente pesquisa justifica-se pela necessidade de compreender a relação família/escola e sua importância como co-responsável pela educação do aluno. Por entendermos que a parceria entre a família e a escola é de suma importância para o sucesso no desenvolvimento intelectual, moral e na formação do indivíduo, esta pesquisa se sustenta nos discursos de educadores e é reafirmada em suas atitudes de busca incertas de parcerias que vislumbrem a efetivação da aprendizagem. Sem perder de vista a globalidade da pessoa em sua singularidade, considera e compreende que o educando quando se ingressa no sistema escolar, não se deixa de ser filho, irmão, amigo etc. por isso buscam alternativas que contribuam para eficácia da prática pedagógica da escola juntamente com a participação dos pais. A metodologia utilizada foi à pesquisa bibliográfica, constatando a relação escola X família, pois a família é como espaço de orientação, construção da identidade de um indivíduo promovendo juntamente com a escola uma parceria, a fim de contribuir no desenvolvimento integral da criança/adolescente. PALAVRAS-CHAVE: escola - família ? integração ? educação SUMÁRIO INTRODUÇÃO ....................................................................................................05 CAPITULO I- EDUCAÇÃO E FAMILIA UMA RELAÇÃO DE AJUDA MUTÚA PARA A FORMAÇÃO DO SER HUMANO. ..................................................................07 1.1 Relação Escola e Familia..............................................................................07 1.2. Relação Família e Escola............................................................................12 ................................................. ................................................................. CAPITULO II- QUEM É O RESPONSAVEL PELO ATO DE EDUCAR? 16 2.1 Atos de Educar .............................................................................................16 ...................... CAPÍTULO III-A CONSTRUÇÃO DA PARCERIA ESCOLA E FAMILIA .............................................................................................................................20.. 3.1 A Parceria da Escola e da Família na Educação.............................................20 3.2 Familia ? Escola: Parceria Vital.................................................................... 22 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................ 26 REFERENCIAS................................................................................................... 30 INTRODUÇÃO O presente projeto refere-se ao Trabalho de Conclusão de Curso, cujo, tema que se pretende abordar é Escola e Família: uma relação de ajuda mútua na formação do ser humano. A afinidade entre escola e família é um fator preocupante para a maioria dos educadores nos dias atuais, pois a escola tem assumido para si funções que vão além do que lhe é designado. Assim para melhor compreensão do assunto, a linha de pesquisa utilizada é Educação e Desenvolvimento Humano, que procura designar a ação da família em relação à educação dos filhos e também da escola que busca constantemente esse aparato para melhor desenvolver sua prática pedagógica. O baixo desempenho dos alunos, os cuidados com a criança em relação à escolaridade e o não atendimento aos pedidos e expectativas da escola foram algumas das questões que motivaram o desenvolvimento desta pesquisa. Nos dias atuais, pode-se afirmar que a escola e a família não podem viver de forma isolada. São dependentes entre si, pois ambas almejam alcançar o mesmo objetivo. Para isso faz-se necessário um trabalho consciente de interação e ajuda mútua, que requer uma relação de comprometimento do ato de educar com o objetivo de promover da melhor forma possível o bem-estar e a aprendizagem do educando/filho, e sua formação integral. Neste contexto é importante lembrar que a missão da escola não é apenas transmitir conteúdos relacionados à física, matemática, química, geografia, português, história, dentre outras matérias. A escola em parceria com a família, sendo co-responsáveis pela formação do educando, deve fazer com que o este se desenvolva integralmente e se sinta preparado para disputar um espaço dentro da sociedade. Observarmos nos discursos dos educadores que a família não tem desempenhado sua função adequadamente, deixando um grande abismo entre a escola e família. Neste sentido, este estudo visa obter resposta para o seguinte questionamento: Qual é a importância da relação entre escola e família na formação do ser humano? Como estreitar a distância entre escola e família? Quem é realmente responsável pelo ato de educar? Pretende-se ao longo da pesquisa verificar a relação existente entre escola e família, bem como fomentar mecanismos que possam contribuir para que tais segmentos unifiquem como parceiras para formação do educando. Especificamente, o que se pretende aqui não é dar diretriz para escolas e educadores sobre a relação escola e família, mas sim analisar a relação família e escola para que possamos estreitar os caminhos para que essa parceria se efetive satisfatoriamente e a aprendizagem possa ser significativa. Cabe também aqui refletir sobre a importância da parceria família X escola; e ainda discutir a co-responsabilidade entre família e escola no processo educacional. A presente pesquisa justifica-se pela necessidade de compreender a relação família e escola e sua importância como co-responsável pela educação do aluno. Por entendermos que a parceria entre a família e a escola é de suma importância para o sucesso no desenvolvimento intelectual, moral e na formação do indivíduo, esta pesquisa se sustenta nos discursos de educadores e é reafirmada em suas atitudes de busca incertas de parcerias que vislumbrem a efetivação da aprendizagem. Sem perder de vista a globalidade da pessoa em sua singularidade, considera e compreende que o educando quando se ingressa no sistema escolar, não se deixa de ser filho, irmão, amigo etc. por isso buscam alternativas que contribuam para eficácia de sua prática. Este trabalho é o resultado de uma pesquisa bibliográfica dissertativa e esta fundamentada na Constituição da República Federativa do Brasil (1988) e utilizou como subsídio diversos materiais como, revistas, artigos, publicações avulsas internet e no pensamento de renomados autores, dos quais podemos citar Içami Tiba, Freire, D?Ávila, Cunha entre outros que fomentam em suas obras a importância da parceria escola e família. Para melhor compreensão do assunto este estudo foi divido em três capítulos. Onde no primeiro será abordado o tema: escola e familia uma relação de ajuda mútua para formação do ser humano com clareza e precisão, fazendo um resumo suscinto da importância da participação dos pais como co-responsável na educação escolar. O segundo capítulo procurará responder sobre quem é o verdadeiro responsável pela educação dos filhos. No terceiro capítulo será abordado a importância da construção de parcerias entre escola e familia. Finalmente teremos um texto enfatizando as conclusões e reflexões a respeito do assunto onde será feito as considerações finais. CAPITULO I ESCOLA E FAMÍLIA UMA RELAÇÃO DE AJUDA MÚTUA PARA FORMAÇÃO DO SER HUMANO A relação escola e família têm ganhado destaque nos discursos de um número significativo de pesquisadores, educadores e gestores das instituições de ensino que relatam a distância relevante entre escola e família. Nesse sentido, para compreendermos melhor a relação escola e família na esfera educacional, faz-se necessário disseminar o papel de cada uma em prol de um único objetivo que é a formação do ser humano. Assim vale lembrar que: "A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho." (Constituição Federal de 1988, artigo 205). 1.1 A relação escola e família Os educadores enfatizam em seu ofício que a família ? pais ou responsáveis - tem sido omissos no cumprimento de seu papel como educador, deixando mais essa responsabilidade a mercê da escola. A conseqüência dessa postura é o insucesso do processo ensino aprendizagem, que têm como contrapartida alunos frustrados, desinteressados e desmotivados, ocasionando altos índices de evasão, repetência e abandono escolar, pois o educando percebe que seus pais não demonstram interesse pelo que eles produzem na escola, ou seja, por sua vida escolar. Em seus estudos sobre o papel da família no desenvolvimento escolar de alunos, Paro (2000) relata que o distanciamento entre escola e família não deveria ser tão grande, pois para ele, a escola não "assimilou quase nada de todo o progresso da psicologia da educação e da didática, utilizando métodos de ensino muito próximos e idênticos aos do senso comum predominantes nas relações familiares" (p.16). O autor se remete ao fato de que, a atual escola dos filhos, é bastante parecida com a escola que os pais freqüentaram, e por isso, estes últimos não deveriam sentir-se tão distanciados do sistema educacional, e também o professor, embora admita a necessidade da participação dos pais na escola, não sabe bem como encaminhá-la. Nas palavras de Paro; "parece haver, por um lado, uma incapacidade de compreensão por parte dos pais, daquilo que é transmitido na escola; por outro lado, uma falta de habilidade dos professores para promoverem essa comunicação" (p.68). Sá (2001) aponta a existência de uma "duplicidade discursiva", onde a família demonstra que possui preocupação e desejo de envolver-se com os assuntos escolares; por outro lado, os discursos dos educadores demonstram o interesse na participação dos pais em situações que acontecem fora dos muros da escola, como o auxílio nas tarefas de casa. Temerosos de que estes últimos, ao obterem uma ampliação de poder frente à gestão escolar, terminem por invadir áreas que segundo eles não lhes pertencem como, por exemplo: avaliação dos professores, definição de calendário e currículos escolares, entre outros, os professores acabam ofertando possibilidades de participações restritivas, ou exigem um conhecimento que os pais não possuem, acabando por afastar a família que, nas palavras do autor "... ao recusarem as ofertas participativas que lhe são proporcionadas, arriscam-se a serem etiquetados como pais negligentes, inaptos e irresponsáveis, a quem pode tais depoimentos de professoras, são alguns, dentre tantos outros colhidos em momentos de diagnóstico e reuniões de formação, dos trabalhos de assessoria pedagógica que desenvolvemos. Nesse sentido, Içami Tiba (1996, p.140) analisa o ambiente escolar como uma instituição que complementa o ambiente familiar do educando, os quais devem ser agradáveis e geradores de afetos. Na visão do mesmo autor, os pais e a escola devem ter princípios muito próximos para o benefício do filho/aluno. O s pais precisam ser conscientes de que servem de exemplo para seus filhos que sua responsabilidade deverá ser redobrada, pois os filhos usam o aprendem a seu favor. Se o filho perceber o quanto seus pais discordam e criticam a escola de seu filho, este fará o mesmo e desrespeitará os professores. Isso, por sua vez, irá distanciar ainda mais a família da escola. Os pais devem tentar entender o motivo de a escola fazer de determinada maneira, através de diálogos sempre que for necessário. Ainda não inventaram melhor forma de trocar ideias do que o próprio diálogo, pois o olho ? no - olho aproxima as pessoas e é mais provável que se cheguem num denominador comum. A família sendo a primeira instituição social que integram o educando a sociedade e desde então apontam a ele costumes e valores, tem um papel educativo essencial, dela vai depender a definição do quadro de referência primária para a formação cidadã e prática educativa. No entanto o desenvolvimento contínuo de sua função está longe de ser linear e positiva. Existem períodos de concordância que resultam em desenvolvimento para todas, mas também surgem momentos de desacordo que põe a família frente à educação com um profundo mal-estar. A escola por sua vez possui enorme importância nas vidas das pessoas, pois através dela o individuo/cidadão, aprimora seus conhecimentos prévios adquiridos em sua convivência com o meio onde está inserido e busca novos para serem incorporados em seu contexto de vida, alcançando assim a oportunidade de conquistar seus objetivos pessoais, provocando transformações no meio social que atendam as suas peculiaridades, bem como as da coletividade. A escola é o lugar onde professores e alunos interagem e constroem conhecimentos, por isso ela deve ser um espaço de formação, em que à aprendizagem de conteúdos deve favorecer ao aluno no dia-a-dia de aquisição de conhecimento relativo às questões sociais, culturais, nessa perspectiva ela deve também oportunizar ao aluno o desenvolvimento de capacidades, habilidades, para facilitar a compreensão dos fenômenos sociais, culturais, econômicos, além de ter o compromisso de intervir efetivamente para promover o desenvolvimento e a socialização destes. O papel da escola precisa ser repensado, reavaliado e reestruturado para que cumpra o objetivo da educação que desejamos de cunho democrático, socializando o saber e os meios para aprendê-los e transformá-los, tornando assim o processo ensino aprendizagem prazeroso e significativo. Por outro lado a pesquisa de Paro (2000) analisa o discurso dos professores e dos pais, principalmente naquilo que se refere à continuidade e descontinuidade da educação. O autor afirma que os professores pretendem que a família dê continuidade à educação oferecida na escola, principalmente auxiliando as crianças nos deveres escolares, o que ele denomina como "uma continuidade de mão única", enquanto os pais, embora cheguem a conceber a escola como ?segunda família?, vivenciam "a timidez diante dos professores, o medo da reprovação dos filhos e a distância que sentem da cultura da escola..." (p.33). Nesse sentido, ao cumprir seu objetivo de educação a escola através de suas práticas pedagógicas, vislumbra que seus alunos possam assumir a responsabilidade por este mundo, como diz Arendt (apud Castro, 2002): "Ultrapassa os desejos individuais e esta responsabilidade só poderá advir, através do enlaçamento entre conhecimento, e ação, entre o saber e as atitudes, entre os interesses individuais e sociais. A escola como um novo modelo, irá ampliar o mundo dos alunos, convidando-os a olhar suas experiências com outra lente, que não a familiar, o que alterará os significados já conhecidos. A escola pública tem mais fortemente, então, a responsabilidade da apresentação de conceitos e conteúdos herdados de nossa cultura, pois muitas crianças só terão acesso a esta herança, através de sua passagem pela escola, que deve então, abrir caminhos de acesso à cultura de maneira igualitária para todos e neste sentido, lutar contra os privilégios de uma classe social. Todo educador enquanto mediador do vínculo entre aluno e a cultura, entre a escola e a família, estão mergulhados e comprometidos nesta rede de interesses dos dominantes e dos dominados. "(p.01). Nesta perspectiva sabemos que a família não é apenas importante neste processo, ela é fundamental para o desenvolvimento intelectual, moral, físico e econômico do educando. Este por sua vez tem sofrido as conseqüências do mundo contemporâneo, pois a família, primeira instituição educacional no qual ele se insere desde o nascimento tem se desintegrado na busca constante pela sobrevivência no mundo globalizado, que exige de si novas posturas, tomadas de decisões e sacrifícios para se manterem inseridos socialmente, deixando a desejar no quesito principal: a educação dos filhos. A escola é considerada a extensão da família e, trabalhando em consonância, ambas desempenham com qualidade e sucesso o seu papel como educadores. Dessa forma, ela terá maior oportunidade de assimilar a realidade, seja através da liquidação de seus próprios conflitos, das compensações de necessidades insatisfeitas ou de novas alternativas de busca. Relacionados os sustentáculos formais da relação família/escola/educação é importante pontuar ainda alguns aspectos. Em primeiro lugar, é preciso reconhecer que a família independente do modelo como se apresente, pode ser um espaço de afetividade e de segurança, mas também de medos, incertezas, rejeições, preconceitos e até de violência. Quais são suas dificuldades, seus planos, seus medos e anseios? Enfim, que características e particularidades marcam a trajetória de cada família e conseqüentemente, do educando a quem atendemos. Estas informações são fatos preciosos para que possamos avaliar o êxito de nossas ações enquanto educadores, identificar demandas e construir propostas educacionais compatíveis com a nossa realidade. Em segundo lugar, na relação família/educadores, um sujeito sempre espera algo do outro. E para que isto de fato ocorra é preciso que sejamos capazes de construirmos coletivamente uma relação de diálogo mútuo, onde cada parte envolvida tenha o seu momento de falar, mas também de escrever, onde exista uma efetiva troca de saberes. Nesse sentido, é importantíssimo conscientização de que a relação entre educação, escola/família/sociedade deve ser alvo de uma transformação contínua, que influência os modelos vigentes de educação, de escola e de sociedade. As escolas devem ser mais ativas e participativas, para despertar no aluno o desejo de aprender. E o apoio e a coesão familiar podem proporcionar as crianças uma estrutura equilibrada e sadia, para crescerem e tornarem-se cidadãos conscientes de seu papel na sociedade sendo capazes de interagir e intervir na realidade. Definindo escola como uma instituição social que se caracteriza como um local de trabalho coletivo voltado para a formação das futuras gerações, diferente de outras tantas instituições sociais, constata-se que a escola é responsável pela educação escolar, é um espaço destinado ao trabalho pedagógico formal, ao entendimento de regras, à formação de valores éticos, morais e afetivos, ao exercício da cidadania. Porém, quanto falta ao educando/filho um ambiente familiar saudável e equilibrado, no qual ele convive com uma desestrutura familiar (ausência de pai, de mãe), ele se deixa levar pelo impulso em direção da irresponsabilidade ou inconseqüência, gerando assim ações inadequadas e insensatas que irão desorganizar e prejudicar a formação do seu caráter e da sua personalidade. Quando a escola é despreparada tanto no seu quadro funcional, como também não cumpre o seu papel social na formação do educando,verifica-se que se têm a partir desse desinteresse escolar/pedagógico indivíduos desestimulados e incapazes de prosseguirem em busca do seu lugar na sociedade. Gerando assim, alunos desmotivados, indisciplinados e com baixa auto-estima. Como dizem Montandon e Perrenoud (1987, p. 7), "de uma maneira ou de outra, onipresente ou discreta, agradável ou ameaçadora, a escola faz parte da vida cotidiana de cada família". Vitor Paro ([s.d.]) diz que, a escola deve dispor de oportunidades de contato com os pais, para passar informações relevantes sobre seus objetivos, recursos, problemas e também sobre as questões pedagógicas. Só assim, a família irá se comprometer com a melhoria da qualidade escolar e com o desenvolvimento de seu filho como ser humano. Quando se fala em vida escolar e sociedade, não há como não citar o mestre Paulo Freire (1999), quando diz que a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda. Se opção é progressista, se não se está a favor da vida e não da morte, da eqüidade e não da injustiça, do direito e não do arbítrio, da convivência com o diferente e não de sua negação, não se tem outro caminho se não viver a opção que se escolheu. Incorporá-la, diminuindo, assim, a distância entre o que se diz e o que se faz. Ainda segundo Freire: "A mudança é uma constatação natural da cultura e da história. O que ocorre é que há etapas, nas culturas, em que as mudanças se dão de maneira acelerada. É o que se verifica hoje. As revoluções tecnológicas encurtam o tempo entre uma e outra mudança" (2000: 30). Nesta perspectiva percebe se que estamos vivendo, em um pequeno intervalo de tempo, um período de grandes transformações, muitas delas difíceis de serem aceitas ou compreendidas. E dentro dessa conjuntura está a família e a escola, ambas tentando encontrar caminhos em meio a esse emaranhado de escolhas, que esses novos contextos, sociais, econômicos e culturais, nos impõem. 1.2 A relação família e escola A relação família-escola tem-se destacado na discussão sobre o alcance do sucesso dos alunos no processo de ensino-aprendizagem. Pois a família, berço da cultura e base da sociedade futura, constitui-se também o centro da vida social. Visto que é a primeira instituição social em que a criança é inserida ao nascer. Assim, Gokhale (1980) acrescenta que a educação bem sucedida da criança na família é que vai servir de apoio à sua criatividade e ao seu comportamento produtivo quando for adulto... A família tem sido, é e será a influência mais poderosa para o desenvolvimento da personalidade e do caráter das pessoas. Nesse sentido faz ? se necessário destacar a importância da primeira educação na formação do indivíduo, esta pode ser comparada ao alicerce da construção de uma casa. Depois, ao longo da sua vida, virão novas experiências que continuarão a construir a casa/indivíduo, relativizando o poder da família (LANCAM, 1980 apud BOCK, 1989, p. 143). Partindo da idéia que a família é a base para qualquer ser humano, não fazendo referência aqui somente à família com laços de sangue, mas também as famílias construídas através de laços afetivos. Defini-se família como um conjunto de pessoas que se unem pelo desejo de estarem juntas, de construírem algo e de se complementarem. E é através dessas relações que os seres humanos tendem a tornarem-se mais afetivos e receptivos, eles aprendem a viver o jogo da afetividade de maneira adequada. Mas para que essa adequação ocorra é preciso que haja referências positivas, responsáveis encarregados de mostrar os limites necessários ao desenvolvimento de uma personalidade com equilíbrio emocional e afetivo. Para as crianças e adolescentes, as referências das pessoas, as palavras e os gestos irão proporcionar a formação da identidade. Por isso, crianças e jovens que estabeleçam vínculos de harmonia nos seus momentos de decepções, e que possam receber carinho, atenção e compreensão irão desenvolver uma identidade sadia, conseguindo suportar frustrações até o momento adequado para realizar seus desejos. Nesse sentido, Campos (1983) esclarece: A palavra família, na sociedade ocidental contemporânea tem ainda para a maioria das pessoas, conotação altamente impregnada de carga afetiva. Os apologistas do ambiente da família como ideal para a educação dos filhos, geralmente evidenciam o calor materno e o amor como contribuição para o estabelecimento do elo afetivo mãe-filho, inexistente no caso de crianças institucionalizadas. Um dos representantes deste ponto de vista foi Bowlby. Destarte Kaloustian (1988) afirma que, a família é o lugar indispensável para a garantia da sobrevivência e da proteção integral dos filhos e demais membros, independentemente do arranjo familiar ou da forma como vêm se estruturando. É a família que propicia os aportes afetivos e, sobretudo materiais necessários ao desenvolvimento e bem-estar dos seus componentes. De acordo com Paro (1992), o entendimento de alguns fatores vitais da atuação da comunidade na escola, levaria diversos profissionais ligados à educação a fomentar idéias de como se aproximar da família, estreitando a relação entre ela e a escola. Ele ainda afirma que a instituição de ensino deva usar todos os métodos de aproximação direta com a família, pois dessa forma podem compartilhar informações significativas em relação aos seus objetivos, recursos, problemas, além de questões pedagógicas. Somente dessa maneira, os pais poderão participar efetivamente do aumento do nível educacional, bem como do desenvolvimento de seu filho. Partindo deste ponto de vista, selecionar as particularidades de cada família é uma necessidade que englobam dados e fatores importantes para que todas as partes inseridas no processo educacional possam analisar corretamente suas atitudes no objetivo de apresentar propostas educacionais coerentes com a realidade da comunidade na qual estão inseridos os alunos. Desse modo, Paro (2007) ressalva que a instituição escolar que prima pelo conhecimento do aluno precisa ter presente a continuidade entre a educação familiar e a escola, inovando maneiras de unir a família junto à escola no processo ensino aprendizagem. "Quanto à falta de um necessário conhecimento e habilidade dos pais para incentivarem e influenciarem positivamente os filhos a respeito de bons hábitos de estudo e valorização do saber, o que se constata é que os professores, por si, não têm a iniciativa de um trabalho a esse respeito junto aos pais e mães. Mesmo aqueles que mais enfaticamente afirmam constatar um maior preparo dos pais para ajudarem seus filhos em casa se mostram omissos no tocante à orientação que eles poderiam oferecer, especialmente nas reuniões de pais, que é quando há um encontro que se poderia considerar propício para isso". (Paro, 2000, p.65) Segundo Nogueira (1999) a relação entre escola e família não pode ser resumido somente com a comunicação de notas e freqüência escolar, e resultados de aprendizagem com a solicitação de ajuda para resolver problemas disciplinares e financeiros, esse tipo de relação normalmente não inclui o respeito e reconhecimento dos pais como educadores responsáveis por seus filhos. Mesmo que a concepção de comunidade escolar inclui todos os seus profissionais, alunos e respectivas famílias em busca de um mesmo objetivo: a formação do cidadão. Nesse sentido vale lembrar Parolin (2003), que diz que escola e família são instituições independentes, porém, nunca isoladas, e de atuação obrigatoriamente conjunta. Nessa relação, nem sempre se poderá atribuir responsabilidades a uma que exima a outra dessa mesma obrigação. Diante disso, destaca-se que é de fundamental importância a integração dos pais no sistema educacional, pois são eles que podem incentivar o melhor aproveitamento educacional de seus filhos, e é através dessa parceria que a instituição de ensino pode constituir uma aliança com forte embasamento (TIBA, 2002). CAPITULO II - QUEM É O RESPONSÁVEL PELO ATO DE EDUCAR? 2.1 Atos de educar No Parágrafo único do Capítulo IV do Estatuto da Criança e do Adolescente (BRASIL, 1990), diz que "é direito dos pais ou responsáveis ter ciência do processo pedagógico, bem como participar da definição das propostas educacionais", ou seja, trazer as famílias para o convívio escolar já está prescrito no Estatuto da Criança e do Adolescente a que esta faltando concretizá-lo, é pôr a Lei em prática. Família e escola são pontos de apoio ao ser humano; são sinais de referência existencial. Quanto melhor for a parceria entre ambas, mais significativos serão os resultados na formação do educando/filho. A participação dos pais na educação formal dos filhos deve ser constante e consciente. Vida familiar e vida escolar são simultâneas e complementares. Nesse sentido, é importante que pais/professores, filhos/alunos dividam experiências, compreendam e trabalhem as questões envolvidas no seu dia-a-dia sem cair no julgamento "culpado X inocente", mas procurando compreender cada situação, uma vez que tudo o que se relaciona aos educando /filhos tem a ver, de algum modo, com os pais e vice-versa, bem como tudo que se relaciona aos alunos tem a ver, sob algum ângulo, com a escola e vice-versa. A escola e a família, cada qual com seus valores e objetivos específicos na educação de uma criança/adolescente, constituem uma estrutura intrínseca, onde quanto mais diferentes são, mais necessitam uma da outra. Desse modo, cabe a toda sociedade, não apenas aos setores relacionados à educação, transformar o cotidiano da escola e da família, através de pequenas ações modificadoras, para que esta (a família) compreenda a importância dos objetivos traçados pela escola, assim como o seu lugar de co-responsável nesse processo (família). Dessa forma, é necessário ressaltar que a tarefa de cuidar de maneira adequada de um ser em formação é extremamente difícil, pois requer que os educadores tenham capacidade de trabalhar com os conflitos gerados pela impulsão dos jovens em direção a satisfação rápida, às necessidades bio- psíquico-sociais de cada momento. A escola atual, de modo geral, apresenta maior disponibilidade em aceitar um relacionamento mais próximo com os pais. Todavia, o caminho percorrido para se chegar a tal interação é um tanto difícil, em conseqüência das transformações políticas, econômicas e sociais, das rupturas de paradigmas. Embora escola X família tenha objetivos comuns, que incidem em tornar a criança/adolescente apta para assumir responsabilidades, tomar decisões, aprender qualquer ofício, desenvolver suas habilidades, como também orientar o educando/filho na medida em que demonstre necessidade; a escola por sua vez não deve apenas visar à construção do conhecimento, mas a formação de valores, atitudes e personalidade do aluno. A escola necessita de uma aproximação com a realidade do aluno e da própria comunidade na qual ela está inserida. O aluno precisa, também, ser incentivado a pensar por si próprio e buscar os conhecimentos de seus interesses, nas bibliotecas, museus, etc. É certo que os papéis da família e da escola, antes prioritariamente repressores, modificaram-se ao longo das últimas décadas. Nesse ponto de vista, Piaget (1972/2000, p.50) ressalta que: "Uma ligação estreita e continuada entre os professores e os pais leva, pois a muita coisa mais que a uma informação mútua: este intercâmbio acaba resultando em ajuda recíproca e, freqüentemente, em aperfeiçoamento real dos métodos. Ao aproximar a escola da vida ou das preocupações profissionais dos pais, e ao proporcionar, reciprocamente, aos pais um interesse pelas coisas da escola, chega-se até mesmo a uma divisão de responsabilidades..." Visto que é importante conscientizar que a relação entre educação, escola/família/sociedade deve ser alvo de uma transformação contínua, que influencia os modelos vigentes de educação, de escola e de sociedade. As escolas devem ser mais ativas e participativas, para despertar no aluno o desejo de aprender. E o apoio e a coesão familiar podem proporcionar as crianças uma estrutura equilibrada e sadia, para crescerem e tornarem-se cidadãos conscientes de seu papel na sociedade sendo capazes de interagir e intervir na realidade. O ator principal deste espetáculo, que se chama educação, precisa sentir que sua família esta comprometida com a melhoria da qualidade do ensino ? aprendizagem e com seu desenvolvimento como ser humano e filho. A escola não pode ser comparada a uma ilha isolada no oceano social. Nem tão pouco pode ser vista como detentora do poder de transformar valores humanos em conduta de personalidade. Contribui significativamente para que isso aconteça, mas não de forma independente. A escola, a família e a sociedade formam um elo na responsabilidade de educar o aluno, que também é filho e cidadão. Ao mesmo tempo estes segmentos se complementam no artifício de ensinar, lembrando que o educando aprende também com os amigos, com as pessoas que ele considera significativas e com os meios de comunicação que fazem parte do seu cotidiano. Assim, é preciso que todos tenham consciência de sua função quanto educador e se envolvam de forma comprometida para alcançarem o objetivo esperado: a formação de um ser íntegro e capaz de buscar seus ideais no mundo globalizado. Entretanto, Freire (2000) evidencia que ensinar exige compreender que a educação é uma forma de intervenção no mundo, uma tomada de posição, uma decisão, por vezes, até uma ruptura com o passado e o presente. Para este renomado pesquisador e educador, as classes dominantes enxergam a educação como imobilizadora e ocultadora de verdades. Dentro desta linha de pensamento para o autor a educação é uma forma de se intervir no mundo, fala de educação como intervenção. Assim ele se refere a mudanças reais na sociedade, no campo da economia, das relações humanas, da propriedade, do direito ao trabalho, a terra, a educação, a saúde, com referência à situação no Brasil e noutros países da América Latina. Quanto mais criticamente a liberdade assuma o limite necessário, tanto mais autoridade ela tem. Eticamente falando, para continuar lutando em seu nome, desta forma se posiciona Freire (2000): Ao realizar um estudo com pais de alunos, Bhering e Blatchford (1999), apontaram que os pais sentem a necessidade de entender melhor sobre o funcionamento escolar e, que ainda, as suas regras fossem mais conhecidas, principalmente as de sala de aula. Portanto, a escola não pode ser isolada, fechada em seu propósito de educação bancária, mas procurar uma integração aberta com a família como parceira e co-responsável pelo ato de educar. A escola por sua vez deverá desenvolver estratégias que diminuam a distância entre escola e família, para que essa possa contribuir com o sucesso escolar dos filhos. Como se pode observar, a educação não é responsabilidade da escola ou da família. Ambas são complementares no sentido de serem co-responsáveis pela formação do ser humano, indivíduo/cidadão. Assim a relação família X escola requer, então, dos educadores a tomada de consciência de que as reuniões bimestrais, baseadas em temas teóricos para falar dos problemas dos educandos, sobre notas baixas, não proporciona um início de parceria. A escola deve buscar construir por meio de uma intervenção elaborada e consciente a criação de espaços de reflexão e experiências de vida numa comunidade educativa, instituindo acima de tudo a aproximação entre as duas instituições (família-escola). Tanto os pais quanto a escola, tem a obrigação de compartilhar a formação integral da criança ou adolescente; sem, contudo questionar qual o maior ou o menor responsável nesse processo. É preciso ser consciente de que com parceria, cooperação e compromisso é possível alcançar resultados positivos. Se pais e instituição de ensino tomar consciência dessa grandiosa obra ? que é a educação. CAPITULO III - A CONSTRUÇÃO DA PARCERIA ESCOLA E FAMILIA 3.1 A parceria da escola e da família na educação Embora no Brasil, a própria Constituição Federal e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) determinam a participação dos pais para a efetivação do processo da gestão democrática são muitas as dificuldades encontradas na sociedade atual quando se refere à integração Família-Escola. No entanto, de acordo com o que diz Heloísa Lück no texto Escola, Comunidade e Família no Brasil, da revista Gestão em Rede de agosto/2006: "mais do que o cumprimento de uma determinação legal, a busca pelo fortalecimento dessa parceria colaborativa se apresenta, no atual contexto social, como um dos poucos caminhos viáveis para que escolas e famílias consigam superar as dificuldades que vêm enfrentando na educação de seus filhos/alunos" Abrir canais de comunicação, respeitar e acolher os saberes dos pais e ajudar-se mutuamente. Eis algumas ações em que as únicas beneficiadas são as nossas crianças pequenas. (Carraro, 2006) Em seu lar a criança experimenta o primeiro contato social de sua vida, convivendo com sua família e os entes queridos. As pessoas que cuidam das crianças, em suas casas, naturalmente possuem laços afetivos e obrigações específicas, bem como diversas das obrigações dos educadores nas escolas. Porém, esses dois aspectos se complementam na formação do caráter e na educação de nossas crianças. A participação dos pais na educação dos filhos deve ser constante e consciente. A vida familiar e escolar se completa. Torna-se necessária a parceria de todos para o bem-estar do educando. Cuidar e educar envolve estudo, dedicação, cooperação, cumplicidade e, principalmente, amor de todos os responsáveis pelo processo, que é dinâmico e está sempre em evolução. Os pais e educadores não podem perder de vista que, apesar das transformações pelas quais passa a família, esta continua sendo a primeira fonte de influência no comportamento, nas emoções e na ética da criança. É fato que família e escola representam pontos de apoio e sustentação ao ser humano e marcam a sua existência. A parceria família e escola precisam ser cada vez maiores, pois quanto melhor for à parceria entre ambas, mais positivos serão os resultados na formação do sujeito. A parceria com a família e os demais profissionais que se relacionam de forma direta ou indireta com a criança é que vai ser o diferencial na formação desses educando. A vida nessa instituição deve funcionar com base na tríade pais ? educadores ? crianças, como destaca Bonomi (1998). O bom relacionamento entre esses três personagens (dois dos quais são protagonistas na escola ? educadores e crianças) é fundamental durante o processo de inserção da criança na vida escolar, além de representar a ação conjunta rumo à consolidação de uma pedagogia voltada para a infância. A Professora Di Santo (2007) lembra que a fundamentação para a relação educação/escola/família como um dever da última para com o processo de escolarização e importância de sua presença no contexto escolar é publicamente amparada pela legislação nacional e diretriz do MEC, aprovadas no decorrer dos anos 90. Nesta perspectiva podemos citar: Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8069/90), nos artigos 4º e 55; Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei 9394/96), artigos 1º, 2º, 6º e 12; Plano Nacional de Educação (aprovado pela Lei nº 10172/2007), que define como uma de suas diretrizes a implantação de conselhos escolares e outras formas de participação da comunidade escolar (composta também pela família) e local na melhoria do funcionamento das instituições de educação e no enriquecimento das oportunidades educativas e dos recursos pedagógicos. Citamos ainda, a Política Nacional de Educação Especial, que tem como uma de suas diretrizes gerais: adotar mecanismos que oportunizem a participação efetiva da família no desenvolvimento global do aluno. Içami Tiba escreveu sobre a importância que a educação familiar tem durante toda a vida do indivíduo, independente da era em que se está inserido, para ele: A maior segurança para os navios pode estar no porto, mas eles foram construídos pra singrar os mares. Por maior segurança, sentimento de preservação e de manutenção que possam sentir junto aos pais, os filhos nasceram para singrar os mares da vida, onde vão encontrar aventuras e riscos, terras, culturas e pessoas diferentes. Para lá levarão seus conhecimentos e de lá trarão novidades e outros costumes, ou, se gostarem dali, poderão permanecer, porque levam dentro de si um pouco dos pais e de seu país. (TIBA, 2002, p.23) Ressalta-se a importância de refletir o quanto a educação e os costumes transmitidos pela família, influenciam a conduta e o comportamento apresentado pelo indivíduo em qualquer local, independente da presença familiar. Tiba (2002, p.181) em seus estudos enfatiza que: [...] Para a escola, os alunos são apenas transeuntes psicopedagógicos. Passam por um período pedagógico e, com certeza, um dia vão embora. Mas, família não se escolhe e não há como mudar de sangue. As escolas mudam, mas os pais são eternos [...]. Dessa forma os pais não podem confundir a atribuição de responsabilidade com o abandono da supervisão escolar ? necessária a todo ser humano. A responsabilidade é extremamente importante para o desenvolvimento da criança, mas ? como em toda etapa da vida do indivíduo ? necessita de um ser mais experiente (no caso a família) para nortear as atitudes a serem tomadas pelo mesmo. Por tanto tato a própria lei garante a participação familiar no processo de ensino-aprendizagem de seus filhos, todavia, nem sempre as famílias se dispõem a esta participação. O dever da família com o processo de escolaridade e a importância da sua presença no contexto escolar é publicamente reconhecido na legislação nacional e nas diretrizes do Ministério da Educação. Ressalta-se neste momento sob a idéia do mesmo autor a importância da construção de uma relação de amizade e companheirismo ? onde se conheça problemas, anseios e especificidades ? entre família e escola, visto que as duas devem trabalhar para o mesmo objetivo, sendo, portanto, parceiras e não rivais. 3.2 Família ? escola: parceria vital A literatura defende que as crianças que têm o acompanhamento familiar ? boa convivência, relacionamento, regras, limites, entre outros ? têm bom rendimento escolar, tanto quantitativa, quanto qualitativamente, não apresentando dificuldades quanto às normas e rotinas escolares. O acompanhamento familiar pode evitar uma possível reprovação e possibilitar o verdadeiro aprendizado do educando. Tiba (2002, p.181), afirma que "se os pais acompanharem o rendimento escolar do filho desde o começo do ano poderá identificar precocemente essas tendências e, com o apoio dos professores, reativarem seu interesse por determinada disciplina em que vai mal". Ressalta-se que se houvesse a parceria entre pais e escola, possivelmente, ocorreria o alcance de bons resultados em relação ao aluno (filho). De acordo com Cervera (2005 s/p): "A responsabilidade dos estudos recai sobre os pais, os professores e sobre o filho-aluno. É uma responsabilidade partilhada e, portanto, nenhuma das três partes deve permanecer à margem desta tarefa ou ter ópticas diferentes". Tiba (2002, p.183) afirma que "[...] quando a escola o pai e a mãe falam a mesma língua e têm valores semelhantes, a criança aprende sem grandes conflitos e não joga a escola contra os pais e vice-versa [...]". Um passo importante para a construção de uma parceria entre a escola e a família é, sem dúvida, a identificação desta como instituição educadora, tendo sempre o que transmitir e o que aprender. "Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, midiatizadas pelo mundo." (FREIRE, 1987, p. 68). Para que a parceria dê certo é preciso que haja respeito mútuo, o que favorece a confiança e demonstram competência de ambas as partes. Mas, para que isso aconteça, é preciso haver delimitações no papel de cada uma. Muitas famílias delegam à escola toda a educação dos filhos, desde o ensino das disciplinas específicas até a educação de valores, a formação do caráter, além da carência afetiva que muitas crianças trazem de casa, esperando que o professor supra essa necessidade. Por outro lado, algumas "famílias sentem-se desautorizadas pelo professor, que toma para si tarefas que são da competência da família" (SZYMANSKI, 2003, p. 74). Sendo assim, é importante ressaltar que, a escola tem como função estimular a construção do conhecimento nas áreas do saber, consideradas fundamentais para o processo de formação de seus alunos. Essa é uma missão específica da escola, portanto, nenhuma família tem a obrigação de ministrar ou transmitir informações específicas ou científicas. Por outro lado, não cabe ao profissional da educação assumir responsabilidades inerentes à família do aluno. Porém, deve despertar tratamentos respeitosos, confiantes e afetuosos, como profissional e membro da sociedade que é, mas não como um membro da família. A família deve acolher a criança, oferecendo-lhe um ambiente estável e amoroso. Muitas, infelizmente, não conseguem manter um relacionamento harmonioso. Para algumas pessoas, é bastante difícil, seja por questões econômicas ou sociais. Ao observar este universo, as escolas podem criar um ambiente familiar diferente, "ajudando-as a caminhar para fora de um ambiente familiar adverso e criando uma rede de relações, fora das famílias de origem, que lhes possibilite uma vida digna, com relações humanas estáveis e amorosas" (SZYMANSKI, 2003, pp.62 63). Como já citamos no capítulo primeiro, percebe-se, hoje, que a escola assume funções outrora reservadas à instituição familiar, não conseguindo suportar tantas atribuições. Em virtude disso há a necessidade da parceria entre família e escola. Nos estudos realizados por diversos autores aqui citados, eles concordam que ao se falar no relacionamento família/escola, muitos fatores merecem ser levados em consideração. É importante perceber que as ações da família são, na maioria das vezes, muito diferente das ações desenvolvidas na escola, principalmente nas classes sociais mais baixas, onde o nível de escolaridade e verbalização torna a participação crítica das famílias algo quase impossível. Até participam dos encontros realizados nas escolas, mas de forma passiva, apenas ouvem o que está sendo dito, recebem notas e reclamações quanto ao comportamento dos filhos e não opinam, já que, muitas, acreditam não poder acrescentar nada ao ambiente escolar. Estas famílias não sabem que, mesmo sendo analfabetas ou com baixa escolarização, pode contribuir na aprendizagem dos filhos e desenvolver hábitos coerentes como o desenvolvido na escola. É bem verdade que muitas escolas, entretanto, não facilitam a participação das famílias e, muito menos, incentivam o desenvolvimento de parcerias. Algumas se colocam na posição de detentoras do saber, acreditando que só elas têm o poder de decisão. Outras acreditam no potencial das famílias, respeitam as decisões e levam em consideração os sentimentos e emoções das famílias. Temos, ainda, escolas que valorizam a interdependência, a reciprocidade e a tomada de decisões em conjunto. Szymanski (2003, p. 66) afirma que: Os conflitos entre famílias e escolas podem advir das diferenças sociais, valores, crenças, hábitos de interação e comunicação subjacentes ao modelo educativo. Tanto crianças como pais podem comportar-se segundo modelos educativos que não são os da escola. Em virtude disto e de outros fatores, acaba ocorrendo um conflito de idéias entre a família e a escola, ocasionando o insucesso do processo educacional e, por conseqüência, do rendimento escolar. Neste relacionamento escola/família, a troca de informações pode possibilitar a descoberta de significados comuns. Com a devida orientação, a família pode encontrar saídas para seus problemas, de forma a possibilitar que suas crianças e adolescentes desfrutem dos seus direitos de liberdade, respeito e dignidade, inclusive garantidos por lei. Contudo, "não pode deixar de ser dito que sentimentos são ingredientes na construção de nosso modo de ver o mundo". (SZYMANSKI, 2003, p.36). CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao observar o discurso de muitos educadores pode-se contatar que a relação escola x família é uma preocupação que tem se tornado o foco de discussão, pesquisa e debates nas instituições responsáveis pela educação. Freqüentemente, os professores dizem que o apoio da família é essencial para o bom desempenho do aluno. Porém, muitas vezes essa expectativa de ajuda torna-se fator de acusação, atribuindo-se à família a responsabilidade pelo mau desempenho escolar da criança, onde se constatou que a relação escola X família é imprescindível, pois a família como espaço de orientação, construção da identidade de um indivíduo deve promover juntamente com a escola uma parceria, a fim de contribuir no desenvolvimento integral da criança/adolescente. Os profissionais da escola acreditam, muitas vezes, que os alunos vão mal porque suas famílias estão desestruturadas ou porque não se interessam pela vida escolar da criança. A ausência dos pais às reuniões pedagógicas é um fato que vem acontecendo muito no contexto escolar atual, o que pode ser um indicativo do pouco acompanhamento da vida escolar das crianças por parte dos pais. Todavia, quando se fala na desejável parceria entre escola e família se convoca a participação dos pais na educação como estratégia de promoção do sucesso escolar e para isso alguns pontos devem ser considerados: ? as relações de poder variáveis e de mão dupla, relações de classe, raça/ etnia, gênero e idade que, combinadas, estruturam as interações entre essas instituições e seus agentes ? o educando; ? a diversidade de arranjos familiares e as desvantagens materiais e culturais de uma parte considerável das famílias ? relações econômico-sociais. ? as relações de gênero que estruturam as relações e a divisão de trabalho em casa e na escola. Hoje, mesmo não existindo mais um parâmetro de família como predominava até o início do século passado, acredita-se que mesmo nas famílias compostas por apenas duas pessoas, esse representante da família pode ser um personagem importante na aprendizagem dos educandos. A escola que, por sua vez, tinha o papel de ensinar o que o mundo do trabalho iria cobrar ao indivíduo no futuro, passa a absorver também a função de educar para a vida no que se referem aos aspectos sociais, morais, espirituais, entre outros. As conseqüências desse acúmulo de funções são sentidas hoje pela escola, pois ela passou a ser vista como uma instituição que ensina, que critica, passa sermões e faz cobranças de organização e socialização que deveriam ser trabalhados em casa; daí gera-se muitos conflitos. Para sanar tais conflitos, é preciso criar uma parceria entre família e escola, para que haja uma distribuição mais justa de responsabilidades na educação da criança. Pois é necessário considerar que ao iniciar sua vida escolar o educando já tem uma vida social ativa, onde ele adquiriu saberes e valores que precisam ser considerados. Visto que a educação formal e informal agora faz parte do papel da escola, os educadores precisam ser conscientes da necessidade de estreitar laços de parcerias entre pais e escola. Assim, cada um fazendo o seu papel, uma não sobrecarrega a outra. Ou seja, é imprescindível que haja mais do que uma descentralização das funções, essa parceria ajuda pais e escola a falarem a mesma linguagem, situando o indivíduo num mundo organizado em uma estrutura que compõe a sociedade da qual ele também faz parte. Ao propor uma reflexão sobre "Escola e família: uma relação de ajuda na formação do ser humano" constata-se que é tarefa primordial tanto dos pais, como também da escola o ato de educar. Educar não só para escola, não só para família, não só para si como ser singular dentro de seu interior, mas educar para o mundo, para a sociedade, para o exercício da cidadania, para vida coletiva e finalmente para as exigências do mundo contemporâneo. Para isso busca-se a transformação do ser humano, de imaturo e inexperiente para cidadão maduro; participativo, atuante, consciente de seus deveres e direitos, possibilidades e atribuições. E que este ser em formação seja futuramente um cidadão consciente, crítico e autônomo desenvolvendo valores éticos, espírito empreendedor capaz de interagir no meio em que vive. Nessa perspectiva, família e escola devem aproveitar, ao máximo, as possibilidades de estreitamento de relações, porque o ajuste entre ambas e a união de esforços para a educação das crianças e adolescentes deve reeducar, sem dúvida nenhuma, em elemento facilitador de aprendizagens e de formação do cidadão. Dessa forma, sugere-se que a escola sinta-se desafiada a repensar a prática pedagógica, considerando que os estudantes são crianças/adolescentes que apresentam características singulares e que se faz necessário manter um trabalho em parceria com as famílias, pois, se a escola deseja ter uma visão integral das experiências vividas pelos alunos, buscando desenvolver o prazer pelo conhecimento, é necessário reconhecer que deve desempenhar o bem-estar, englobando as diversas dimensões do ser humano. Visto que se crianças/adolescentes e sua família sabem aonde a escola quer chegar, se estão envolvidos no dia-a-dia de que são os principais beneficiários, poderão participar com mais investimentos e autonomia na busca do sucesso nessa empreitada que é o aprender e, principalmente, na formação de um ser humano que desenvolva suas potencialidades físicas, espirituais e funcionais através de trabalhos criativos, envolvendo também o meio social no qual vivem, acompanhando a modernidade e evolução do mundo. No momento em que escola e família conseguirem estabelecer uma parceria na maneira como irão promover a educação de seus educandos/filhos, muitos dos conflitos hoje observados em sala de aula, serão aos poucos superados. É preciso observar que quando os educadores anseiam pela presença dos pais na escola, o pensamento não esta voltada somente para o ver como esta meu filho hoje, se ele se comportou adequadamente, se fez as tarefas ou não. Mas o que ele esta aprendendo, como ele esta aprendendo, o que é importante o que ele aprenda. E isso exige da família um pouco mais. Exige a participação no processo de elaboração do projeto político pedagógico, onde juntos poderão decidir os objetivos, metas e missão da escola. Todavia, para que isso possa aconteça é necessário que a família realmente participe da vida escolar de seus filhos. Que a família tenha comprometimento, envolvimento com a escola, gerando assim, na criança/adolescente um sentimento de amor, fazendo sentir-se amparado e valorizado como ser humano. Faz-se necessário frisar que a intenção desta pesquisa não foi dar uma receita pronta do problema gerado na escola em relação à parceria escola e família e sim, pretendeu-se enumerar as vantagens dessa parceria, que devido a sua importância pode ser a chave para muitos problemas enfrentados hoje no sistema educacional. Diante disso, o principal objetivo deste trabalho foi argumentar teoricamente sobre a importância da interação família e escola, bem como a participação de ambas as partes como co-responsáveis na formação do educando. Para atingirmos tal objetivo, foi analisado o papel da família na educação dos filhos; enumerado os fatores que exercem maior influência na interação entre a família e a escola; descreveu o papel da escola no processo de interação com a família, e verificado como ocorre à interação entre a escola e a família. Acredita-se que quanto mais a família participa, mais eficaz é o trabalho da escola, pois dessa forma, cada um se dedicará às suas atribuições Referências AAKER, David Austin. Criando e administrando marcas de sucesso. São Paulo: Futura, 1996. ALVES, Maria Leila. O papel equalizador do regime de colaboração estado-município na política de alfabetização. 1990. 283 f. Dissertação (Mestrado em Educação) - Universidade de Campinas, Campinas, 1990. Disponível em: . Acesso em: 28 set. 2001. BASSEDAS, E., et.al. Intervenção Educativa e Diagnóstico Psicopedagógico. Porto Alegre: Artmed, 1996. BRASIL. Consolidação das Leis do Trabalho. Texto do Decreto-Lei n.º 5.452, de 1 de maio de 1943, atualizado até a Lei n.º 9.756, de 17 de dezembro de 1998. 25 ed. atual. e aum. São Paulo: Saraiva, 1999. BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente. Lei nº 8069, de julho de 1990. CARVALHO, Maria Cecília Maringoni de (Org.). Construindo o saber: metodologia cientifica, fundamentos e técnicas. 5. ed. São Paulo: Papirus, 1995. 175 p. DEMO, Pedro. Metodologia do conhecimento científico. São Paulo: Atlas, 1999. ______. Pesquisa: princípio científico e educativo. 6. ed. São Paulo: Cortez, 2000. CURITIBA. Secretaria da Justiça. Relatório de atividades. Curitiba, 2004. GOKHALE, S.D. A Família Desaparecerá? In Revista Debates Sociais nº 30, ano XVI. Rio de Janeiro, CBSSIS, 1980. KALOUSTIAN, S. M. (org.) Família Brasileira, a Base de Tudo. São Paulo: Cortez; Brasília, DF: UNICEF, 1988. MAINGUENEAU, Dominique. Elementos de lingüística para o texto literário. São Paulo: Martins Fontes, 1996. MACEDO, L. Apresentação In: ALTHUON, B.; ESSLE, C.; STOEBER, I. S. Reunião de Pais: sofrimento ou prazer? São Paulo. Casa do Psicólogo,1996 PEREIRA, P. A. Desafios Contemporâneos para Sociedade e a Família. In Revista Serviço Social e Sociedade. Nº 48, Ano XVI. São Paulo: Cortez, 1995. PIAGET, J. Para onde vai a educação. José Olympio ed. 15a edição. Rio de Janeiro, 1972/2000. RAMPAZZO, Lino. Metodologia científica: para alunos dos cursos de graduação e pós-graduação. São Paulo: Stiliano, 1998. REIS, José Luís. O marketing personalizado e as tecnologias de Informação. Lisboa: Centro Atlântico, 2000. SÁ, V. "A (Não) Participação dos Pais não Escola: a eloquência das ausências. In: Veiga, I. P. A.; Fonseca, M. (orgs). Dimensões do Projeto Político Pedagógico. Campinas. Ed. Papirus, 2001. SZYMANSKI, H. A relação escola/família: desafios e perspectivas. Brasília, DF, Plano Editora, 2003. TIBA, Içami. Disciplina, Limite na medida certa. 41ª ed. São Paulo: Gente, 1996. 240p. _________. Quem ama, educa. 2ª ed. São Paulo: Gente, 2002. UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ. Biblioteca Central. Normas para apresentação de trabalhos. 2. ed. Curitiba: UFPR, 1992. v. 2.