07 de setembro: educação e civismo.

A mobilização para a realização do desfile de 07 de setembro passa por uma série de ações educativas que são despercebidas pela maioria da população. Neste dia, a maioria das pessoas que se aglomera na avenida a espera do desfile tem a expectativa de não somente assistir um espetáculo cívico contemporâneo, mas de recordar com saudosismo os desfiles das cidadezinhas do interior, dos bairros, das escolas rurais, etc. Além disso, aproveitam o feriado para levar os filhos e netos a um evento anual e diferente.

Não existe brasileiro que não se emocione e nem se orgulhe em ouvir bem cedo o hino nacional e em seguida como num toque clarim, centenas de soldados do exército iniciam a marcha pela Pátria. O toque firme dos instrumentos, deixa-nos confusos: - Ecoa fora ou dentro do nosso peito?  Passam por nós enfileirados, fazendo barulho, e até os mais desprovidos de sentimento de patriotismo experimentam alguma coisa incomodando dentro de si.  Adultos e crianças prendem sua atenção na organização e em todo aparato do exército. Aos olhos dos espectadores, esta instituição oferece o sentimento de respeito e fascinação: Hoje não estão “enquartelados”. È dia de observar atentamente as forças de segurança reunidas.

Os passos lentos e estreitos dos Pracinhas Campineiros talvez ofusquem as recordações inextinguíveis dos horrores que a guerra marcou em seu corpo e em sua alma. Entender esta manifestação de civismo neste contexto é fazer um exercício histórico de cidadania.

Encantando os espectadores e familiares com seus malabarismos passam as pequenas balizas, inocentemente estão dando um espetáculo de alegria e dedicação. Quissá entendessem o parâmetro e extensão deste show de civismo.  Se conseguíssemos olhar diretamente para o semblante dos jovens empunhando a bandeira do Brasil, do Estado de São Paulo, de Campinas, e das suas respectivas escolas poderíamos perceber que o cansaço não é maior que seu propósito.

No compasso da fanfarra bate a esperança e percepção que nem todo adolescente que é, morador da periferia, que vive marginalizado, negro, pobre, pode ser rotulado como vândalo, rebelde, só pensa em funk, sexo, é viciado em internet, é desregrado e sem valores.

Se Fanfarras se aquecem nos ensaios diários para fazer bonito na avenida e reacender a esperança de que dias melhores estão previstos ao vermos passar marchando compassadamente crianças e jovens que organizaram suas torcidas, homenageando o esporte brasileiro e pedindo por mais saúde, educação, esportes e paz.

Trabalhar esta temática com as crianças dá base para reflexões curriculares sobre questões recentes do cenário político local e nacional. Olhar estas questões pelos olhos dos jovens participantes das atividades escolares que antecedem esta data nos faz  reafirma-se o sentimento de luta pela educação brasileira.

Estas ações educativas que são despercebidas pela maioria das pessoas que se aglomeram em busca da melhor foto, ou dos olhos das autoridades, que do alto do palanque aguardam a passagem de apenas um pedacinho do trabalho isolado de cada instituição devem posteriormente pensadas como eixos diretivo nas ações educativas e integradas a um trabalho escolar, que ao meu ver ainda necessita de muitos investimentos em formação e currículo.  Nas ações educativas também estão presentes o trabalho de toda a comunidade escolar, em especial o trabalho feito em sala de aula, pois diante da complexidade do papel dos professores nos dias atuais, onde deparamos-nos cotidianamente com as questões referentes a  inversão de valores. Reiterar e perseverar  em  temáticas que traduzam  valores cívicos, assim como trabalhar no incentivo e resgate dos valores pátrios torna-os verdadeiros heróis deste dia.

  Desfilar com as crianças e adolescentes no dia 07 de Setembro culminará no fechamento das discussões das atividades pedagógicas em todas as unidades escolares, campo de uma gama de novas  possibilidades  e  estratégias de enriquecimento curricular.

No compasso da fanfarra e no malabarismo das balizas acreditamos que o trabalho educacional está contribuindo na formação de mentalidades menos alienadas, mais críticas,  de pessoas  que  levantem  bandeiras contra a corrupção, contra a submissão, contra a  exclusão, contra o desrespeito aos direitos fundamentais de cada cidadão brasileiro.

Maria Rosely Poletto Ignácio –Pedagoga

Professora da Rede Municipal de Ensino de Campinas