EDUCAÇÃO E CIDADANIA.

  As fragmentações que são causadas pela desigualdade.

      Essa desigualdade inicia-se desde as classes políticas, até as várias classes formadas pelas redes de ensino, envolvendo as relações entre a educação e a realidade econômica, social e política do País.

    As contradições dessas sociedades de classes contaminam todas as instituições, inclusive as escolas. Na realidade a pressão da população sobre as mudanças e transformações nas instituições e dos educadores na questão da organização, tem trazido muitos transtornos, deixando transparecer na sociedade que vem lutando contra essas injustiças que estão na base da população.

       No Brasil a escola tem sido concluída apenas por uma minoria. A maioria que é de baixa renda, não consegue terminar os seus estudos, pois a escola vem funcionando conforme a renda de cada um e por causa dessa desigualdade muitos até abandonam seus estudos e vão para o trabalho, até mesmo sem ter a idade exigida pela lei, sendo também obrigados a trabalhar por necessidade de uma renda maior na família.

       Portanto, nessa classe a evasão e a repetência é muito grande e ainda muitos afirmam que os tais são incapacitados e, portanto não conseguem acompanhar os estudos. Ainda que por exigência nos trabalhos, muitos voltam para a escola, matriculando-os em cursos supletivos que muitas escolas oferecem, mas devido o curto prazo para os estudos, os destreino tanto na leitura, quanto nas atividades dificultam a compreensão das matérias e esses deixam novamente a escola. Enquanto isso, também os currículos escolares está muitas vezes formulado de maneira distante da realidade dos alunos,, adquirindo-os conhecimentos memorizados, repetitivos que acaba tornando exaustivos e sem significados, distanciando assim dos objetivos de formar sujeitos críticos, portadores de conhecimentos e de atitudes necessárias para transformar a realidade.

     Quanto aos professores, não adiantam cursos e treinamentos para sanar os problemas existentes nas escolas, mas sim condições efetivas; tempo para reuniões de pequenos grupos, onde pode haver debates, discussões e trocas de ideias que favorecem as práticas na unidade escolar, com autonomia, tentando assim evitar as diferenças individuais causadas da desigualdade social, da pobreza e da riqueza, pois os indivíduos têm capacidades diferentes, mas todos são iguais perante a lei.

     O Estado deve estar participando, controlando os movimentos sociais e a educação, construindo mais escolas com qualidade que é possível. O mesmo tem por obrigação garantir os direitos essenciais de toda a população: Políticos, econômicos, sociais, culturais e educacionais.

   Com o aumento das organizações locais e associações de bairros, esses vêm tentando influir nas políticas públicas locais, promovendo mudanças, movimentando o funcionalismo público, principalmente nos setores da educação e saúde, buscando novas relações com o Estado e reconstruindo a democracia que faz parte da luta pela conquista do direito à escola.

     Essa luta pela qualidade do ensino não é apenas por vagas, mas sim pela qualidade do ensino, garantindo a todos a informação necessária ao exercício da cidadania, possibilitando aos cidadãos condições de se colocar o Estado a serviço da sociedade civil.

Segundo Comparato  (...) Se desejamos estabelecer o regime de maior igualdade              possível entre todos, se este é o objetivo declarado do regime político então é preciso que a educação forme os cidadãos para essa vida democrática, que significa em primeiro lugar, sublinhar o valor básico da igualdade política, econômica e social.

   Esse tipo de formação, seja ela na escola ou fora dela, é indispensável para fazer funcionar um regime democrático, compreendendo o que são os direitos humanos e a dignidade da pessoa humana que tem que ser dada de forma concreta, não só nos estudos de ciências sociais, mas já na própria formação do espírito crítico dos jovens, tanto na escola primária, quanto na escola secundária.

   A educação, contudo, é um direito do cidadão, portanto o mais dramático problema da cidadania no Brasil é que não há consciência de igualdade básica entre todos nós. Os que são “mais” iguais não tem essa consciência, pelo lado do dever, e os que são “menos” iguais, os que têm menos recursos para exercer a cidadania, não tem consciência dessa igualdade pelo lado dos direitos.

       As pessoas são tratadas diferentes; as do centro melhor que as da periferia; na periferia, as moradoras em “casa de material” melhor que as dos barracos.

     Espantosamente, é o que acontece com a comunidade em geral, tem pouco acesso a escola pública, tudo se passa como se a escola fosse um favor, e a submissão dos pais e da comunidade às suas ordens fosse obrigação. O próprio regimento das escolas em geral prevê uma participação limitada da comunidade. O próprio acesso da comunidade às dependências da escola é dificultado. Uma das barreiras mais visíveis é a física, muros e portões de ferros torna a escola um espaço “estranho” aos moradores do próprio bairro onde está localizada, formalizando as relações entre educadores e moradores.

       O desrespeito a cidadania também invade a sala de aula, pelo trato dispensado aos alunos, em sua grande maioria pertencentes às chamadas populações “carentes”. Essas populações são definidas, pelo que lhes falta, por aquelas necessidades que têm, por aquilo de que precisam e não pelo que fazem ou são a sua identidade é o pouco ou o vazio. Do mesmo jeito são os professores que na maioria são contratados sem a mínima segurança, estão  sujeitos a uma dependência dos resultados eleitorais e da amizade com as autoridades , acontecendo demissões em grande escala a cada mudança de mandato, simplesmente por simpatias político partidárias.

      Mas é está a configuração que permite entender as razões que possibilitam o aparecimento de experiências, assegurando a possibilidade da construção da escola, onde os direitos de cidadania sejam realmente exercidos.

PROFESSORA- NOÊMIA BERTO DE LIMA- PEDAGOGA – PÓS- GRADUADA EM PSICOPEDAGOGIA.