Numa Educação bancária é fácil distinguir o professor do aluno: ele, um ser supremo, ditador ; este um ser efêmero, expectador.

Numa Educação bancária o professor narra, o estudante cala e, se tentar se expressar, atrapalha.

Numa Educação bancária o professor é o "bam, bam, bam", o aluno, o ruim que precisa ser "bam"...

Mas essa Educação bancária não existe mais hoje, é só um exemplo citado por Paulo Freire em 1970.

Outro dia eu estava em uma aula – tenho o privilégio de ser estudante - há mais ou menos quinze dias, e uma cena, particularmente, muito me chamou a atenção:

A professora entrou na sala, saudou a todos e começou a apresentar todo o projeto e proposta de aula para aquela noite.

A turma começou a agitar-se, manifestar-se pelo comportamento, indicando que não aceitava algumas coisas daquela proposta.

A cena ia ficando séria. A professora perdia o controle do que pretendia apresentar à medida que a turma falava sem parar.

A professora começou a ameaçar, coagindo ficar alí até altas horas enquanto a turma não colaborasse.

A turma não colaborava, muito pelo contrário.

A professora não conseguia expor o que pretendia. Então falou bravamente - como as professoras que não exercem educação bancária com as crianças falam e, estas, logo, automaticamente, se aquietam.

E conseguiu.

Minutos de silêncio. Momentos de constrangimento.

A professora conseguiu concluir o que pretendia e os estudantes despediram-se cada um para a sua casa.

Educação bancária não existe mais. Isso é do tempo que Paulo Freire escreveu Pedagogia do Oprimido em 1970, aproximadamente.