EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: UMA REALIDADE À CAMINHO

Autor: Salete Monteiro.

"... minha presença no mundo não é a de quem se adapta, mas a de quem nele se insere. É a posição de quem luta para não ser apenas objeto, mas sujeito também da história".

"Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa (p. 60)".

Paulo Freire

Existem vários conceitos e definições para a Educação a Distância, que foram construídos ao longo de sua existência, tendo como principal característica o distanciamento entre aluno e professor. Por exemplo: Armengol (1982, p. 56) define a EAD da seguinte forma:

"O termo educação a distância cobre um amplo espectro de diversas formas de estudo e estratégias educativas, que têm em comum o fato de não se realizarem mediante a tradicional contigüidade física de professores e alunos em locais especiais para fins educativos; esta nova forma educativa inclui todos os métodos de ensino em que, devido à separação existente entre estudantes e professores, as fases interativa e pré-ativa são conduzidas mediante a palavra impressa e/ou elementos mecânicos e eletrônicos".

Essa característica da Educação a Distância faz esta modalidade de ensino criar muitas discussões e acentuar divergências ainda maiores. As críticas circulantes perante a sua validação são devastadoras, no que diz respeito à formação e capacitação do sujeito, com pretensão em atuar numa sociedade calculista, onipotente e opressora, por isso para muitos, esta modalidade de ensino continua sendo um enorme tabu desconhecendo-se sua compreensão e contribuição na educação, principalmente àqueles sem acesso a ela, que residem em certos confins do território brasileiro.

Todavia, a luta para sua efetivação e reconhecimento é imensa, transpondo barreiras duvidosas por conta de sua contribuição, em relação a valores e atitudes sociais e culturais. Princípios considerados fundamentais para a formação cidadã do indivíduo. Sendo que a criticidade radicalizada continua extremamente ligada ao pensamento de que essa educação virtual só é para a preparação de mão de obra visando a perspectiva da integração aos meios produtivos e, por isso, desligada da visão humanista que a educação face a face propiciaria..

No entanto, esse tradicionalismo não consegue acompanhar as transformações tecnológicas que estão presentes no cotidiano e que não podem ser negadas. Ao considerar a EAD como um processo educativo que se contrapõe ao ensino presencial, entendendo-se este como o mais adequado para a aquisição do conhecimento, remete-nos a pensar, que esta modalidade tradicional tomada assim, cria dificuldades para a aceitação do paradigma virtual, se negando a perceber que a mídia educativa está cada vez mais presente na vida do ser humano, trazendo grandes contribuições para atividades em suas vidas, desencadeando novas revoluções de pensamento.

Em contrapartida, questões relacionadas à Educação a Distância são levantadas também pela informalidade da relação entre professor e aluno. Naturalmente a presença viva dos mesmos influi acentuadamente com mais beneficiamento na aprendizagem, já que o calor humano a afetividade são elementos que contribuem para este processo. Isso não significa que a educação por meio tecnológico seja menos eficaz. Ela torna-se um novo meio articulador de idéias, possuindo interação globalizada que contribui na somatória da criação de novos saberes, podendo resultar numa proximidade contraditória, isto é, ao mesmo tempo longe e perto.

Essa nova modalidade educativa pode possibilitar, aos seus usuários experimentarem novos conhecimentos lingüísticos e assim aprenderem conteúdos específicos e abrangentes que irão aumentar e diversificar o conhecimento, transformando-os em novos, para assim utilizá-los na realidade em que estão inseridos. Ela oferece possibilidades de enriquecimento do currículo e subsidia o desenvolvimento de saberes a alunos e professores ao mesmo tempo, podendo estar pautada por princípios humanistas que fazem parte do contexto sócio-cultural do sujeito, contribuindo para a construção metafórica do pensamento.

Embora ainda haja muito preconceito em relação à Educação a Distancia, por outro lado, ela tem ganhado cada vez mais adeptos, que compreendem seu verdadeiro conceito e valorizam-na como propiciadora de saberes e valores sócio-culturais e atitudinais.

Há pesquisas que mostram que esta visão da EAD não é generalizada, obedecendo apenas a certos contextos, mesmo apesar de vinculada a bases comprobatórias no tocante à sua contribuição educativa, o que ainda gera incompreensão em seu significado. Nessa perspectiva congressos nacionais e internacionais são criados e realizados com trabalhos científicos que fortificam o ensino a distância, avaliados por comissões estabelecidas por um conselho científico da ABED (Associação Brasileira da Educação a Distância), o que representa uma quebra de paradigma, embora ainda haja persistência em aceitar essa modalidade como processo educativo propiciador de conhecimento.

Não se pode negar que nos dias atuais, as mídias podem se transformar num complemento educacional. Professores e alunos terão um espaço moderno de articulação de idéias e saberes que permite essa troca, mesmo que a interação relacional seja por meio das máquinas. Dessa forma a EAD busca propostas educacionais que propiciem a aproximação dos seus participantes, enfatizando o acompanhamento e orientação constante do professor nas diversas situações de aprendizagem dos alunos, buscando as múltiplas interações e ações que favorecem na reflexão para a construção de novos saberes.

A Educação a Distância precisa começar a ser pensada, de certa maneira, como possibilidade de formação com fundamentos dentro de uma abordagem pedagógica, o que poderá favorecer num processo reflexivo de seus usuários, em que se enfatize a construção do conhecimento com auxilio da teoria e prática, relacionadas ao contexto de sua atuação profissional.

O processo de aceitação e mudança da Educação a Distância, como modalidade de ensino não é consenso, mas está caminhando para que isso se concretize, em longo prazo, pois esta mudança acontecerá aos poucos, sendo dado um passo de cada vez em sua direção. Há uma grande desigualdade econômica que paira nessa vagarosidade de mudança. Muitos ainda estão enraizados a padrões adquiridos e muitos não possuem acesso aos recursos tecnológicos o que ajuda a dificultar a sua efetivação.

O desafio de construir uma educação de qualidade integrada de todas as dimensões do homem envolve diferentes modalidades de ensino e a EAD luta pra fazer parte desse processo educativo em que vivências sociais, democratização, apropriação, construção e divulgação do conhecimento são princípios primordiais nesse tipo de educação.

Contudo, as veias da educação tradicional e de pensadores que continuam consolidados a preconceitos, não criam expectativas relevantes e positivas para a Educação a Distância, pois não se quer aceitar a sua capacidade de contribuir na construção de algo novo, dando maior interação entre as pessoas, com a possibilidade de se dispor de maior tempo em qualquer espaço para se pensar e se refletir acerca dos seus processos de aprendizagem e construção pensamentos, bem como até mesmo a superação de problemas que ocorrem no dia a dia.

Questões econômicas presentes na sociedade, também repercutem na tecnologia. As formas como elas são disponibilizadas,, contribuem para a disparidade entre classes sociais, o que cria condições para um acesso injusto, por parte daqueles pertencentes aos grupos mais desfavorecidos. Existe ainda a predominância de certos discursos políticos tecnocráticos que não condizem com a realidade de muitos, apregoando uma oferta de igualdade de acesso a todos, o que facilmente não é atestado.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

MASETTO, Marcos T., MORAN, José Manuel. e BEHRENS, Marilda Aparecida. Novas Tecnologias e Mediação Pedagógica. Campinas. Papirus. 2000

Grupo de Pesquisa EAD: Polêmicas na EAD. Disponível em 30/03/2011 às 10:05h.

www.eadgrupodepesquisa.blogspot.com/2009/...

Universidade de Brasília – UNB. Revista da Faculdade de Educação. Educação a distância: concepção e desenvolvimento. Disponível em 17/04/2011 às 11:25h.

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