EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA E O DESAFIO NO ENSINO SUPERIOR

Julie Anne Soares de Queiroz[1]

Renato Junior Soares de Queiroz[2]

Orientador: Prof. MSc. Mauro Sérgio Soares Rabelo[3]

RESUMO

 Este artigo busca discutir sobre os desafios enfrentados na educação a distância no ensino superior. Para tanto, apresentaremos um breve contexto histórico da educação a distância no Brasil mostrando os principais fatos que marcaram na consolidação desta modalidade de ensino, alguns conceitos e definições elaborados por alguns autores, assim como as legislações que regulamentaram a educação a distância no país, discutiremos alguns desafios enfrentados atualmente e alguns exemplos que demostram que esta modalidade de ensino vem dando certo e justificando a importância de estudos voltados para essa área da educação. E por fim mostraremos a EaD e UAB na criação de oportunidades para regiões de difícil acesso no Estado da Amapá.

 Palavras-chave: Educação a Distância, Contexto Histórico, Desafios e Ensino Superior.

 ABSTRACT

 This article seeks todiscussthe challenges facedin distance educationin higher education.To this end, we present a briefhistorical context ofdistance education inBrazilshowing the majorevents that markedthe consolidation of thistype of education, some concepts and definitionsdevelopedby some authors, as well as the lawsthatregulated thedistance educationin the country.Finallywe discusssomecurrently facingchallengesand some examplesthat demonstratethat thistype of educationhas been workingandexplaining the importance of studies intothis area ofeducation.

Keywords: DistanceEducation, HistoricalContext, ChallengesandHigherEducation.

  INTRODUÇÂO

A Educação a Distância (EAD) uma modalidade de ensino que vem crescendo bastante nos últimos anos por se tratar de uma modalidade de ensino de grande relevância social, pois possibilita a democratização do ensino rompendo com as barreiras geográficas, sociais e culturais podendo atender grandes contingentes de alunos, e também por ter um baixo custo financeiro e possibilitar os alunos de administrar seu tempo de estudo de acordo com suas necessidades pessoais.

Com a grande oferta e procura por cursos superiores a distância, essa modalidade de ensino vem sendo alvo de inúmeras discussões. Este artigo tem como objetivo principal de expor e discutir os desafios enfrentados na educação a distância no ensino superior.

Apresentaremos na primeira seção alguns conceitos e definições de Educação a Distância elaborada por alguns autores e também a forma, estrutura, organização dos cursos nessa modalidade de ensino e as atribuições dos agentes envolvidos como o professor formador, tutor presencial, tutor a distância e coordenação.

Na segunda seção apresentaremos um breve contexto histórico da educação a distância no Brasil, mostrando os principais fatos que marcaram o progresso dessa modalidade de ensino diante dos avanços tecnológicos e dos meios de comunicação como ferramentas imprescindíveis para o ensino como o surgimento do rádio, da televisão e mais tarde dos computadores e internet.

Na terceira seção abordaremos algumas legislações pertinentes a educação a distância no Brasil, como o artigo 80 da Lei nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional-LDB) que apresenta a educação a distância como uma modalidade válida em todos os níveis de ensino, e o Decreto nº 5.266 de 19 de dezembro de 2005 que regulamenta e disciplina a oferta de cursos a distância nas instituições de ensino, entre outras legislações que foram de fundamental importância para as transformações e avanços ocorridos ao longo dos anos.

Na quarta seção discutiremos algumas temáticas voltadas para os desafios encontrados atualmente na educação à distância no ensino superior como o preconceito enfrentado pelos alunos de EAD, as limitações tecnológicas e de acesso à internet, as metodologias de ensino, as causas de evasão dos alunos.

E na ultima seção mostraremos a EAD e UABna criação de oportunidades de acesso ao ensino superior para pessoas de regiões de difícil acesso, expondo a realidade do nosso estado.

  1. 1.    CONCEITO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Os termos ou ideias a respeito da educaçãoa distância, retratam uma modalidade de ensino crescente com o fenômeno tecnológico e da internet. Para algumas pessoas ainda há uma não-compreensão ou aceitação. Embora tantas coisas tenham mudado, assim como os meios de ensino, é importante aprender, que ainda hoje, educar continua tendo os mesmos princípios, ou seja, transmitir conhecimentos e saberes. Para Paulo Freire.

 Ninguém sabe tudo, assim como ninguém ignora tudo. O saber começa com a consciência do saber pouco (enquanto alguém atua). É sabendo que sabe pouco que uma pessoa se prepara para saber mais. [...] O homem, como um ser histórico, inserido num permanente movimento de procura, faz e refaz constantemente o seu saber. E é por isso, que todo saber novo se gera num saber que passou a ser velho, o qual, anteriormente, gerando-se num outro saber que também se tornara velho, se havia instalado como saber novo. Há, portanto, uma sucessão constante do saber, de tal forma que todo novo saber, ao instalar-se, aponta para o que virá substituí-lo (FREIRE, 1983, pg 30 e 31).

  Podemos ter uma idealização básica da EaD como sendo a modalidade de ensino em que há uma comunicação entre alunos e professores em lugares distintos geograficamente, num curto ou longo espaço de tempo, dependendo de um meio transmissão ou interlocução para obtenção conhecimentos e informações e lhes proporcionando um meio de interação. Segundo (MOORE 2010). Educação a distância é o aprendizado planejado que ocorre normalmente em um lugar diferente do local do ensino (...).

A Educação a distância é uma forma encontrada para pessoas que procuram por uma formação (técnica, graduação, pós-graduação entre outros). No entanto, não possuem disponibilidade de tempo ou recursos para estarem interagindo frequentemente em uma sala de aula.

Esta modalidade de aprendizagem vem sendo caracterizada como ensino virtual, que não deixa de ser em momento algum uma possibilidade de obtenção de conhecimento. Pela mesma, é possível que a educação ocorra em qualquer lugar e em qualquer tempo, permitindo assim a inclusão e acessibilidade do ensino.

            A educação a distância atualmente é ofertada de forma semipresencial (presencial/ virtual) que ocorre em sala de aula através de encontros presenciais e a distância pelo ambiente virtual(AVA).Para (BERNARDO 2009), citado por (ALVES2011,p. 83):

 O conceito de Holmberg em 1977, que enfatiza a diversidade das formas de estudo: O termo Educação a Distância esconde-se sob várias formas de estudo, nos vários ní­veis que não estão sob a contínua e imediata supervisão de tutores presentes com seus alunos nas salas de leitura ou no mesmo lo­cal. A Educação a Distância beneficia-se do planejamento, direção e instrução da orga­nização do ensino.

 Cada curso ou disciplina ofertada à distância dispõem de:

  • Professor formador trabalhar com parte de criação layout ambiente virtual e a seleção dos materiais didáticos, acompanha fluxo e andamento da disciplina ou curso, elabora as sistemáticas de avaliações e estipula prazos.
  • Tutor presencial geralmente entra em contato com o material didático da disciplina ou curso antes mesmo que as aulas sejam iniciadas. Encontra-se diariamente presente no polo da EaD para auxiliar os alunos com dúvidas e dar suporte complementar.
  • Tutor à distância também entra em contato com o material didático antecipadamente, acompanha o fluxo de participação no ambiente virtual, sempre busca instigar os alunos a estarem presente através de feedback, mensagens de texto. 
  • Parte administrativa coordena, administra e planeja o curso de educação à distância, cuida da parte manutenção do ambiente virtual, e da parte burocrática.

A professora doutora Simone de Almeida Delphim coordenadora do Curso de Licenciatura Plena em Matemática na modalidade a distância da Universidade Federal do Amapá-UNIFAP, que obteve por duas vezes consecutivasconceito4 em 2012 e 2015 na avaliação institucional do MEC. Menciona sistemática de ensino da EaD.“A cada disciplina tem um professor responsável. Ele prepara o material, elabora as provas e orienta os tutores. São duas as classes de tutores, os presenciais e à distância. Com vários doutores e mestres ministrando às aulas à distância. E os tutores presenciais dão 20 horas de atendimento em cada um dos polos para tirar as dúvidas dos alunos. Já os tutores à distância têm a obrigação de responder a qualquer pergunta em um prazo máximo de 24 horas. E quea cada 25 horas de ensino a distância o aluno tem uma aula presencial, atendendo à exigência do MEC para os cursos de licenciatura”.

 2. CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA

O marco histórico que determina o início da educação à distância no mundo, foi a partir do século XVIII, onde mais especificamente em 1728, o professor CabebPhilipps de Short Hand publicou na gazeta de Boston a criação de um novo curso. Sendo este o ponto de partida para o início da educação a distância, com o auxílio de meios de comunicação como correspondências e livros. Com a grande utilização desse novo meio de ensino e profissionalização o ensino a distância ganhou grande espaço no mundo, onde grandes universidades reconhecidas mundialmente aderiram a essa nova forma de ensino.

No Brasil esse desenvolvimento no ensino não foi diferente, no século XX, foi o marco ao qual se teve início do Ensino a Distância, segundo (MAIA e MARTAN 2007) deu-se início em 1904, quando em o Jornal do Brasil anuncia em seus classificados um novo curso, onde seria por correspondência, curso este que seria de datilógrafo. A partir desse ponto o ensino ganhou novos meios de comunicação, como afirma (BRAGA e CALAZANS 2001) que a cada invenção tecnológica, a sociedade contribui nos processos comunicacionais, uma expectativa educacional desenvolvida em torno da invenção.

 Em 1923, foi criado por Henrique Morize e Edgard Roquette-Pinto no Rio de Janeiro, o Rádio Sociedade que oferecia diversos cursos como: Português, Francês, Literatura Francesa, Radiotelegrafia, Silvicultura, Esperanto e telefonia, marcando assim o ensino através do rádio no Brasil, sendo mais um meio de educação a distância.

 Foi, portanto, com o rádio e o espirito visionário Roquete Pinto, que a educação a distância começou a se popularizar principalmente por possibilitar o acesso à educação àquela parcela da população que, alijada dos bancos escolares sequer sabia ler. (DALLAS COSTA, 2009, p. 2)

 Outro momento importante na história da educação à distância foi em 1947, onde surgiu a nova Universidade do Ar, ela foi patrocinada pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC), Serviço Social Comercial (SESC) e outras emissoras associadas, o objetivo da Universidade era proporcionar um curso radiofônico, em que os alunos estudavam com apostilas e exercícios a distância, nos exercícios o aluno poderia contar com o auxílio de monitores, sendo este método tão eficaz, que o SESC até hoje tem cursos com a mesma metodologia a distância.

Mais adiante, na década de 1960, como relata (CAPPARELLI; LIMA, 2004) as autoridades brasileiras acreditavam na ideia da televisão como instrumento educacional, capaz até mesmo de substituir a escola tradicional e seus professores. É nesse cenário que o meio de comunicação crescente toma espaço na Educação a Distância, sendo um fator importante no processo histórico do desenvolvimento do ensino.

Em 1970, foi criado o Projeto Minerva, projeto esse que possuía a parceria do Ministério da Educação, a Fundação Padre Landell de Moura e a fundação Padre Anchieta, tinham por objetivo a educação via rádio, onde sua meta era inclusão social de adultos, esse projeto foi mantido até 1980. O Ministério da Educação visando uma maior abrangência no ensino da Educação a Distância, criou em 1996, a Secretaria de Educação a Distância (SEED), onde possuíam como meta a criação de uma política que privilegie a democratização e a qualidade da educação brasileira. Neste mesmo ano surge oficialmente a Educação a Distância no país, onde foi criada pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional n° 9.394 de 20 de dezembro de 1996. Mas somente foi regulamentada apenas nove anos depois em 19 de dezembro de 2005, pelo decreto n° 5.622.

Já o uso de computadores teve seu início e participação em 1970, no mesmo período de criação do Projeto Minerva, sendo seu papel crucial no ensino a distância em grandes universidades da época e somente em 1990 começou a ser utilizado em escolas de nível fundamental e médio, sendo assim mais um grande instrumento nesse processo de progresso na educação.

Em 1977, foi criada a Fundação Roberto Marinho, criado pelo Roberto Marinho, presidente da organização Globo, em que agia com a finalidade de desenvolver projetos de educação a distância, sendo um desses projetos o Telecurso de 1° e 2° grau, onde possuíam a finalidade de promover conhecimento baseado no currículo do ensino fundamental e médio, usando a televisão como o meio de comunicação. Mais tarde também foi transmitido o Telecurso via rádio, sendo feita uma parceria entre projeto Minerva e Fundação Roberto Marinho, tendo uma abrangência maior, pois chegaria até aos alunos que não possuíssem televisão. Segundo (CASTRO 2005) citado por (DALLAS; BRITOS; BOLÃNO, 2005 p.256)

 Pesquisa realizada em 2004 (27 anos depois) com o público do Telecurso 2000 revelou que 7 milhões de brasileiros assistem semanalmente ao programa dessa audiência cerca de 400.000 pessoal planejam conseguir o diploma de 1° e 2° graus. Mas a grande maioria dos telespectadores procura o chamadoedutainment (educação com entretenimento) ou seja, forma divertida de se educar.

 Dentro desse cenário de mudanças na educação e importante ressaltar o papel importante doministério da Educação, com o objetivo implantar novos métodos e melhorias na educação do país, como informa (PORTAL MINISTERIO DA EDUCAÇÂO 2010)

 O Ministério da Educação por meio da Secretaria de Educação a Distância (SEED), agia como agente de inovação tecnológica no processo de ensino e aprendizagem, fomentando a incorporação das tecnologias de informação e comunicação e das técnicas de Educação a Distância aos métodos didático-pedagógico, além disso, promovia a pesquisa e o desenvolvimento, voltados para a introdução de novos conceitos e práticas nas escolas públicas brasileiras (...).

 Devido a extinção recente da secretaria, seus programas e ações estarão vinculados as novas administrações (PORTAL MINISTERO DA EDUCAÇÂO, 2011).

3. LESGISLAÇÃO PERTINENTE EAD

  • LDB ART 80

A primeira legislação especifica para a educação a distância no ensino superior surgiu em 1996 com a Lei de Diretrizes e Bases na Educação Nacional nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, criou-se a possibilidade de acesso aos diversos níveis de ensino, sejam eles técnicos, aperfeiçoamento ou de nível superior, seu Artigo 80.

Art. 80. O Poder Público incentivará o desenvolvimento e a veiculação de programas de ensino a distância, em todos os níveis e modalidades de ensino, e de educação continuada. (BRASIL, Lei 9.394,1996)

 Decreto Nº 5.622

A Educação a Distância no Brasil é definido no Decreto nº 5.622 de 19 de dezembro de 2005. Que Regulamenta o art.80 da Lei Nº 9.394:

 Art. 1ºPara os fins deste Decreto, caracteriza­-se a Educação a Distância como modalidade educacional na qual a mediação didático-pe­dagógica nos processos de ensino e aprendi­zagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, Associação Brasileira de Educação a Distância com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos (BRASIL, Decreto 5.622, 2005).

  Caracteriza a educação à distância como modalidade educacional, organizada segundo metodologia, gestão e avaliação peculiares;

  • Estabelece regras de avaliação do desempenho do estudante para fins de promoção, conclusão de estudos e obtenção de diplomas e certificados, sendo que estes terão validade nacional;
  • Confere ao MEC a competência de organizar a cooperação e integração entre os sistemas de ensino, objetivando a padronização de normas e procedimentos em credenciamentos, autorizações e reconhecimentos de cursos e instituições de ensino a distância;
  • Apresenta instruções para oferta de cursos e programas na modalidade à distância na educação básica, ensino superior e pós-graduação.
  • Além de prevê a obrigatoriedade de momentos presenciais e os níveis e modalidades educacionais em que poderá ser ofertada;

Essa definição da Educação a Distância com­plementa-se com o primeiro parágrafo do mesmo artigo, onde é ressaltado que esta deve ter obriga­toriamente momentos presenciais, como se segue:

 § 1º A Educação a Distância organiza-se segun­do metodologia, gestão e avaliação peculiares, para as quais deverá estar prevista a obrigato­riedade de momentos presenciais para:

I – avaliações de estudantes;

II – estágios obrigatórios, quando previstos na legislação pertinente;

III – defesa de trabalhos de conclusão de cur­so, quando previstos na legislação pertinente e

IV – atividades relacionadas a laboratórios de ensino, quando for o caso.(BRASIL, Decreto 5.622, 2005).

 Decreto nº 5.800

No ano de 2006, com o Decreto nº 5800, foi instituído o Sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB), voltado para o desenvolvimento da modalidade de educação a distância, com a finalidade de expandir e interiorizar a oferta de cursos e programas de educação superior no país.

 4. DESAFIOS EAD NO ENSINO SUPERIOR

Nesta seção será debatido algumas temáticas voltadas para os desafios encontrados na educação à distância no ensino superior.

 4.1.Desafios sociais (Preconceito no mercado de trabalho)

Com os avanços tecnológicos existente no meio social em que vivemos, surgem novos meios de ensino entre eles a educação à distância. Porém nos deparamos com desafios sociais. Entretanto pelos profissionais formados em cursos oferecidos nesta modalidade. Para CHAVES (2006)Não pode deixar nesta nova modalidade sejam produzidas as exclusões(...). Ou se criem novas categorias de excluídos. Seja nas organizações públicas ou na sociedade de modo geral (...).

 Ainda há um grande preconceito em relação aos profissionais formados na modalidade educação à distância, pois o mercado desconhece os processos de formação e a qualidade dos cursos oferecidos, sejam eles de nível técnico ou superior.

 Um fato relevante sobre os acadêmicos de educação à distância que no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (ENADE) que integra o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes), registrou que no grupo Uninter os acadêmicos:

  • Antônio Edjalma Rocha Junior, graduado em Tecnologia em Gestão da Produção Industrial no polo de apoio presencial de Jaú/SP, obteve nota 80,3 em 2008.
  • Samuel Tavares, graduado em Tecnologia em Processos Gerenciais no polo de Varginha/MG, obteve nota 91,3 em 2009.
  • Claudemir Fernandes dos Santos, graduado em Gestão Financeira no polo de Guaíra/PR, obteve nota 83,8 em 2012.

Todos os três acadêmicos em seus respectivos cursos obtiveram as maiores notas registradas pelo ENADE. Logo podemos afirmar que profissionais graduados no ensino à distância são tão qualificados quanto o de ensino presencial.

Além dos desafios gerais da educação à distância no mercado de trabalho citados anteriormente, sabemos que os possíveis caminhos para solucionar ou tentar supera-los, seria necessário priorizar e mostrar o valor da educação à distância e cria uma cultura social favorável a sua implantação.

 4.2. Desafios tecnológicos (Internet)

Compreendemos como desafios tecnológicos para o ensino em EAD, falta de computadores, conexões lentas ou insuficientes. Nas regiões mais ao norte do Brasil em uma situação especifica o estado Amapá.

 Segundo portal de notícias G1 Amapá: Um mapeamento feito pelo G1 com dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), (...) apontou que Macapá é a capital brasileira que oferece a menor média de velocidade de internet banda larga do país, onde a maioria dos 16.418 pontos de acesso operam entre 512 Kbps e 2 Mbps, uma taxa considerada baixa em relação à média do país, que gira em torno de 3 Mbps.(PORTAL DE NOTÍCIAS G1 AMAPÁ,2015)

Nesse mesmo estudo informa que duas cidades, Laranjal do Jari e Vitória do Jari, ambas ao Sul do estado, apresentam o menor índice considerado pela pesquisa, com internet entre 0 e 512 Kbps. No município de Vitória do Jari a Universidade Federal do Amapá (UNIFAP) em parceria com a Universidade Aberta do Brasil (UAB), possui o polo Caulim da Amazônia que oferta o curso de licenciatura plena em matemática à distância. Uma das principais dificuldades apontas pelos acadêmicos seria a conexão do acesso à internet, pois os mesmos não conseguem ter acesso ao ambiente virtual da sua instituição, dificultando assim o envio de tarefas, efetuar as postagem nos fóruns avaliativos, e tirar suas possíveis duvidas com o tutor à distância e assim retardando o processo de ensino e aprendizado.        

Na medida que os cursos avançam para o interior do estado fica evidente os problemas e carências apresentadas acima. Para CHAVES (2006) Sem uma base tecnológica mínima que suporte os laboratórios de informática, não e possível pensar em realização de cursos à distância, como se costuma dizer “a comunicação torna-se inviável (...).

 Contudo a tecnologia possibilita ao ensino em EaD a interatividade entre diferentes agentes. Porém sem suporte torna-se difícil a interatividade, inviabilizando a implantação processos educacionais de qualidade.

4.3. Evasão no ensino à distância

Entendemos por evasão o ato de desistência do acadêmico, que após matriculado, não comparecem nas aulas ou desiste no decorrer do curso em qualquer etapa.  Segundo o dicionário Aurélio (2004) Evasão escolar é a saída definitiva de alunos antes do termino do curso ou do ano letivo.

No entanto trabalharemos a evasão no ensino superior à distância, pois apesar desta modalidade de ensino ser ofertados de forma semipresencial, ainda à evasão por diversos motivos que discorreremos abaixo:

  • Financeiro

Apesar da modalidade educação à distância ser mais vantajosa do que a ensino presencial em termo de custo financeiro. Pode ocorrer a seguinte situação para os acadêmicos de instituições particulares, por motivo pessoais, falta recurso para custear, as instituições não disponibilizam um prazo carência maior, casos de ausência em avaliações presenciais e reprovação em disciplinas o mesmo precisa pagar gastos e taxas extras. Pois, todos os serviços oferecidos geram custos.   

Nas instituições públicas a evasão e maior no interior do estado, pela dificuldade de locomoção dos alunos ao polo para os encontros presenciais. Pois a maioria dos acadêmicos reside em comunidades próximas, alguns precisam fazer curtas viagens (embarcações e trechos de estrada).

  • A não adaptação ao método de ensino

A evasão ocorre devido os acadêmicos ainda estarem acostumados ao sistema tradicional ensino (Ensino Médio), e ainda trazem consigo a ideia de sala de aula, professor e colegas de turma. Isso dificulta a adaptação desses estudantes ao método de ensino em EAD, onde predomina o ambiente virtual havendo apenas encontros semanais com professor formador. A metodologia de avaliação dos cursos em EAD são diferenciadas, com fóruns e tarefas avaliativas semanais na plataforma, e ao termino de cada disciplina as avalições são de forma presencial no polo. 

  • Obrigatoriedade dos encontros presencias

Outro motivo da evasão em EAD é a obrigatoriedade dos encontros presenciais, pois a educação à distância no Brasil e ofertada de forma semipresencial, conforme rege a legislação § 1o do decreto 5.622 já citado neste artigo, que exige a obrigatoriedade de encontros presenciais destinados para realização de avaliações. Para os cursos de licenciatura é fundamental os momentos presenciais em laboratórios didáticos e outros destinados para estágios em docência. De um ponto vista há pessoas com a concepção que o ensino à distância ocorre somente no ambiente virtual e assim não necessitando de encontros presenciais. 

5.A EAD e UAB NA CRIAÇÃO DE OPORTUNIDADES PARA REGIÕES DE DIFÍCIL ACESSO

O programa universidade aberta do Brasil (UAB), que é coordenado atualmente pela CAPES (coordenação de aperfeiçoamento de nível superior), que tornou-se um grande propulsor de inclusão consolidando assim o sistema de educação a distância do país. Este programa ocorre em parceria com as instituições de ensino superior, que ofertam os cursos à distância independentemente da localização geográfica.

Nas regiões nordeste e sudeste possuem a maior quantidade de polos do UAB, as regiões norte, centro-oeste e distrito federal, possuem o menor índice. No norte destacam-se os estados do Amapá, Roraima e Acre.

Em especifico vamos trabalhar o nosso estado do Amapá, a UAB que possui parcerias com Universidade Federal do Amapá (UNIFAP), Estado e Prefeituras. Que ofertam os cursos à distância nos seguintes municípios:

  • Macapá-AP -que possui o polo universitário Equador, tendo como mantedor o Governo do Estado do Amapá (GEA) oferta os cursos de bacharelados em administração pública e mídias da educação, licenciaturas em matemática e em educação física.
  • Santana-AP - omunicípio vizinho de Macapá, possui o polo UAB, tendo como mantenedora Prefeitura Municipalde Santana (PMS) oferta apenas curso de licenciatura em matemática.
  • Vitoria do Jarí-AP - omunicípio distante 266,6 km da capital, possui mantenedora Prefeitura Municipal do Vitoria do Jarí, também oferta apenas o curso de licenciatura em matemática.
  • Oiapoque-AP -o município distante 580 km da capital,possui mantenedor o Governo do Estado do Amapá (GEA) e UNIFAP,oferta os curso de licenciatura em matemática e educação física e pós-graduação em lato sensu em educação matemática no ensino médio.      

 No Amapá a UAB tornou-se um elo de inclusão e oportunidades sociais para as comunidades mais distantes da capital, criando assim oportunidades reais de acesso ao ensino superior para as pessoas destas comunidades uma vez que estes cursos são ofertados pelas universidades de forma gratuita.Apresentaremos a seguir dois depoimentos de recém graduados no ensino à distância de licenciatura plena em matemática.

A graduada do polo Santana Aline Martins - “A modalidade de educação à distância possibilitou uma nova etapa em sua vida, tendo em vista a dificuldade de cursar na modalidade presencial. Para mim, o fato de ser um curso à distância não foi obstáculo para executar as atividades acadêmicas”.

O graduado do polo Vitória do Jari Antônio Nascimento - “Morar no meio da Amazônia significa enfrentar dificuldade de transporte, pois para assistir as aulas presenciais tínhamos que atravessar de catraia ou subir uma estrada na montanha, e chegar aqui hoje,é um valor incalculável. Vamos ajudar a desenvolver a educação no sul do Amapá”.

 CONSIDERAÇÕES FINAIS

No presente trabalho foram estudados os elementos conceituais, históricos, sociais e desafios referente ao ensino à distância. Desde de sua implantação até a atualidade, nas quais mudanças ocorrem no campo educacional que proporcionaram o crescimento desta modalidade de ensino.

A partir dos estudos apresentados relacionados ao ensino em EaD na rede pública e particular do ensino superior, mostramoscomo o ensinoveem sendo difundido, quais os desafios desta modalidade. Apontamos diretamente ou indiretamente alguns resultados positivos de curso deuniversidade pública (Unifap) com conceito alto, e além de acadêmicos de faculdades particulares que apresentaram notas altas no Enade.

Finalizamos então, com novas informações a respeitodesta modalidade de ensino que tem proporcionado oportunidades de inclusão e acesso ao ensino superior. E podemos afirmar que se havendo interação de pelo menos uma fagulha de conhecimento em uma determinada comunidade mesmo, que distante e de difícil trajeto a educação à distância poderá cumprir seu papel.  

  REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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[1] Acadêmica do Curso de Pós-graduação em Gestão e Docência no Ensino Superior da Faculdade de Teologia e Ciências Humanas-FATECH

[2]Acadêmico do Curso de Pós-graduação em Gestão e Docência no Ensino Superior da Faculdade de Teologia e Ciências Humanas-FATECH

[3] Professor do Curso de Pós-graduação em Gestão e Docência no Ensino Superior da Faculdade de Teologia e Ciências Humanas-FATEC, Mestre em Ciência da educação.