EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA: AVANÇOS E DESAFIOS

 

Maria Teresa Rodrigues Fonseca Paiva1

 
 

RESUMO

 

 

A Educação à Distância EaD tornou-se nos últimos anos uma modalidade muito procurada tanto em cursos de formação continuada de docentes, quanto em cursos de graduação e pós-graduação. Em meio a tantas ofertas e da flexibilidade que estes cursos oferecem torna-se necessário redefinir seu papel e as responsabilidades do aluno, tanto na visitação do site, quanto na comunicação com o tutor, já que é ele quem se comunica diretamente com o aluno, tira duas dúvidas e o orienta. Nota-se que em muitas instituições que oferecem esta modalidade de ensino, não há muita interatividade entre aluno e tutor tornando-o cada vez mais distanciado. Isso se dá em razão do interesse do aluno em participar das propostas da instituição, assim como da credibilidade que possui do curso do qual está participando. A importância de discorrer este tema de maneira mais ampla é que move o estudo em questão. Busca-se mostrar que diante das mudanças ocorridas no campo da informação e da educação torna-se indispensável que o aluno de EaD tenha conhecimentos das novas tecnologias, suas formas de acesso e as implicações sobre sua aprendizagem, sabendo-se da grande responsabilidade que deve assumir nesse processo.

 

Palavras-chave: Conhecimento. Educação a Distância. Ferramentas tecnológicas

ABSTRACT

The Distance Education Distance Education has become in recent years a very popular sport both in continuing education courses for teachers, as in undergraduate and graduate programs. Amid so many offers and flexibility that these courses offer becomes necessary to redefine its role and responsibilities of the student, both in site visitation, and in communication with the tutor, since it is he who communicates directly with the student, takes two questions and guides. Note that in many institutions that offer this type of education, there is not much interaction between student and tutor making it increasingly distanced. This is the reason why the student's interest in participating in the proposed institution as well as the credibility that has the course you are entering. The importance of addressing this issue more broadly is that moves the study. Seeks to show that in the face of changes in the field of information and education becomes essential that the student has DL knowledge of new technologies, forms of access and the implications for their learning, knowing the great responsibility that should take this process.

 

Keywords: Knowledge. Distance Education. technological tools

 

INTRODUÇÃO

A Educação a Distância - EaD tem se expandido de forma vertiginosa nos últimos anos e revela um espaço promissor para esta modalidade nos próximos anos em decorrência da expansão dos meios de comunicação, mídias e multimídias e da crescente necessidade de formação acadêmica.

Enquanto instâncias formadoras, as instituições que oferecem EaD precisam inovar continuamente e buscar atender as necessidades dos alunos que são beneficiados por ela. Por isso, a importância da formação de tutores que sejam capazes não somente de conhecer os paradigmas propostos pela EaD, como também orientar os alunos de forma crítica e transformadora.

O presente trabalho monográfico tem como proposta discutir a importância da Educação a Distância e os benefícios trazidos por esta modalidades como; flexibilidade de tempo para estudos e comunicação direta com o tutor.

 O estudo aborda de maneira ampla desde os conceitos de educação à distância, perpassa pela função do tutor, destacando as contribuições deste profissional como mediador na construção de conhecimentos, sendo este um de seus maiores desafios, em razão da distância física entre ele e o aluno e culmina-se com os avanços e possibilidades desta modalidade em nosso país.

Para a realização da pesquisa foi adotada a revisão da literatura que abrange toda bibliografia já tornada pública em relação ao tema de estudo, desde publicações avulsas, boletins, revistas, livros, pesquisas, monografias, teses. Com intuito de colocar o pesquisador em contato direto com tudo o que foi escrito (LAKATOS; MARCONI, 1999).

Esta investigação procura atender a seguinte questão: Diante da crescente valorização da educação à distância e da necessidade de uma formação consciente, critica e transformadora, quais é a responsabilidade do tutor e do aluno nesse processo?

A educação a distância redefine substancialmente o papel do professor que agora assume posição diferenciada daquela conhecida historicamente. Dentre tantas funções, cabe a ele direcionar a apropriação do conhecimento que se dá na interação entre aluno/aluno e aluno/professor, valorizando-se o trabalho de parceria cognitiva, elaborando-se situações pedagógicas onde as diversas linguagens estejam presentes.  Nesse novo cenário é papel do aluno responsabilizar-se pelas atividades apresentadas no cronograma da instituição, assim como participar de eventos presenciais quando solicitados e avaliações.

O objetivo geral desta pesquisa é discutir as interfaces do tutor e do aluno na Educação a Distância, ressaltando o papel do primeiro como mediador na construção de conhecimentos e a responsabilidade do segundo em atender o que é proposto pela instituição.

A partir do tema, a presente pesquisa se justifica pela importância de se discutir de forma mais detalhadas o papel do tutor, assim como ressaltar que sua função não é passar conteúdo, mas orientar a construção do conhecimento pelo aluno. Além disso, visa mostrar que o aluno deve assumir todos os compromissos relacionados à aprendizagem firmados com a instituição.

Pretende o estudo, mostrar ainda que as instituições que oferecem EaD devem ter a preocupação de formar o tutor por meio de cursos de capacitação  sobre as técnicas de EaD e práticas de tutoriais para que possam ampliar os temas de estudo de maneira permanente.

O estudo está dividido em três capítulos. No primeiro discorre-se os conceitos de Ead pontuando seu surgimento e avanço ao longo dos anos. No segundo capítulo discute-se o papel do tutor como mediador do conhecimento e as responsabilidades do aluno com os compromissos firmados com a no terceiro aborda-se os avanços e possibilidades desta modalidade na atual sociedade do conhecimento.

A Educação a Distância (EaD)

Os estudos sobre educação à distância já despertaram e continuam despertando o interesse de vários autores “As inovações tecnológicas provocaram um impacto sem precedentes em nossa sociedade na segunda metade do século XX. Chamamos a sociedade em que vivemos hoje de sociedade de informação e a educação a distância assume um papel relevante no contexto educacional (CARVALHO, 2007).

De acordo com Carvalho (2007), na era da informação, a experiência educacional diversificada será a base fundamental para o sucesso e os estudantes necessitam não somente dominar o conteúdo, mas serem capazes de construir sua aprendizagem. Para viabilizar este processo ao aluno, o professor conta com inúmeras ferramentas, sendo a EaD uma forma de buscar conhecimentos, já que oferece diversas oportunidades de formação continuada.

Preti (2010) afirma que a EaD revela-se como modalidade de ensino que permite a interação com vários participantes ao mesmo tempo, num contexto aonde ocorrem troca e sistematização de conhecimentos.  O autor informa que o surgimento da EaD teve suas bases consolidadas no modelo fordista de produção que buscava produzir em larga escala para atender o consumo de massa. No campo da educação, essa lógica veio evidenciar-se na expansão da oferta de educação, especificamente na universalização do ensino fundamental e médio e nas estratégias implementadas, fazendo parte deste quadro o surgimento de uma nova disciplina: a tecnologia educacional.

Uma proposta da EaD deve considerar o atual contexto social  comprometendo-se com os processos de libertação do homem em direção a uma sociedade mais justa, solidária  e igualitária “Enquanto prática mediatizada, deve fazer recurso à  tecnologia, entendida como um processo lógico de planejamento, como um modo de pensar os currículos, os métodos, os procedimentos, a avaliação, os meios, na busca de tornar possível o ato educativo” (NEDER, 2001).

De acordo com o autor supracitado, esta modalidade é compreendida como um “meio”, “uma forma” de se possibilitar o ensino. Ela é, ainda,  vista, por alguns, como possibilidade de evolução do sistema educativo, seja porque permite ampliação do acesso à escola, o atendimento a adultos ou o uso de novas tecnologias de comunicação.

Pensar em EaD, conforme afirma Neder (2001), implica pensar a educação, situando-a num contexto sócio-econômico-político-cultural, buscando compreender a relação entre o processo de escolarização e a reprodução de economias de poder e privilégio na sociedade mais ampla.

Significa, ainda, perspectivar a educação em termos de alcance de objetivos que deixem claros as posições político-metodológicas da proposta educativa que se quer desenvolver.

Kenski (2003) mostra que a modalidade EaD favorece a ampliação e sistematização do conhecimento de seus participantes. Para a autora, o impacto das novas tecnologias reflete-se de maneira ampliada sobre a própria natureza do que é ciência, do que é conhecimento e exige uma reflexão profunda sobre as concepções do que é o saber e sobre as formas de ensinar e aprender.

Em sua argumentação Preti (2010) coloca que o advento das tecnologias de informação e comunicação (TIC) reavivou as práticas de EaD, devido à flexibilidade do tempo, quebra de barreiras espaciais, emissão e recebimento instantâneo de materiais, o que permite realizar tanto as tradicionais formas mecanicistas de transmitir conteúdos, agora digitalizados e hipermediáticos, como explorar o potencial de interatividade das TIC e desenvolver atividades à distância com base na interação e na produção de conhecimento.

Segundo o mesmo autor, são, elementos constitutivos da Educação a Distância: a) a distância física professor-aluno: a presença física do professor ou do autor, isto é do interlocutor, da pessoa com quem o estudante vai dialogar não é necessária e indispensável para que se dê a aprendizagem. Ela se dá  de outra maneira,  virtualmente; b) de estudo individualizado e independente: reconhece-se a capacidade do estudante de construir seu caminho, seu conhecimento por ele mesmo, de se tornar autodidata, ator e autor de suas práticas e reflexões; c) um processo de ensino-aprendizagem mediatizado: a EaD deve oferecer suportes e estruturar um sistema que viabilizem e incentivem a autonomia dos estudantes nos processos de aprendizagem; d) o uso de tecnologias: os recursos técnicos de comunicação, que hoje têm alcançado um avanço espetacular (correio, rádio, TV, hipermídia interativa, Internet), permitem romper com as barreiras das distâncias, das dificuldades de acesso à educação e dos problemas de aprendizagem por parte dos alunos que estudam individualmente, mas não isolados e sozinhos. Oferecem possibilidades de se estimular e motivar o estudante, de armazenamento e divulgação de dados, de acesso às informações mais distantes e com uma rapidez incrível; e) a comunicação bidirecional: o estudante não é mero receptor de informações, de mensagens; apesar da distância, busca-se estabelecer relações dialogais, criativas, críticas e participativas (PRETI 2010).

Uma observação importante feita por Carvalho (2007) é a de que existe uma questão inquietante em relação às metodologias da EaD, pois, embora seja a maior vantagem desta modalidade, é ao mesmo tempo a razão do insucesso dos alunos. Para esta autora, a flexibilidade propiciada pela metodologia, que é o principal atrativo para os alunos que almejam estudar em seu tempo livre ou não ter a obrigação de frequentar a sala de aula todos os dias, acaba por tornar-se o maior obstáculo no desenvolvimento da aprendizagem. A compressão espaço-tempo ou a redefinição destas duas categorias tão essenciais ao ser humano provoca uma dificuldade em lidar com o tempo (que sempre parece mais longo do que é de fato) e com as distâncias (a não exigência presencial provoca o isolamento e sensação de abandono no aluno).

Por isso, o papel do tutor é fundamental nesse processo, cabendo a ele o papel de mediar as informações e quebrar o distanciamento do sistema de ensino on line.

Modelos de Educação a Distância

Belloni (1999) destaca dois tipos de instituições como os mais consolidados dentre os que oferecem cursos a distância:

Instituições Especializadas – Dedicam-se exclusivamente ao ensino a Distância. Nesta categoria estão as grandes Universidades européias, que seguem o modelo operacional da UK Open University.

Características essenciais desse tipo de instituição são a abrangência – nacional ou   internacional, orçamentos próprios e independentes e emissão de seus próprios diplomas, com o mesmo valor formal das instituições que operam no modelo presencial.

 Instituições Integradas – Fazem pare de uma instituição formal tradicional e atuam também a distância. Os exemplos mais significativos podem ser encontrados nos EUA, Canadá e Austrália.

Efeitos de sinergia benéficos para a modalidade presencial (uso de tecnologia) e a distância (feedback mais rápido dos cursos e a estrutura do presencial).

Outro tipo de organização mencionada por Belloni (1999) que também trabalha com EaD, e é uma tendência que vem despontando nos últimos anos, são os consórcios que agrupam várias instituições, educacionais ou não, com o intuito de otimizar os recursos necessários para a produção e administração de cursos e expandir os mercados de atuação.

Os consórcios, embora sejam uma opção que permite gerar ganho em escala de produção – pelo maior número de alunos a utilizarem o mesmo material e em possibilitar o atendimento local aos alunos, esbarram nas questões políticas e prioridades de cada instituição. Quando os consórcios envolvem vários países, tem-se que considerar também os valores políticos, sociais e econômicos (LÉVY, 1993) evitando-se materiais que contenham abordagens preconceituosas.

Um aspecto fundamental no planejamento dos cursos e que depende essencialmente dos objetivos da instituição, mencionado por Belloni (1999), é a distinção entre Educação Aberta e Educação a Distância. Os critérios de distinção entre as duas modalidades são:

 

Educação Aberta:

a)    Critérios de acesso ao sistema educacional e

b)    Flexibilidade de tempo, espaço e ritmo.

Educação a Distância:

a)    Separação professor-aluno e

b)    Uso de meios técnicos para comunicação

As duas modalidades podem existir de forma independente ou consorciada, ou seja, instituições podem ter critérios de admissão de alunos e acompanhamento dos cursos flexíveis o suficiente para se encaixar na modalidade aberta e que atuem somente com atividades presenciais e instituições que trabalhem com EAD e que mantenham os mesmos critérios de admissão e ritmo de estudos da instituição presencial formal a que estão vinculadas (RODRIGUES, 2010).

Em muitos casos, o reconhecimento formal da certificação não é fator fundamental para o interesse profissional do aluno. A importância, principalmente no Brasil, se dá no âmbito da empregabilidade nos setores controlados pelo governo, direta ou indiretamente (LÉVY, 1993).

Muitos dos modelos apresentados por Hanna (1998) já fazem, ou farão, uso intensivo de tecnologia (Material Impresso, Fitas de Vídeo e Áudio, CD-ROM, Internet, Realidade Virtual), sendo que o uso dos pressupostos EAD deve aumentar exponencialmente devido ao crescimento da utilização de materiais e metodologias para uso em situações eminentemente presenciais, esmaecendo a distinção entre as modalidades presencial e a distância (Bates, 1997).

O reconhecimento do investimento (tempo e financeiro) do aluno em obter um certificado adequado ao tipo de curso realizado é uma demanda da carreira profissional, independente se o curso for presencial ou a distância, para isso o estabelecimento de critérios de avaliação padronizadas para que as instituições possam se adequar para obter o aval da organização responsável pela certificação (no Brasil o Ministério da Educação e Cultura - MEC) é fundamental. Os critérios utilizados devem ser os mesmos do presencial (permitindo ajustes, quando necessário), ou aceitos pelo sistema educacional vigente, sob pena dos novos modelos se tornarem alternativas de segunda categoria (RODRIGUES, 2010).

A expansão do número de instituições que oferecem cursos, gera um aumento da competitividade (Bates, 1997; Hanna, 1998) e a qualidade dos cursos certamente será um diferencial a ser considerado, uma vez que o leque de opções do aluno não está mais restrito à questões geográficas. Se, por um lado a competição é saudável enquanto fator de aprimoramento, por outro, é necessário mais do que formar “consumidores exigentes” para cursos a distância. A possibilidade da criação de mecanismos de regulamentação que, sem restringir as possibilidades de adequação  às necessidades locais, garantissem aos alunos a qualidade do serviço educacional que buscam seria de grande valia.

De acordo com Lévy (1993) em  qualquer tipo de instituição é possível a oferta de vários tipos de cursos. A estrutura, a demanda do mercado e a filosofia da organização vão determinar quais os modelos possíveis de serem utilizados. Se optarmos pela organização pelo tipo de certificação, podemos considerar:

a) Doutorado;

b) Mestrado;

c) Especialização;

d) Graduação e

e) Extensão.

Rodrigues e Barcia (2010) complementam citando que cada tipo curso requer uma abordagem diferenciada na formação dos professores, nas atividades dos alunos e nas estruturas de suporte. Embora a Educação a Distância possa ser utilizada em todas as alternativas mencionadas, com variações nos encontros presenciais e no design dos cursos, deve-se atentar para os modelos e critérios já consolidados na modalidade presencial, ou deixar claras as inovações para que os alunos estejam cientes das formas adequadas de proceder em situações diferenciadas.

A função tutorial na EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

A função do tutor no processo educativo a distância, precisa ser esclarecida neste momento em que a EaD necessita deste profissional para desenvolver seu trabalho. 

Peters (2003) explica que o tutor no passado era um fellow  (companheiro) agregado a universidade, não era o responsável pelo ensino, era um conselheiro.

 Já Garcia Aretio (2001) apud Barbosa e Rezende (2006) cita três funções para o tutor: a função orientadora, mais centrada na área afetiva, a função acadêmica, mais relacionada ao aspecto cognitivo, e a função institucional, que diz respeito à própria formação acadêmica do tutor, ao relacionamento entre aluno e instituição e ao caráter burocrático desse processo.

Moran (2005) completando o pensamento de Garcia (2001) explica que na EaD, a tutoria pode ser desempenhada de forma presencial, semipresencial ou a distância. A modalidade presencial, que se realiza por contatos presenciais com os alunos, individualmente ou em grupos, visa a elucidar questões referentes às dificuldades de conteúdo e dúvidas quanto à metodologia ou aos aspectos estruturais do curso, tais como provas, trabalhos acadêmicos entre outros. A tutoria semipresencial ainda é o tipo mais utilizado pelos centros que oferecem ensino a distância, por ser considerado o método mais eficaz para a tutoria.

Em relação à tutoria a distância Garcia Aretio (2001) afirma que este modelo pode ser realizado por meio de correio postal, eletrônico, carta, fax, telefone.o autor chama a atenção para fato de que nem sempre o aconselhamento pode ser feito por correio postal ou eletrônico, visto que nem tudo pode ser expresso facilmente por escrito, uma vez que nem todos têm facilidade para redigir uma carta ou mensagem eletrônica.

 Nesse caso, o autor aponta o telefone como um meio recomendável para a tutoria a distância, já que em muitos casos, é um meio de superar a sensação de solidão do aluno nessa modalidade de ensino, além de resolver dúvidas, dar orientação, conectar oralmente tutor e aluno e, em casos específicos, evitar deslocamentos; levando em consideração estas características, a tutoria por telefone tem muitas das funções da tutoria presencial.

A função orientadora conforme afirmam Barbosa e Rezende (2006) se apóia nos processos de integralidade, orientação dirigida a todas as dimensões da pessoa; universalidade, orientação dirigida a todos os orientandos; continuidade , orientação durante todo o processo de ensino-aprendizagem; oportunidade orientação nos momentos críticos da aprendizagem; e participação no qual todos os tutores devem participar do processo de aprendizagem do aluno matriculado em mais de uma disciplina na mesma instituição.

Litwin (2001) citado por Nepomuceno et. al (2004) afirma que é preciso ter em mente que tanto o professor quanto o tutor são responsáveis pelo bom  ensino e que a  EaD fornece uma diversidade muito grande de suportes que ambos poderão utilizar, não apenas para dinamizar o curso, mas principalmente, para contribuir de forma marcante na evolução do processo ensino-aprendizagem. 

Nesse sentido, Pierre Lévy (2000) citado por Nepomuceno et. al (2004) ressalta que o novo papel do professor-tutor precisa ser repensado para que não se reproduzam nos atuais ambientes de educação a distância concepções tradicionais das figuras do professor/aluno, devendo-se fazer uma reflexão sobre interação, novas linguagens e instrumentos de mediação.

Para os autores supracitados, devem-se elaborar situações pedagógicas onde as diversas linguagens estejam presentes “As linguagens são, na verdade, o instrumento fundamental de mediação, as ferramentas reguladoras da própria atividade e do pensamento dos sujeitos envolvidos” (Nepomuceno et. al, 2004).

Ao reconhecer esta importância, Bechara (2006) ressalta que com toda essa mudança, não é difícil imaginar que o processo ensino-aprendizagem necessite de um novo significado para a construção de uma nova prática educativa, visto que a tecnologia sozinha não resolve os problemas educacionais e sociais, podendo gerar um abismo ainda maior na sociedade. Nesse sentido, “fica aparente a importância da "presença" de um Educador Virtual, que acompanhe este processo de auto-aprendizagem e "cuide" de seus aprendizes” (BECHARA, 2006).

Nepomuceno et. al. (2004) comunga com a ideia de Bechara (2006) ressaltando que os alunos esperam compreender melhor o conteúdo com o auxílio do tutor apesar de desejarem, logo a seguir, autonomia e reflexão crítica, sendo este o principal objetivo da educação à distância.

Para Bechara (2004) o tutor garante o alcance dos objetivos propostos e cria uma parceria com o aluno para contribuir no processo de construção do pensamento em rede e mediar as interações. Promover o diálogo, o debate e desafios que despertem atitudes críticas e reflexivas também são atribuições deste educador.

 

Características da função e perfil do tutor

 

Moreira (2010) cita que para oferecer uma educação a distância de qualidade, é importante que o curso possua uma equipe multidisciplinar que possa explorar a variedade de ferramentas tecnológicas e as diversas formas de interação entre seus atores, buscando assegurar o alcance do sucesso no processo de ensino-aprendizagem de seus profissionais e alunos. Nessa perspectiva, pode-se considerar de grande importância uma configuração institucional adequada ao curso a ser ofertado juntamente com as tecnologias para a mediação dos conteúdos. Para isso é necessária a atuação de profissionais de diversas áreas do conhecimento: diretoria, atendimento e informações, secretaria, assessoria de comunicação e marketing, coordenação acadêmico-pedagógica atuando juntamente com a coordenação tecnológica, toda uma equipe com o objetivo de cooperar com o sucesso do processo de ensino aprendizagem.

Segundo Carvalho (2007) o tutor é o professor que atende o aluno diretamente no pólo, orientando-o na execução de suas atividades, auxiliando-o na organização do seu tempo e dos seus estudos. Geralmente ele apresenta uma formação generalista vinculada à área do curso e não a uma determinada disciplina. Uma das atribuições do tutor é tirar as dúvidas dos alunos em relação aos conteúdos apresentados, mas é necessário considerar que dependendo da disciplina ou do conteúdo, esta tarefa poderá não ser desempenhada com sucesso “O tutor é a figura mais próxima dos alunos e o relacionamento entre estes dois grupos é sempre estruturado em um grau de afetividade bastante considerável” (CARVALHO, 2007).

De acordo com Morgado (2003) o tutor não é um professor no sentido tradicional do termo, ou seja, quem ministra o ensino, muito embora seja um especialista na área de conhecimento dos conteúdos. Ele é antes quem faz a mediação entre os conteúdos e o estudante através das tecnologias, definindo-se o seu papel em torno de um diálogo individualizado, com a função de estimular, manter o interesse e motivar, apoiar, dar feedback, ou seja, facilitar e guiar a aprendizagem através da sua relação com o estudante.

A autora afirma também que diante das mudanças ocorridas no campo da educação à distância, o papel do tutor não pode ser comparado ao papel do professor nos sistemas de ensino presencial, na medida em que se pressupõe que seja um facilitador e um guia da aprendizagem do estudante.

No que tange às funções tutoriais, Suzuki (2010) pontua que  estas relacionam-se à necessidade de associar a tecnologia em si, com a pessoa que irá orientá-las.  Suzuki  denomina esse processo de engenharia pedagógica no qual o tutor e/ou designer instrucional conforme denomina a autora, precisa ter conhecimentos sobre as ferramentas pedagógicas para assim orientar os alunos.

No entender de Talbot (2003) isso implica que ele seja competente em vários domínios: no domínio científico, no domínio tecnológico e no domínio da pedagogia do ensino a distância, utilizando técnicas e estratégias que facilitem e apoiem a aprendizagem, ajudando o estudante a auto-gerir o seu projeto de aprendizagem.

Pagnan (2010) ao tratar das funções tutoriais, cita que professor e aluno são protagonistas. Cabe pois ao primeiro direcionar o segundo para que assuma esse novo papel. Segundo o autor, cabe ao tutor orientar este aluno a partir de materiais disponibilizados nas webaulas a fim de mediar um ensino que esteja de acordo com aquilo que a instituição está ensinando.

Existem dois tipos de tutores: aquele que exerce a função docente e o que não exerce.  Conforme Moreira (2010)  aquele que não exerce a função docente deve ser referência de apoio ao estudante, procurando, de acordo com os conhecimentos que irá obter antes e durante o curso sobre o aluno, ser capaz de elaborar estratégias e instrumentos com o objetivo de ampliar as chances de aprendizagem.

Além disso, cabe a este tipo de tutor: Mediar relações entre a coordenação e os professores; Mediante interação com os estudantes, fazer com que estes desenvolvam atitudes favoráveis à construção do conhecimento. Nesse processo, a motivação do aluno deve ganhar grande enfoque; Procurar estabelecer um clima de confiança entre os integrantes do curso de forma a alcançar os objetivos propostos pelo curso; Orientar e resolver dúvidas dos estudantes em todo seu percurso, do início ao fim do curso.

Para Moreira (2010) o tutor que exerce a função docente ministra cursos a distância e deve possuir perfil e atuação que a rigor não diferem do professor que atua na modalidade do ensino presencial. Dentre os requisitos para essa função estão o “conhecimento do conteúdo, formação pedagógica relativa ao manejo e organização de classes, conhecimento curricular, visão crítica dos conceitos educacionais, suas raízes históricas e filosóficas”.

Oito aspectos são fundamentais para que um tutor exerça suas funções de modo a satisfazer as necessidades dos alunos na modalidade à distância (Cf. Moreira, 2010).

Os conhecimentos são resultantes de uma construção, com uma dimensão histórica. Essa dimensão deve ser considerada tanto na construção de novos conhecimentos como na transmissão de conhecimentos já instaurados. Levando isso em consideração, é importante compreender que os conhecimentos não são verdades inquestionáveis.

O aluno deve possuir papel ativo nas situações de ensino-aprendizagem com a intencionalidade de que a aprendizagem seja melhor construída e internalizada, sempre levando em conta suas individualidades culturais e sociais, interesses e disponibilidade para interação com os outros atores do curso.

Deve-se propiciar o envolvimento afetivo do aluno com seus colegas nas relações de ensino-aprendizagem, desenvolvendo atividades em grupos.

Objetivando o desenvolvimento da autonomia do aluno, o tutor deve fazer uso de atividades cooperativas, como promover a participação em grupos de discussão e participação em redes interativas.

Deve-se fomentar a discussão de questões e problemas e encorajar a descoberta de soluções através da mediação do professor de forma significativa.

Com o advento da internet e de outras tecnologias digitais que possibilitam uma grande variedade de interações, o tutor redefine o seu papel, sendo facilitador, instigador e, muitas vezes, colega e colaborador.

É preciso valorizar a diversidade cultural que existe em um curso a distância.

Deve-se constantemente buscar programas (softwares) educativos que atendam às avançadas demandas de propostas em EAD, reforçando sua qualidade e sua proposta de democratização.

A importância da capacitação de tutores

Tão importante quanto possuir conhecimentos na área de tutoria, é a formação continuada destes profissionais. De acordo com Araújo (2010) a  Educação a Distância exige professores com formação continuada e domínio de recursos tecnológicos, utilizando adequadamente as ferramentas do espaço virtual. A autora pontua que o professor/tutor assume um papel de grande dimensão na EAD, não podendo ficar estagnado, mas buscando conhecimentos necessários para outras disciplinas, ou seja, ressignificando seus conhecimentos no sentido amplo da educação, para trabalhar com estratégias de mediação nos cursos à distância.

Litwin (2001) relata que durante a formação de professores não existe um modelo padronizado ou hierarquizado no contexto educacional contemporâneo. Existe, sim, uma mudança na sociedade e na escola de adaptação a novos valores culturais em relação ao ensino, tornando o docente inovador nas aprendizagens, criando novas possibilidades de ensino através dos recursos tecnológicos.

Gomez (2004) complementa dizendo que a competência do professor tutor continuará sendo conceitual e política, já que a questão é desvendar, desarmar e recriar fatos de leitura e escrita complexos com estratégias apropriadas para a produção do próprio texto e de relações significativas.

Souza (2010) afirma que os professores/tutores têm que examinar e conceituar as contribuições individualmente para poder avaliar a qualidade da participação dos aprendizes no ambiente virtual. A avaliação dos aprendizes em cursos na Web deve acompanhar os desdobramentos que ocorrem durante o aprendizado, deixando de ser isolado.

Uma importante observação é feita por Costa (2010) em relação a formação capacitação de tutores. Segundo ele, dentro deste enfoque deve-se estar atento a relevância da subjetividade na esfera da Ead e considerar: o respeito ao aluno, o resgate de sua auto-estima, o incentivo e apoio nas suas carências educacionais,a motivação, e por fim, entender o ser humano como ser complexo, contraditório e inacabado.

Assmann (2010) concordando com o pensamento de Costa, ressalta que para que se desenvolvam experiências de aprendizagem, os aprendentes (tutores) devem mobilizados por um envolvimento não apenas mecânico (mera participação nos cursos de formação) ou de estarem presencialmente, mas à distância enquanto educador-sujeito. Tal perspectiva  requer uma interação social, responsável, dialogal, ética e de alteridade no processo de formação pedagógica.

De acordo com Moreia (2010), o ensino online implica mudanças importantes na concepção do papel do tutor em ensino a distância para o qual não se encontra preparado. Ao introduzir o grupo como nova dimensão da interação no ensino a distância, o ensino online permite que diferentes tipos de interação se concretizem no mesmo contexto e realiza, no mesmo passo, uma viragem para a dimensão social da comunicação e da aprendizagem. Nesta base, o tutor de ensino a distância regressa ao paradigma da sala de aula, embora a uma sala de aula com novas características.

Em razão disso, a autora adverte que não se pode por isso assumir que as suas competências e abordagens pedagógicas necessárias neste novo contexto de ensino-aprendizagem são automaticamente transferíveis para o ambiente online, que envolve aspectos pedagógicos, tecnológicos e até pessoais específicos, requerendo, por isso, uma formação concreta que, idealmente, deverá passar por uma experiência de aprendizagem online prévia.

 

 

 

As responsabilidades do aluno de um curso de EaD

 

 

Na era da informatização, do mundo digital e virtual, nos cursos de formação profissional feitos a distância, sabe-se que as aulas são oferecidas através da internet, sendo que algumas vezes pode ser necessária a presença do aluno na faculdade, para realizar provas ou aulas experienciais. A principal característica de alunos que cursam o ensino à distância é o senso de responsabilidade, a autogestão, pois não há a obrigatoriedade de comparecimento nas salas virtuais, embora hoje muitos cursos exijam a participação do aluno no momento exato de algumas disciplinas (BARROS, 2011).

É necessário que o discente seja uma pessoa ativa, esforçada, dedicada e que tenha grande capacidade de compreensão, podendo contar com recursos próprios para a aprendizagem. Há também as responsabilidades que ficam por conta dos alunos, como a responsabilidade e o compromisso com os estudos (NEDER, 1999).

Os recursos de informática também são considerados importantes. O aluno deve ter internet de banda larga, comandar determinadas técnicas de navegação, ter domínio dos programas que o curso utiliza e ter os mesmos instalados em seu computador, além das caixas de som, webcam, meios de impressão e outros. Algumas faculdades oferecem treinamento antes do início das aulas. Para isso, basta conferir se existe a necessidade de participar dos mesmos (PRETTI, 2000).

É importante que os alunos participem das atividades propostas, a fim de manter relacionamento com outros estudantes e com os professores, que podem sanar suas dúvidas no exato momento das aulas (NEDER, 1999).

O aluno interessado por educação à distância poderá tornar ainda mais atraente o aprendizado, quando utilizar a ambientes mediados por computador. Assim, os alunos poderão dialogar entre si ou com professores como em um “bate-papo” trocando idéias sobre o curso. Poderão ainda apresentar trabalhos aos seus colegas, colaborando para a construção do conhecimento de ambos (LÉVY, 1993).

Na educação online, o aluno deverá ter uma participação ativa na construção de seu próprio conhecimento, permitindo-o entrar em contato com seus potenciais, a fim de desenvolvê-los e ao mesmo tempo suprir as dificuldades e deficiências identificadas. Assim, ele terá que se dedicar mais, buscar mais, autogerenciar o aprendizado; pois a interatividade, as trocas fazem com que todos participem e busquem alternativas para um aprendizado mais efetivo. Trabalhando de forma cooperativa, os alunos são levados à refletir sobre o pensamento dos outros, respeitando-se, ajudando-se, trocando e aceitando idéias  (PRETTI, 2000).

 

DESAFIOS E POSSIBILIDADES DA EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA

 

Os desafios atuais enfrentados pela educação com a crescente demanda de formação inicial e continuada ao longo da vida, somados à necessidade de preparar profissionais flexíveis, dinâmicos, com abertura para trabalhar em equipe e com autonomia para buscar informações e resolver problemas, associados à disseminação do acesso às tecnologias de informação e comunicação – TIC -, ampliou a oferta de programas de educação a distância – EaD - e reabriu as discussões sobre a potencialidade de desenvolver essa modalidade de ensino integrando distintas mídias e metodologias (ALMEIDA, 2009).

É importante salientar que, da mesma maneira que não existe uma única forma ou abordagem educacional para desenvolver a educação presencial (convencional), não existe uma única forma ou abordagem para a EaD on-line. É inadequado comparar uma educação presencial de qualidade com uma EaD ineficaz ou vice-versa. O que importa é compreender as características, potencialidades e limitações de cada tecnologia que possa contribuir para os processos educacionais, presenciais ou a distância (PRETTI, 2000).

Enquanto a EaD se manteve centrada em tecnologias convencionais como rádio, televisão e material impresso, pouca atenção foi dada à atuação do professor, tendo em vista que as informações eram produzidas pelos centros de ensino e distribuídas uniformemente para todos os alunos. A definição de conteúdos, a elaboração dos materiais instrucionais e o planejamento das estratégias ficavam sob a responsabilidade de uma equipe de profissionais de diversas áreas de atuação, incluindo professores, técnicos em programação visual, especialistas em conteúdos e outros. Nessa modalidade de EaD, ainda praticada hoje, o professor ou o especialista no conteúdo é visível ao aluno por meio da autoria do material impresso. Cabe a um tutor a função de interagir com o aluno, visando a orientá-lo em suas dúvidas sobre as atividades propostas para que ele as desenvolva individualmente. O foco das preocupações incide sobre a qualidade dos materiais de apoio, e não há necessidade de formar o professor para que ele possa integrar as equipes de planejamento e produção de materiais, nem para assumir a tutoria (ALMEIDA, 2009)..

A incorporação da TIC pela EaD tornou essa modalidade educacional mais complexa devido às seguintes características da tecnologia digital: propiciar a interação das pessoas entre si, das pessoas com as informações disponibilizadas e com as tecnologias em uso; ampliar o acesso a informações atualizadas; empregar mecanismos de busca e seleção de informações; permitir o registro de processos e produtos, a recuperação, articulação e reformulação da informação; favorecer a mediação pedagógica em processos síncronos ou assíncronos; criar espaços para a representação do pensamento e a produção de conhecimento. Dentre essas características, merece destaque o registro, devido à possibilidade de recuperação instantânea e contínua revisão e reformulação (PETERS, 2001).

Dentre as várias áreas de atuação da Educação à Distância, encontram-se o treinamento e o aperfeiçoamento de professores, profissionais da área da saúde, agricultura e muitas outras. Esses cursos são oferecidos tanto pelo governo quanto por instituições privadas; hoje em dia, é crescente o número de instituições que desenvolvem programas de treinamento de seus funcionários e futuros funcionários através dessa modalidade de educação (BARROS, 2011).

A interatividade inerente à TIC é potencialmente favorável à criatividade, à expressão do pensamento e à interação. Porém, a tecnologia em si mesma não é condição suficiente para a criação inovadora ou para garantir a qualidade da EaD. As possibilidades proporcionadas à EaD pela TIC tanto podem otimizar processos centrados em métodos instrucionais que reforçam a rápida e eficiente transmissão de informações, o controle da participação do aluno pela quantidade de acessos às atividades e resultados produzidos, a aplicação de sofisticados processos automatizados de avaliação somativa e feedbacks padronizados, quanto podem significar o desenvolvimento de atividades com alto nível de interação e produção de conhecimento (RODRIGUES; BARCIA, 2010).

Entre os dois pólos dessa dualidade, para se definir um programa de EaD, antes de selecionar as tecnologias de suporte, há de se considerar intenções, objetivos, condições contextuais, incluindo as condições de aprendizagem dos alunos e as suas possibilidades de acesso às tecnologias, os conteúdos e as estratégias a desenvolver. A complexidade desse processo evidencia que não há uma tecnologia que solucione todas as situações educacionais. Os objetivos educacionais e as necessidades contextuais são as referências indicadoras para se identificar as tecnologias e abordagens educacionais mais adequadas (ALMEIDA, 2009).

A informatização dos processos educacionais e a transposição de conteúdos para o meio digital não são suficientes para superar a concepção de EaD como mera distribuição de informações de um centro emissor para receptores passivos. Para tanto, há de se investir na criação de referências sobre tecnologias em EaD, considerando-se os diferentes meios e linguagens que entrelaçam forma e conteúdo nas representações de fatos, fenômenos, conceitos, informações, objetos e problemas em estudo. Da mesma maneira, docentes e alunos devem ser considerados sujeitos ativos da aprendizagem, comunicação, interação, seleção, articulação e representação de informações (MASETTO, 2004).

Convive-se na tensão entre a mudança impulsionada pelas possibilidades da tecnologia e a estabilidade encapsuladora das práticas pedagógicas pautadas pela transmissão de informações. Paradoxalmente, as práticas educacionais embasadas em abordagens construtivistas e sócio-interacionistas também se encontram em face de um dilema causado pelas propriedades dos recursos tecnológicos disponíveis, que muitas vezes restringem o desenvolvimento de atividades de caráter mais participativo. No entanto, quando se identificam limitações tecnológicas e se tem apoio técnico necessário para o desenvolvimento de metodologias adequadas às abordagens educacionais adotadas, é possível criar estratégias que permitam superar ou contornar as restrições. Para que isso seja possível, as equipes de desenvolvimento precisam trabalhar em sintonia, tendo em vista a finalidade precípua: a proposição de atividades que proporcionem a aprendizagem do aluno (RODRIGUES; BARCIA, 2010).

O surgimento de instituições especializadas nessa forma de ensino é um fato que nos faz pensar na EAD como uma possibilidade forte para o futuro da educação. Há casos em que a EAD não é apenas um complemento de um curso ou formação, mas é utilizada em toda sua extensão (BARROS, 2011).

Fatores como falta de tempo, deficiência física, dificuldade com transporte e a flexibilidade de horário que a EAD oferece são os principais motivos que levam a procura de cursos à distância. Mas cabe ressaltar que a EAD em si não fará milagres. O alcance dos objetivos do processo de ensino depende das instituições, dos alunos e professores e, ainda, da maneira como esses agentes lidam com as ferramentas de um curso a distância (MASETTO, 2004).

Uma possibilidade lamentável, temida pela sociedade, é o processo de transformação da educação em puro mercado. Empresas podem aproveitar as facilidades da EAD e, com propósitos puramente comerciais, oferecer cursos a distância que não cumprem bem seus papéis no processo de formação. O desinteresse das instituições no treinamento dos professores e tutores pode prejudicar a EAD. Essa questão traz a necessidade de fiscalização do sistema, seja por parte dos usuários ou do governo. A importância da educação na construção de um futuro melhor para a sociedade não permite que as instituições menos sérias sejam eliminadas apenas pelas regras de concorrência de mercado, sob o risco de causar danos e atrasos à educação no país (PETERS, 2001).

Para os desenvolvedores de plataformas digitais para EaD ou ambientes virtuais de aprendizagem, o desafio está em criar ambientes flexíveis, acessíveis e utilizáveis por pessoas com distintos perfis de domínio da tecnologia digital, que permitam ao aprendiz navegar e fazer descobertas. Devem deixar espaço suficiente para que ele se sinta livre para expressar idéias, dialogar, interagir com informações, recursos e pessoas, e produzir conhecimento, sem sentir-se perdido ou confuso a ponto de abandonar o ambiente. O questionamento é sobre a quantidade de informação que o ambiente deve fornecer para orientar o aprendiz e em que medida pode deixar as construções por sua conta (BARROS, 2011).

 

 
 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

O estudo mostra o importante papel das novas tecnologias da informação na educação, assim como seu impacto sobre a aprendizagem. Nota-se que não somente os recursos tecnológicos como aqueles utilizados no surgimento da EaD, como também a internet e tantos outros aparatos que estão surgindo, auxiliam muito na divulgação de informações e dados dos cursos oferecidos pela educação à distância.

Essa modalidade educacional deve ser vista sob ângulos diversos, uma vez que existem as características comunicacionais, a organização dos cursos, e há ainda a separação física entre alunos e professores ou o tipo de suporte utilizado. Sobre esta última característica destaca-se que a questão física acaba se tornando uma barreira para alguns alunos, enquanto      que para outros não.

Acerca destas mudanças é importante ressaltar que há pouco tempo atrás os sistemas de formação eram feitos apenas na modalidade presencial, o que de certa forma limitava as interações dos estudantes apenas com os professores e demais colegas de curso. Com o surgimento da EaD, a educação teve a oportunidade de participar desta proposta e os resultados tanto no campo da formação continuada de professores, quanto de formação superior e/ou pós graduação tem sido satisfatórios.

Os diversos cursos oferecidos nesta modalidade favorecem a possibilidade de interação, atualização de informações e maior participação das pessoas aos grupos tanto do espaço acadêmico, quanto social, viabilizando consequentemente, ao mercado de trabalho.

Tal realidade revela que o tutor de EaD precisa compreender que não basta apenas colocar os alunos em ambientes digitais para que ocorram interações significativas, nem tampouco se pode admitir que o acesso a hipertextos e recursos multimediáticos dê conta da complexidade dos processos educacionais. Pelo contrário, para que ocorra esta interação, é necessário que o aluno faça as leituras, mas, que também se interaja com os professores/tutores e demais colegas, a fim de que a interatividade ocorra de fato.

Em razão do grande número de informações que chegam a todo o momento, a realidade educacional exige um tutor capacitado para lidar com as inovações. No entanto, as instituições que oferecem esta modalidade de ensino devem propiciar aos seus tutores a formação continuada, para que assim possam oferecer um ensino que tenha significado para o aluno, de modo que a distância seja apenas física, já que é possível estabelecer uma comunicação eficaz entre aluno e tutor.

Por outro lado, os alunos desta modalidade necessitam ter a consciência de que as responsabilidades assumidas junto a instituição devem ser assumidas, sob o risco de serem reprovados assim como a modalidade presencial.

 

 
 
REFERÊNCIAS

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1 Professora da rede pública de ensino da Secretaria da Educação –Go, aluna do curso de Licencitura em Informática pela UEG, 2013.Email. [email protected]