ECONOMIA SOLIDÁRIA E A DICOTOMIA ENTRE A TEORIA E A PRÁTICA

Alysse Cândido Rodrigues Soares

Isabela Germano de Oliveira

Laura França Souza

Paula Mariana Ferreira do Amaral

Thais de Paula Rocha Marques

Palavras-chave: Economia Solidária. Desigualdade. Empreendedorismo. Autogestão. Belo Horizonte.

1 INTRODUÇÃO

            O presente artigo tem por objetivo analisar o comportamento do grupo que se intitula como economia solidária e tem parceria com a PUC Minas. Para realizar o estudo é necessário ter conhecimento prévio sobre a teoria de economia solidária, abrangendo tanto histórico quando os conceitos e características fundamentais. A partir do arcabouço teórico e dos dados disponíveis, será realizado um estudo de caso que irá retratar se o grupo antes mencionado está em concordância com a teoria.

2 ORIGEM DA ECONOMIA SOLIDÁRIA

De acordo com Ogando e Gaiger (2009), foram as crises econômicas durante a década de 1980 que impulsionaram o surgimento da economia solidária, tendo em vista, que a mesma teria o objetivo de absorver o grupo de pessoas excluídas que apareciam por contas das desigualdades, sendo que as soluções manifestavam-se na forma de empreendedorismo coletivo. Era iniciada, por tanto, uma ruptura com o antigo modo de organização de trabalho, deixando de lado as determinações da relação de produção capitalista.

No Brasil, a “distância” entre ricos e pobres é gigantesca, o mesmo apresenta uma dicotomia, tendo em vista que um dos maiores exportadores de alimento do mundo, no entanto, tem uma grande parcela da população passando fome. (OGANDO; GAIGER, 2009).

Em linhas gerais, tanto o modelo de desenvolvimento capitalista quanto o socialista foram processos que desenvolveram a estrutura de classes dentro das nações centradas na relação contraditória entre trabalhadores, capital e Estado desenvolvimentista. Contudo, a partir da crise mundial nas décadas de 70/80, as formas de trabalho foram se reorganizando, sendo que a principal característica foi a emergência de um importante Setor Informal Urbano (SIU) que foi somado ao trabalho assalariado urbano (comprado ilegalmente pelas empresas fora do mercado de trabalho), à produção camponesa de subsistência e ao trabalho dos peões rurais e de outros trabalhadores em explorações agropecuárias (CORAGGIO, 2003). Os pequenos empreendimentos se tornaram a saída para os desempregados afetados pela crise, afinal, mesmo com a falta de experiência de produção, baixo conhecimento administrativo e até mesmo a falta de legalização, era preciso uma fonte de capital que atendesse as necessidades de consumo, e muitas vezes grande parte desses recursos vinha das mulheres devido sua experiência doméstica.

Para Coraggio (2003), o empobrecimento dos setores médios e a crescente redução do setor assalariado fizeram com que os ganhos médios reduzissem, a “taxa de mortalidade” aumentasse e o setor informal ampliasse, e esse processo, nos anos 80 e 90, foi denominado como “economia popular”.  No entanto, foi apenas no ano de 1990 que o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) procurou substituir seus princípios de origem para ideias pautadas no desenvolvimento da periferia, levando em consideração, portanto, o desenvolvimento humano. Foi reconhecido, ainda, o fundo de trabalho das Unidades Domésticas (UD), que abrangia o trabalho mercantil, seja por conta própria, isto é, produtor de bens e serviços para o mercado, ou assalariado; e o trabalho de reprodução propriamente dita, seja de produção de bens e serviços (para o autoconsumo ou consumo comunitário), ou de formação e capacitação.

            Essa construção de um setor econômico baseado na produção de pequenos empreendedores, que surgiram em meio à crise, pode ser alavancada por diversos incentivos políticos, como projetos que facilitam a criação de microempresas. Segundo Coraggio (2003, p. 9), “a realização dessa economia do trabalho requer que se passe da competição individualista pela sobrevivência à ação associativa em localidades complexas, a fim de melhor se resolverem as necessidades de todos democraticamente legitimadas”, mas essas características que levam ao fortalecimento industrial são mais facilmente encontradas em países desenvolvidos. 

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