ead - metodologia no ensino superior

 

Antônio Diego Almeida de Morais[1]

Jan Santana[2]

 

Resumo

 

O presente artigo aborda as metodologias de educação à distância disponíveis no ensino superior. O objetivo principal desse é compreender essa modalidade de ensino a partir dos métodos e ferramentas que as instituições utilizam. Nesse estudo, apresentaremos a EaD no ensino superior e suas metodologias. Sua importância esta em estudar o tema sobre vários aspectos e nesse o foco é a metodologia a fim de compreender a EaD e suas faces. Assim utilizou-se de pesquisa empírica, bibliográfica, qualitativa, descritiva e explicativa. Interação e tecnologias da informação e comunicação são as grandes aliadas da educação à distância. Abordaremos a EaD, conceitos, um pouco de sua história, suas metodologias e ferramentas de comunicação que as instituições de ensino superior utilizam.

 

Palavras-chave: educação à distância; ead; metodologia; interação.

 

 

Introdução

 

O presente trabalho tem por objetivo apresentar um estudo sobre a metodologia de educação a distância empregada no ensino superior.

A busca pelo tema é algo constante nos dias atuais e sua importância está em sempre expor o assunto sobre ângulos diversos, e neste caso, a fim de compreender a Educação à Distância (EaD) a partir da sua metodologia.

A modalidade de ensino a distância invadiu o meio acadêmico. Compreendê-lo torna-se instigante e necessário. As instituições de ensino superior buscam cada vez mais as tecnologias da informação e comunicação no amparo das novas ferramentas que a educação exige.

Não se pode pensar apenas em estudantes sentados numa mesma sala de aula, o novo sistema educativo e o futuro da educação perpassa pela educação a distância, seja como aliada ou como uma nova forma de ensino. Várias ferramentas estão disponíveis para que a troca de informação ocorra de forma satisfatória e com qualidade, numa interação constante antes e depois da aula.

O fator interação é de grande relevância ao abordar o tema, visto que é uma das maiores dificuldades dos programas de EaD das instituições de Ensino Superior (IES). Tempo e espaço já não são os mesmos quando vistos de dentro de uma ambiente virtual de aprendizagem. As atitudes das universidades e faculdades interferem muito no aprendizado de seus alunos. O freio na EaD perpassa por sua qualidade e o Ministério da Educação e Cultura (MEC) está empenhado nisso.

Esse artigo propõe investigar em que a metodologia define a  EaD, se as instituições de ensino superior utilizam um mesmo padrão em seus métodos e se existe diferenças na forma de ensino dessas IES, assim torna-se possível compreender esta modalidade.

A pesquisa realizada fora de caráter empírica, bibliográfica, qualitativa, descritiva e explicativa no intuito de responder os apontamentos acima.

O artigo está divido em duas seções. Na primeira aborda-se sobre a educação à distância conceituando-a, um pouco da sua história e apresentado esta dentro do ensino superior e seu crescimento nos últimos anos. Na segunda seção trataremos das metodologias da EaD utilizadas pelas instituições de ensino superior, como também ferramentas de comunicação usadas na interação da relação professor/aluno.

 

EAD NO ENSINO SUPERIOR

 

A educação à distância atingiu todos os níveis da educação nos últimos anos, mesmo sofrendo preconceito, a mesma hoje se faz presente no ensino superior. Esse por sua vez adapta métodos que encaixem em seus objetivos.

Mas para compreender melhor o que é educação à distância, ou simplesmente EaD, faz-se necessário expor algumas definições:

Segundo Pimentel (2006)

 

       a EaD está fundamentada nas seguintes características:

  • Educação a distância é o processo de ensino-aprendizagem, mediado por tecnologias, onde professores e estudantes estão separados espacial e/ou temporalmente.
  • É ensino/aprendizagem onde professores e estudantes não estão normalmente juntos, fisicamente, mas podem estar conectados, interligados por tecnologias, principalmente as telemáticas, como a Internet, mas também podem ser utilizados o correio, o rádio, a televisão, o vídeo, o CD-ROM, o telefone, o fax e tecnologias semelhantes.
  • Na expressão “ensino a distância” a ênfase é dada ao papel do professor (como alguém que ensina a distância). Preferimos a palavra “educação”, que é mais abrangente, embora nenhuma das expressões, segundo o professor, seja perfeitamente adequada (PIMENTEL,  2006, p. 9 apud MORAN, 2002).

 

Machado & Barbosa (2011, p. 8 apud BELLONI, 2001, p. 3) afirmam que a “educação a distância é a modalidade de ensino adequada às sociedades contemporâneas”. Além desses cita-se a Unitins (2007)

 

a educação a distância é a metodologia de ensino em que as tarefas docentes acontecem em um contexto distinto das discentes, de modo que estas são, em relação, às primeiras, diferentes no tempo e no espaço ou em ambas as dimensões ao mesmo tempo. (UNITINS, 2007, p. 66 apud SARRAMONA, 2000)

 

Em suma, percebe-se que existem muitos autores que definem esta metodologia de ensino. Ressalta-se que existem ainda muitos outros autores que não estão neste estudo. Contudo nota-se que a educação a distância está intimamente ligada aos aspectos espaciais e temporais, ou seja, ao tempo e ao espaço no qual ocorre o processo ensino-aprendizagem dos atores envolvidos.

As tecnologias da informação e comunicação (TICs), principalmente o computador e a internet, tem contribuído para a expansão da EaD no ensino superior. Em seu histórico a educação a distância data muito antes do que se pensa. Segundo Romano (2008, p. 322) “a origem da Educação a distância, já longe das cartas de Platão e das epístolas de São Paulo, está nas experiências de educação por correspondência, iniciados no final do século XVIII e com largo desenvolvimento em meados do século XIX.” A educação a distância surgiu oficialmente através de correspondência com o curso de taquigrafia oferecida pelo professor Cauleb Philips após um anúncio na Gazeta de Boston (EUA) por volta 1728.

Outros cursos foram sendo criados e oferecidos por todo o mundo, incluindo o Brasil. Machado e Barbosa (2011, p. 14) diz que o “Instituto Monitor foi a primeira escola no Brasil a oferecer educação a distância”. O curso oferecido era o de construir um rádio caseiro. Logo surgiu o Instituto Universal Brasileiro, em 1941, que utilizava quadrinhos, fotonovelas e publicações populares, pelos quais oferecia cursos profissionalizantes.

A educação a distância surge com os cursos profissionalizantes, passam a competir com as instituições superiores que por estarem localizadas nos grandes centros, vê-se instigada a expandir seu campus. Nessa busca a melhor alternativa é adentrar na EaD. Os primeiros cursos das universidades propunham extensão universitária.

No Brasil, segundo Romano (2008):

 

em 1991, a partir da criação de uma secretaria de Educação a Distância no MEC, a SEED/MEC, vários programas de EaD de qualidade são implantados em âmbito nacional: Um Salto para o Futuro, TV Escola, Proinfo, Fundescola e Proformação. A partir do ano 2000, o MEC credencia as universidades para oferecerem cursos a distância. Apropriando-se da prática educativa das redes de cooperação, as instituições de Ensino Superior, que trabalham com EaD, passam a se reunir em consórcios, integradas por internet, tele e videoconferências (ROMANO, 2008, p. 324).

 

As instituições Superiores com aval do Ministério da Educação e Cultura (MEC) criam associações, visto que a EaD é algo custoso, apesar dos resultados financeiros serem altos, ocorre muita preocupação com o processo de ensino-aprendizagem dos alunos e da qualidade dos serviços oferecidos. A Secretaria de Educação à Distância (Seed) é responsável por projetar, legislar, avaliar e orientar os programas de EaD, com o intuito de democratizar o acesso ao ensino superior de qualidade. Desde de 1996, o MEC através desta secretaria busca nortear o crescimento e acompanhar os cursos superiores quanto a sua qualidade.

Pimentel (2006, p. 24) diz que “a maior parte das IES brasileiras mobiliou-se para a EaD com o uso de novas tecnologias da comunicação e da informação somente na década de 1990”, visto que foi nesta década que o globo mais desenvolveu essas novas tecnologias.

O Ministério da Educação (MEC) já divulgou, com base numa supervisão realizada no primeiro semestre de 2009, que houve, no nível de graduação, um crescimento estimado superior a 90% no número de alunos em 2008” (Associação Brasileira de Educação a distância, 2010, p. 4). O presente crescimento da EaD nos cursos superiores em nosso país dar-se em correspondência as tendências mundiais tanto na educação continuada como na formação contínua, o qual utiliza as tecnologias disponíveis na possibilidade de oferecimento de interações professor/aluno e alunos/alunos sem que para isso haja horários predeterminados. Além de democratizar o acesso ao nível superior de ensino que fica localizado principalmente nas capitais.

Um dado que fomenta esse crescimento, é que o MEC proíbe que exista diferença no diploma entregue aos alunos, ou seja, independentemente da modalidade do curso o certificado é o mesmo, com os mesmos dados. Logo nenhuma empresa poderá distinguir se a formação do indivíduo foi presencial ou à distância.

 

METODOLOGIAS DA EAD

 

As metodologias utilizadas na EaD se diferenciam de acordo com as que instituições superiores adotaram. Apesar do Ministério da Educação regulamentar todos os seus aspectos, ainda assim as instituições criam e recriam seus métodos.

A Portaria 4.059/04 estabelece normas para o funcionamento de atividades semipresenciais. A mesma caracteriza

 

semi-presencial como quaisquer atividades didáticas, módulos ou unidades de ensino-aprendizagem centrados na auto-aprendizagem e com a mediação de recursos didáticos organizados em diferentes suportes de informação que utilizem tecnologias de comunicação remota (BRASIL, 2004, p. 34 ).

 

Semipresencial são esses momentos mediados pelo docente com auxílio de diversos recursos. Romano (2008, p. 339) afirma que “em geral as metodologias dos cursos de ensino a distância estão focadas na informação ou concentradas privilegiadamente na questão da interação”, entende-se que a interação é o ponto chave na preocupação dos cursos superiores a distância.

Os cursos buscam introduzir tecnologias para favorecer esta interação, entre elas citam-se os AVAs (ambientes virtuais de aprendizagem), as videoconferências, os chats, fóruns sejam em cursos semipresenciais ou quase totalmente online. A afirmação “quase totalmente online” faz-se necessário visto que existem instituições que oferecem graduação e pós-graduação online, porém conforme legislação do MEC deve as avaliações e apresentação de trabalho de conclusão de curso serem presenciais nos pólos EaD, assim não as caracteriza como totalmente online.

As IES utilizam ferramentas síncronas e assíncronas no processo de interação. Síncronas são ferramentas que permitem comunicação simultânea e instantânea entre os participantes como exemplo os chats, whiteboard, teleconferência, audiconferência e videoconferência, já as ferramentas assíncronas são oriundas da comunicação em tempos diferentes, a interação não é simultânea, como exemplos tem-se o e-mail e os fóruns. O objetivo destas ferramentas é a interação sendo ela simultânea ou não estas contribuirão no aprendizado e na mediação da relação professor/conhecimento/alunos/alunos/professor numa troca de saberes.

“O AVA propicia a consolidação do espaço virtual para interação a distância, o que possibilita a troca de informações, a construção do conhecimento e a criação de comunidades virtuais que interagem por meio de redes e ferramentas de comunicação” (Carvalho, 2006, p. 10). O objetivo destas ferramentas é a interação no aprendizado e na mediação da relação professor/aluno, sendo síncronas ou assíncronas. Desta forma, configura-se os ambientes virtuais de aprendizagem, como novos meios de interconectar alunos e professores.

Segundo Moran (2003), “o importante é que os grupos participem, se envolvam, discutam, saiam do isolamento, um dos grandes problemas da educação a distância”. O autor nos alerta sobre a forma como se deve interagir no curso a distância, e como sabe-se, o conhecimento a distância só ocorre quando se interage uns com os outros. Segundo Matins & Moço (2009)

Em quase 95% dos cursos credenciados, é possível debater conteúdos e trocar ideias com os colegas. "Os trabalhos semanais também costumam ser realizados em grupo e deve-se usar a rede para combinar o desenvolvimento deles e as datas de reunião", ressalta Bentes. Outro fator que contribui para a interação é que a organização é feita em turmas em quase metade das instituições. Dessa forma, durante anos, os mesmos alunos seguem juntos, o que os aproxima - como em qualquer faculdade. Por fim, as boas instituições incentivam a organização de grupos de estudo sobre temas específicos. Assim, os alunos aprofundam os conhecimentos trocando informações

com os colegas (MARTINS & MOÇO, 2009, p. 56).

 

Entende-se que as instituições visam crescerem e melhorem seu processo de ensino-aprendizagem ao perceberem que sem interação o mesmo não acontece.

Machado & Barbosa (2011) nos esclarece duas características da EaD

 

A primeira é que o aprendizado acontece em qualquer lugar e tempo de forma sistematizada, devido aos recursos tecnológicos, como material escrito distribuído pelo correio, rádio, internet ou ambientes virtuais de aprendizagem. Depois, enfatiza-se a necessidade de conhecimento pedagógico e técnico para desenvolver atividades em educação a distância, que são diferentes dos momentos presenciais e exigem outras posturas docentes (MACHADO & BARBOSA, 2011, p. 12).

 

As autoras discutem um ponto muito debatido na metodologia(s) EaD, pois muitos desejam adotar métodos que pertence a educação presencial. Num mundo globalizado onde a informação está a um “enter”, precisa-se coerência no que se quer e como se quer ensinar, ou melhor, mediar um curso a distância. Moran (2003) afirma que “o presencial se virtualiza e a distância se presencializa”, pois, mesmo os corpos fisicamente distantes são possíveis estar presente através das TICs, assim como possibilitar interações a distância a alunos de cursos presenciais.

O que se vê atualmente nas metodologias das IES (instituições de Ensino Superior) é uma busca desenfreada por alunos, num processo de concorrência capitalista por maior quantidade de alunos, visto que boa parte destas são particulares, apesar da fiscalização por parte do MEC, podendo assim comprometer os aspectos pedagógicos dos cursos. A EaD deve ser constantemente pesquisada para que possa ser compreendida e melhorada.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

A educação a distância é uma modalidade em expansão e deve estar comprometida com a formação dos seus alunos. Para isso, deve buscar, pesquisar e incentivar a interação destes.

Foi possível através deste estudo compreender que na EaD, apesar das normas e regulamentações do MEC, as instituições de ensino superior não seguem um padrão nas metodologias empregadas nos cursos, logo existem diferenças e características próprias. Mesmo com essas especificidades, em suma todas utilizam em seus métodos ferramentas de comunicação síncronas e assíncronas numa aprendizagem colaborativa entre os atores envolvidos.

O que define a EaD não é simplesmente sua metodologia mas um todo de características e peculiaridades que juntas a conceitua, principalmente o fator tempo e espaço e as formas de interação dentro deste aspectos. Não necessita estar fisicamente no mesmo espaço professores/colegas, o aluno pode mesmo estando em casa, em tempo diferente, adquirir conhecimento, discuti-lo e entendê-lo. A EaD configura-se como uma forma de alavancar o acesso, neste caso do qual tratamos, da educação superior aos mais afastados das universidades. Locais onde não se tinha uma faculdade, hoje através da metodologia de educação à distância, se faz presente nestes através de seus pólos onde ocorrem os encontros “presenciais”. Logo estar fisicamente no mesmo local não é mais necessário para ensinar e aprender.

Concluindo a EaD é uma modalidade de ensino que cresce, aperfeiçoa e adentra dentro do campo presencial o transformando em online, e nesta junção dessas duas metodologias contribui-se ainda mais no processo de ensino-aprendizagem. O foco deve ser sempre o resultado da aprendizagem e não apenas os recursos utilizados.

O espaço para estudo da EaD é vasto e com grandes possibilidades de pesquisa, sugere-se ainda mais aprofundamento a respeito do tema. Pode-se estudá-lo a partir de vários aspectos e sob várias vertentes como metodologia, avaliação, aprendizagem entre outros.

 

REFERÊNCIAS

 ADEB, Associação Brasileira de Educação a Distância. Censo EaD.BR: Relatório analítico da aprendizagem à distância no Brasil. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2010.

 BRASIL. Portaria nº 4.059, de 10 de dezembro de 2004. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/sesu/arquivos/pdf/nova/acs_portaria4059.pdf>. Acesso em: 13/11/2011.

 CARVALHO, Ana Beatriz. A Educação a Distância e a Democratização do Conhecimento. In: CARVALHO, Ana Beatriz. (Org.). Educação a Distância. 22 ed. Campina Grande: UEPB, 2006, v. 1, p. 47-58.

 MACHADO, Dinamara P. e BARBOSA, Siderly C. D. A. Perspectivas da docência, do aluno e das tecnologias em EaD. Curitiba: Editora Fael, 2011.

 MARTINS, Ana Rita; MOÇO, Anderson. Educação a Distância: mitos e verdades. Nova Escola: a revista de quem educa, São Paulo, V nº 227, p. 52 -59, Nov. 2009.

 MORAN, José Manuel. Educação inovadora presencial e a distância. Disponível em: < http://www.eca.usp.br/prof/moran/inov_1.htm>. Acesso em: 06/11/2011.

 PIMENTEL, Nara. Educação a Distância. Florianópolis: SEAD/UFSC, 2006.

 ROMANO, Rosana. Tecnologia da Informação e da Comunicação em EaD: Caderno de conteúdo e atividades, Faculdade Educacional da Lapa (Fael). Curitiba: Editora Eadcon, 2008.

 UNITINS, Fundação Universidade do Tocantins. Tecnologia da Comunicação e da Informação em Educação: Caderno de conteúdos e atividades, Unitins. Curitiba: Editora Eadcon, 2007.

 



[1] Especialista em Ensino da Informática, pela Faculdade do Noroeste de Minas (FINOM / 2011); Graduado em Pedagogia, pela Faculdade Educacional da Lapa (FAEL / 2010).

Email: [email protected]

 

[2] Orientador.