Um time para cada lado, torcidas nas arquibancadas, rivalidade a todo vapor e as propostas e boas intenções paradas no banco de reservas, é isso que as eleições estão virando, principalmente nas cidades do interior do país. As pessoas cada vez mais votam em partidos, os quais defendem com unhas e dentes, e deixam de lado as propostas do candidato e o futuro que elas podem proporcionar ao povo. Vota-se pensando em comemorar a vitória como sendo a do time do coração, há de tudo: choro, briga e até morte. Isso acontece em grande parte em função do uso da máquina pública como instrumento de "compra" de voto, o cidadão que trabalha, ou melhor, dá a vida por três meses, para determinado candidato vislumbra numa possível eleição do seu patrão eleitoral um emprego TEMPORÁRIO, para ele ou para os membros da sua família, no município ou no estado. Não adianta campanha de conscientização ou outra manobra do governo para tentar conscientizar as pessoas, a garantia de um emprego por pelo menos quatro anos parece ser algo muito maior.

Tentar mostrar às pessoas que essa briga infundada é acima de tudo um prejuízo a elas próprias, que afinal, alimentam essa espécie de círculo vicioso, é praticamente um desacato e talvez em outros remotos tempos quem o fizesse seria até queimado em praça pública. O pior é que os eleitores que compactuam com esse tipo de política praticada no interior do nosso país de modo algum associam essa prática com corrupção, afinal o "Senhor Bom Samaritano" está dando emprego para o povo, e não nega ajuda a ninguém (desde que tenha votado nele, não é?). É como se o fato de ele recompensar as pessoas com favores mudasse o fato de ele ser um baita de um corrupto, que tira vantagem da posição que ocupa para manter-se no poder.

O pior de tudo é que isso tudo tende a ocorrer de novo daqui a quatro anos, afinal todo mundo vai querer garantir o seu “empreguinho digno” novamente, o que pode mudar são os ocupantes de cada lado, afinal o chamado vira-folha existe até na política, hoje quem é “vermelho” amanhã pode ser “azul”.

É indigno ver os mesmos partidos alternando-se no poder usando esse mesmo tipo de estratégia, tornando o processo político um grande circo de horrores, no qual o povo, cujo papel deveria ser apenas o de escolher o melhor candidato, aparece como marionete dos corruptos disfarçados de bons samaritanos, que são eleitos e governam para um grupo, aquele que o elegeu, enquanto os demais esperam mais quatro anos para tentar dar o troco, como se fosse uma copa do mundo.